Em agosto de 2013, comecei a escrever porque sentia necessidade de falar sobre assuntos que, a meu ver, não estavam a ser suficientemente explorados nos diversos espaços onde se falava de futebol. Já havia vários blogues a escrever muito e bem sobre o Sporting, mas achava importante haver uma abordagem mais completa e intensa sobre a parcialidade da comunicação social desportiva e sobre determinadas manobras menos claras por parte de determinados atores do futebol nacional. Foi essencialmente por isso que apareceu O Artista do Dia.
Os primeiros três meses de atividade foram os mais desafiantes. Não tendo contas pessoais no Facebook e no Twitter, desconhecia totalmente o potencial de divulgação das redes sociais. Também não conhecia ninguém da blogosfera, pelo que a evolução do número de visitas foi lentíssimo. Estamos a falar em médias de 20, 40, 60 visitas por dia. Eventualmente, o passa-palavra e a partilha de posts por parte dos leitores nas caixas de comentários de outros blogues, começaram a dar maior visibilidade ao Artista. O passo seguinte foi chegar às barras laterais de outros blogues sportinguistas com maior visibilidade (creio que o primeiro foi o A Norte de Alvalade), e, a partir daí, o número de leitores deste espaço começou a crescer muito mais rapidamente.
O arranque foi bastante lento e aos solavancos, mas tentei manter sempre - umas vezes melhor, outras vezes pior - a cadência, a qualidade e coerência dos posts. Isso nunca dependeu do número de visitas, tanto o fiz quando tinha 50 visualizações diárias, como o continuei a fazer com 50.000. No entanto, é óbvio que é extremamente gratificante ver que há tanta gente que aprecia e se revê no que escrevo. Esse foi sempre - a par com o desejo de servir o clube dentro das minhas limitadas capacidades - o principal combustível que me foi dando energia, pelo que tenho que agradecer a todos aqueles que estiveram e estão desse lado.
Nos quase quatro anos de atividade deste blogue, devem contar-se pelos dedos de uma mão o número de ocasiões em que estive mais do que dois dias sem escrever. No entanto, ao longo dos últimos meses tenho sentido necessidade de parar durante um bocado, sobretudo por causa do cansaço físico acumulado de noites consecutivas a pesquisar e a escrever. Isso refletiu-se, por exemplo, na minha reduzida presença na caixa de comentários, bastante inferior ao que desejava. Fiz um esforço para terminar a época, mas depois, com o aparecimento dos mails do Apito Abençoado, acabei por adiar a pausa que já tinha decidido fazer.
O meu primeiro desafio nesta paragem será conseguir vencer o hábito de escrever. Às tantas, a escrita tornou-se rotina e a rotina tornou-se num pequeno vício. Vou continuar no Twitter, para não ressacar completamente, e admito fazer um post ou outro ocasional se os acontecimentos assim o exigirem. Tenciono regressar - não sei se daqui a 2, 3, 4, ou mais semanas -, mas ainda não sei se no mesmo formato e regularidade. Logo verei quando chegar o momento.
Tanta coisa para estar a dizer que vai tirar umas semanas de férias?, perguntarão alguns de vocês. Bem, apesar de tudo o que escrevo ser exclusivamente um reflexo das minhas opiniões e experiências, tentei sempre manter o blogue tão impessoal quanto possível, de forma a manter o foco nos temas - e evitar apontá-lo para o próprio blogue e para o seu autor. Mas agora que vou fazer uma pausa que, para mim, é inédita e - admito - difícil, senti agora ser importante abrir um bocadinho o jogo daquilo que se passa neste lado, para ajudar a explicar a decisão que tomei. Creio que devo isso a quem tem seguido regularmente este blogue.
Perdoem-me, portanto, esta pequena quebra de "protocolo", mas posso assegurar-vos que, quando voltar, o foco continuará a ser, como sempre foi, o Sporting: para elogiar tantas vezes quanto conseguir, para criticar construtivamente quando achar necessário, e para defender sempre, com unhas e dentes - mas procurando fazê-lo sempre com coerência e honestidade intelectual. Sei que por vezes posso não ter razão no que escrevo, mas quando isso acontece nunca é por má vontade, preguiça, ou calculismo. É, simplesmente, porque sou falível como qualquer outra pessoa.
Obrigado por estarem desse lado e até breve, quando quer que isso seja - porque só há uma coisa que sei sobre o futuro: o futuro é Sporting, sempre.