Os inenarráveis acontecimentos de terça-feira passada que culminaram nas agressões a atletas do Sporting em pleno balneário colocaram o clube no centro de uma tempestade nunca vista no futebol português e causaram aquilo que é, neste momento, o maior risco a curto-prazo a que o clube está sujeito: a rescisão unilateral dos atletas.
Em relação a este tema, no entanto, há duas facetas diferentes a considerar: o aspeto mediático e o aspeto legal. Sobre o aspeto legal estamos a falar de águas nunca dantes navegadas. Poderá ser aquilo que aconteceu motivo suficiente para os jogadores rescindirem o contrato com o Sporting? Não sou jurista e não faço ideia de qual será a resposta para esta pergunta - e duvido que mesmo os maiores especialistas sobre direito do trabalho tenham posições totalmente vincadas em relação a este tema. Já deu para perceber, mesmo para os leigos, que é uma questão muito complicada e que qualquer decisão precipitada que se tome poderá ter consequências imprevisíveis.
Fonte: European Journalism Observatory |
Mas houve um outro tipo de aproveitamento. A sucessão de notícias a anunciar as rescisões tem sido qualquer coisas de surreal. Apesar de não ter havido qualquer tipo de consenso entre os especialistas de direito desportivo e direito de trabalho sobre a existência de bases irrefutáveis de rescisão, a última semana tem sido um desfile de parangonas a anunciar a catástrofe iminente.
Curiosamente ou talvez não, essa catástrofe iminente tem vindo a perder algum fulgor ao longo dos dias.
Há muito de wishful thinking na forma como as notícias têm sido dadas. Não quer dizer que não exista o risco de haver rescisões - é evidente que há -, mas é completamente óbvio que muitos jornalistas e comentadores decidiram atirar-se de cabeça para o pior cenário possível, em vez de avançarem para o cenário mais provável. Primeiro, o plantel iria rescindir de imediato de forma coletiva. Depois adiou-se a bomba para segunda-feira, primeiro dia útil após a final da Taça. A seguir já se dizia que as rescisões iriam aparecer durante a semana, e agora até já se fala no prazo de 30 dias que está previsto na lei.
Há muito de wishful thinking na forma como as notícias têm sido dadas. Não quer dizer que não exista o risco de haver rescisões - é evidente que há -, mas é completamente óbvio que muitos jornalistas e comentadores decidiram atirar-se de cabeça para o pior cenário possível, em vez de avançarem para o cenário mais provável. Primeiro, o plantel iria rescindir de imediato de forma coletiva. Depois adiou-se a bomba para segunda-feira, primeiro dia útil após a final da Taça. A seguir já se dizia que as rescisões iriam aparecer durante a semana, e agora até já se fala no prazo de 30 dias que está previsto na lei.
Está mais que visto que o que interessa é manter em aberto a possibilidade das rescisões. A lógica e consistência dos argumentos utilizados pouco importa. Veja-se, por exemplo, a figura de Diamantino no Mais Tabaco de ontem:
Para além das argoladas nos argumentos utilizados - até mete dó -, Diamantino coloca em causa o caráter dos jogadores que queiram permanecer no Sporting? Mas estamos a brincar? Diamantino, um dos heróis de Saltillo e consagrado cartilheiro benfiquista, a mandar bitaites sobre o caráter de outros jogadores? Realmente é preciso descaramento.
Ao terrorismo consumado na Academia, muita da comunicação social decidiu responder com terrorismo comunicacional. Deixei alguns exemplos em cima, e poderia arranjar muitos mais. Até se chegou ao ponto de dizer que o Sporting se tinha "perdido" 20 milhões porque as ações tinham caído alguns cêntimos na sua cotação. Curiosamente, entretanto as ações da Sporting SAD aumentaram 30% e ninguém diz quanto é que o Sporting "ganhou" - nem têm que dizer, porque a SAD não fica nem melhor nem pior em função da cotação das suas ações.
Podemos contar com uma coisa: este terrorismo comunicacional vai continuar nos próximos dias, pois se há coisa que estes encartados da verdade detestam é que o tempo não lhes dê razão. Aquilo que puderem fazer para consumar o que dizem ser inevitável, será feito.
Ao terrorismo consumado na Academia, muita da comunicação social decidiu responder com terrorismo comunicacional. Deixei alguns exemplos em cima, e poderia arranjar muitos mais. Até se chegou ao ponto de dizer que o Sporting se tinha "perdido" 20 milhões porque as ações tinham caído alguns cêntimos na sua cotação. Curiosamente, entretanto as ações da Sporting SAD aumentaram 30% e ninguém diz quanto é que o Sporting "ganhou" - nem têm que dizer, porque a SAD não fica nem melhor nem pior em função da cotação das suas ações.
Podemos contar com uma coisa: este terrorismo comunicacional vai continuar nos próximos dias, pois se há coisa que estes encartados da verdade detestam é que o tempo não lhes dê razão. Aquilo que puderem fazer para consumar o que dizem ser inevitável, será feito.