domingo, 25 de junho de 2017

Quando somos os nossos piores inimigos

Ponto prévio: Não meto as mãos no fogo por ninguém quando o assunto é dinheiro, mas não acredito que Bruno de Carvalho se tenha apropriado indevidamente de qualquer verba indevida. A razão por que tenho esta opinião é mais racional do que emotiva, não sendo mero wishful thinking. Assenta numa premissa muito simples: o presidente do Sporting é responsável por um nível de transparência nas contas inédito no futebol português. Nenhum clube em Portugal (e provavelmente no mundo) fornece regularmente e sem falhas um quadro tão detalhado das suas contratações, incluindo o valor e destinatários das comissões. Não precisava de o fazer, nem poderia ser criticado por isso: se as contas do Porto entram num detalhe relativo, as do Benfica são um autêntico buraco negro. O ato de publicar este nível de pormenor não é apenas simbólico, tem implicações práticas: facilita imensamente o escrutínio. Se eu tivesse intenção de enriquecer à custa de comissões, não desataria a dar o detalhe total dessas comissões. Se sabemos que Bruno César custou 1,3M em comissões a Costa Aguiar, isso deve-se, única e exclusivamente, ao facto de o presidente Bruno de Carvalho ter decidido que era esse o nível de transparência que queria para a SAD do Sporting.

Este ponto prévio vem a propósito das revelações feitas por Bruno de Carvalho na AG de ontem. Aqui fica, para quem não viu:


Se é verdade que a peça da TVI surge por ação destes sócios, parece-me gravíssimo.

Bruno de Carvalho não está nem tem que estar livre do escrutínio dos sportinguistas, mas quem está minimamente atento sabe que boatos destes existem há anos, muitos deles alimentados pelo grupo de pessoas do costume, sem que nada, alguma vez, tivesse sido minimamente comprovado. Pior, há pelo menos uma das acusações feitas no tal documento Word - a de que Bruno de Carvalho ficou com plenos poderes para contratar - já foi clarificada no passado: as assinaturas de Bruno de Carvalho e Alexandre Godinho eram suficientes, num período de 9 dias em pleno defeso, pois Carlos Vieira encontrava-se de férias.

Numa altura em que o Benfica se encontra sob suspeita de atos gravíssimos, é evidente que há determinados órgãos de comunicação social sedentos por desviar as atenções. Não é por acaso que este tema tenha surgido n' A Bola e TVI. São sportinguistas a fazer o jogo do rival. Infelizmente, já se tornou há muito um triste hábito.