Mourinho e as declarações sobre o Sporting
Nos últimos dias, entre entrevistas e conferências de imprensa, Mourinho teve uma atitude bastante respeitadora para com o Sporting.
Mourinho é um treinador que faz lembrar um pouco os lutadores de wrestling: existem os face (os bons da fita) e os heel (os vilões), sendo normal que os lutadores transitem de um estado para outro de forma a manter o interesse do público nas suas carreiras e nas histórias idealizadas pelos argumentistas.
Mourinho tem assumido nos últimos tempos o papel de face em relação ao futebol português - não só nestas declarações sobre o Sporting, mas também no recente elogio ao Benfica pela contratação de Talisca, que Jesus preferiu entender como um insulto -, provavelmente na sequência de algum desgaste que a sua imagem terá acumulado após o conflito com Cristiano Ronaldo.
Não ficaria surpreendido se no futuro Mourinho decidisse arrasar o futebol português ou qualquer um dos grandes, a bem de algum interesse conjuntural. Porque Mourinho é assim, utiliza como ninguém o discurso para canalizar a discussão pública da forma que melhor servir a sua estratégia. Só não me parece provável porque Mourinho há muito que está vários patamares acima do nosso futebol, pelo que será difícil nos próximos tempos que possam haver choques entre Mourinho e qualquer clube português.
De qualquer forma, não há dúvida que Mourinho respeitou (e até valorizou) o Sporting enquanto adversário, e relembrou de forma orgulhosa o seu passado no clube enquanto parte da equipa técnica de Bobby Robson - e não posso negar que fiquei satisfeito por ouvir essas palavras.
O episódio da camisola rasgada
Um dos temas que o treinador do Chelsea referiu nas suas declarações foi o episódio em que rasgou a camisola de Rui Jorge, admitindo que os sportinguistas lhe pudessem reservar uma má receção daquilo que ocorreu há cerca de 10 anos em Alvalade, quando Mourinho ainda era treinador do Porto. Uma admissão do que se passou, portanto.
in maisfutebol.pt |
Curiosamente, na semana passada o processo Apito Dourado foi definitivamente enterrado com a anulação de todas as decisões disciplinares tomadas pelas instâncias federativas. Uma das escutas era precisamente sobre o esforço de Pinto da Costa & Cª tentarem influenciar o delegado ao jogo a alterar o conteúdo do seu relatório, de forma a evitarem um mais que provável castigo ao seu treinador.
Aqui ficam (obrigado, @baavin), para reavivar a memória de todos, as conversas gravadas entre aqueles pobres inocentes, injustiçados por serem acusados de crimes como corrupção e tráfico de influências, mas que na realidade nunca fizeram nada de condenável no futebol português.