As condicionantes eram várias, umas já expectáveis, outras nem tanto. Já todos sabemos que o Sporting é uma equipa que está fisicamente de rastos, resultado de andar há dois meses a jogar ininterruptamente, que mais uma vez teve de entrar em campo com a ausência de vários titulares, uma defesa remendada e um banco que teve de recorrer à equipa B, ao que se somou ainda um relvado absolutamente impraticável sobre o qual a bola saltava mais do que rolava, que, obviamente, contribuiu para minimizar a diferença entre as duas equipas ao nível técnico. Mas nada disto pode ser usado para justificar uma exibição tenebrosa, que por pouco não terminou num desastre europeu ao nível do que se passou em Salzburgo.
Durante 90 minutos, tudo pareceu correr mal - começando pelo golo madrugador sofrido em fora-de-jogo, prosseguindo pela incapacidade de dominar o adversário, pelas escassíssimas oportunidades de golo criadas, pela forma escandalosa como desperdiçámos as poucas (mas enormes) ocasiões de golo que tivemos, e terminando num penálti falhado que nos poderia ter poupado a mais 30 minutos adicionais de sofrimento e desgaste físico. Felizmente que o prolongamento nos reservaria a pontinha de felicidade necessária (ou de falta de infelicidade extrema, considerando os golos falhados anteriormente) para seguir em frente.
A qualificação - no final do dia, o que conta é que estaremos hoje no sorteio dos quartos-de-final. Acabaram-se os brindes, mas existem algumas equipas contra as quais teremos condições para discutir a eliminatória de igual para igual - partindo do princípio que esta pobreza exibicional é resolvida até lá; se voltarmos a jogar desta forma, seja lá contra quem for que nos calhe no sorteio, só com um milagre é que poderemos passar às meias-finais. Mas enquanto há vida, há esperança.
A defesa de Rui Patrício após o golo de Battaglia - a abrir a segunda parte do prolongamento, Rui Patrício fez uma defesa monumental com a ponta dos dedos, que permitiu gerir os últimos quinze minutos com outro nível de tranquilidade.
A estrelinha nos descontos - na primeira mão, Montero abriu o marcador nos descontos da primeira parte. Ontem, Battaglia marcou nos descontos dos descontos da primeira parte do prolongamento. Isto é que é aproveitar todos os segundinhos que o jogo nos dá...
Exibição paupérrima - não é novidade nenhuma, como sabemos. Os últimos jogos têm sido, do ponto de vista exibicional, de uma pobreza franciscana. Já dei os meus dois centavos sobre o que me parecem ser os motivos, pelo que não vale a pena estar a repeti-los. Compreendo que será difícil inverter a situação enquanto o calendário não afrouxar um pouco, mas a verdade é que, neste momento, a equipa não oferece grande confiança. Ainda assim, reconheça-se que se têm mantido na luta em todas as frentes.
Desperdícios de arrancar os cabelos - facto: considerando a diferença de qualidade teórica entre as duas equipas, produzimos futebol a menos e criámos oportunidades em quantidade demasiado escassa; outro facto: as poucas oportunidades que tivemos e falhámos foram ENORMES oportunidades: um penálti (Dost), de baliza aberta (Acuña), com o guarda-redes no chão (Bruno Fernandes) ou em que apenas era necessário escolher o lado para onde meter a bola nas redes (Acuña, Bryan 2x). Não sei se foi displicência, incompetência, nervosismo ou masoquismo. O que sei é que é inadmissível falhar tantos golos feitos.
Arsenal, Atlético Madrid, CSKA, Lazio, Leipzig, Marselha, Salzburgo são os papelinhos que nos poderão calhar no sorteio. Se o nosso Nhaga continuar a fazer o bom trabalho que tem feito nos nossos sorteios desta época, conseguirá afastar do nosso caminho os ingleses ou os espanhóis. Se o nosso Nhaga quiser caprichar, tira logo um Arsenal - Atlético Madrid para abrir o sorteio e deixa o nosso papelinho para último para podermos jogar em casa a segunda mão.
Daqui a três dias há mais, num espaço inferior às 72 horas regulamentares - por causa dos compromissos da seleção. Ou seja, mais um jogo que promete sofrimento. A verdade é que a equipa está nos cuidados paliativos há várias semanas, mas de uma forma ou outra, lá se tem conseguindo manter agarrada à vida. E enquanto há vida...
Daqui a três dias há mais, num espaço inferior às 72 horas regulamentares - por causa dos compromissos da seleção. Ou seja, mais um jogo que promete sofrimento. A verdade é que a equipa está nos cuidados paliativos há várias semanas, mas de uma forma ou outra, lá se tem conseguindo manter agarrada à vida. E enquanto há vida...