Apesar de estas eleições terem proporcionado aos sportinguistas uma quantidade de candidaturas que penso ser inédita, não posso dizer que qualquer uma delas me tenha cativado desde cedo, ao ponto de me tirar facilmente todas as dúvidas sobre qual a opção a tomar nas urnas no próximo dia 8.
Entre programas, elementos da lista, opiniões formadas no passado, estratégias de campanha e visões para clube e SAD, não me foi difícil excluir várias candidaturas do meu processo de escolha: Ricciardi nunca foi capaz de evitar ou sequer alertar para o desastre financeiro para que caminhámos até 2013 durante os muitos anos que passou no Sporting, e a sua campanha demonstrou de forma clara que está totalmente impreparado para ser líder de um clube desportivo; Rui Jorge Rego autoexcluiu-se das minhas contas ao anunciar um modelo com dois presidentes (um para o clube, outro para a SAD) que me parece condenado ao fracasso - com a agravante de escolher o benfiquista (não assumido) Paulo Lopo para seu parceiro -, e ainda por ter dito que recorrerá a investidores para reforçar a equipa de futebol; Pedro Madeira Rodrigues fez uma campanha bastante superior à de 2017, mas as suas ideias continuam mais orientadas para o show-off do que para uma efetiva possibilidade de serem viáveis e úteis (apresentar um nome sonante como Ranieri é muito bonito e garante manchetes, mas que sentido faria tirar neste momento Peseiro do comando da equipa?); e Tavares Pereira tomou uma opção de campanha bastante discutível ao abdicar dos debates, pelo que continua a ser pouco mais que um desconhecido para mim.
Não coloco a candidatura Dias Ferreira no mesmo grupo das que mencionei anteriormente por não me ter dado a mesma quantidade de argumentos para o rejeitar à partida, mas a sua campanha não alterou a ideia que tinha desde o dia em que se anunciou como candidato: parece-me uma pessoa que pertence a um outro tempo do futebol e que, juntamente com a questão do feitio que tem, dificilmente se conseguiria adaptar às exigências que um presidente de um clube como o Sporting terá de enfrentar.
Sobram por isso duas candidaturas que me parecem estar claramente acima de todas as outras, ainda que, como disse no princípio deste texto, nenhuma me tenha verdadeiramente cativado. Frederico Varandas e João Benedito mostraram-se à altura do desafio enquanto candidatos: reuniram equipas que me parecem capazes e determinadas, trabalharam detalhadamente os seus programas onde exibem ideias bastante concretas em relação às várias áreas que terão de gerir e tiveram disponibilidade total para as esclarecer e debater. Estou confortável perante a possibilidade de qualquer um dos dois assumir a presidência.
Não "compro" nenhuma das teorias da conspiração que circulam por aí: os apoios encapotados de Ricciardi e Sobrinho (nem a Varandas nem a Benedito); considero que Varandas se demitiu no momento certo (logo após o final da época da equipa sénior masculina) e fez bem em assumir-se como alternativa antes da AG de destituição; dou zero valor à história da fivela (que Varandas já desmentiu num debate com Dias Ferreira); nem acho que haja qualquer motivo de preocupação em relação à escolha de Benedito para o seu (ainda desconhecido) CEO nem as suas supostas ligações ao grupo Stromp. Acredito que ambas as listas são compostas por pessoas que têm as melhores intenções para o clube e que têm feito um esforço claro para serem o mais transparentes possível.
Mas, de entre as duas, terei naturalmente que optar por uma. E, neste caso, vou votar na lista que, de uma forma global, me parece ter melhores condições para ter sucesso na liderança do Sporting: a candidatura de Frederico Varandas.
Vou votar em Varandas por dois motivos principais.
O primeiro é o conhecimento que Varandas demonstra ter do mundo do futebol - ouvindo-o é facilmente perceptível que conhece detalhadamente as várias áreas (equipas profissionais, formação, scouting, trabalho físico e psicológico, infraestruturas de apoio) e creio que terá capacidade para implementar as ideias que tem para elas. Benedito assenta o seu discurso sobre o futebol sobretudo na vertente da cultura de clube, que, sendo uma questão relevante, não me parece que seja fácil de implementar - um balneário de futebol é bastante diferente da realidade que conheceu enquanto atleta de futsal. Apesar de o ecletismo ser uma vertente fundamental da vida do Sporting, sabemos que será principalmente o desempenho do futebol a determinar o sucesso ou insucesso de uma direção e, neste sentido, parece-me que Varandas terá melhores hipóteses de ser bem sucedido.
O segundo motivo é o CV da equipa de gestão que rodeia Frederico Varandas, um conjunto de especialistas nas respetivas áreas com uma vasta experiência profissional que poderá ser muito útil ao Sporting, e que me parecem convictamente comprometidos com o programa que apresentaram aos sócios. E não esqueço a presença de Rogério Alves: como candidato a PMAG é um ponto forte da lista - ter um dos mais influentes advogados do país a desempenhar essas funções no Sporting nunca poderá ser um problema, antes pelo contrário.
Feita a minha declaração de voto, resta-me apelar a todos que se desloquem ao estádio no dia de 8 para participarem num momento fundamental para a vida do clube. É importante que sejam umas eleições muito concorridas, e que no final impere o civismo e o respeito pela decisão dos sócios, seja qual for o resultado. E, já agora, que a partir de dia 9 saibamos todos estar ao lado daqueles que terão a enorme responsabilidade de conduzir o Sporting no trilho para o sucesso por que todos ansiamos.