segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Desastre e aquilo que nos resta

Foi demasiado mau. Aquilo a que assistimos ontem é resultado da convergência da falta de qualidade individual dos jogadores com a má gestão de plantel das últimas semanas, potenciadas por uma má preparação da partida por parte do treinador. O Sporting, ontem, resumiu-se a Bruno Fernandes e a pozinhos de Raphinha, enquanto o Benfica ia constantemente fazendo miséria na nossa organização defensiva através das trocas de bola verticais e apoios frontais dados pelos homens da frente. Foi confrangedor observar o rendimento de alguns dos nossos jogadores: Nani complicativo, a léguas da melhor forma, Dost inócuo, Wendel mais batalhador do que esclarecido, Gudelj perdido sem saber o que fazer a tantos adversários que lhe apareciam pela frente, e os laterais... bem, basta dizer que Bruno Gaspar fez uma das piores exibições individuais de que me lembro de assistir ao vivo em qualquer jogador, ao ponto de Jefferson - que esteve ao (fraco) nível a que nos tem habituado - não parecer assim tão mau em comparação com o companheiro do flanco contrário. André Almeida e Grimaldo - que estão longe de ser o ponto forte do Benfica - pareciam Daniel Alves e Roberto Carlos no auge da sua carreira em comparação com os nossos laterais. Perdemos o jogo por 2 golos de diferença, mas a verdade é que merecíamos ter perdido por números históricos. 

Faltam ainda 14 jornadas para o fim da prova, mas estamos já condenados a um humilhante 4º lugar que nem a desastrosa preparação de época feita em julho e agosto pode justificar por inteiro. A prioridade, neste momento, está em sairmos vivos da Luz para podermos disputar o acesso à final da Taça de Portugal, tentar ir tão longe possível na Liga Europa, e utilizar os jogos do campeonato para desenvolvermos os jogadores que poderão ser opções válidas para a próxima temporada. Perante tudo o que temos visto nas últimas semanas, não vejo Renan, Bruno Gaspar, Jefferson, André Pinto, Gudelj ou Diaby - só para falar nos que foram utilizados ontem - como matéria-prima adequada para um clube que quer lutar pelo título. A falta de objetivos por que lutar no campeonato dá outra margem para errar, pelo que me parece obrigatório que se comece a dar (muitos) minutos aos reforços - convém que se fique já com a certeza, esta época, de que podem (ou não) ser solução para a próxima época -, mas também a jogadores como Max, Thierry ou Miguel Luís. Não me parece que faça qualquer sentido pedir a cabeça de Keizer - apesar de ter a sua quota de responsabilidades na quebra gritante de produção da equipa pós-Guimarães -, mas é obrigatório que haja muita objetividade daqui para a frente, para que não se continue a desperdiçar o que resta da época em equívocos que são claros aos olhos de todos.