Ontem na SIC Notícias, após a entrevista de Bruno de Carvalho, realizou-se um debate sobre a situação atual do Sporting com a presença de Diogo Orvalho, Eduardo Garcia e Rui Calafate. Finalmente, vi ser debatido um dos temas que mais me incomodam de momento: o prolongamento indefinido da suspensão de Bruno de Carvalho e Carlos Vieira, numa altura em que o prazo limite para a entrega de candidaturas se aproxima a passos largos.
Recomendo que comecem por ver o vídeo seguinte, e depois irei desenvolver este tema.
Bruno de Carvalho, Carlos Vieira e os restantes elementos dos órgãos sociais que se mantiveram em funções até à AG de destituição foram suspensos pela Comissão de Fiscalização liderada por Henrique Monteiro no dia 13 de junho. Já se passaram 37 dias desde essa data. Entretanto, iniciou-se um processo eleitoral e é do conhecimento geral que essas pessoas têm a intenção de se recandidatar. O problema é que, a apenas 19 dias do limite de entrega das assinaturas que permitem a oficialização das respetivas candidaturas, ainda não sabem se efetivamente poderão avançar. E, pior, ninguém dos atuais órgãos sociais avança com uma data para a tomada e divulgação da decisão.
Isto, na minha opinião, é uma situação muito grave que deveria merecer outro tipo de tratamento por parte da Comissão de Fiscalização - enquanto órgão que decidiu suspender os sócios em causa e que tomará a decisão final - e também da MAG - enquanto representante de TODOS os sócios. Goste-se ou não, a verdade é que existe um conjunto considerável de sócios que se revê nas candidaturas de Bruno de Carvalho e Carlos Vieira e que, neste momento, não só não sabem se poderão votar nessas listas, como nem sequer sabem se há necessidade ou não de constituir uma lista alternativa, sem elementos suspensos, que defenda as mesmas ideias / linha de atuação e se possa apresentar a eleições.
Esta situação de limbo não é aceitável porque poderá inquinar o processo eleitoral e colocar em causa a legitimidade de quem as vencer. E não é aceitável que a Comissão de Fiscalização e a MAG se refugiem em tecnicalidades processuais para justificar uma demora intolerável na tomada de decisão.
A falta de bom senso fica bem patente nas incongruências das justificações de Diogo Orvalho para o prolongar da situação. Começou por dizer:
"não se gere o Sporting com base no facilitismo. Gere-se o Sporting na base dos estatutos e dos regulamentos aprovados que os sócios legítima e democraticamente aprovaram em Assembleia Geral; os prazos legais existem e são para cumprir"
Mas logo a seguir acrescentou:
"o principal atraso deve-se aos próprios sócios visados no processo disciplinar, porque apresentaram a resposta à nota de culpa dois dias após o prazo legal de que dispunham"
Das duas, uma: ou os regulamentos e os prazos que os sócios legítima e democraticamente aprovaram em Assembleia Geral são para se cumprir - e isso tem de ser válido para todos, doa a quem doer -, ou reconhece-se a situação excecional que atravessamos e agiliza-se tudo o que puder ser agilizado, com o máximo de isenção e competência. Mas na prática não se vê nem uma coisa nem outra: quase que parece que estão interessados em deixar correr os processos disciplinares tanto tempo quanto possível. Independentemente das causas que se possam alegar, não há desculpas para ainda haver esta incerteza em relação à possibilidade de os sócios em causa se poderem ou não candidatar. A Comissão de Fiscalização tem assim tantos assuntos importantes em mãos para se ocupar?
O que me parece certo é que não está a haver, por parte dos órgãos sociais, um tratamento responsável da situação. Esta incerteza sobre se é quando a decisão será tomada - independentemente do sentido dessa decisão - não protege os interesses do Sporting e isso, a meu ver, apenas pode ser lido de duas formas: ou os elementos desta Comissão de Fiscalização não têm a consciência do mal que este impasse pode fazer ao clube... ou então andam a brincar às estratégias eleitorais para condicionar a criação de listas que representem esta parcela não desprezável dos sócios do Sporting.
Ilibe-se, suspenda-se ou expulse-se, mas há que concluir estes processos de imediato. Para quando uma decisão, senhores?