domingo, 30 de dezembro de 2018

Quatro para a final four

Depois de uma derrota caseira com o Estoril que comprometeu a qualificação para a final four e nos obrigou a partir para este final de tarde de calculadora na mão, o Sporting conseguiu retomar as exibições recheadas de muitas oportunidades e golos.

A equipa entrou ontem em campo apenas com uma certeza: era obrigada a ganhar para seguir em frente. Não perdeu tempo na procura do primeiro golo, que acabaria por chegar bem cedo. Depois disso, passou a ser um jogo em que, mesmo estando a ganhar, era aconselhável avolumar o resultado para colocar a equipa a salvo das incidências do Marítimo - Estoril. E por isso continuou à procura do segundo golo, do terceiro golo e do quarto golo. E mesmo numa altura em que já não restavam dúvidas sobre quem iria passar à fase seguinte ainda foi à procura do quinto.  Poderão haver ocasionalmente noites menos felizes como a de Guimarães, mas ninguém pode negar a esta equipa uma mentalidade virada para o ataque, para o golo e para o espetáculo, independentemente do resultado e das necessidades do momento.

Só não foi uma noite totalmente tranquila porque houve mão da arbitragem a prolongar a dúvida sobre quem venceria o grupo, relembrando-nos os motivos pelo qual é tão importante a existência de VAR no futebol português. No final registou-se mais uma vitória volumosa e a certeza de que o Sporting estará presente em Braga para defender o título conquistado na época passada. 



Qualificação - mesmo sendo o menor dos quatro objetivos da época, era importante a qualificação para uma final four que promete ser escaldante: a meia-final entre o Sporting e o Braga está garantida, que será complementada, previsivelmente, por um Benfica - Porto na outra meia-final.

Show Bruno - começa a ser uma observação recorrente, mas a verdade é que Bruno Fernandes foi mais uma vez o melhor em campo. Mais uma assistência e um golo fantástico - picando a bola sobre o guarda-redes após passe de Coates - para juntar a uma coleção que começa a ficar bastante preenchida.

A alternativa Petrovic - o sérvio foi a principal surpresa no onze e correspondeu por completo à aposta de Keizer. Esteve bem com a bola nos pés - ajudou ter sido pouco pressionado pelos homens mais adiantados do Feirense - mas destacou-se sobretudo pelo trabalho defensivo. Já tinha entrado muito bem no jogo da Taça de Portugal com o Rio Ave, e repetiu a boa exibição. A amostra ainda é curta, mas não parece sentir-se desconfortável neste novo sistema e é um upgrade a Gudelj ao nível das recuperações de bola e restantes ações defensivas.

Outros destaques - o golo de Raphinha num movimento a cortar para o interior que se adivinha muito produtivo no futuro; Acuña a mostrar mais uma vez que é muito mais útil a lateral do que como extremo, quer a atacar quer a defender (e não viu nenhum amarelo!); exibição seguríssima de Salin no controlo de profundidade e no jogo de pés; o fantástico corte de Mathieu a resolver uma situação de desvantagem numérica de 1x3 que muito provavelmente iria dar o empate ao Feirense.


A melhor derrota da época - não há derrotas boas, mas agora já podemos dizer com total segurança que derrota caseira com o Estoril foi um mal que veio por bem. Não só abriu a porta da rua para o deprimente futebol de Peseiro, como acabou por não ser fatal para a continuidade na Taça da Liga.



Desperdício - marcaram-se quatro golos, mas facilmente poderiam ter sido bastantes mais. Não foi de todo uma noite de eficácia na finalização, com várias oportunidades a serem esbanjadas de forma incrível. Destaque pela negativa para Diaby: começou por falhar um golo no um para um com Brígido, e terminou a falhar um golo com a baliza completamente escancarada após o remate ao poste de Jovane.



Nota artística - 3

MVP - Bruno Fernandes

Arbitragem - Já todos sabem que Rui Costa é um árbitro sem qualidade para estas andanças, e hoje voltou a comprová-lo. Não viu intensidade no empurrão que Raphinha sofreu na área - penálti claro -, e poucos minutos borraria em definitivo a pintura quando foi o único a conseguir vislumbrar uma falta inexistente de Petrovic. Penálti e golo para o Feirense, que relançava injustamente o jogo e a discussão pela qualificação. Junte-se a isto erros a mais na avaliação das faltas, e uma permissividade disciplinar que permitiu que Diga e Philipe Sampaio acabassem o jogo sem saber bem como. O penálti sobre Dost foi bem assinalado.



Um regresso às vitórias que ainda deu para gerir o plantel nos minutos finais, já com o Belenenses em mente. Um jogo marcado para as 18h de uma quinta-feira (!). Se tiver oportunidade irei abordar a questão dos horários dos jogos do Sporting em breve.