terça-feira, 14 de outubro de 2014

Vitória da simplicidade

                                                                                                                                                               
Por vezes as pessoas gostam de complicar. Ter um trunfo no banco para ser lançado quando os outros estão mais desgastados sempre foi uma arma a que a maior parte dos treinadores sempre recorreu em jogos fechados. Não acho que Quaresma seja jogador para ser titular na seleção - pois tem a tendência de agarrar-se demasiado à bola, acabando demasiadas vezes a jogar sozinho - mas está acima de qualquer outra opção de banco que a seleção tenha neste momento. Fernando Santos puxou do trunfo no momento certo e ganhou a aposta: Quaresma sacou um cruzamento teleguiado a que Cristiano Ronaldo correspondeu da melhor forma. Uma ideia simples que acabou por oferecer-nos três pontos no recinto de um dos principais adversários do grupo. E, repentinamente, o apuramento para o Euro 2016 passou a estar bem mais ao nosso alcance.


Umas palavras também para Ricardo Carvalho: vê-lo jogar foi um deleite e fico muito feliz por poder engolir as palavras que escrevi ontem, quando referi que na minha opinião Bruno Alves deveria ser titular. Que grande jogo fez aquele que é o melhor central português que já vi jogar. Não condeno Paulo Bento por ter optado por não convocá-lo após o cumprimento do castigo, mas Fernando Santos mais uma vez arriscou e ganhou. Tem neste jovem de 36 anos um reforço importante para esta fase de qualificação.

De resto, foi um jogo pouco inspirado mas disputado com grande concentração pelos jogadores. Não houve momentos de grande brilho, a seleção portuguesa poucas vezes conseguiu chegar com perigo à baliza adversária, mas também soube manter os dinamarqueses quase sempre longe da área de Rui Patrício. O empate talvez fosse um resultado mais justo, mas neste tipo de situações com o mal dos outros posso eu bem.

Para além de Ricardo Carvalho, gostei dos jogos de Pepe, William e Cédric. Ronaldo e Nani estiveram demasiado tempo desaparecidos do jogo, Moutinho voltou a ser uma sombra daquilo que já foi, principalmente com a bola nos pés, e Danny poucas vezes conseguiu ser influente. Nenhum dos suplentes conseguiu mexer com o jogo, com a óbvia exceção de Quaresma - que ao sacar aquele cruzamento acaba por ser uma das figuras do jogo.

De qualquer forma parece-me estar aqui uma base muito interessante para atacar o resto da qualificação - desde que continue a haver abertura para integrar outros jogadores que se destaquem nos seus clubes. E se forem alguns dos miúdos dos sub-21 que tão bem estiveram ontem, tanto melhor.

via @PAPP1906

P.S.: dos 14 jogadores utilizados, 8 jogam na liga portuguesa (Rui Patrício, Cédric, Eliseu, William, Nani, João Mário, Éder e Quaresma). Fica demonstrado que não é necessário recorrer a jogadores que estão no estrangeiro só porque sim.