Os sócios expressaram a sua vontade nas urnas e escolheram Frederico Varandas para liderar o clube nos próximos anos.
A minha primeira palavra vai, no entanto, para João Benedito: foi um senhor na forma como reagiu aos resultados e, apesar de não ter conseguido atingir o objetivo a que se propunha, deu mais que provas de ser um recurso muito válido para o futuro do clube. Foi o candidato que teve o apoio de mais sócios, mas foi penalizado por não ter conseguido penetrar nos eleitores com mais anos de filiação. Pelo nível da campanha que liderou e pela confiança que conseguiu inspirar em tantos sportinguistas, fico com a certeza (e confiança) de que a sua história no Sporting ainda terá capítulos por escrever.
Uma palavra de respeito para as campanhas de Dias Ferreira, Fernando Tavares Pereira e Rui Rego. Nunca considerei votar nas suas listas, mas valorizaram a campanha e tiveram a coragem de as levar até ao fim mesmo perante sondagens pouco motivadoras.
Os resultados demonstraram que esta votação foi uma corrida a dois. Foi sempre uma corrida a dois, apenas houve a ilusão de que seria uma corrida a três graças a uma estratégia de desinformação que procurou enganar e baralhar os sócios menos atentos. Apesar de os 14,55% obtidos (correspondentes a 11,58% dos sócios) por Ricciardi terem alguma expressão, foi dado um sinal muito claro de que os sportinguistas têm memória e não querem ter de regresso uma linhagem que tanto mal fez ao clube.
Por falar em memória, encerra-se em definitivo o capítulo Bruno de Carvalho, mas a história deverá lembrar tudo o que fez ao longo destes cinco anos e não apenas as infelizes decisões e algumas inqualificáveis atitudes que tomou nos últimos meses. Ainda é preciso apurar o que realmente aconteceu na Academia e no caso Cashball para se perceber como deverá ser recordado para a posteridade, mas não podemos esquecer-nos que Bruno de Carvalho deixou o clube em muito melhor estado do que o que encontrou: desenvolveu-o ao nível da competitividade desportiva, do ecletismo, do património, da saúde financeira, da transparência, e do envolvimento dos sócios na vida do Sporting. O que agora precisa é de restabelecer a sua saúde e cuidar da sua família. O que definitivamente não precisa é de que lhe continuem a alimentar a ilusão de que é uma espécie de Dom Sebastião cujo destino é resgatar o clube das garras dos usurpadores.
Houve um virar de página que resultou de uma clara vontade dos sócios, expressa de forma massiva em duas ocasiões diferentes.
Foto: Paulo Calado / Record |
Os sportinguistas escolheram Frederico Varandas, que terá um conjunto de enormes desafios pela frente. Não podendo influenciar decisivamente o decurso da época desportiva, terá de virar as agulhas para a preparação do clube para os desafios que virão depois: reorganizar e profissionalizar todas as áreas do clube, desportivas e não desportivas, concretizar a recompra das VMOCs e dar sequência à reestruturação da dívida do grupo. São dificuldades que devem ser encaradas como oportunidades para cimentar a sua liderança, pois, por se tratarem de metas ambiciosas e de difícil execução, terão seguramente um impacto positivo junto dos sócios e adeptos que têm maiores dúvidas sobre a sua capacidade para ser presidente. Não existe melhor promotor de união do que a competência, bom senso e amor ao clube. Tenho confiança que a equipa liderada pelo novo presidente terá estas qualidades e que os sportinguistas terão a capacidade de as reconhecer.
Boa sorte, presidente!