No programa Trio de Ataque de ontem, a questão das cartilhas foi, como seria de esperar, um dos assuntos discutido pelos três comentadores residentes. Na qualidade de representante benfiquista, João Gobern teve oportunidade de se referir exaustivamente a esta questão. Sem confirmar ou desmentir ter alguma vez recebido a cartilha, defendeu-se usando o argumento de que tem mais um discurso diferente e mais elevado do que os restantes comentadores benfiquistas.
Foi, no entanto, curiosa a forma que Gobern encontrou para ilustrar a recusa em responder à questão sobre se costuma receber os briefings do Benfica:
Foi, no entanto, curiosa a forma que Gobern encontrou para ilustrar a recusa em responder à questão sobre se costuma receber os briefings do Benfica:
A quinta emenda da constituição dos EUA dá o direito a uma pessoa de se recusar a responder a perguntas que a possam incriminar. Portanto, acaba por ser uma admissão bem humorada de Gobern em como recebe a cartilha. Não que isso fosse necessário, pois Francisco J. Marques escreveu isto no Twitter, na noite de ontem:
A conversa sobre a promiscuidade entre clubes e comentadores continuaria, acabando por ir parar às afirmações de Fernando Mendes em como os Benfica paga aos seus paineleiros. Aí, Gobern não teve problemas em negar tal alegação, mas depois...
... reconheceu ter pedido bilhetes para jogos. "Para aí 10 vezes, se tanto".
Gobern parece não ter percebido que eventuais pagamentos do Benfica aos seus comentadores é uma questão puramente ética, pois colocaria em causa a sua independência face ao clube. O facto de ter pedido bilhetes "para aí 10 vezes" não é ilegal - nem sequer grave -, mas sabemos que nestas coisas da ética a fronteira entre o certo e o errado é ténue. Basta relembrar a questão dos vouchers.
O comentador escudou-se no facto de ter um discurso mais sereno e equilibrado do que o dos Guerras e Venturas da vida - o que é uma realidade - e em não ser um assalariado do Benfica para colocar a sua independência acima de qualquer suspeita. No entanto, num determinado momento, acabou por se lançar para fora de pé:
Gobern lançou o repto para tentarmos encontrar momentos de discurso orquestrado com a cartilha. Desafio aceite! Lembro-me de várias intervenções suas em que o cheiro a cartilha é intenso, mas é sempre complicado demonstrar a ligação sem ter acesso aos briefings. No entanto, felizmente, registei há uns tempos uma situação em que essa orquestração é mais que óbvia. Será que Gobern se lembra de ter falado sobre as VMOCs do Sporting em janeiro de 2016?
Desafio superado, caro João Gobern?