sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Festim em Baku

A triangulação Coates-Diaby-Gaspar seguida do cruzamento atrasado para Dost rodar e sofrer o penálti; a rápida recuperação de bola que esteve na origem do segundo golo; toda a jogada do terceiro golo que partiu em Renan e terminou no incrível slalom de Nani; o controlo e passe longo imediato sob pressão de Wendel a lançar Diaby para o quarto golo; a bola picada de Wendel para Bruno Fernandes; e a finalização de primeira de Diaby após cruzamento de Jovane, que fechou o resultado: a goleada ao Qarabag proporcionou-nos um festim de rasgos de brilhantismo que coroaram uma exibição muito agradável, como há muito não me lembrava de ver o Sporting praticar. 



Ideia de jogo - em apenas duas semanas e meia de trabalho, Keizer já foi capaz de mostrar as ideias que quer implementar: futebol apoiado, vertical e objetivo, executado com velocidade e tendo sempre a baliza em mente, com os laterais bem abertos mas privilegiando o espaço interior e reagindo rapidamente à perda com a tal pressão alta que o treinador anunciou no dia em que se apresentou. Obviamente que não podemos ignorar que o nível dos dois adversários que defrontou não reflete as dificuldades típicas que terá de enfrentar no campeonato português, mas são já evidentes as melhorias em relação ao futebol que Peseiro nos impingiu durante quatro longos e tortuosos meses. Basta comparar com as exibições contra o Loures (em oposição à de sábado passado) e contra o Poltava (em oposição à de ontem).

Wendel & amigos - neste momento, uma das perguntas que a maior parte dos sportinguistas terá na cabeça é: como é possível nem Jesus nem Peseiro terem dado oportunidades a Wendel? A exibição do brasileiro foi uma delícia: registou três assistências (mais o passe para o primeiro golo de Diaby, que não contou para a estatística por ter havido um corte incompleto do defesa), ficou muito perto de marcar dois, e deixa água na boca o nível de entendimento que mostrou ter com Bruno Fernandes e Nani. Exibição muito, muito prometedora de Wendel em particular, mas também deste novo meio-campo em geral.

Apuramento para a fase seguinte - estava quase garantido à partida para esta jornada, e foi agora consumado. O Sporting continua em frente na competição.



O golo sofrido - Diaby esqueceu-se que tinha de acompanhar o seu homem e deixou Bruno Gaspar completamente sozinho contra dois adversários na área. Foi o único lapso com consequências - noutro caso valeu o corte de Bruno Fernandes quase sobre a linha de golo -, mas é um bom exemplo para nos relembrar que esta ideia de jogo implica riscos defensivos superiores e que há muito trabalho pela frente para que todos os jogadores saibam como se comportar individual e coletivamente quando o adversário tem a bola.



Um bom resultado, uma bela exibição, mas não há quaisquer motivos para euforias. Na próxima segunda vem o primeiro teste a sério, com a deslocação a Vila do Conde.