O último mês da vida dos sportinguistas tem sido dominada por uma sequência quase ininterrupta de acontecimentos angustiantes e depressivos. Ontem, não tendo havido nenhuma crise nova a rebentar nem nenhuma conferência de imprensa de órgãos sociais (em funções ou demissionários, transitórios ou fictícios), acabou por ser um dia menos mau. Mas não deixou de ser, pelo menos para mim, um dia complicado, por causa da possibilidade de contratação de Scolari para treinador do Sporting.
À hora que escrevo isto a possibilidade Scolari parece estar descartada, mas durante uma boa parte do dia houve notícias que indicavam negociações muito avançadas e o acordo total até chegou a ser dado como certo pelo jornal A Bola ao final da tarde. Felizmente, não tardaria a aparecer a notícia de que Scolari e o Sporting não chegaram a acordo e que as negociações tinham terminado.
A contratação de Scolari, a meu ver, seria um grande erro. É um treinador que está à beira de completar 70 anos, que há muito não faz nada de relevante em campeonato competitivos (perdoem-me, mas sucessos no Uzbequistão e China não são indicadores de nada) e que não é propriamente conhecido por ser um guru do treino. Pode ser um bom motivador, mas não deixo de ficar com a sensação de que estaríamos a proporcionar-lhe umas épocas de pré-reforma pagas a peso de ouro, e não ficaríamos de forma alguma melhor servidos de treinador do que os nossos rivais que, convém relembrar, terão na próxima época um orçamento superior ao nosso em virtude das receitas reforçadas que obterão da Liga dos Campeões. E o facto de o Sporting oferecer a Scolari um salário tão elevado acabaria por complicar uma eventual rescisão face à eventualidade (não muito improvável) de as coisas não correrem conforme o pretendido.
Compreendo que, na situação atual e com o tempo a apertar, não seja fácil contratar um treinador com as características ideais, mas prefiro que se corra algum risco num treinador com ambição, potencial, ideias próprias e vontade de mostrar serviço do que um treinador caro, de outra geração, cujos principais sucessos aconteceram ao nível das seleções, e que há anos não tem desafios a sério.