sexta-feira, 30 de junho de 2017

Já está Doumbia

O Sporting fechou finalmente a contratação de Doumbia. O jogador vem por empréstimo, tendo o Sporting direito à opção de compra caso determinados objetivos sejam atingidos.

Na época passada viu-se a importância de não termos um substituto à altura de Bas Dost. Doumbia, pela carreira que fez na liga russa e na liga suiça (no último caso, que foi onde jogou na época passada), tem tudo para se adaptar bem ao futebol português.




Chega assim, portanto, uma mininovela que durou cerca de uma semana, mas que nem por isso teve a sua quota-parte de peripécias...



Expliquem-me como se tivesse quatro anos



Se estamos perante um caso de crime informático, como é que as acusações são infundadas? Não há aqui uma certa contradição nas palavras de Luís Filipe Vieira?

Pippo Russo na Sport TV+

Pippo Russo foi convidado pela Sport TV+ para participar, na quarta-feira passada, no programa Mercado de Verão, onde comentou alguns assuntos do mercado de transferências (a contratação de Arango do Benfica ao Millonários, a hipótese Gabriel Barbosa para o Porto, entre outros), e onde também pôde falar do seu livro sobre Jorge Mendes.

Aqui fica, dividido em duas partes, para quem não teve oportunidade de ver. Primeiro os comentários sobre o mercado, depois a parte relativa a Jorge Mendes.




Também podem ler a entrevista de Pippo ao Observador aqui: LINK.

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Di... Di... Divanei

Um regresso, há muito desejado, de um jogador que ficou no coração dos sportinguistas pela forma como representou o clube nos anos em que cá esteve. Grande, grande notícia!




Estratégia de defesa peculiar

Ultimamente o futebol tem sido pródigo em estratégias de defesa peculiares. Quando confrontado com a acusação de ser um dos recetores da cartilha de Carlos Janela, João Gobern invocou a 5ª emenda - que é, como quem diz, não vou responder para não me incriminar. Um par de meses mais tarde, Pedro Guerra, homem de prodigiosa memória e capacidade de organização e preparação, pareceu ser vítima de estranho caso de amnésia ao dizer que não se lembrava de ter recebido os mails de Adão Mendes.

Mas os exemplos referidos acima são insignificantes quando comparados com o que Jorge Mendes disse ao ser interrogado no âmbito do julgamento de Falcao por fraude fiscal.


Já vi desculpas mais convincentes. Aqui fica a notícia dada pelo online d' O Jogo: LINK.

Segundo o As, Jorge Mendes foi "apertado" pelo advogado do Ministério Público espanhol no interrogatório de terça-feira

O jornal espanhol As conta parte do interrogatório feito na terça-feira a Jorge Mendes por causa da alegada fraude fiscal de Falcao quando era jogador do Atlético de Madrid

O agente português disse ao juiz de instrução de Pozuelo de Alarcón, Espanha, que "nunca" assessorou em matéria fiscal os futebolistas que representa.

Acontece que o alegado esquema de fuga ao fisco acabava na empresa Multisport and Image Management (MIM), encarregue de gerir os direitos de imagem do jogador através de off-shores nas Ilhas Virgens e Panamá.

"Conhece Andy Queen?", perguntou o advogado, segundo o As. Jorge Mendes disse que sim, que era seu empregado. A acusação insistiu: "E você não sabe que o seu empregado Andy Queen, é o proprietário da MIM". Jorge Mendes, de acordo com a mesma fonte, negou, garantindo ser uma surpresa essa informação.

"Andy não me disse, é uma surpresa para mim. Juro-o", terá dito o agente.

O advogado do Ministério Público disse então à magistrada que a Polaris, de que Jorge Mendes é acionista e que procura patrocinadores para os jogadores, tem o seu domicílio na mesma rua e no mesmo número da MIM, em Dublin, na Irlanda.

O "saneamento" de Eduardo Barroso

"As justificações que me deu, e que não tinha de dar, ficam entre nós, mas caramba, ambos merecíamos uma despedida que não cheirasse a saneamento, numa altura em que tenho sido um dos mais assumidos críticos dos e-mails da vergonha."

As linhas que podem ler em cima são parte do último texto que Eduardo Barroso escreveu o jornal A Bola, colocando fim a uma colaboração que durou vários anos. Segundo se pode ler no artigo publicado ontem, a iniciativa desta decisão partiu do próprio jornal. Eduardo Barroso faz várias referências à forma como lhe foi comunicada a medida, e a ideia que deixa passar - de forma suficientemente explícita - é que não terá sido Vítor Serpa o seu promotor principal. Ora, não tendo a ideia partido do diretor do jornal, então é bem possível que o responsável tenha sido José Manuel Delgado - restando saber se por ter cedido à pressão do Benfica, ou se por ter antecipado que Barroso se poderia tornar numa voz demasiado dissonante em relação à linha editorial do jornal.

Convém puxarmos a cassete um pouco atrás para relembrar algo que é extremamente importante. Goste-se ou não se goste do estilo, há uma coisa que, mesmo não o conhecendo pessoalmente, me sinto à vontade de escrever sobre Eduardo Barroso: é muito difícil encontrar, de entre os sportinguistas que habitualmente dão a cara pelo clube, alguém que seja mais independente: independente em relação à direção do Sporting, porque não me parece que tenha ambição de voltar a ter um cargo de maior relevo que o atual (é Conselheiro Leonino, tendo sido por sua iniciativa que não se candidatou a PMAG na lista de Bruno de Carvalho em 2013); e independente em relação aos canais de televisão e jornais onde comentou, pois não precisa deles nem para ganhar visibilidade, nem por questões financeiras. 


Essa independência é facilmente comprovável. Apesar de ter sido eleito PMAG pela lista de Bruno de Carvalho em 2011, soube manter uma postura de total lealdade institucional com a direção de Godinho Lopes. Perante o descalabro desportivo e financeiro e a progressiva contestação dos sócios, Eduardo Barroso acabaria por se tornar um dos motores que levaram à realização de novas eleições - das quais, sabiamente, se auto-excluiu. 

O facto de ser um acérrimo defensor de Bruno de Carvalho não afeta a sua independência, pois não existe qualquer incompatibilidade entre ser-se independente e ser-se acérrimo defensor de alguém. Eduardo Barroso defende Bruno de Carvalho com unhas e dentes porque percebe o trabalho meritório do presidente. Como independente que é, acredito que, num cenário em que a qualidade do trabalho de Bruno de Carvalho caísse a pique, Eduardo Barroso não deixaria de fazer as críticas que entedesse serem justas. 

Eduardo Barroso é genuino no seu comentário, no sentido em que não consegue esconder a alegria ou a mágoa em função do momento em que o clube atravessa. Acredito que não concorde com tudo o que diz e faz Bruno de Carvalho, mas, por uma questão de lealdade, prefere salientar o que de bom é feito - e ainda bem que é assim, porque já há demasiados notáveis com espaço na imprensa que têm a crítica na ponta da língua e são muito ponderados e poupados no momento de elogiar. É importante para o clube que haja quem sirva de contraponto à opinião dominante - que, infelizmente, é claramente desfavorável a tudo o que o Sporting e o seu presidente façam.

E é por isso que acho repugnante a opção que o jornal A Bola tomou ao sanear Eduardo Barroso da sua equipa de comentadores afetos a um clube. De certeza que não foi por uma questão de independência, nem foi por uma questão de qualidade da escrita ou por falta de cordialidade (que raio, se qualidade de escrita e cordialidade fossem critérios relevantes, Rui Gomes da Silva teria sido corrido ao fim de meia-dúzia de artigos). 

Sobra a alternativa: Eduardo Barroso foi afastado por ser um acérrimo defensor de Bruno de Carvalho.

Infelizmente, A Bola tem uma rica tradição em sanear espaços de comentário sportinguistas que se tornam incómodos, ao contrário do que acontece com espaços afetos a outros clubes. José Diogo Quintela saiu porque a direção do jornal decidiu tomar partido no diferendo que tinha com Miguel Sousa Tavares (que ainda hoje escreve no jornal), e antes disso também o Visconde do Lumiar foi afastado de forma algo repentina.

Nada que surpreenda num jornal que há muito que decidiu ser um meio de comunicação oficioso do Benfica, que demonstra parcialidade e tendenciosidade numa base diária. Atenção que há bons profissionais naquele jornal - muitos dos quais são sportinguistas -, mas a direção está completamente minada de gente que não nasceu para ser jornalista.

Voltando a Eduardo Barroso, espero que continue a dar a cara pelo clube. Sportinguistas como ele fazem falta. Quando Bruno de Carvalho fala em militância, é disto a que se refere. Pena que não existam muitos mais.

P.S.: Sobre a direção d' A Bola, há uma boa e uma má notícia. A boa é que Serpa e Delgado estão de saída. A má é que os que aí vêm ainda são piores.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Aí está Bruno Fernandes


O Sporting formalizou ontem o acordo com Bruno Fernandes, O valor da transferência é de 8,5 milhões, com a possibilidade de aumentar em 500.000 euros se determinados objetivos forem cumpridos. A Sampdoria fica com direito a 10% de mais-valias numa venda futura. O jogador fica com uma cláusula de rescisão de 100 milhões.

É uma contratação com um perfil que me agrada bastante. Falamos de um jogador jovem, de 22 anos, mas que já cumpriu mais de 100 partidas na Serie A, uma liga muito mais competitiva do que a nossa. Ou seja, conjuga experiência com uma grande margem de valorização. A sua vinda, conjugada com a de Battaglia, leva a crer que Jesus estará a pensar em inverter os papéis de meio campo: o 6 passará a ter um papel mais equilibrador, enquanto o 8 ficará com maiores responsabilidades de construção. Bruno Fernandes tem a vantagem de ser mais forte na condução, no último passe e no remate de meia distância, mas, ainda assim, falamos de um médio com uma boa capacidade de trabalho, que não tem problemas em sujar os calções.

Estas apostas acabam também por ser um sinal de que tanto William como Adrien são considerados como transferíveis.


De assinalar que, pelos nomes que têm vindo a ser falados como hipótese, a estratégia de aquisições do Sporting se virou, e bem, para atletas para serem titulares de caras. Se tudo correr pelo melhor, o plantel deverá ficar praticamente fechado nas próximas duas semanas, a tempo do estágio que se irá realizar na Suiça.

Apito Abençoado: Carlos Deus Pereira regressa, e o contrato de macumba por objetivos

O programa Universo Porto da Bancada revelou ontem mais emails do Benfica. Foram dois os temas abordados: o primeiro, gravíssimo, veio na sequência da reação de Pedro Guerra às revelações da semana passada; o segundo, estranhíssimo, porque, ao que parece, o Benfica assinou, com um general guineense, um contrato de macumba por objetivos.

Começando pelo princípio: Francisco J. Marques deitou abaixo o desmentido que Pedro Guerra tinha feito no dia anterior, mostrando novos mails que lhe foram enviados pelo PMAG da Liga, Carlos Deus Pereira. Ficámos a saber que o Benfica, através de Pedro Guerra, teve acesso antecipado a documentos que deveriam ser enviados a todos os clubes em simultâneo.


Isto, sendo verdade, é gravíssimo, pois falamos de tráfico de influências em estado puro. Se qualquer funcionário da Liga tem o dever de isenção perante todos os clubes, isso ainda se aplica mais ao Presidente da Mesa de Assembleia Geral. Vergonhoso.

A segunda parte é tão divertida como estranha. Ao que parece, o Benfica, por intermédio de Luís Filipe Vieira e Rui Gomes da Silva, assinou um contrato de macumba por objetivos com Armando Nhaga, um general e comissário da polícia guineense.

Aviso: tudo o que vão assistir neste vídeo é completamente surreal, mas imensamente divertido.




Pelo menos ficamos a saber como é que o Bryan falhou aquele remate...



terça-feira, 27 de junho de 2017

Bicampeões de futsal!

O Sporting sagrou-se há pouco bicampeão de futsal, ao vencer o Braga por 3-1, com golos de Merlim, Diogo e André Sousa. Parabéns a todos os jogadores e equipa técnica!

Aqui fica um resumo com os golos, a festa e o erguer do troféu:









As setas e bolinhas do Apito Abençoado


Já são tantos os emails revelados e as personagens envolvidas na novela Apito Abençoado, que começa a ser necessário fazer um ponto de ordem para que nada nem ninguém seja esquecido.

Esta interessante infografia do Jornal de Notícias é um bom começo, mas na verdade não está aqui tudo o que foi apanhado. Em breve apresentarei uma mais completa.

Podem fazer clique na imagem se a quiserem ampliar.


segunda-feira, 26 de junho de 2017

Apito Abençoado: a história de Emídio Fidalgo

De entre os casos de ofertas de bilhetes reveladas pelo Expresso na edição de sábado passado, não há nenhuma que salte tanto à vista como a que diz respeito a Emídio Fidalgo, antigo responsável pela nomeação dos delegados da Liga - cargo que acumulou com outro que ainda desempenha: o de responsável da Liga pelas infraestruturas.

Falamos de um funcionário da Liga que, obviamente, tem o dever de cumprir as suas funções de forma isenta e equidistante em relação a todos os clubes. No entanto, fica claro, no artigo do Expresso, que o Benfica não tem essa perceção em relação ao seu trabalho. No artigo do Expresso pode ler-se que Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica e homem forte do trabalho de bastidores, incluiu Emídio Fidalgo num conjunto de quatro pessoas que tinham "de alguma maneira ajudado (...) o SLB no passado".

Como é natural, se um funcionário da Liga cumpre o seu dever não está a ajudar ninguém. Consequentemente, se Emídio Fidalgo ajudou de alguma forma o Benfica, então não estava a cumprir o seu dever. Algo de que, aliás, também pode ser acusado outro dos nomes referidos: Nuno Cabral. Os emails divulgados nas últimas semanas demonstraram que o delegado da Liga tinha, como objetivo de vida, ser o menino bonito do Benfica.

Aqui fica o excerto do artigo do Expresso sobre Emídio Fidalgo:


Como se pode ler, o Benfica estava a decidir sobre os convites que iriam ser oferecidos para assistir a uma final da Liga Europa. Falamos, portanto, de bilhetes (cujo preço de venda ao público variava entre os 35€ e os 150€), mas não é impossível que o convite incluísse também a viagem até Turim e, quem sabe, alojamento. Mas mesmo que tenham oferecido apenas os bilhetes, não nos vamos iludir: o preço facial dos ingressos não faz justiça ao valor simbólico que têm para o recetor da oferta, principalmente se for um fervoroso adepto do clube.

Portanto, temos uma oferta de valor relevante, que foi atribuída por ajudas dadas ao longo da época que na altura decorria. No caso de Emídio Fidalgo, que ajuda terá sido? O Expresso refere uma possibilidade bastante plausível: o papel que Emídio Fidalgo teve alguns meses antes, no conturbado final do V. Guimarães - Benfica. O caso foi muito discutido na altura por causa das omissões dos delegados da Liga em relação aos problemas que Jorge Jesus teve com a polícia. Omissão incompreensível, se considerarmos que os delegados viram tudo e que Emídio Fidalgo, o responsável pelos delegados, esteve no centro dos acontecimentos.



A 26 de setembro, a própria Liga acabou por abrir um processo aos delegados e aos árbitros por não terem feito qualquer referência ao sucedido. Naturalmente, multiplicaram-se as perguntas em relação à atitude dos delegados e do seu chefe.


Jorge Maia concluiu o seu comentário referindo a estranheza das omissões. Quase quatro anos depois, com a divulgação destes emails, as coisas começam finalmente a ficar menos estranhas...

P.S.: como foi referido, a omissão nos relatórios não abrangeu apenas os delegados ao jogo. Também os árbitros se "esqueceram" de referir os incidentes. Curiosamente, o árbitro dessa partida foi Bruno Esteves, um dos bons valores da arbitragem referidos por Adão Mendes a Pedro Guerra num dos emails revelados por Francisco J. Marques, enviado... apenas três meses após os incidentes de Guimarães.


domingo, 25 de junho de 2017

Quando somos os nossos piores inimigos

Ponto prévio: Não meto as mãos no fogo por ninguém quando o assunto é dinheiro, mas não acredito que Bruno de Carvalho se tenha apropriado indevidamente de qualquer verba indevida. A razão por que tenho esta opinião é mais racional do que emotiva, não sendo mero wishful thinking. Assenta numa premissa muito simples: o presidente do Sporting é responsável por um nível de transparência nas contas inédito no futebol português. Nenhum clube em Portugal (e provavelmente no mundo) fornece regularmente e sem falhas um quadro tão detalhado das suas contratações, incluindo o valor e destinatários das comissões. Não precisava de o fazer, nem poderia ser criticado por isso: se as contas do Porto entram num detalhe relativo, as do Benfica são um autêntico buraco negro. O ato de publicar este nível de pormenor não é apenas simbólico, tem implicações práticas: facilita imensamente o escrutínio. Se eu tivesse intenção de enriquecer à custa de comissões, não desataria a dar o detalhe total dessas comissões. Se sabemos que Bruno César custou 1,3M em comissões a Costa Aguiar, isso deve-se, única e exclusivamente, ao facto de o presidente Bruno de Carvalho ter decidido que era esse o nível de transparência que queria para a SAD do Sporting.

Este ponto prévio vem a propósito das revelações feitas por Bruno de Carvalho na AG de ontem. Aqui fica, para quem não viu:


Se é verdade que a peça da TVI surge por ação destes sócios, parece-me gravíssimo.

Bruno de Carvalho não está nem tem que estar livre do escrutínio dos sportinguistas, mas quem está minimamente atento sabe que boatos destes existem há anos, muitos deles alimentados pelo grupo de pessoas do costume, sem que nada, alguma vez, tivesse sido minimamente comprovado. Pior, há pelo menos uma das acusações feitas no tal documento Word - a de que Bruno de Carvalho ficou com plenos poderes para contratar - já foi clarificada no passado: as assinaturas de Bruno de Carvalho e Alexandre Godinho eram suficientes, num período de 9 dias em pleno defeso, pois Carlos Vieira encontrava-se de férias.

Numa altura em que o Benfica se encontra sob suspeita de atos gravíssimos, é evidente que há determinados órgãos de comunicação social sedentos por desviar as atenções. Não é por acaso que este tema tenha surgido n' A Bola e TVI. São sportinguistas a fazer o jogo do rival. Infelizmente, já se tornou há muito um triste hábito.

sábado, 24 de junho de 2017

Outros casos do Sporting - Benfica em hóquei de que não se falou

Na passada terça-feira, Gilberto Borges e Paulo Freitas estiveram na Sporting TV a comentar as incidências do Sporting - Benfica. Durante o programa, foram revistos vários lances que, no entender do Sporting, foram mal ajuízados a favor do Benfica.

Aqui fica um resumo daquilo que foi dito. Como se poderá concluir dos vários lances discutidos, a posição que o Benfica tomou em boicotar a final four da Taça de Portugal é de uma enorme hipocrisia. Mesmo que tivessem razão naquele último lance (e que nenhuma imagem televisiva demonstra com um mínimo de clareza, quer para um lado, quer para o outro), foram demasiados os erros que favorecerem o então campeão nacional, e que contribuiram decisivamente para que o jogo (que o Sporting controlava) fosse discutido até ao fim. Para não falar, obviamente, naquilo que se foi passando noutros jogos ao longo da época.


Já agora, aqui fica o lance do Juv. Viana - Benfica a que Gilberto Borges se referiu:



Promessas eleitorais que se aplaudem

Fico muito contente quando vejo membros ilustres da sociedade civil a entrarem na política para colocar os seus talentos ao serviço da população.


Apito Abençoado: passámos de tráfico de influências para corrupção

O Expresso revela hoje novos dados a partir de emails do Benfica que, até agora, ainda não eram conhecidos. Aparentemente, o Benfica ofereceu bilhetes a cinco elementos do Conselho de Disciplina, a Nuno Cabral, a dois árbitros assistentes e a Emídio Fidalgo, "responsável pela nomeação dos delegados na Liga e decisivo nos pareceres que emitiu."


Se no caso de Nuno Cabral, já se conheciam indícios fortes de tráfico de influências - um delegado da Liga que, para concretizar o desejo de ser o "menino bonito" do Benfica, usou o seu cargo de forma indevida em benefício do Benfica -, mas agora, com a oferta de bilhetes, começamos a entrar no domínio da corrupção.

Curiosamente, dois dos cinco dos bilhetes dados a Nuno Cabral destinavam-se a árbitros assistentes. Fico com uma dúvida: Nuno Cabral acompanhava os árbitros assistentes na qualidade de amigo, ou na qualidade de menino bonito do Benfica?

No caso de Emídio Fidalgo, o uso de aspas é também elucidativo: foi decisivo em pareceres que, pode assumir-se, agradaram ao Benfica. Também se pode concluir que a oferta dos bilhetes foi consequência desses pareceres. Isto também pode indiciar corrupção.

Já li o artigo que o Expresso fez. Está dividido em duas partes. Na primeira parte, dividem-se e organizam-se os emails em três ocasiões em que foram oferecidos bilhetes: para o Benfica - Juventus, para o Benfica - Nacional, e para o Benfica - Sevilha. Na segunda, estão as perguntas que o Expresso colocou a vários dos intervenientes sobre as três histórias que estão descritas na primeira parte: Paulo Gonçalves, Luís Filipe Vieira, Ferreira Nunes, Emídio Fidalgo, Nuno Cabral e Andreia Couto. Aqueles que responderam (como Paulo Gonçalves e Vieira), defenderam-se na normalidade da prática destas ofertas. Mas não se iludam: a primeira parte do artigo do Expresso mostra claramente as motivações do Benfica em algumas das ofertas que fez. As citações dos emails são elucidativas. Muito elucidativas.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Sobre a falta de comparência do Benfica na Taça de Portugal em hóquei

Têm toda a razão em se sentirem indignados. Foi um fartar vilanagem a época inteira, começando por aquele lance contra o Sporting, na 1ª volta, em que o Nicolia foi barbaramente atacado.



Notícia CM



Correio da Manhã, dia 21 de junho de 2017: Fábio Coentrão passou nos exames médicos! 


Correio da Manhã, dia 22 de junho: Fábio Coentrão não passou nos exames médicos!



Prevejo em breve uma nova notícia, mais ou menos nestes termos: conforme o CM noticiou, concretizou-se/falhou (riscar o que não interessa) a contratação de Fábio Coentrão pelo Sporting. Assim não é difícil...

(obrigado, Eduardo!)

quinta-feira, 22 de junho de 2017

SMS & Fruta






Em exibição num cinema perto de si

Considerando a ausência de reações dos responsáveis benfiquistas, considerando a entrevista à RTP que Vieira cancelou - supostamente problemas de agenda - quando o Apito Abençoado rebentou (e ainda não teve disponibilidade para falar entretanto), considerando tudo aquilo que não tem sido dito e explicado por uma máquina de propaganda tão rápida e barulhenta quando o assunto lhe interessa...

... até parece que está em exibição um spinoff de um dos filmes mais célebres das últimas décadas.

(obrigado, @MindoSCP)






Apito Abençoado: Fruta vermelha e acesso aos SMS de Fernando Gomes

O programa Universo Porto de Bancada voltou a não desiludir e divulgou, na edição de ontem, mais mails trocados entre colaboradores/responsáveis benfiquistas e funcionários da Liga.

As revelações têm de ser separadas em três blocos distintos.

O primeiro email foi enviado em 2014 por Carlos Deus Pereira, que à data era o Presidente da Mesa de Assembleia Geral da Liga em exercício, para Pedro Guerra, contendo um conjunto de SMS de Fernando Gomes, atual presidente da FPF.


Ou seja, o Benfica fez, através de alguém que deveria manter-se neutral perante todos os clubes, espionagem das mensagens privadas de Fernando Gomes. Isto é gravíssimo, a vários títulos.

Sobre Carlos Deus Pereira, podem ler mais aqui: LINK.

O segundo bloco de emails é uma troca de emails entre pessoas ligadas ao Benfica, sobre como fazer pressão sobre o CD para interditar o Dragão e a Pedreira (onde o Benfica iria ainda jogar).


Este, a meu ver, é o menos grave dos três. São tomadas de posição estratégica para atingir determinados fins. Não faço a mesma interpretação que Francisco J. Marques fez, ou seja, que houve tentativa de pressão sobre o CD - pressão, sim, mas num sentido que não me parece ilegal.

Finalmente, a situação mais grave de todas:


O que se pode depreender do que foi lido é que o Benfica controla a vida íntima paralela dos árbitros. Saber que árbitros têm amantes, e que amantes são essas - com fotografias. Isso é equivalente a dizer que o Benfica tem o poder de coagir as pessoas em causa a fazerem aquilo que o clube precisa. Não existe melhor material para chantagem.

E a frase "200€ o tempo que quiseres, se for a 3 é 400€" leva a crer que estamos perante a existência de fruta vermelha.

É caso para se perguntar a Luís Filipe Vieira: ninguém se corrompe por 300€, mas será que 400€ de fruta vermelha já é suficiente?

Espero que isto seja revelado, doa a quem doer. No limite, poderemos estar a entrar no domínio da corrupção.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Dia do Pavilhão


Finalmente, chegou o dia em que se torna realidade aquilo que, durante demasiado tempo, foi um sonho adiado de muitos sportinguistas: será inaugurado o Pavilhão João Rocha.

Depois da corajosa medida de canalizar a totalidade das quotizações para as modalidades numa altura em que as dificuldades financeiras da SAD eram imensas, depois da recuperação de várias modalidades e do aumento de competitividade das que ainda existiam - que tiveram como consequência a conquista de vários títulos que há muito nos fugiam, como o Europeu de Atletismo por equipas, a Taça CERS, o campeonato de andebol e a Taça Challenge -, a construção do pavilhão é a última grande etapa do regresso em pleno a um dos grandes desígnios do clube: o ecletismo. Desígnio, esse, que sucessivas direções optaram por ignorar.

O grande obreiro desta recuperação é, obviamente, o presidente Bruno de Carvalho. Para além da já referida medida de atribuição das receitas das quotizações para as modalidades, convém relembrar que utilizou o dinheiro da sua primeira grande venda no futebol para a construção do pavilhão. Podem apontar-lhe vários defeitos, mas a visão que Bruno de Carvalho tem para o clube - que é a visão dos seus fundadores - foi a força motriz que nos permitirá, mais logo, testemunhar este dia tão importante para o Sporting Clube de Portugal.

Ah, e uma última nota: o pavilhão é LINDO.



terça-feira, 20 de junho de 2017

Até lhe dá os calores...

Não sei como é que isto passou despercebido... se fosse comigo, também me dava os calores...









O Benfica e a reabertura do Apito Dourado: cuidado com o que desejam

Na passada sexta-feira, o Benfica anunciou, através do seu diretor de comunicação, que iria solicitar a reabertura do processo Apito Dourado. Enquanto sportinguista, não vejo qualquer inconveniente nesse desejo, apesar de me parecer - dentro dos meus parcos conhecimentos de direito - que se trata de uma intenção que não tem pernas para andar.

O Apito Dourado foi um dos maiores - se não o maior - escândalos da história do futebol português, e não teve um desfecho apropriado: uma tecnicalidade tornou inúteis as escutas, que eram as provas mais importantes do processo. A justiça desportiva acabou por ir por arrasto da justiça criminal, anulando a pena inicialmente determinada de perda de 6 pontos - absolutamente ridícula para a gravidade dos atos praticados pelo Porto.

No entanto, tenho visto vários portistas a alegar algo que também tem a sua razão de ser: Pinto da Costa, Valentim Loureiro, Pinto de Sousa não foram os únicos a aparecerem nas escutas. Também Vieira foi apanhado, em conversa com Valentim Loureiro, a escolher o árbitro para a meia-final da Taça de Portugal de 2003/04:


Luís Filipe Vieira deu o aval a João "pode ser" Ferreira, e o ex-árbitro da AF Porto foi mesmo nomeado. O Benfica venceria o Belenenses por 3-1, qualificando-se para a final, onde defrontaria o Porto.

O curioso é que, numa entrevista realizada na SIC alguns anos mais tarde, Vieira tomou a iniciativa de contar, pela primeira vez, a história da tal escuta em que se viu envolvido... mas enganou-se no jogo. Vieira meteu a pata na poça e fala de um outro caso, desconhecido até então do grande público, em que fez pressão para alterar uma nomeação:


Vieira ameaçou não comparecer ao jogo se o árbitro nomeado fosse Martins dos Santos. Um receio que se compreende, devido às óbvias ligações que o árbitro tinha com o Porto, mas a ameaça não deixa de ser uma pressão óbvia que acabou por surtir o efeito pretendido, pois o juíz escolhido para dirigir essa final da taça - presume-se que com a benção do agora primeiro-ministro - acabou por ser outro: Lucílio Baptista.


Lucílio Baptista, o tal que não tem nenhuma proximidade ao Benfica, segundo alguns comentadores encartados.


De qualquer forma, voltando ao princípio: será que o Benfica terá realmente interesse em que o processo Apito Dourado seja reaberto? Considerando que entre as meias-finais e a final não decorreram mais de dois meses, e que o presidente benfiquista disse que houve "mais do que um" telefonema, é bem possível que as escutas dessas conversas também existam.

Por mim, força nisso. Investigue-se tudo de novo, ou, na pior das hipóteses, que venha tudo cá para fora...

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Manual para adeptos perplexos


Texto de José Diogo Quintela para o CM: LINK. Vale a pena ler.



Caros adeptos de futebol, permitam que apresente as minhas credenciais. Em 2010, no auge do Apito Dourado, escrevia semanalmente n’A Bola. Na altura, já eram conhecidas as transcrições das escutas, mas ouvi-las foi uma revelação. No fundo, é como os nossos pais a fazerem amor: imaginar é desagradável, mas surpreendê-los em acção é chocante. (Nesta metáfora, Pinto da Costa é o meu pai e António Araújo a minha mãe).

É a vasta experiência enquanto hermeneuta de trapaças, adquirida ao longo do Apito Dourado, que coloco ao serviço do adepto incauto, que não sabe como reagir às recentes revelações. 

Dirijo-me, em primeiro lugar, aos benfiquistas. Embora fazer batota seja como andar de bicicleta, estes primeiros tempos depois de descobrir o que o clube anda a fazer, são confusos. Outorgo, por isso, uma série de argumentos que os ajudarão a lidar com os mails. Recolhi-os junto dos melhores retóricos da corrupção, os portistas do início do séc. XXI. Eram brilhantes, uma espécie de sofistas no séc. V a.C., se os sofistas oferecessem prostitutas a cidadãos atenienses. 

i) Prova da Delicadeza – ‘Os árbitros não são pessoas? Se os picarmos, não sangram? Tratar bem pessoas, é mau?’ Ainda faz o adversário passar por mal-educado; 

ii) Tese do Preço Certo – ‘Quem se corrompe por um jantar?’ Impossível de rebater, especialmente depois das refeições, quando a comida já não tem interesse; 

iii) Proposição ‘Ó da guarda!’ – O joker. Usa-se e acaba a discussão. ‘Os mails foram obtidos ilegalmente, logo, nem se discute o conteúdo’. Para efeito dramático, o benfiquista deve levantar-se e abandonar a conversa; 

iv) Asserção do Costume – ‘Há marosca, mas é praticada por todos. Sucede que o Benfica a pratica à Benfica, com elevada qualidade’. Achincalha duplamente o adversário: não só também é corrupto, como é um corrupto pior; 

v) Teoria do Inter-Rail – ‘Uma equipa que vai tão longe na Europa, precisa de ajuda contra o Tondela?’ Por vezes conjugada com o Postulado do Cliente, em que se afirma a superioridade do plantel pela quantidade de jogadores vendidos a grandes clubes europeus. Há só que acautelar a contraprova ‘O Marselha foi campeão europeu em 93 porque, no Domingo antes da final, subornou jogadores do modesto Valenciennes, para poder descansar os seus’. 

Se os benfiquistas usarem estas falácias e não pensarem mais nisso, podem ficar de consciência tranquila. Aos adeptos do Porto, o meu único conselho é estarem calados. Cada vez que falam, põem em causa as suas próprias conquistas aldrabonas. Trocam os 4 títulos do Benfica pelos 20 que alcançaram com a mesma batotice? Então, aguentem-se. Reajam. Arranjem melhor fruta. 

Por último, dirijo-me aos sportinguistas. A vós, caros consócios, não tenho nada a dizer. Sobre estes temas já sabemos tudo. Sobretudo, para Benfica e Porto, sabemos a pato.

A absurda resistência dos jornalistas desportivos portugueses ao videoárbitro

Realizaram-se ontem dois jogos da Taça das Confederações, e, em qualquer um deles, a intervenção do videoárbitro foi crucial.

No primeiro jogo do dia, Portugal marcou um golo a meio da primeira parte, mas o árbitro anulou o golo por indicação da equipa de videoárbitros - composta por três juízes internacionais que assistiam ao jogo num estúdio. A decisão foi acertada: no princípio da jogada, Pepe estava adiantado quando Moutinho bombeou a bola para a área. O central tiraria partido da posição irregular para tocar a bola de cabeça para Ronaldo, que remataria espetacularmente à barra. Na recarga, Portugal marcaria.

Tudo bem, certo? Não. Aparentemente, há quem continue a tentar encontrar problemas onde eles não existem:


"Aqui está o videoárbitro a explicar que a polémica, ou que as polémicas não vão desaparecer do futebol", disse Manuel Fernandes Silva a respeito do sucedido. Ridículo. Concordo que a realização do jogo falhou ao não mostrar a repetição, mas isso é uma questão totalmente secundária. Portugal marcou num lance irregular, e por isso o golo foi bem anulado. Só isso deveria interessar. Que sentido faz dizer que há polémica sem se saber se o golo foi ou não bem anulado?

Mas, infelizmente, este não foi o único caso em que jornalistas portugueses decidiram, sem qualquer sentido, malhar no VAR. 

Avancemos para o segundo jogo do dia, o Camarões - Chile. No final da primeira parte, o Chile marcou um golo que o videoárbitro anulou, também por fora-de-jogo. Reparem no que foi dito pelos comentadores do jogo:


Neste caso até houve repetição, mas não foi esclarecedora, pois a realização não colocou a linha de fora-de-jogo. No início da segunda parte, lá mostraram o momento do passe com a linha de fora-de-jogo, onde se pode ver que Vargas tem a perna direita adiantada. Mas nem assim os comentadores da RTP conseguiram perceber que a decisão do videoárbitro foi boa. 

"Pela beleza e qualidade do lance nunca deveria ser anulado um golo destes".

"Há preciosismo a mais". Preciosismo a mais? Mas afinal a regra do fora-de-jogo é para se cumprir ou não? Gostava de perguntar ao autor desta frase quando é que um fora-de-jogo assinalado deixa de ser preciosismo. Aos 10 cms? Aos 20 cms? A um metro? É lamentável que jornalistas desportivos tenham afirmações destas, mas, pelos vistos, a vontade de malhar no videoárbitro sobrepõe-se ao desejo do cumprimento das regras do jogo.

O VAR viria ainda a ser importante neste jogo, ao confirmar a legalidade do segundo golo do Chile, que tinha sido anulado pelo fiscal-de-linha por fora-de-jogo. Três boas decisões do VAR no dois jogos, ou seja, o recurso à tecnologia ajudou a salvaguardar a verdade desportiva.

Mas se acham que foram apenas os comentadores da RTP a malhar no videoárbitro... estão enganados.

Exemplo da diferença de atitude em relação ao VAR entre um jornalista brasileiro e um jornalista português:

(via @bancadadeleao)

O Expresso a escrever uma mentira na crónica ao jogo:


O enviado especial de uma televisão portuguesa a dizer que os adeptos se sentem confusos. Mais confusos do que quando vêm um golo limpo ser anulado, ou um golo irregular a ser validado, e a ter impacto no jogo? Olha que problema gravíssimo...


Aguardo com alguma curiosidade as colunas de opinião na imprensa escrita. Quantos apontarão a decisão do Camarões - Chile como um erro? Para que lado da cama acordará Vítor Serpa? Será que vai aplaudir ou apupar o videoárbitro? Oh, a incerteza...

Obviamente que nem todos alinham pelo mesmo discurso, mas é impossível ignorar que existe uma grande resistência na generalidade dos jornalistas desportivos portugueses, que usam de todos os argumentos possíveis para tentar descredibilizar algo que só pode trazer melhorias ao estado em que encontra a arbitragem.

Claro que existem aspetos que não estão perfeitos e precisam de ser afinados - o tempo de resposta, as situações em que se recorre ao VAR, a forma de comunicação ao público e telespectadores -, e é expectável que há-de chegar o dia em que um VAR irá tomar uma má decisão... mas como em qualquer inovação é necessário dar tempo para que o processo entre em velocidade de cruzeiro. Não querer dar-lhe uma hipótese - e há muito boa gente por aí que parece mortinha por matar o VAR à nascença - é uma atitude completamente absurda para quem diz amar o jogo.

domingo, 18 de junho de 2017

Indícios de tráfico de influências, as medidas anunciadas por Luís Bernardo e a comparação com PPC

Muito interessantes as intervenções de Elsa Judas, jurista, no Sporting Grande Jornal da última sexta-feira, sobre os acontecimentos do Apito Abençoado.









Sobre os indícios de tráfico de influência nos mails e desmistificando a comparação que muitos benfiquistas fazem com o caso de Paulo Pereira Cristóvão:


Sobre as ações judiciais anunciadas por Luís Bernardo - reabertura do processo Apito Dourado e processo a Bruno de Carvalho por tráfico de influências:


sábado, 17 de junho de 2017

Vergonha

Se o relato do Braga sobre as ocorrências do jogo com o Sporting em futebol de praia for verdadeiro e rigoroso, espero que a nossa direção repudie o comportamento dos adeptos e tome medidas para identificar e penalizar os indivíduos que provocaram os desacatos. É uma vergonha para o bom nome do clube.





Coincidências da vida

Os benfiquistas, como seria de esperar, têm desvalorizado a relevância dos mails revelados pelo Porto e ignorado as implicações que se podem extrair do tipo de conversa que há entre as pessoas visadas. Refugiam-se no argumento de que são trocas de mails circunstanciais que não provam a existência de uma estrutura organizada cuja finalidade é obter benefícios ilícitos para o seu clube.

O problema é que à medida que vamos conhecendo as diferentes parcelas que têm sido divulgadas, verificamos que a sua soma coincide exatamente com o resultado que já conhecíamos. Ou seja, suportam as suspeitas que já existiam antes de toda esta novela ter rebentado.

Novo exemplo. Nuno Cabral, o tal ex-delegado da Liga que foi apanhado nos mails a dizer a Paulo Gonçalves que quer ser o menino bonito do Benfica, tem um irmão. O irmão, curiosamente é árbitro e fervoroso adepto benfiquista - quem diria? -, algo que pode ser facilmente comprovado com uma consulta rápida à sua conta de Instagram. Acontece que uma das fotografias colocadas no Instagram mostra um convite para assistir ao Benfica - Atletico Madrid, realizado em dezembro de 2015. 

Nuno Cabral, que na altura ainda era delegado da Liga - o último jogo que fez foi em abril de 2016 -, tem um irmão que recebeu um convite para ver um jogo da Champions no Corporate Club do Benfica. Nem sequer foi para a bancada. Foi mesmo para os camarotes. Curioso, não é?

Mais curiosa esta história fica se virmos qual foi o departamento que cedeu o bilhete ao irmão de Nuno Cabral:


O convite foi oferecido pelo... Gabinete Jurídico do Benfica. Pergunta para queijinho: alguém consegue lembrar-se do nome de uma certa figura importantíssima do Gabinete Jurídico do Benfica?


Há coincidências levadas da breca, não há?

sexta-feira, 16 de junho de 2017

O 'best of' dos comentários à polémica dos emails (#5 - #1)

#5 - "Uma mão cheia de nada"

É sempre ingrato alguém ser convidado a comentar assuntos sobre os quais não tem a informação necessária. No entanto, aquilo que se diz em circunstâncias dessas acaba por ser revelador da pessoa em questão: é cauteloso nas observações que faz, ou toma imediatamente partido por um dos lados da barricada?

Na passada terça-feira, a TVI24 emitia o MaisTabaco ao mesmo tempo que Francisco J. Marques revelava os emails, e a certa altura foi pedido aos comentadores que falassem sobre o tema, ou seja, sobre algo que estava a acontecer, naquele preciso momento, noutro canal.

Eis a primeira reação de Rui Pedro Braz:


"Uma mão cheia de nada", "conteúdo absolutamente nenhum além de algumas insinuações". Faz lembrar a primeira reação de Braz ao caso dos vouchers: pegou na informação que alguém lhe deu e pôs a circular que só 7 pessoas tinham usufruído das refeições oferecidas pelo Benfica. Mais tarde, como todos sabem, essa informação veio a revelar-se falsa, mas pelo menos serviu de argumento  de defesa benfiquista durante bastante tempo.

É caso para dizer que, pondo tanta fé nas suas fontes, Braz acaba por se pôr a jeito...


#4 - Luís Aguilar e a defesa a Manuel Mota

A certa altura do programa de quarta-feira, Manuel Queiroz referia que Manuel Mota não tem condições para arbitrar jogos da I Liga na próxima época. Rapidamente, apareceu Luís Aguilar em defesa do árbitro, alegando que ninguém viu nenhum pedido ser feito diretamente pelo próprio.


"Mas pode ser amigo. Mas pessoas não podem ser amigas?". Patético.

José de Pina apontou, e bem, que as palavras usadas por Adão Mendes comprometem seriamente a credibilidade do árbitro - quer tivesse conhecimento ou não do pedido. A simples existência do recurso da nota dependia apenas de Manuel Mota. Portanto, se Adão Mendes decidiu intervir junto do Benfica, foi para procurar garantir maiores probabilidades de sucesso. É aí que está o mal: se há um árbitro que é protegido por um clube ou por pessoas ligadas a um clube, então é óbvio que não tem condições para fazer jogos que interessem, direta ou indiretamente, a esse mesmo clube.


#3 - Lições da vida do amigo António Rola

Trazer Rola a um debate como comentador isento é um número tão credível como tentar fazer crer que o Sol é que gira em torno da Terra. No entanto, confesso que, para mim, ouvir os comentários de Rola é um guilty pleasure: não consigo evitar sorrir ao olhar para o passarão, emproado como um pavão com cio, a falar do alto da autoprocalmada idoneidade, e a dizer os maiores disparates, possíveis e imaginários.

Um dos momentos mais sublimes foi a forma como tentou desvalorizar as palavras de Adão Mendes ("o nosso amigo Manuel Mota"), explicando que a palavra "amigo", no futebol, não quer dizer nada... 



#2 - Mais um pontinho, menos um pontinho...

Nas posições anteriores, já tivemos exemplos da estratégia de desculpabilização que assentam no "todos fazem o mesmo". Aqui temos um exemplo da estratégia de desculpabilização que assenta no "isto sempre se fez". Brilhante, Fernando Guerra, brilhante.


Claro que podemos ler isto de outra forma: se isto sempre se fez, então é porque que há mesmo MUITO mais matéria para investigar...


#1 - Em socorro de Paulo Gonçalves

Todos estarão de acordo que Paulo Gonçalves parece ser, neste momento, o elo mais fraco na estratégia de defesa do Benfica. É uma pessoa com peso relevante e conhecido na estrutura benfiquista, e que tem uma escola (e fama) que pode ser considerada, no mínimo, duvidosa.

Daí que seja difícil dizer o quer que seja para defender o assessor jurídico benfiquista sem se cair no ridículo. Apesar disso, houve quem tivesse tentado...

Primeiro, Braz:


Ridículo. Somos todos seres humanos, claro, e espero que o filho de Paulo Gonçalves recupere rapidamente - não sabia que estava mal de saúde, nem tenho que saber -, mas era só o que faltava que se colocassem os mails em banho-maria por causa de uma questão pessoal, por muito grave que seja. Até porque os mails não são um ataque pessoal a Paulo Gonçalves, como é claro para (quase) toda a gente.

Também se pode dizer que é lamentável que Braz tenha usado a situação do filho de Paulo Gonçalves para atacar o Porto. É uma questão íntima da família, e Braz meteu-a cá fora. Eu, pelo menos, fiquei a saber deste problema através de Braz.

Depois, Rola. O "especialista" de arbitragem da BTV fez questão de mencionar, quando fez a sua primeira intevenção no Prolongamento de quarta-feira, que estava presente na sua qualidade de árbitro jubilado, para comentar assuntos de arbitragem. No entanto, a certa altura, José Leirós fez referência à "escola" de Paulo Gonçalves (referência à sua passagem pelo Porto e Boavista na altura de maior poder de Pinto da Costa e Valentim Loureiro), e o árbitro jubilado foi barbaramente atropelado pelo comentador da BTV...


O 'best of' dos comentários à polémica dos emails (#10 - #6)

#10 - A melhor prova de que os mails não são prova de nada, segundo Luís Aguilar

Luís Aguilar mostrou-se pouco interessado em avaliar, a partir dos mails revelados, quais serão as as intenções e os comportamentos usuais de Adão Mendes, Paulo Gonçalves, Nuno Cabral e Cª, mas não teve o mesmo pudor em tentar colocar-se na pele dos responsáveis do Porto.

Para Aguilar, o facto de os dirigentes portistas terem escolhido o seu canal para divulgar os mails - em vez de os entregarem de uma só vez ao Ministério Público - significa que os responsáveis do Porto estarão convencidos de que os documentos que têm em seu poder não serão prova suficiente para condenar o Benfica.


Luís Aguilar esquece-se de que:

a) Uma coisa não implica a outra, ou seja, o Porto pode, perfeitamente, ter entregue os documentos ao Ministério Público (identificando-se, através de terceiros, ou de forma anónima);

b) Os mails, obviamente, não são prova de nada, mas são indícios que justificam uma investigação séria por parte das autoridades;

c) O Porto sabe que a pressão mediática é importante para fazer as coisas mexer - quer ao nível das autoridades, quer ao nível dos organismos que tutelam o futebol português. Não é a situação ideal, claro, mas no país em que vivemos, com a justiça que temos, e com a comunicação social submissa que existe, seria de uma enorme ingenuidade (e risco) não meterem os mails na praça pública.


#9 - Fernando Guerra e a revolta contra os mails a conta-gotas

Se Aguilar quer que se entregue tudo às autoridades em vez de se colocar os emails na praça pública, outros há que já nem se dão ao trabalho de contestar a opção de divulgação, e que só querem que isto acabe depressa.

É o caso de Fernando Guerra. O decano jornalista do jornal A Bola aparenta estar com dificuldades em aguentar a estratégia de mails a conta-gotas, e fez este sentido apelo aos responsáveis portistas para que se despachem com a apresentação de tudo o que têm em seu poder.


"É melhor que se acabe isto de uma vez por todas!". Algo me diz que Francisco J. Marques não ficará muito sensibilizado, considerando quem é o autor do apelo...


#8 - Ainda querem me fazer de  desresponsabilização de Vieira, por Rui Pedro Braz

Tem sido curioso constatar a forma como algumas pessoas têm tentado fazer passar que Vieira nada tem a ver com este assunto. Aqui fica um exemplo.


Sim, é verdade que o presidente benfiquista só aparece em três mails e que, desses, só é autor de um, mas mesmo que não aparecesse em nenhum... alguém acredita que não tem nada a ver com o assunto?

Mesmo que não se queiram retirar grandes conclusões dos mails trocados com Mário Figueiredo, não há hipótese de ignorar o envolvimento indireto de Vieira nas alusões feitas por Adão Mendes e nas próprias ações de Paulo Gonçalves.

Vieira sabe o tipo de pessoa que Paulo Gonçalves é. Contratou-o após passagens (bem sucedidas, diga-se) no Porto e no Boavista, para seu braço direito em matérias de bastidores. É impensável imaginar que o Grande Líder não saiba aquilo que o seu subordinado faz - se não em detalhe, pelo menos saberá em pinceladas grossas.


#7 - A falta de eficácia dos pedidos do Benfica

Já se tinha percebido que um dos pontos indicados pela cartilha - pela forma como determinados benfiquistas começaram a usar em simultâneo este argumento - passa por dizer que não existem motivos para suspeição pelo facto de nenhum dos pedidos do Benfica ter sido concretizado. O próprio Braz, algumas horas mais tarde, indicou que é o próprio Benfica que está a fazer passar essa mensagem.


Esta linha de argumentação é, objetivamente, falsa. Paulo Gonçalves pediu a Mário Figueiredo para colocar Nuno Cabral em jogos da I Liga e, mais tarde, Nuno Cabral fez jogos de I Liga. Nem todos os 5 assistentes passaram de categoria, mas houve 2 que passaram - segundo a própria versão encarnada.

De qualquer forma, isso não tem o valor que lhe estão a querer dar. Primeiro, porque os pedidos foram feitos de uma forma que deixam entender que isto é procedimento habitual. Mesmo que não tenha havido sucesso em parte dos pedidos feitos - que raio, era só o que faltava que conseguissem contornar um chumbo nos testes físicos, a parte mais objetiva de uma avaliação de um árbitro -, não podemos partir do princípio que não tenham havido, antes ou depois, pedidos a terem sido acatados por quem tem influência para os concretizar.

E, depois, porque, segundo os regulamentos, a simples tentativa de exercício e abuso de influência é punível com perda de pontos (5 a 8 pontos por cada caso identificado).


#6 - Renega-o-Guerra

Depois dos insultos à entrada para a Assembleia Geral do Benfica e das críticas de António Simões e Bagão Felix, foi a vez de Rui Pedro Braz tentar esvaziar a importância de Pedro Guerra na estrutura do Benfica:


Um mero comentador, um mero colaborador, com um cargo meramente decorativo, diz Braz.

Ridículo. Pedro Guerra tem algum passado no Benfica, como Rui Costa ou Nuno Gomes, que justifique um cargo decorativo? Guerra não tem qualquer histórico no clube. Se Guerra pertence à estrutura, por algum motivo será.

Guerra trabalha para o Benfica. Aquilo que faz, faz no âmbito de funções (oficiais ou não) que lhe são atribuídas por responsáveis do clube ou SAD. Logo, há forma de ligar as ações de Guerra ao Benfica.