sexta-feira, 11 de agosto de 2017

As primeiras polémicas a envolver o VAR

Como seria de esperar, não tardou para que surgissem as primeiras polémicas em torno da utilização (ou não) do VAR em determinados lances duvidosos.

Começando pela Supertaça: creio que o VAR decidiu bem no caso em que Salvio toca na bola com o braço na área do Benfica. O jogador manteve o braço junto ao corpo e não aumentou a mancha, pelo que, na minha opinião, a decisão de não marcar grande penalidade a favor do V. Guimarães está correta.

Polémica maior existiu no jogo de quarta entre Benfica e Braga, por causa de dois lances. O primeiro foi de um agarrão na área a Jardel na marcação de um pontapé de canto que ficou por assinalar. Não fiquei surpreendido, porque não me parece que o VAR tenha grande interesse em meter-se neste tipo de faltas - agarrões há-os em praticamente todas as bolas paradas. Aliás, um dos argumentos mais válidos que os detratores do VAR começaram por usar é a quantidade de paragens que iria implicar. Não tenho opinião formada sobre se este tipo de lances deve ser analisado pelo videoárbitro, mas o mínimo que se pode pedir é que o critério se mantenha uniforme.

O outro lance polémico foi o do golo anulado aos visitantes por fora-de-jogo. Neste caso, nem eu nem ninguém pode dar uma opinião verdadeiramente sustentada sobre a legalidade do lance porque nenhuma imagem divulgada é conclusiva.

(via Baluarte Dragão)

Esta é a melhor imagem disponível - que, segundo li, corresponde ao momento em que a transmissão da BTV pausou para esclarecer a dúvida -, mas não é possível tirar nenhuma conclusão definitiva sem se saber onde estão as pernas de Seferovic. Para além disso, este frame nem sequer corresponde ao momento do passe, pois a perna esquerda do jogador que se prepara para fazer o passe ainda não está a tocar a bola.

É efetivamente estranho que a BTV - que apregoa fazer transmissões de futebol de excelência - não tenha conseguido arranjar nenhum plano que mostrasse toda a largura do campo e - pior - não tenha colocado a linha de fora-de-jogo em qualquer repetição.

No entanto, isso não quer dizer que o VAR não tenha tido acesso a imagens mais esclarecedoras. Fábio Veríssimo, o juíz destacado para fazer esse papel, tinha acesso ao feed de todas as câmaras, pelo que existe a possibilidade de ter decidido recorrendo a imagens captadas de um ângulo mais conclusivo.

Creio que seria útil que FPF ou Liga divulgassem as imagens a que os árbitros tiveram acesso, pois continua a haver muita gente que pensa que o VAR decide exclusivamente com base nas imagens escolhidas pela realização. A bem da transparência, na realidade, deviam fazê-lo em todos os lances em que o VAR intervem, mas isso é um passo que dificilmente o setor da arbitragem estará preparado para dar.

A única verdadeira conclusão que se pode tirar é que não faz qualquer sentido considerar que as transmissões da BTV são isentas: basta comparar a quantidade de repetições que houve neste caso com o do penálti sobre Jardel. Já se sabe que naquilo que for possível manipular ou omitir, sendo conveniente para o Benfica, irão manipular ou omitir. O facto de as equipas de transmissão serem as mesmas da Sport TV não é argumento... porque na hora da verdade, a vontade do cliente tem muita força.