terça-feira, 14 de outubro de 2014

Oportunidade para um novo começo

                                                                                                                                                 
Costuma dizer-se que a vida dá muitas voltas, e essa expressão parece assentar que nem uma luva à nossa seleção: no espaço de pouco mais de um mês, entre o final da partida com a Albânia e hoje, dia em que se disputa o compromisso com a Dinamarca, muita coisa mudou sem que Portugal tivesse entrado em campo em qualquer jogo oficial.

Entrou um novo selecionador que não hesitou em chamar, independentemente do histórico recente, todos os jogadores que na sua opinião estarão nas melhores condições de servir a equipa portuguesa. Apesar da derrota em Paris, vimos um conjunto com vontade de mostrar serviço e que, perante um adversário de topo, nunca desistiu de conseguir dar a volta a um resultado negativo - apesar de uma natural falta de entrosamento (principalmente ao nível da defesa) que advém da utilização de um novo sistema de jogo e da presença de muitas caras novas no onze.

Para além disso, os empates da Sérvia na Arménia e da Dinamarca na Albânia faz com que a seleção possa inverter totalmente o mau começo se conseguir conquistar os três pontos mais logo. Há um mês ninguém diria que tal coisa seria possível.

Do jogo com a França ficam várias dúvidas sobre a equipa que entrará logo em campo contra a Dinamarca:
  • parece-me que vale a pena apostar nos mesmos laterais (Cédric e Eliseu) que, apesar de terem começado mal o jogo, acabaram por arrancar para uma prestação mais interessante após terem sido feitos os ajustes defensivos que se impunham;
  • no centro da defesa gostei muito de ver Ricardo Carvalho, mas talvez se justifique a titularidade de Bruno Alves, que é mais forte fisicamente e nas bolas aéreas - e a Dinamarca certamente que procurará explorar essas componentes do jogo;
  • o meio campo formado por Tiago, André Gomes e João Moutinho revelou-se muito macio, e notou-se de imediato a diferença quando William Carvalho entrou em campo. João Mário também entrou muito bem mas não estou a ver Fernando Santos a retirar João Moutinho (que esteve muitos furos abaixo do seu melhor). Provavelmente o selecionador optará pelo trio que é mais experiente, e que simultaneamente lhe dará um maior equilíbrio: William, Tiago e Moutinho;
  • na frente faz sentido que se continue a apostar em Danny, Nani e Ronaldo. Danny não esteve bem contra a França, mas tem talento suficiente para justificar uma aposta mais continuada que lhe permita chegar a um melhor entendimento com os companheiros de ataque. Perante a falta de pontas-de-lança de qualidade, fico satisfeito por ver Fernando Santos em apostar numa frente de ataque sem um 9 clássico. É o que faz mais sentido considerando o tipo de jogadores que temos.

É portanto com algum otimismo que encaro o jogo de logo, pois a atitude comodista e apática que caracterizou a 2ª metade do ciclo de Paulo Bento parece ter sido afastada do grupo de trabalho. Os níveis de entrosamento ainda estão longe do ideal, mas não podemos subestimar a motivação e valor que jogadores em melhor forma poderão trazer para o conjunto. Para além disso, os resultados dos nossos adversários acabam por atenuar enormemente a derrota com a Albânia, transformando o jogo com a Dinamarca numa 2ª oportunidade para arrancarmos para uma qualificação tranquila.