As últimas semanas têm sido férteis na criação de teorias sobre intenções e alianças obscuras dos candidatos à presidência do Sporting. A principal de todas tem a ver com o papel de José Maria Ricciardi: há quem diga que está por trás da lista de Frederico Varandas e que os ataques que lhe dirigiu nos debates foi apenas para disfarçar esse entendimento entre os dois; do outro lado, há quem diga que Ricciardi está por trás da lista de João Benedito, motivo pelo qual foi tão brando e simpático para com o antigo capitão da equipa de futsal em entrevistas e debates.
Eu também tenho uma teoria sobre o papel de Ricciardi nestas eleições: o antigo administrador do BES avançou com a sua própria candidatura porque nenhum outro candidato com hipóteses de ganhar o aceitou nas suas listas, por considerarem-no um apoio tóxico devido à elevada taxa de rejeição que tem junto da grande maioria dos sócios do Sporting. Acho também que Ricciardi nunca se predisporia a fazer o papel de lebre em benefício de outro candidato (fosse elogiando ou criticando), porque isso entraria em colisão com a imagem que tem de si próprio.
Falo do papel de Ricciardi como poderia também falar do vídeo da tristemente famosa frase "filma a fivela", captado nos balneários logo após a invasão à Academia (Varandas já desmentiu que tenha sido ele a dizer aquilo - acredito que esteja a dizer a verdade), ou a dúvida sobre o CEO de Benedito, que muita gente jurava a pés juntos ser Pedro Baltazar ou qualquer outro gestor ligado a Álvaro Sobrinho (Benedito já disse que o seu CEO não tem qualquer relação com o clube ou a figuras do clube que não seja apenas a sua condição de sócio - também acredito que esteja a dizer a verdade). Ou a aparição de Godinho Lopes numa ação de campanha de Varandas que, afinal, era apenas uma pessoa que tinha algumas semelhanças físicas com Godinho Lopes. Ou ainda haver elementos da lista de Benedito que faziam parte de um grupo de Facebook que continha elementos que constantemente ultrapassavam todos os limites em calúnias e ofensas a Bruno de Carvalho, apesar de isso não significar necessariamente que todas as pessoas desse grupo estivessem a conspirar ativamente contra o antigo presidente.
A verdade é que, mesmo não havendo provas concretas, estas teorias da conspiração desgastam as várias candidaturas e poderão ter consequências negativas na tranquilidade que a futura direção - seja ela qual for - terá para trabalhar assim que entrar em funções. Muitas dessas teorias não têm nada de concreto que as suporte, e são lançadas em público apenas com fins eleitoralistas, por mero despeito, ou como forma de reforçar a legitimidade de candidaturas que foram recusadas.
Dentro do possível, temos de fazer um esforço para ignorar todos os rumores e boatos que vão sendo lançados sobre os vários candidatos. Quando colocarem a vossa cruzinha no boletim, façam-no em função das pessoas e dos programas que se apresentam a votos, e não em função de teorias da conspiração que têm uma probabilidade muito elevada de serem puras invenções. Se as considerarem, é bem possível que acabem por decidir o sentido do vosso voto pelos motivos errados.