quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

R3virav0lta

Se o meu lado racional me diz que concretizar a reviravolta contra uma equipa do valor do Wolfsburgo é uma tarefa praticamente impossível, o meu lado emocional diz-me - e com "razão" - que um clube como o Sporting nunca poderá deixar de fazer tudo o que esteja ao seu alcance para atingir o impossível.

Poucos seriam aqueles que acreditariam que o Sporting teria alguma hipótese de seguir em frente depois de perder 4-1 em Manchester. O que é facto é que na 2ª mão, ao fim de 54 minutos, já vencíamos por 5-0, naquela que foi uma etapa memorável de uma das mais extraordinárias páginas da história do clube - a conquista da Taça das Taças.

Curiosamente, essa caminhada começou numa eliminatória com o Atalanta. Perdemos 2-0 em Itália e vencemos por 3-1 em Alvalade, que nos permitiu resolver a eliminatória num jogo de desempate. Seguiu-se uma também célebre eliminatória com o Apoel, graças à vitória por 16-1 que ainda é hoje um recorde das competições europeias. Seguiram-se o Manchester United, o Lyon e a final com o MTK - resolvida num jogo de desempate com o épico Cantinho do Morais.

Não quero estar aqui a dar uma lição de história a ninguém, já que eu ainda nem era um projeto de ser humano na altura em 1964, e há-de haver por aí muitos sportinguistas capazes de contar esta história com muito mais detalhe e emoção de quem viveu o momento, mas a ideia que queria deixar é que no futebol não existem impossíveis. As probabilidades não são favoráveis para o nosso emblema, mas é das situações mais complicadas que nascem os momentos inesquecíveis que moldam a alma e a história de um clube.

Quanto ao onze para logo, espero que Slimani seja titular se estiver a 100%. Pela forma como Marco Silva falou do argelino, parece-me que é quase certo que será utilizado - como titular ou suplente, logo veremos. Regressam Cédric e Adrien, e penso que Jonathan será a opção mais adequada para a esquerda (Miguel Lopes fez um bom jogo contra o Gil Vicente e poderia fazer a posição, mas aposto no argentino). De resto, é acreditar que Nani aproveitará a embalagem psicológica daquele momento sublime do passado domingo, e que contagiará Carrillo e João Mário para juntos trocarem os olhos dos alemães à entrada da sua área. Que Tobias e Paulo Oliveira farão o melhor jogo das suas curtas carreiras e abafarão o temível ataque alemão. E que Adrien - agora com o monstro William ao seu lado - limparão a maior parte das iniciativas de contra-ataque em que os alemães certamente apostarão.

Jogue quem jogar, se colocarmos a mesma atitude e personalidade na primeira mão, se conseguirmos evitar os lapsos de concentração que nos custaram o primeiro golo, se lutarmos até ao limite pelo golo seguinte que nos aproximará do sucesso na eliminatória, então serei um adepto satisfeito ao abandonar o estádio após o apito final do árbitro. Com ou sem o passaporte para a eliminatória seguinte na mão.