Os americanos costumam designar de first responders os profissionais das forças de segurança e da proteção civil, como polícias ou bombeiros, que chegam em primeiro lugar ao local de uma emergência.
Ontem, em Portugal, viveu-se uma espécie de emergência - pelo menos para uma certa fatia da sociedade civil - com a notícia da detenção de Paulo Gonçalves. Não havendo um plano previamente delineado para responder a um incidente desta natureza - leia-se cartilha de Janela -, muitos dos comentadores afetos ao Benfica chamados para comentar a ocorrência não conseguiram esconder uma certa descoordenação no discurso.
É nestes momentos de caos que se consegue determinar aqueles que conseguem manter o sangue frio que lhes permita desencantar soluções em condições muito adversas. Nesse prisma, o prémio vai para o duo dinâmico do MaisTabaco composto por Rui Pedro Braz e Luís Aguilar - em particular para o primeiro, que parecia ter saído há pouco da cama quando foi chamado a comentar via telefone. No meio da confusão generalizada, conseguiram colocar um mínimo de organização no discurso.
Ora vejam:
Discurso bem coordenado entre as duas almas gémeas. Admito que é uma forma bastante elegante de se colocar em dúvida que Paulo Gonçalves tivesse efetivamente feito as coisas que levaram à sua detenção: o homem é de tal forma experiente e competente, que não faz grande sentido que tivesse cometido tais atos. Há, no entanto, dois pormenores que torna isto menos surpreendente: primeiro, é normal que, após anos e anos seguidos a fazer o que quer, uma pessoa se sinta intocável e não tome todas as precauções necessárias; depois, a data em causa é anterior à constituição de Paulo Gonçalves como arguido, pelo que os holofotes estavam a aquecer e ainda não encandeavam pessoas demasiado seguras de si próprias.