A notícia de que não haverá árbitros portugueses no mundial 2018 a desempenhar quaisquer funções - árbitro, assistente ou VAR - só pode ter surpreendido quem andava totalmente distraído. Nem a vantagem que tiveram pelo facto de Portugal ser um dos primeiros países a adotar o VAR em todas as competições principais foi suficiente para convencer a FIFA dos seus talentos. Num total de 99 juízes provenientes de 46 nações, Portugal não terá nem um para amostra.
Parabéns. É um justo reconhecimento da qualidade que têm demonstrado ao longo das últimas épocas, começando nos nossos árbitros de topo - se bem que seja discutível que a palavra topo possa ser utilizada no âmbito da arbitragem nacional -, que têm sido os coveiros do Sporting nas últimas épocas, e acabando nas aberrações que têm ultrapassado sistematicamente todos os limites imagináveis da incompetência.
Provavelmente alguns deles acharão injusto, já que a qualidade média das arbitragens dos mundiais tem sido miserável - a obrigatoriedade da representatividade dos vários continentes tem contribuído para que os mundiais tenham recorrentemente os seus escândalos. Vamos ver como correrá desta vez, sabendo-se que haverá VAR. Será curioso ver como se adaptarão os árbitros no recurso a esta ferramenta, alguns dos quais terão pouco tempo de experiência. Se por acaso conseguirem entre todos, vindo de competições tão díspares, manter um critério consistente, sem demasiados erros grosseiros... será uma grande vitória - e, ao mesmo tempo, uma humilhação para os árbitros cá do burgo, que ao fim de vários meses ainda andam a patinar nos critérios, muitas vezes ao sabor dos clubes que estão em campo.
Claro que tudo isto deveria servir para que a classe dos árbitros refletisse sobre o que acabou de acontecer... mas acredito mais que a reação geral seja a de descarregar a frustração nos desgraçados do costume - e provavelmente começando já no sábado, já que há uma equipa - aquela equipa que eles sabem - que está mesmo, mesmo a jeito de ser colocada de fora da corrida pelo título.