O Sporting levantou os processos disciplinares aos jogadores que publicaram o comunicado conjunto nas suas contas do Instagram. O argumento utilizado para a tomada dessa decisão foi o de recuperar a união e coesão entre plantel e o resto da estrutura, de forma a não comprometer os objetivos que ainda estão em disputa.
É obviamente um recuo por parte da direção - e em particular do presidente -, mas é uma atitude indiscutivelmente sensata, neste momento a única que poderia ser tomada. Não o fazer implicaria o prolongamento de um braço de ferro inútil e destrutivo, em que o clube saíria sempre como o principal prejudicado, o que seria uma alternativa bastante pior.
Como não acredito em contos de fadas - ainda mais no que diz respeito à vida do Sporting -, é evidente que os ressentimentos que este conflito gerou em ambas as partes não desaparecerão num estalar de dedos. Os jogadores continuam a ser um ativo muito importante, mas a autoridade de uma direção é também um fator essencial para a estabilidade da organização. Creio que a decisão tomada ontem permitirá uma gestão tranquila do grupo de trabalho durante o que falta da época, mas a médio prazo creio que será igualmente sensato que a SAD repense o modelo da estrutura do futebol, que me parece algo disfuncional face à realidade atual: o presidente deixou de ter condições para se manter tão próximo do grupo de trabalho, e o treinador já comprovou não ter capacidade para acumular algumas das responsabilidades de um diretor desportivo que tem procurado puxar para si. Parece-me que é urgente dar mais poderes (reais) a uma figura intermédia que atue de facto como diretor desportivo. Se a estrutura tem confiança nas competências de André Geraldes, então talvez esteja na altura de lhe delegar mais responsabilidades.