Depois dos dois meses e meio de enorme instabilidade que o clube viveu entre o jogo de Madrid e a AG de destituição, compreendo que uma das principais preocupações da Comissão de Gestão de Artur Torres Pereira e do Conselho de Administração da SAD liderado por Sousa Cintra (que, para efeitos de simplificação, designarei de "CG" daqui para a frente) seja a reinstauração de um clima de normalidade no Sporting, tanto na sua atividade corrente, como no relacionamento com outros players do mundo do futebol. Compreendo também que queiram evitar meter-se em conflitos que considerem poder condicionar a atuação da direção que será eleita a 8 de setembro.
No entanto, isso não dispensa a CG de ignorar por completo o que se vai passando ao seu redor, e muito menos a dispensa de defender os interesses do Sporting quando isso se impõe. O silêncio absoluto dos dirigentes do Sporting e da própria Sporting TV (com exceção de um breve mas incisivo comentário de Rui Calafate no final do programa Sporting Especial de segunda-feira, que poderão ver mais abaixo) é, a todos os títulos, incompreensível, face aos fortíssimos indícios de que o Benfica violou o regulamento de transferências da FIFA para tentar desviar um dos jogadores mais promissores que tínhamos em 2013, numa manobra de extremo oportunismo levada a cabo num momento em que o clube atravessava uma crise desportiva e financeira gravíssima.
Não estou a dizer que a CG deve seguir a estratégia belicista de Bruno de Carvalho de atacar tudo o que mexe. Muito pelo contrário, está mais que visto que um dos grandes erros do ex-presidente foi não ter tido capacidade escolher de forma inteligente as guerras em que se metia. Mas a função de quem lidera um clube do Sporting também não é vencer concursos de popularidade nem ser cortejado pela imprensa sensacionalista. Reconheço coisas muito boas na atuação da equipa de Sousa Cintra (farei em breve um balanço deste primeiro mês em funções), mas a ausência de reação em relação ao caso Bruma não é admissível.
É um assunto suficientemente importante (a enorme quantidade de visitas nos últimos dois dias ao post do caso Bruma deixa-me completamente seguro de que é um tema que o universo sportinguista considera muito relevante) para não poder ser ignorado pela CG - por tudo o que representou na altura e pelas implicações dos novos dados -, mesmo considerando o seu mandato transitório.
A CG não foi eleita, mas foi nomeada pelo representante dos sócios para defender os interesses do clube e, como tal, não pode descartar a obrigação de sujar as mãos em assuntos desta natureza. Façam o vosso trabalho, por favor.