segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A ironia e os beneméritos

in abola.pt

É no mínimo irónico ver que uma das primeiras medidas tomadas por Luís Duque enquanto presidente da Liga é o pedido de uma auditoria externa às contas do organismo. Trata-se de uma medida perfeitamente compreensível atendendo ao buraco financeiro em que a Liga se meteu, mas fico curioso para saber se determinados opinadores irão fazer o mesmo tipo de observações condenatórias que fizeram quando a atual direção do Sporting anunciou a auditoria de gestão das direções anteriores.

O que não é tão compreensível é que alguém considere positivo que Porto e Benfica se ofereçam para sustentar as competições em caso de emergência. É assustador pensar que, numa situação dessas, teríamos delegados e árbitros numa posição de dependência direta do estado de espírito de dois presidentes que já demonstraram serem capazes de tudo, dentro e fora de campo, para facilitar a vitória dos seus clubes.

Se já há delegados que fecham os olhos e não incluem no relatório factos gravíssimos (no episódio da escaramuça de Jesus com a polícia, nem o árbitro Bruno Esteves - ring a bell? - nem os dois delegados da Liga, nem o chefe dos delegados - que também estava presente no relvado - se lembraram de relatar o ocorrido), se já há árbitros e fiscais-de-linha que em caso de dúvida favorecem constantemente os mesmos, já imaginaram o que acontecerá se eles tiverem a consciência de que o pagamento do seu salário estará dependente do bom ou do mau humor de Pinto da Costa ou de Luís Filipe Vieira?

Ninguém vê nenhum conflito de interesses se isto acontecer?