Bruno de Carvalho e os restantes elementos dos órgãos sociais que ainda o acompanham agendaram a emissão de um comunicado para a noite de ontem. Contra a generalidade das expectativas, Bruno de Carvalho iniciou o comunicado anunciando que não se demite, em nome dos interesses do clube. Seguiram-se outras intervenções para marcar uma posição face aos gravíssimos problemas que o Sporting atravessa.
Não renego nem nunca renegarei a admiração pelo trabalho que esta direção fez em prol do clube até há seis meses, nem o meu alinhamento com a visão que o presidente recuperou para o clube: ecletismo, transparência, ambição e dedicação. Mas Bruno de Carvalho (e quem ainda o acompanha) já devia ter percebido que os acontecimentos dos últimos meses fizeram com que seja agora maior fonte de problemas do que soluções. Aliás, neste momento é quase exclusivamente uma fonte de problemas.
Os 90% esfumaram-se. Se o Sporting já era um clube complicado de gerir e liderar enquanto houve um apoio avassalador à direção, penso que não é difícil compreender que a partir de agora passará a ser ingovernável.
Havia um cenário que poderia dar boas hipóteses ao clube de se reequilibrar e retomar a normalidade possível a curto prazo, que passaria pela substituição imediata de Bruno de Carvalho por Carlos Vieira. Garantia uma figura credível e conhecedora da realidade para liderar o Sporting nos complicados meses que se seguirão. Mas a opção não foi essa. Insistem em fechar os olhos às evidências, preferem continuar a adiar o que parece inevitável, e agora ninguém faz ideia daquilo a que poderemos estar sujeitos nas próximas semanas.
Sinto que se iniciou um jogo de roleta russa com cinco balas colocadas num tambor de seis e em que nos calhou a nós sermos os primeiros a premir o gatilho.