Depois de um período entre outubro e meados de fevereiro em que o Sporting teve um calendário muito intenso e em que a falta de frescura física foi apresentada como parte da justificação pelos maus resultados e fracas exibições que se foram acumulando, seria de esperar que, tendo voltado ao simpático ritmo competitivo de uma partida por semana, a equipa fosse apresentando melhorias graduais de rendimento. No entanto, esses sinais de melhoria não apareceram. Tinha ainda uma réstia de esperança que, tendo havido duas semanas de paragem e podendo o treinador dispor de 8 dos 11 titulares que apresentou ontem em Chaves para olear rotinas, ontem seria o dia em que se observaria finalmente o regresso a exibições convincentes - ainda mais estando do outro lado uma das equipas mais fracas da liga.
Infelizmente, voltei a ficar desiludido. O Sporting jogou a primeira parte em ritmo de passeio, como que à espera que a partida se resolvesse sozinha. É verdade que se pode dizer que não deu grandes chances ao adversário para criar perigo, mas a triste realidade é que também raramente colocou em risco as redes adversárias. Chegámos ao intervalo apenas com um par de boas jogadas para mostrar, uma das quais valeu o golo que nos dava vantagem na ida para os balneários: excelente envolvimento pela direita a envolver Raphinha, Bruno Fernandes e Ristovski, com a bola a ser servida em bandeja de ouro para Luiz Phellype encostar e estrear-se a marcar de leão ao peito.
A segunda parte começou na mesma toada, com pouco perigo de parte a parte... até ao momento em que Jefferson vê o segundo amarelo e deixa o Chaves com menos um e, em desvantagem no marcador, parecia que seria uma questão de pouco tempo até o jogo ficar definitivamente resolvido. Puro engano: em vez de colocar alguma velocidade no jogo e encostar o Chaves às cordas, os jogadores do Sporting pareceram entrar em descompressão precoce, permitindo à equipa da casa pegar no jogo e... chegar ao empate. Soaram os alarmes, Jovane saltou para dentro de campo e, finalmente, viu-se o Sporting a dar uso à superioridade numérica, não tardando o golo que nos recolocava em vantagem a partir dos pés do inevitável Bruno Fernandes (que remate de primeira!).
A partir daí, foi a altura de Manuel Mota borrar a pintura com a sua recorrente incompetência. Raphinha é travado em falta junto à área do Chaves quando se isolava, Mota mostra o vermelho ao defesa flaviense mas é chamado pelo VAR e... reverte a decisão e, surrealmente, expulsa Ristovski por um lance em carrinho em que cortou a bola de forma clara - o contacto posterior que existe não se podia evitar. Decisão absurda mas completamente intencional que colocou o macedónio de fora do decisivo jogo com o Benfica - imperativo recorrer da suspensão do jogador e pedir punição a Mota e Vasco Santos - e relançou o jogo que, no entanto, foi bem controlado pelo Sporting até ao fim, dando ainda para Luiz Phellype fazer o bis aos 90'+11 (descontos justificados).
Vitória demasiado sofrida para a presumível dificuldade do oponente, sobretudo por culpas próprias. E isso levanta outra questão: faz sentido Keizer continuar perante a falta de evolução coletiva do nosso futebol e a falta de desenvolvimento das individualidades que temos no plantel? Diria que não, e já nem sei se uma eventual (e altamente improvável) vitória na Taça de Portugal poderá mudar o panorama.