quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Sentir o amor a descer das bancadas

                                                                                                                                      
Se há alguma coisa que qualquer pessoa pode esperar quando vai assistir a um jogo do Sporting em Alvalade, é um apoio incondicional das bancadas à equipa do primeiro ao último minuto. Esteja a equipa a golear, a segurar uma vantagem tremida, ou a procurar virar um resultado, não há um momento de silêncio nas bancadas - muito graças ao extraordinário trabalho das claques na curva sul, como é evidente. 

Por vezes há situações em que se ouvem alguns assobios, é certo, mas são exceções que normalmente se explicam pela pressão do momento. A verdade é que o apoio aos jogadores é uma constante, estendendo-se quase sempre aos 90 minutos da partida.

De qualquer forma, isso não implica que não existam alguns jogos especiais, em que o das bancadas apoio sobe um patamar em relação ao que é normal. Por exemplo, com o Porto, o estádio apoiou a equipa ainda com mais entusiasmo, em virtude da rivalidade existente entre os dois clubes. Mas com o Chelsea o estádio transformou-se efetivamente num vulcão: quem marcou presença no estádio soube estar à altura da ocasião, os cânticos ouviam-se de todas as direções, e foram inúmeros os momentos em que o apoio das bancadas era absolutamente ensurdecedor.


Foi um apoio que inclusivamente não passou despercebido aos jornalistas estrangeiros que acompanharam a partida:

in espnfc.com

"À medida que se andava pelo fosso debaixo do relvado no Estádio José Alvalade, durante os minutos finais da partida, o barulho espalhava-se à volta do recinto. Quando o apito final soou, confirmando a vitória do Chelsea sobre  o Sporting Clube de Portugal, o barulho ensurdecedor continuou sem parar. O famoso cântico ouviu-se. "O Sporting é o nosso grande amor!". Talvez pareça um lugar comum, mas conseguia-se mesmo sentir o amor a descer das bancadas. Enquanto José Mourinho seguia pelo túnel no final, teve direito também a um generoso aplauso. Foi uma "daquelas" noites."

in telegraph.co.uk
"Os adeptos do Sporting estão a cantar uma versão do Fields of Athenry, com letras em português, que uma pesquisa rápida no Google sugere que pode ser traduzido assim: ------ O que é um pouquinho mais poético que os cânticos personalizados que se ouvem em muitos dos estádios ingleses."

É sem dúvida um elogio simpático, e justo, pois a diversidade de cânticos que podemos ouvir em Alvalade é de facto extraordinário - já agora, o meu preferido é O Mundo Sabe Que, normalmente cantado ao intervalo - e que no jogo com o Porto foi provavelmente o momento alto de apoio das bancadas, uma vez que foi cantado em uníssono por todo o estádio.

Mas, na minha opinião, é tremendamente injusto para com os nossos rivais existirem observações destas apenas para o Sporting. Em Portugal há muito mais para conhecer no âmbito do apoio dado a um clube no estádio.

Por exemplo, devia haver um maior reconhecimento internacional para o esforço que as claques do Porto fazem na clonagem dos cânticos do Sporting. Copiar é mais difícil do que parece. Neste momento estão com algumas dificuldades para adaptar a letra do "Vão a Alvalade e metem o REC", mas não tenham dúvidas que conseguirão lá chegar.

Ou os belíssimos cânticos de apoio do Benfica, que são em si uma espécie de literatura erudita na forma cantada, carregados de significado e simbolismo, e que enriquecem o espírito de qualquer um que consiga aprender essas complexas e profundas letras.

Na investigação que fiz sobre os cânticos benfiquistas, tive a felicidade de encontrar no Youtube um vídeo que inclui as letras - o que me facilitou enormemente a pesquisa. Melhor, mesmo, só se fosse uma edição anotada.

Sim, o vídeo chama-se mesmo "Canticos do grande benfica" (com minúscula)


"Oh Sport Lisboa, e o Benfica, o Campeão" - isto é ópera


O e o e o, la la la la la la la la la

Percebe-se no entanto que os jornalistas estrangeiros ainda não tenham tomado ainda contacto com toda esta riqueza, apesar das boas carreiras internacionais que o Benfica tem tido nos últimos anos. É que nos jogos internacionais o speaker não pode puxar pelo público em pleno jogo...


P.S.: agora mais a sério, que coisa foi aquela de porem, no sistema de som de Alvalade durante o Sporting - Porto, um rugido de um leão após as jogadas de perigo do Sporting? É uma ideia de si já estúpida, mas o facto de o fazerem com vários segundos de atraso torna-a completamente ridícula. A ver se não voltam a repetir a brincadeira, se faz favor.