quinta-feira, 5 de julho de 2018

Definições na baliza


Com a entrada de Peseiro e com o arranque da preparação da nova época, iniciou-se um período em que muitas decisões terão de ser tomadas na definição e estruturação daquilo que será o grupo de trabalho, quer ao nível da equipa técnica, quer ao nível dos jogadores. As questões a resolver são mais que muitas, mas, ao que parece, as primeiras surpresas estão ao nível da baliza, setor que parecia dos mais estáveis: a dispensa de Nélson e Tiago da equipa técnica e a possível contratação por empréstimo de André Moreira.

Compreendo a decisão de Peseiro em trazer o seu próprio técnico de guarda-redes, mesmo que isso implique a dispensa de Tiago e Nélson. O treinador tem o direito de escolher os elementos que irão trabalhar consigo, sendo que o habitual elemento da SAD na equipa técnica ficou salvaguardada com Tiago Fernandes. Claro que, pelos anos de casa que Nélson e Tiago têm, o processo de dispensa poderia e deveria ter sido conduzido de forma diferente, mas essa falha não pode ser atribuída ao treinador.

O que já tenho mais dificuldades em compreender é a necessidade de o Sporting receber André Moreira por empréstimo. Neste momento, a posição de guarda-redes está bem preenchida: 
  • Viviano tem a experiência e capacidade necessária para ser titular, ainda que seja uma tarefa muito complicada fazer esquecer por completo Rui Patrício; 
  • Luís Maximiano é uma das maiores promessas da nossa formação, podendo perfeitamente ser chamado ao onze em partidas da Taça de Portugal, Taça da Liga ou até Liga Europa para poder ir crescendo; 
  • e ainda há Salin para qualquer eventualidade em que se prefira não atirar Max às feras.

Pegando no título dado hoje pelo Record a este interesse, a pergunta que se pode colocar é: Peseiro quer André Moreira... para quê? Não colocando em causa o potencial do jogador, o que é que tem o Sporting a ganhar com o seu empréstimo? Não me parece que seja um predestinado cujo potencial compense a falta de experiência para poder ser visto de imediato como melhor solução que Viviano. E, sendo André Moreira um jogador de 22 anos a quem ainda faltam muitos minutos (a sua carreira na I Liga resume-se a 29 jogos disputados ao longo de quatro épocas) para poder ser encarado como uma certeza, não me parece que faça sentido que consuma oportunidades que deveriam ser dadas a Luís Maximiano - um jogador que é nosso, também com potencial e que justifica, esse sim, que se corram alguns riscos de forma a acelerar o seu crescimento e valorização.

Considerando que perdemos os jogadores com mais mercado - o que compremete os objetivos desportivos e futuras vendas -, não só não faz qualquer sentido estarmos a desenvolver e valorizar ativos de outros clubes, como me parece uma evidência que deveríamos concentrar os poucos recursos existentes na resolução de necessidades de plantel muito mais urgentes.