Durante a partida de ontem no Cazaquistão, foi noticiado que Fábio Coentrão foi suspenso por um jogo por causa de um incidente ocorrido no final do confronto entre Porto e Sporting para a Taça da Portugal. Na base da suspensão está o relatório do delegado ao jogo (e não observador, como diz a notícia acima), que viu Fábio Coentrão cuspir na direção dos espectadores.
A suspensão de Fábio Coentrão será cumprida na próxima segunda-feira, no jogo contra o Tondela. Uma baixa importante numa partida que se adivinha complicada.
Esta decisão abre um precedente muito perigoso. Desconheço se há imagens que suportem o relato do observador. Não havendo, é com enorme preocupação que olho para esta suspensão, porque fica aberta a porta para qualquer delegado ou observador arranjar livremente pretextos para suspender jogadores.
Convém não esquecer que a divulgação dos emails do Benfica nos permitiu saber que a teia de interesses inclui delegados. Vale a pena recordar o caso de Simões Dias, antigo delegado da Liga, a quem foram "desenrascados" dois bilhetes para o Benfica - Nacional, jogo do título de 2015/16, por, segundo Paulo Gonçalves, ter feito uma omissão num relatório de jogo que o "safou" a ele e a Nuno Gomes de uma sanção mais pesada. Simões Dias acabaria por sofrer as consequências dessa omissão ao ser supenso por 18 meses por falsificação de relatório. Não estou, obviamente, a acusar todos os observadores e delegados de serem capazes de fazer servicinhos destes... mas se é possível haver um delegado a omitir para ajudar um clube, então não é impossível que haja um delegado a mentir para prejudicar um clube.
Para além disso, registe-se o facto de a suspensão ter sido dada pela secção não profissional do Conselho de Disciplina, que é composto por José Manuel Meirim e pelos seguintes membros:
Convém relembrar que três destes cavalheiros - Vítor Carvalho, Leonel Gonçalves e Jorge Amaral - são três dos elementos a quem o Benfica ofereceu bilhetes para o Benfica - Juventus por estarem cheios de moral por terem evitado uma suspensão a Jorge Jesus, na altura treinador dos encarnados:
Não estou a dizer que Coentrão não tenha feito aquilo de que foi acusado - não tenho forma de saber -, mas é fundamental que existam elementos de prova concretos que não se limitem à palavra de um qualquer delegado ou observador. No atual estado de suspeição que existe no futebol português, são legítimas as dúvidas sobre se não serão fretes levados a cabo por meninos queridos ao serviço de um determinado clube.