sábado, 21 de dezembro de 2019

Prendinha inesperada no tronco do Pinheiro

Foto: zerozero.pt
Mais do mesmo na primeira parte. A primeira parte foi à Sporting, no sentido em que voltámos a ver o pior do que tem sido o futebol da equipa esta época - incapacidade de controlar o adversário polvilhada com desconcentrações individuais - com mais uma performance antológica do árbitro da partida. João Pinheiro, que já tinha cometido a proeza de assinalar, sem ter de recorrer ao VAR, três grandes penalidades a favor do Rio Ave em Alvalade -, voltou hoje a demonstrar uma visão digna de ave de rapina ao vislumbrar uma falta de Camacho na área que, arrisco dizer, não assinalaria noutros estádios com certos outros protagonistas. Visão de ave de rapina que lhe falhou quando decidiu expulsar Bolasie por causa de uma suposta mão intencional na cara do adversário que, após vista a repetição, não só não teve qualquer intenção como apenas tocou de raspão no peito. Mão na cara que, mais tarde, aconteceria mesmo na área do Portimonense sobre Bruno Fernandes, e aí... nem penálti, nem cartão, nem falta. Coisas que acontecem frequentemente quando se junta o Sporting a este tronco-- perdão, a este pinheiro.

Segunda parte com alma e carácter. Obrigados a jogarem mais de 45 minutos em desvantagem numérica de 10 contra 12 e em desvantagem no marcador, e estando sempre dependente de que o Rio Ave não marcasse, jogadores e treinador foram para cima do adversário e conseguiram uma reviravolta categórica que teve como prémio uma improvável qualificação para a final four da Taça da Liga, que parecia perdida logo à 1ª jornada da fase de grupos. Tem havido muitas e merecidas críticas ao longo da época, mas hoje merecem todos os elogios possíveis pelo carácter e pela alma perante uma situação de enorme adversidade.

Silas a pôr toda a carne no assador. Com menos um, Silas colocou Luiz Phellype e Plata para os lugares de Ristovski e Doumbia. Os centrais tiveram licença para subir sempre que houvesse oportunidade para isso. Podia ter perdido o meio campo e exposto a equipa ao contra-ataque adversário, mas, não havendo nada a perder, o treinador fez aquilo que tinha que fazer e conseguiu alcançar uma vitória que poderá servir de catapulta psicológica para a dificílima fase que se segue.

A hora dos putos. Max foi o protagonista do lance mais importante do jogo, quando fez uma defesa incrível a abrir a segunda parte e evitou o terceiro golo dos algarvios que, muito provavelmente, acabaria com o jogo de uma vez por todas. A baliza é dele. Claro que está sujeito a cometer lapsos próprios da idade, mas tem demonstrado ser superior a Renan em praticamente todas as componentes de jogo de um guarda-redes. Camacho e Plata tiveram oportunidades e foram decisivos. Que seja a faísca necessária para a sua explosão. A equipa bem precisa.

A importância de um ponta-de-lança e o trabalho que se segue na janela de mercado. Luiz Phellype, mesmo limitado, foi decisivo: participou nos três golos da reviravolta durante os 25 minutos em que esteve em campo. Não é um ponta-de-lança fabuloso, mas é um ponta-de-lança. E com um ponta-de-lança, havendo uma referência na frente, as coisas ficam, não surpreendentemente, mais fáceis. O fracasso desta época explica-se muito pela ideia peregrina de construir um plantel com apenas um ponta-de-lança. A salvação possível desta época passa por um reforço da equipa nas posições mais carenciadas - ponta-de-lança à cabeça - e não pela venda em saldo dos nossos melhores jogadores. Vamos ver o que a estrutura nos reserva para janeiro.