quarta-feira, 20 de março de 2019

Uma questão de transparência

Gilberto Borges esteve ontem no Sporting Grande Jornal a comentar o resultado da visita de uma comitiva do Sporting à sede da Federação Portuguesa de Patinagem, onde foi feito um conjunto de propostas com vista a contribuir para uma maior transparência no hóquei em patins. Aquela que me parece mais interessante é a de implementação de um sistema VAR e a possibilidade de recurso ao árbitro de mesa para aumentar as probabilidades de acerto das decisões.


Segundo Gilberto Borges, foram abordados na reunião com a FPP bastantes outros assuntos que, segundo o Sporting, contribuem para a suspeição que existe na modalidade, mas... não parece haver grande esperança de que exista qualquer tipo de abertura dos dirigentes federativos para resolver os problemas existentes. E isso é, efetivamente, preocupante. O campeonato de hóquei é, de todas as modalidades de alta competição, a única em que o patamar competitivo está efetivamente alinhado por cima - não há outro campeonato em Portugal em que exista um conjunto tão alargado de equipas que, num qualquer dia, pode bater o pé a quem está a lutar pelo título -, pelo que é lastimável que não exista interesse nem iniciativa por parte da FPP para tentar resolver a velha questão da gritante falta de credibilidade e transparência. Não me recordo de, nos últimos anos, ter havido algum campeonato que não tenha ficado marcado por arbitragens absolutamente escandalosas, muitas vezes com influência decisiva na determinação do campeão.

Deixo de seguida o artigo que o Record escreveu sobre a reunião.





Miguel Albuquerque, Miguel Afonso e Gilberto Borges, respetivamente diretor-geral das modalidades do Sporting, vogal do Conselho Diretivo para as modalidades e diretor do hóquei em patins, deslocaram-se à sede da Federação para uma reunião... que já estava agendada, mas que surge após o clássico do Dragão Caixa.


"Foi uma reunião longa, de três horas, que já estava marcada muito antes do clássico. Pretendíamos cumprimentar a nova direção da Federação e apresentar a nova estrutura diretiva do Sporting, além de darmos o nosso entendimento sobre o atual estado da modalidade. Mas dado o contexto, naturalmente que os acontecimentos do clássico foram também abordados", disse Gilberto Borges na Sporting TV.

Da reunião, refere o diretor do hóquei, os dirigentes leoninos saíram "com duas mãos de coisa nenhuma...": "Acredito muito nas pessoas, sobretudo quando são novas nos cargos. Vamos dar o benefício da dúvida e esperar que façam uma reflexão sobre os temas que apresentámos."

Gilberto Borges vincou o que Miguel Albuquerque já tinha escrito no Facebook, a ausência do presidente da Federação, Luís Sénica, no clássico – "era um jogo apetitoso para ir ver..." –, bem como o facto de o líder federativo não ter repudiado publicamente a agressão a Miguel Albuquerque e à sua mulher no Dragão Caixa.

Borges abordou ainda os "jogos de bastidores" antes dos jogos, sem esclarecer a que se refere. "O hóquei é uma modalidade que tem por hábito criar grandes amizades, os jogadores convivem muito fora dos clubes... há demasiada promiscuidade, há uma habituação que é maligna."

O dirigente leonino, que passou também em revista a arbitragem – "não quiseram que pontuássemos no Dragão Caixa" – finalizou com uma ameaça. "Será que vale a pena investir desta maneira na modalidade?"