Depois de ter realizado uns bons primeiros 45 minutos, a segunda parte do Sporting foi semelhante ao que tem acontecido nas últimas partidas: uma equipa em falência física, incapaz de contrariar o domínio do adversário, e tendo de lidar com dificuldades adicionais provocadas pelas fraturas dos narizes (!) de André Pinto e Petrovic - que obrigou à substituição do primeiro e minutos finais de sacrifício do segundo. Perante este cenário, a estratégia passou a ser, compreensivelmente, aguentar para tentar levar o jogo a penáltis. Keizer metamorfoseou-se em Keizé Mota e mandou baixar o bloco, reduzir o ritmo de jogo e perder o tempo que fosse possível perder.
O jogo passou a ter um único sentido mas, verdade seja dita, a equipa manteve-se coesa, concentrada e não concedeu grandes oportunidades a um Porto que carregava cada vez mais mas não conseguia criar grandes situações de golo. Acabou por ser uma das poucas situações de desconcentração - Herrera foi deixado à vontade à entrada da área e pôde rematar sem oposição para uma má abordagem de Renan, que deixou a bola sobrar para o toque de Fernando Andrade - que o Porto marcou, e nesse momento, a apenas 10 minutos do final, a Taça parecia entregue.
Keizer lançou Diaby, mas durante 7 ou 8 minutos o Sporting continuou a não ter bola. O improvável, no entanto, acabaria mesmo por acontecer: Óliver tem uma entrada tardia e desnecessária sobre Diaby e faz um penálti claríssimo que Dost não desperdiçou. No pouco tempo que restou, o Porto acusou o golo e Raphinha teve nos pés a hipótese de conseguir a reviravolta e resolver a questão ainda dentro do tempo regulamentar.
Apesar de o Porto ter sido superior nos 90 minutos, o troféu acabou mesmo por ir ao desempate por penáltis. E, felizmente para nós, teve um desfecho que nos começa a ser agradavelmente familiar - foi assim que, em duas final four, o Sporting venceu os quatro jogos que disputou numa lotaria em que a sorte se faz por conquistar.
Sendo a menor das quatro competições nacionais, é uma conquista muito saborosa - não só por ser mais um troféu para o nosso museu, mas também pela azia que provoca em muito boa gente. Uma conquista improvável, concedo, mas que nos foi vendida durante dias como uma conquista impossível por certos especialistas da nossa praça. Mas a verdade é que o Sporting que se arriscava a ser goleado, o Sporting que era o menos favorito das quatro a conquistar o título, o Sporting que cometeu o pecado de ter decisões corretas a seu favor graças ao VAR, foi quem acabou mesmo por sair vencedor.
P.S.: Numa altura em que se bate tanto no VAR, convém realçar que foi o vídeoárbitro que permitiu que se assinalasse o penálti que nos deu o empate e que levou a final para a decisão por grandes penalidades. Algo que, aliás, já tinha acontecido na época passada na final com o V. Setúbal, também perto do final dos 90 minutos. Sem VAR, seriam dois penáltis que não nos teriam sido atribuídos, seriam duas Taças da Liga que o Sporting não teria conquistado. Ganhou a verdade desportiva, pelo impacto direto que teve na atribuição dos títulos. Se calhar é por isso que há por aí tanta gente revoltada com a malfadada ferramenta...