segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

A taça dos patinhos feios

É consensual que o Sporting possui um plantel desequilibrado, carente de soluções da qualidade necessária em demasiadas posições para se poder pensar na vitória no campeonato. Os adeptos têm consciência disso desde que que o plantel ficou fechado no verão, a direção tem estado ativa no mercado para reforçar a equipa com os poucos meios financeiros disponíveis, e o próprio treinador, ao limitar-se a dar a titularidade a um grupo restrito de 14/15 jogadores - a não ser que seja obrigado por causa de suspensões ou lesões -, demonstra não ter grande confiança em vários dos atletas que tem à sua disposição.

No entanto, é justo salientar a importância de dois dos patinhos feios do plantel na conquista de sábado. Por motivos diferentes, Renan e Petrovic foram duas das figuras da final four: o brasileiro pela ação direta que teve com quatro penáltis defendidos nos dois desempates; o sérvio pelo espírito de sacrifício que demonstrou ao jogar com uma fratura do nariz que arrepia só de olhar, permitindo ao treinador guardar a última substituição - que seria utilizada para colocar Diaby, decisivo pelo penálti que sofreu à entrada do tempo de descontos.




Renan tem desiludido no controlo da profundidade e na saída aos cruzamentos - hesita demasiado na saída dos postes -, mas tem estado a grande nível entre os postes e nas situações de um contra um. De certa forma, replica as melhores qualidades e os piores defeitos de Rui Patrício, e raramente tem tido responsabilidade nos golos sofridos. No entanto, o guarda-redes brasileiro tem sido o jogador mais contestado nas partidas realizadas em Alvalade. Sendo um guarda-redes que joga bem com os pés e tem indicações para evitar os pontapés longos nas reposições, costuma esperar por opções de passe que nem sempre surgem de imediato... e ao fim de 5 ou 6 segundos começam a ouvir-se assobios vindos da bancada, pressionando o guarda-redes a desfazer-se da bola de uma forma que não dá grandes chances de a manter em nossa posse. Há também a contestação alheia à sua prestação em campo, que tem a ver com a forma como foi gerida a (não) utilização de Viviano, e que acabou por criar alguma má-vontade dirigida a Renan por parte de alguns adeptos.

Petrovic é um jogador com limitações evidentes como construtor, mas é, neste momento, o único médio defensivo de raiz e, fruto da sua polivalência, é também o quarto central do plantel. Não caiu no goto dos sportinguistas porque não tem nem nunca teve características para substituir devidamente William Carvalho, mas pode ser um jogador útil quando necessitamos de um jogador de funções exclusivamente defensivas. E, verdade seja dita, tem surpreendido pela positiva quando utilizado como central de recurso. 

Aceito que Renan e Petrovic não sejam vistos como soluções ideais para as posições que ocupam (concordo), mas penso que está na altura de serem mais apoiados por TODOS os adeptos quando estão em campo. Certamente que terão maiores condições de ajudarem a equipa a atingir os seus objetivos se não forem assobiados à primeira oportunidade.