in ojogo.pt |
Não é nenhuma novidade para qualquer clube que estes números dependem muito da periodicidade com que fazem renovações da lista de sócios, retirando aqueles que deixaram de pagar as quotas. Por exemplo, no caso do Sporting, Bruno de Carvalho disse recentemente que o clube tem cerca de 110.000 sócios, dos quais apenas 59.000 têm as quotas em dia. A esses 59.000 sócios correspondem médias de assistência no estádio na casa dos 35.000 espectadores.
No caso do Benfica, os 235.000 são um número que não encontram qualquer tipo de correspondência na realidade em que o clube está inserido - um país de 10 milhões de pessoas (OK, há-de haver emigrantes que se mantém sócios, não duvido, mas serão assim tantos?) em que as dificuldades económicas fazem parte do quotidiano diário de muitas famílias há demasiados anos, e em que o número de espectadores no estádio raramente ultrapassa as 40.000 pessoas em jogos que não envolvem grandes ou títulos praticamente assegurados.
Quando falou na quantidade de sócios do Sporting, Bruno de Carvalho referiu-se a uma média de 8 euros por sócio pagante, já que existem categorias diferentes que pagam valores distintos. O Benfica tem uma diversidade de categorias parecida à do Sporting. Se fizéssemos o mesmo exercício para os 235.000 sócios do Benfica (assumindo o pagamento de 13 quotas mensais), as receitas anuais de quotizações andariam à volta de €24,5M.
O R&C de 2013/14 do Benfica não é totalmente elucidativo em relação às receitas de quotizações, pois esse período foi de transição na repartição desses valores entre SAD e clube. A 1 de julho de 2013 a SAD reduziu os direitos sobre as quotizações de 75% para 25%, mas todas as quotas referentes a períodos posteriores a 1 de julho que já tivessem sido cobradas ficaram na SAD. Ou seja, alguém que tenha pago em junho as quotas dos 13 meses seguintes, 75% do valor total ficou na SAD, mesmo que 11 meses correspondessem a 2013/14. Como tal, não é por aí que se poderão retirar conclusões definitivas.
De qualquer forma, em 2012/13 a SAD do Benfica teve receitas de €7,163M, que correspondem a 75% das quotas totais pagas pelos sócios.
A uma média de €8 mensais por sócio, com 13 quotas mensais, isto significaria que o Benfica teria à volta de 92.000 sócios pagantes.
Dando o devido desconto às contas de merceeiro que acabei de fazer, e mesmo que durante 2013/14 tenham havido novas adesões, parece-me um número bem mais ajustado à realidade nacional e à militância que o Benfica demonstra em períodos normais (que não de festa), mas definitivamente muito distante dos 235.000 que correspondem a um máximo à escala planetária e dão direito a um recorde no livro do Guiness.
Curiosamente, Vieira nunca divulgou publicamente os resultados da campanha Sócio Zero Euros. Seria interessante saber a quantidade de sócios angariados numa altura em que os resultados desportivos eram arrebatadores. Conhecendo a forma habitual de comportamento dos responsáveis benfiquistas, arrisco a dizer que se a iniciativa tivesse sido um êxito retumbante os números teriam sido divulgados de imediato.