Carlos Vieira apresentou ontem, ao final da tarde, a sua candidatura à presidência do Sporting. Confirma-se, portanto, a cisão entre os elementos do Conselho Diretivo que permaneceram em funções até à sua destituição na AG do passado mês.
Gostei do discurso de lançamento da candidatura e de algumas das ideias propostas. Para quem não viu, pode fazê-lo aqui:
Sempre apreciei o trabalho discreto mas competente de Carlos Vieira ao longo dos cinco anos em que esteve no Sporting. Se, em abril ou até mesmo logo após os acontecimentos da Academia, Carlos Vieira se tivesse afastado - ao invés de ter permanecido ao lado de Bruno de Carvalho até ao fim -, seria um candidato que eu apoiaria sem reservas. No entanto, ter decidido ir até ao fim com Bruno de Carvalho - recusando sair ou aceitando sequer a hipótese de marcação de eleições para uma data conveniente - poderá ser-lhe prejudicial aos olhos dos sportinguistas. Pelo menos, aos meus olhos, foi prejudicial. É certo que essa sua decisão pode ser vista como demonstração de lealdade - que é uma qualidade importante -, mas também se pode alegar que essa lealdade para com o presidente era devida em primeiro lugar ao Sporting.
Ainda assim, será um nome forte que terá de ser levado a sério. Há, no entanto, um grande problema e um grande desafio que terá de ultrapassar: está neste momento suspenso e não é nada certo que possa vir de facto a concorrer; e, no caso de poder concorrer, terá de ser muito convincente de que tem capacidade para sair da sombra de Bruno de Carvalho e ser o líder de que o Sporting necessita.
Há ainda a teoria de que poderá estar em conluio com Bruno de Carvalho para colocar o ex-presidente na SAD caso ganhe as eleições. Isso não faz qualquer sentido, por dois motivos:
- se Bruno de Carvalho for suspenso, então Carlos Vieira também será suspenso;
- Bruno de Carvalho e Carlos Vieira, estando em conluio, não teriam nada a ganhar em apresentar duas listas que dividirão a sua base de apoio; nas eleições do Sporting não há hipóteses de formar coligações ou geringonças, ganha a lista que tiver mais votos, mesmo que sem maioria absoluta; logo, concorrendo os dois em separado, terão inevitavelmente menos hipóteses de conseguirem ser a lista mais votada.

Fiquemos agora à espera do programa, da lista... e da decisão do CFD sobre a suspensão do antigo CD.