sábado, 3 de maio de 2014

Leva lá a taça, ó Manha

Há pessoas a quem não deveria ser permitido o exercício de uma profissão. Por exemplo: um pedófilo não devia poder ser professor, um burlão nunca deveria trabalhar no setor financeiro, um adepto faccioso não deveria ser jornalista desportivo.

Já escrevi no passado o suficiente sobre a falta de ética de João Querido Manha e não tenho muito mais a acrescentar. Manha desvaloriza os erros de arbitragem quando beneficiam o Benfica, mas grita a plenos pulmões a denunciá-los quando o beneficiado é outro. Manha acha que a alteração de regras que ajudem certos clubes nas etapas finais do campeonato é um golpe na verdade desportiva, mas aplaude a decisão do Arouca em mudar o jogo com o Benfica para Aveiro. São opiniões contraditórias cujo sentido muda em função de o Benfica estar ou não envolvido, e mostram o nível de desonestidade do sujeito que as faz.

Mas isto que escreveu hoje é de um calibre que ultrapassa todos os limites para um jornalista, e pior ainda, para um diretor de um jornal que ainda tem sportinguistas como leitores:


Isto é pura provocação e uma tremenda falta de respeito para com o Sporting e os sportinguistas.

Leva lá a taça, ó Manha. Eu sei que a época está a correr-te maravilhosamente, o Benfica vai limpar todas as competições em que participa, e são dias de sonho para os adeptos do clube. Mas havia mesmo necessidade de espezinhar e tentar humilhar o Sporting e os seus adeptos?

O meu pai é leitor assíduo do Record há anos. Compra o jornal todos os dias. É sportinguista, e foi com ele que comecei a ir ao estádio desde muito novo -- a minha memória mais antiga em que consigo colocar uma data é de um jogo que fui ver a Alvalade, quando tinha 4 anos. Apesar do que vou escrevendo por aqui, nunca lhe disse para não comprar o Record. Estando reformado, tem direito a passar o seu tempo da forma como entende. Mas isto foi a gota de água. A partir de agora, todos os dias em que estiver com o meu pai vou pedir-lhe para começar a comprar outro jornal desportivo. 

Não sei se vou conseguir, e se conseguir serão apenas cerca de €30 que todos os meses deixarão de entrar nas contas do Record. Mas pelo menos ficarei a sentir-me melhor comigo próprio.

Lamento-o por outros jornalistas que trabalham naquela casa, como Bernardo Ribeiro e Luis Avelãs, que gosto bastante de ler, mas neste momento já é uma questão de honra. Quem ataca desta forma os sportinguistas não merece um euro que seja dos leitores do nosso clube.

Espero também que o Sporting passe a proibir o acesso do Record às instalações do clube enquanto Manha for diretor do jornal. É uma medida extrema que normalmente não apoiaria, pois acabam por pagar os justos pelos pecadores, mas os limites do bom senso já foram todos ultrapassados por alguém que tinha a obrigação de ser isento, equidistante, e equilibrado. Neste momento é uma questão de defendermos a nossa dignidade.