Pela 32983445ª vez, a comunicação social tenta convencer-nos que a formação do Sporting, famosa em todo mundo, afinal já foi ultrapassada. A única diferença é que, ao contrário dos últimos tempos, em que tem sido a malta do Benfica made in Benfica a pôr-se em bicos de pés, agora é a vez dos nossos adversários de logo.
Vamos então ver o que argumentam os senhores, mais em concreto o jornalista André Viana, autor desta peça jornalística de primeira água:
OK, então os senhores de O Jogo dizem que a ideia de que o Sporting é o grande formador do futebol nacional não tem total correspondência com os factos, rematando com: "Na I Liga, por exemplo, a escola do FC Porto faz-se notar". Uma frase escrita num tom quase casual, como se O Jogo tivesse encontrado duas mãos cheias de exemplos de ligas por esse mundo fora mas que, por falta de espaço, optaram por analisar apenas o nosso campeonato.
Muito bem. Continuemos a analisar a argumentação do jornal. Digam-nos lá então porque é que dizem que a escola do FC Porto se faz notar mais que a do Sporting na I Liga.
OK, vamos então fazer de conta que William Carvalho (que não está incluído na lista) é da formação do Cercle Brugges, que Ricardo Pereira (esse mesmo, o do Porto, que já foi titular esta época na 2ª jornada) não esteve vários anos em Alcochete, tal como Victor Golas (Braga), Fernando Ferreira (Marítimo), Marco Matias (Nacional - será o Marco Martins que aparece na lista acima?) e Carlos Martins (Belenenses), e que Quiñones, que apenas chegou a Portugal com 20 anos, é *mesmo* da formação do Porto. Se Quiñones conta como formação, Carrillo, que chegou com 18 anos ao Sporting, não deveria entrar na lista?
E já agora, se colocam Zequinha na lista da formação do Porto (apesar de ter estado apenas 2 anos no clube), poderíamos colocar muitos outros que passaram pelo Sporting, como André Almeida (Benfica) ou Hélder Cabral (Setúbal). Mas não faz sentido considerar jogadores com tão poucos anos de casa como um produto de formação.
E já agora, se colocam Zequinha na lista da formação do Porto (apesar de ter estado apenas 2 anos no clube), poderíamos colocar muitos outros que passaram pelo Sporting, como André Almeida (Benfica) ou Hélder Cabral (Setúbal). Mas não faz sentido considerar jogadores com tão poucos anos de casa como um produto de formação.
Mas, fora estas observações, é este o vosso argumento? Quantidade?
Se estamos numa onda de exercícios meio enviesados, proponho agora eu o meu: 'bora lá fazer duas equipas a representar cada uma das formações:
Note-se que respeitei a credível lista de O Jogo ao não incluir William Carvalho, e tentei colocar os melhores do Porto (dentro daqueles que conheço). Estive particularmente indeciso em quem colocar na baliza da formação do Porto: Rui Sacramento (um guarda-redes suplente do Arouca) ou Igor Rocha (outro guarda-redes suplente do Arouca). Escolhi Rui Sacramento, que esta época já foi utilizado num jogo da Taça da Liga.
Olhando para os onzes, seria sem dúvida uma partida muito interessante.
Nem tudo é mau para o Sporting, no entanto. Diz O Jogo que o Sporting aproveita melhor os produtos da sua formação, mas contrapondo logo de seguida em como os do Porto "interessam sobremaneira à concorrência interna dos dragões". Pudera: com a quantidade de presidentes amigalhaços e treinadores da casa que pululam nos clubes da I Liga, é normal que essas relações privilegiadas facilitem a colocação de jogadores portistas.
Para além do domínio evidente da formação portista na I Liga, O Jogo destaca ainda um outro sinal de inversão: o Porto colocado 5 jogadores no campeonato europeu sub-19, contra apenas 4 do Sporting:
Eh lá! Mais um jogador que o Sporting? Que coisa impressionante. Mas... não seria de darem um destaque equivalente à última convocatória da seleção sub-21 em que foram convocados da formação do Sporting Ié, Esgaio, João Mário, Mané, Iuri e Ricardo Pereira (6 jogadores) contra Tozé, Rúben Neves, Sérgio Oliveira e Gonçalo Paciência (4 jogadores) e, porque não?, uma análise semelhante à seleção principal?
Estou a ser injusto. O Jogo até fala na seleção A en passant, dizendo que a convocatória para o jogo com a Albânia tem uma tendência pró-Sporting, mas em que começam por nos lembrar a auto-exclusão de Ricardo Carvalho e as pouco habituais ausências de Hélder Postiga e Hugo Almeida.
Excelente trabalho jornalístico, sim senhor!