domingo, 1 de novembro de 2015

Noite de espantar as bruxas

Com jogo em dia de bruxas, a grande questão que se colocava à entrada da partida com o Estoril era saber se o Sporting seria capaz de... espantar as bruxas que nos têm agourado a vida nos momentos em que podemos embalar para a liderança ou para uma liderança mais confortável. Saberia o Sporting lidar com esta nova realidade e colocar-se provisoriamente a cinco pontos do Porto e a oito do Benfica?

A resposta dada pela equipa foi positiva. Desde o primeiro minuto que a equipa nunca tirou o pé do acelerador. Demorou um pouco a conseguir controlar o adversário - não se livrando de três enormes calafrios nos minutos iniciais -, mas a vontade de resolver o jogo esteve sempre presente. Faltou discernimento no último terço de terreno, havendo alguma tendência de complicar aquilo que deveria ser mais simples no momento em que nos aproximávamos da área do Estoril. Mas felizmente que nunca faltou aos jogadores personalidade, paciência e determinação, que acabaram por ser fundamentais para ultrapassar um adversário de grande valor e que discutiu o resultado até ao último minuto.

Foto: Facebook SCP

Positivo

O sufocante regresso do intervalo - o Sporting realizou uma primeira metade da segunda parte de enorme nível. Deu continuidade ao completo domínio das operações que já registava desde os 15 minutos da primeira parte, mas juntou-lhe a objetividade na procura da baliza que lhe faltava. Começámos a explorar melhor o adiantamento da defesa do Estoril e fomos mais práticos no momento de colocar a bola na área. Sucederam-se as oportunidades de golo e podíamos ter resolvido o jogo, não fosse a ineficácia na hora de finalizar. O golo de Teo surgiu a partir de uma grande penalidade, mas a verdade é que já se adivinhava há muito que as redes de Kieszek iriam balouçar, tal era o caudal ofensivo que o Sporting conseguiu produzir no regresso das cabines.

A classe de Bryan Ruiz - excelente partida do costa-riquenho. A paragem das seleções parece ter-lhe feito bem, mostrando agora bastante mais disponibilidade física do que aquela que revelava há um mês. Foi o principal dinamizador das ações de ataque da equipa, procurando e dando frequentemente apoios que ajudaram a desmontar a bem organizada defesa do Estoril. Teria sido uma exibição a roçar a perfeição caso não tivesse registado aquele incrível falhanço à boca da baliza.

Finalmente João Pereira - depois de um início de época muito irregular, parece estar finalmente a subir de forma. Teve várias iniciativas de perigo pelo seu flanco, conseguindo tirar alguns bons cruzamentos - dos quais se destaca o passe que fez para Bryan Ruiz desperdiçar. Na defesa passou por alguns momentos complicados, mas há que considerar que nessas situações estava completamente desapoiado.

O patrão João Mário - regressou ao centro do terreno e conseguiu uma exibição bastante positiva. Dividiu com William a responsabilidade de iniciar os ataques da equipa, esteve muito bem na condução da bola e no passe. Ficou na retina o lançamento em profundidade que deixou Gelson na cara de Kieszek.

São Patrício - realizou duas enormes defesas ainda na primeira parte, que acabaram por ser fundamentais para a obtenção dos três pontos.

via @gdladeira76
A atitude do Estoril - a equipa da linha entrou muito forte e colocou o Sporting em sentido durante os primeiros 15 minutos, com três excelentes ocasiões de golo. Depois acabou por ter muitas dificuldades em sair para o ataque, mas foi sempre uma equipa muito positiva que se recusou a utilizar os estratagemas de antijogo típicas na maior parte das equipas que vem a Alvalade. No final quase que chegaram ao empate com uma bomba de Bruno César. Apesar de a vitória do Sporting não merecer contestação, o Estoril deixou em Alvalade uma excelente imagem.

A resposta de Jorge Jesus a Pedro Martins (jornalista da RTP) na conferência de imprensa - na mouche, atendendo à falta de honestidade da pergunta. Ao questionar o treinador sobre o fora-de-jogo que precedeu o lance do penálti sobre Teo sem referir o penálti de Mano que tinha ficado por assinalar minutos antes nem aquele fora-de-jogo mal tirado a um isolado Teo ainda na primeira parte, Pedro Martins só merecia o tratamento que levou. Serviço público, dizem eles...

Negativo

Falta de pragmatismo na primeira parte e ineficácia finalizadora na segunda - depois de um jogo na Luz em que fomos extremamente objetivos e letais, voltámos hoje a revelar cerimónia a mais e espontaneidade a menos durante a primeira parte. Não sei se isso teve a ver com questões de ansiedade em função da natureza do jogo, mas o que é facto é que pressionávamos alto, recuperávamos rapidamente a bola, chegávamos à entrada da área com facilidade, mas uma vez lá chegados mastigávamos demasiado os lances e mais cedo ou mais tarde acabávamos a decidir ou executar mal. Na segunda parte a equipa foi muito mais prática, mas falhou na finalização: Bryan Ruiz, Jefferson e Gelson falharam três situações flagrantes que o estádio já se preparava para festejar. 

A assistência - ter 40.144 espectadores no estádio é bastante razoável numa situação normal, mas confesso que fiquei algo desiludido. Num jogo dos núcleos seria sempre de esperar uma assistência deste nível. Num jogo dos núcleos que acontece na semana em que nos isolámos na liderança, sabe a pouco. Continuo a pensar que a direção deve rever a política de preços dos bilhetes.



A vitória foi sofrida, mas a exibição foi agradável e o essencial foi conseguido. Colocamos a pressão nos nossos rivais e ganhamos embalagem para a difícil deslocação a Arouca.