sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

E agora para algo completamente diferente

Ao longo dos últimos anos, em jogos de contra adversários de outras divisões, tem sido norma no Sporting haver uma quebra de rendimento visível sempre que os treinadores decidem fazer alterações profundas no onze. A vitória acabaria por ser alcançada na maior parte das vezes, mas quase sempre com maior dificuldade do que a diferença de valor das individualidades em relação ao adversário deixaria pressupor. Não foi o que aconteceu ontem: mesmo abdicando de 8 titulares, mesmo sendo claras as limitações de algumas essas alternativas para o tipo de futebol que se pretende praticar, foi possível observar uma continuidade exibicional que se traduziu num domínio total das operações e numa primeira parte de excelente nível que chegou para resolver tranquilamente a partida.

E não foi só nisso em que a noite de ontem foi diferente. Há muitos anos - provavelmente desde 2012/13, em que Jesualdo Ferreira apostou em vários jovens da equipa B - que não eram dadas tantas oportunidades em simultâneo a miúdos da formação num jogo oficial.

Obviamente que isso só foi possível porque o Vorskla Poltava é um adversário muito fraco... mas convém lembrar que há apenas dois meses esta mesma equipa quase que pareceu um colosso europeu contra a nossa melhor equipa, num jogo em que o Sporting venceu à tangente sem saber bem como. A diferença que faz ter um treinador...



O melhor Bruno de volta - Keizer quis descansar grande parte da equipa titular, mas não abdicou de Bruno Fernandes. Percebe-se o motivo: viu no nº 8 o fio condutor necessário para fazer a ligação entre vários elementos pouco habituados a jogarem juntos. E Bruno Fernandes não o desapontou, dando continuidade à clara subida de forma que tem registado desde que o técnico holandês pegou na equipa. Vários pormenores de enorme classe e mais uma assistência para a coleção. Vão 4 golos e 5 assistências em 5 jogos.

Miguel Luís a marcar pontos - o jovem médio aproveitou bem a oportunidade. Foi a sua melhor prestação na equipa principal até ao momento, operando num raio de ação bastante mais alargado que foi desde a cabeça da área para iniciar a construção até à área adversária para aparecer em zonas de finalização. O golo marcado - no final de uma excelente jogada coletiva - foi a cereja no topo de uma exibição que o coloca como uma alternativa válida para ser utilizado em jogos de maior dificuldade.

A miudagem em campo - com o jogo resolvido, Keizer não hesitou em dar uma oportunidade aos sub-23 que tinha no banco. Pedro Marques, Thierry Correia e Bruno Paz tiveram um bom punhado de minutos para se estrearem em Alvalade em jogos oficiais. A exibição dos três jovens não há-de ficar na memória dos adeptos (com Bruno Paz a ser o melhor), mas há a atenuante de terem entrado numa altura em que a equipa estava claramente a tirar o pé do acelerador.



A lesão de Montero - as lesões nunca são oportunas, mas esta, em particular, vem num momento muito mau. O ritmo de dois jogos por semana vai manter-se até meados de janeiro e seria importante haver uma alternativa credível a Dost que permita dar algum repouso ao holandês em determinadas situações. Nos minutos que esteve em campo, Montero mostrou que se pode encaixar bem neste novo modelo.

Exibições abaixo do esperado (ou do desejado) - Jovane e Mané foram provavelmente os dois jogadores com menor rendimento do onze que foi ontem titular. Carlos Mané tem a atenuante de não ser um extremo e não se sentir à vontade encostado à linha e até participou em dois dos golos, mas parece-me que precisa de ganhar (muito) ritmo para poder ser uma opção realmente válida. Em relação a Jovane, mantenho a minha opinião: é muito mais útil quando salta do banco a 30 minutos do fim e pode usar a sua potência física em alturas em que o jogo está mais partido contra adversários desgastados.



Nota artística - 3

MVP - Bruno Fernandes



Fechou-se a fase de grupos com 13 pontos e ficamos a aguardar por um de 14 potenciais adversários: Nápoles, Inter Milão, Valência, Bayer Leverkusen, Red Bull Salzburg, Zenit, Dínamo Zagreb, Bétis, Villarreal, Eintracht Frankfurt, Genk, Sevilha, Dinamo Kiev e Chelsea. Por mim, que venha já um dos tubarões em fevereiro para termos uma boa receita e uma noite de grande ambiente em Alvalade.