É impossível passar despercebido. Seja pelo protagonismo assumido através dos golos incríveis que marca, seja pelo cabelo oxigenado que o destaca de todos os que partilham o relvado com ele, ou ainda pelas recorrentes alfinetadas que tanto atingem colegas nos treinos como adversários em jogos, Nuno Santos é sempre motivo de conversa e, possivelmente, uma das personalidades mais polarizadoras da liga portuguesa.
É um daqueles atletas que são adorados pelos seus mas odiados pelos restantes. Apesar de ter um feitio que muitos poderiam descrever de "insuportável" - não deve haver treino em que Nuno Santos não pique os miolos de um colega -, é fácil perceber que é um dos jogadores mais respeitados no balneário. Esse feitio foi muito importante neste percurso de 4 épocas que já leva de leão ao peito. Em 20/21, em particular, num plantel composto por muitos miúdos e ainda veteranos de personalidade mais pacata, foi crucial haver alguém a andar constantemente a pôr os colegas em sentido.
Faz lembrar aqueles sargentos que, nos filmes, passam a vida a pôr os seus soldados na ordem mas que, no fim do dia, todos acabam por seguir quase cegamente, não só pelo exemplo que é, como também por nunca pedir aos outros que façam algo que ele próprio não faria.
É, também, um jogador que está mais maduro. Aprendeu com os erros e dominou o tal feitio que lhe causou vários problemas no passado. Soube moldar-se ao que é tolerado dentro das quatro linhas de forma a não causar prejuízos à equipa. E ainda bem que assim é, pois valoriza o coletivo bastante para além das estatísticas individuais - que, diga-se, não são fáceis de igualar: falamos de alguém que, em 23/24, soma 6 golos e 18 assistências. Não são muitos os alas - ou mesmo extremos - que apresentam números destes.
Ainda assim, é um dos jogadores mais subapreciados do futebol português. É verdade que por vezes falha na tomada de decisão e há ocasiões em que a "ausência" de pé direito atrapalha, mas compensa com outros atributos que têm sido tremendamente úteis: tem uma mentalidade competitiva como poucos, um fantástico pé esquerdo e muita competência técnica e tática. Não estando ao nível de um Nuno Mendes ou de um Raphael Guerreiro, é absurdo como nunca houve espaço para ele numa convocatória da seleção - é, seguramente, muito mais jogador do que vários que por lá têm passado nos últimos anos.
Pode ser mal amado pelo generalidade dos adeptos em Portugal, pode ser sistematicamente desprezado pelos selecionadores, mas não há sportinguista que não perceba a importância que tem para o clube. Conquistou o nosso respeito e devoção com o seu esforço, dedicação e papel na glória alcançada. Em resumo, aquilo que deveria ser a meta de qualquer atleta do Sporting.