Não deve haver sportinguista que, acompanhando mais de longe ou mais de perto os jogos das modalidades, não sinta orgulho pelo domínio que as nossas equipas impuseram na época que agora acabou. O futsal deu continuidade à hegemonia dos últimos anos (vai numa série de 7 campeonatos ganhos em 9 possíveis), o andebol passeou rumo ao bicampeonato, o voleibol regressou em grande com a conquista do título numa final épica, e o hóquei em patins, que tinha a tarefa mais complicada de todas face à enorme competitividade do campeonato português, superou-se e recuperou um título que nos escapava há décadas.
Tudo isto na época de estreia do Pavilhão João Rocha, um edifício funcional e lindíssimo, por fora e por dentro, que enche os olhos a qualquer um que lá ponha os pés pela primeira vez.
E convém não esquecer o atletismo, que ainda este ano nos ofereceu mais um título europeu.
Como é óbvio, é preciso gastar muito dinheiro para podermos apresentar estes níveis de competitividade - porque os nossos rivais, ao contrário do que dizem, também investem forte. Sempre investiram, simplesmente a questão dos orçamentos apenas passou a ser assunto quando o Sporting começou a intrometer-se na luta pelos vários títulos em disputa.
Como é óbvio, o crescimento do número de sócios e a passagem da totalidade da verba das quotizações para o clube contribuíram decisivamente para o aumento da disponibilidade financeira para as modalidades. Os patrocínios ajudam a compor o orçamento. Mas não chega. É necessário recorrer a outras receitas do clube (rendas de espaços e cedência de direitos de marca, etc., do clube à SAD), que são fundamentais para manter os exercícios sucessivos com lucro, apesar do aumento do investimento das modalidades. E é aqui que está centrada a polémica dos últimos dias, relativamente à sustentabilidade das modalidades: até que ponto é que parte dessas rendas e cedências de direitos terão sido empoladas de forma a que a SAD pague mais do que devia ao clube, ajudando assim a que haja mais dinheiro para ter equipas mais competitivas?
Vou tentar dar um exemplo teórico: acredito que seja possível que o Sporting (clube), em vez de cobrar x milhões à SAD pela utilização da marca Sporting, cobre x+1, canalizando esse milhão adicional para as modalidades. Como quem manda na SAD e no clube são as mesmas pessoas, é algo que se pode concretizar de forma quase automática.
Vou tentar dar um exemplo teórico: acredito que seja possível que o Sporting (clube), em vez de cobrar x milhões à SAD pela utilização da marca Sporting, cobre x+1, canalizando esse milhão adicional para as modalidades. Como quem manda na SAD e no clube são as mesmas pessoas, é algo que se pode concretizar de forma quase automática.
Olhando para os orçamentos apresentados nos últimos anos, falamos de valores relativamente pequenos para o que é a realidade da SAD, mas que são ajudas importantes para o clube: sem ter acesso aos números detalhados, e olhando apenas para a evolução das receitas do clube ao longo dos últimos anos, arriscaria que estaremos a falar de valores que oscilarão algures entre os 2 e os 4 milhões de euros. Falamos de um peso de 10 a 20% do orçamento total do clube.
É por causa destes valores adicionais que a SAD poderá estar a canalizar para o clube que se tem levantado o problema da sustentabilidade das modalidades.
Na minha opinião, estamos a falar de um não-problema: continua a ser o Sporting, na sua globalidade, que está a financiar as modalidades. Não são os bancos, não são mecenas. É o grupo Sporting, com os seus próprios meios. Enquanto sócio do clube e pequeníssimo acionista da SAD, acho muito bem que exista este tipo de apoio da SAD ao clube - pois é um pequeno sacrifício que nos ajuda a ter muitas alegrias. Mas compreendo que a questão não seja tão pacífica para os maiores acionistas da SAD.
Na minha opinião, estamos a falar de um não-problema: continua a ser o Sporting, na sua globalidade, que está a financiar as modalidades. Não são os bancos, não são mecenas. É o grupo Sporting, com os seus próprios meios. Enquanto sócio do clube e pequeníssimo acionista da SAD, acho muito bem que exista este tipo de apoio da SAD ao clube - pois é um pequeno sacrifício que nos ajuda a ter muitas alegrias. Mas compreendo que a questão não seja tão pacífica para os maiores acionistas da SAD.
Até ver, os candidatos pronunciaram-se de forma bastante vaga em relação a este assunto:
Tanto Frederico Varandas como Pedro Madeira Rodrigues prometem que continuaremos a ter equipas para ganhar, dizem inclusivamente ter como objetivo o regresso do basquetebol, mas mantêm-se cautelosos em relação à questão da sustentabilidade. Compreendo essa cautela, já que não têm conhecimento dos números exatos, mas isso também faz com que as suas promessas de competitividade das modalidades de pouco valham.
Que todos querem modalidades ganhadoras, parece-me óbvio. Mas estarão dispostos a manter essa política de apoio da SAD ao clube? Essa é a pergunta mais importante relativamente às modalidades e que eu gostaria de ver respondida de forma mais concreta.