Fonte: zerozero.pt |
Keizer estreou-se contra um adversário de um nível que não permite retirar grandes conclusões, mas isso não quer dizer que o que se viu hoje não seja relevante. São visíveis, ao fim de menos de duas semanas de trabalho, algumas das ideias que o técnico holandês quer implementar na equipa: futebol de passe curto com preocupação dos jogadores em dar linha de passe próxima ao portador, saindo a jogar da área ao primeiro toque em oposição ao charuto para a frente que tem reinado está época, usando toda a largura do campo com, muitas vezes, os dois laterais bem abertos na faixa em simultâneo, preocupação de reagir rapidamente à perda de bola - que proporcionou várias recuperações no meio-campo adversário - e dando ordens para a chegada de muitos jogadores na área. Verdade seja dita que nem sempre estas ideias foram bem executadas, mas isso é perfeitamente normal nas atuais circunstâncias.
O que (ainda) não deu para ver foi o aproveitamento do espaço nas costas da defesa com solicitações em profundidade. Não por falta de tentativa dos jogadores mais adiantados - Bruno Fernandes, Diaby e, principalmente, Wendel iniciaram o movimento de desmarcação por diversas vezes -, mas porque os portadores não se aperceberam da intenção dos seus colegas em tempo útil.
Estas mudanças na filosofia de jogo implicam riscos, principalmente trabalhando-as com a época em andamento. Em primeiro lugar, enquanto os jogadores não estiverem confortáveis na troca rápida de bola ao primeiro toque, basta um passe mal medido perto da nossa área para causar situações de perigo para a nossa baliza. Depois, os jogadores que temos não foram escolhidos em função dessa competência em concreto, pelo que há que saber fazer as concessões necessárias às ideias de jogo em função das características individuais dos onze jogadores de campo.
O que é facto é que já foi possível ver algumas jogadas de entendimento bastante interessantes - algo que raramente se vislumbrou na era Peseiro e no final da era Jesus -, na linha e em espaços interiores, que deu para marcar quatro golos em bola corrida e para descobrir um jogador que anda por cá há quase um ano e que nunca tinha contado para nenhum dos treinadores que trabalharam com ele no Sporting: Wendel foi o patrão da equipa e fez uma exibição muito prometedora no transporte e distribuição de jogo, na chegada à área e na reação à perda.
Bom princípio para um conjunto de bons princípios que nos farão muito bem caso consigam ser implementados com sucesso.