domingo, 31 de agosto de 2014

É para lutar pelos três pontos

                                                                                                                                              
A visita ao estádio do nosso velho rival é, indiscutivelmente, o primeiro grande desafio da época para o Sporting. É sempre um jogo muito especial, que todos querem ganhar, antecipado com um nível de ansiedade e nervosismo diferente por parte dos adeptos dos dois clubes. Não duvido que seja também um jogo aguardado com grande expetativa por muitos profetas da desgraça, que já estarão a esfregar as mãos perante a perspetiva de podermos ficar a 5 pontos de uma liderança bicéfala que tanto se esforçam por proteger. 

Mais do que olharem para os nossos pontos fortes, esses profetas preferem salientar a inexperiência de Sarr, o nervosismo desse jogador banal que para eles é Maurício - curioso como agora já quase todos dizem que Rojo é um grande central, apesar da maioria o ter desvalorizado continuamente enquanto jogava e fazia grandes exibições equipado de verde e branco. Mas da mesma forma que identificaram ao fim de um ou dois jogos os inultrapassáveis defeitos dos nossos reforços, também conseguiram ver de imediato o enorme potencial de César, Luís Felipe e Talisca ao fim de um par de pontapés na bola de águia ao peito. E da mesma forma que auguraram enormes dificuldades na adaptação de Nani e os problemas de balneário que a sua chegada provocará, ao mesmo tempo em que não viam qualquer problema na ascensão imediata de Júlio César à titularidade.

Nada lhes dará mais prazer do que poderem enterrar a candidatura ao título declarada por Bruno de Carvalho, o tal que deu indicações a Nani para marcar o penálti contra o Arouca (segundo uma "testemunha ocular" que falou ao Correio da Manhã), e que causou uma grande revolta na equipa técnica.

Perante tantas reservas colocadas pelos desinteressados especialistas que debitam diária ou semanalmente as suas sustentadas opiniões, perante a falta de qualidade do nosso plantel, perante um balneário estilhaçado e desmotivado, talvez fosse mais prudente comparecermos na Luz com o simples intento de não levarmos uma goleada.

Fará algum sentido darmos ouvidos a este tipo de sentenças? Claro que não.

Como é evidente, temos que entrar em campo com todo o respeito pelo adversário, mas nunca com medo. Sim, teremos pela frente uma equipa que, apesar da sangria a que foi sujeita na pré-época, continua a apresentar um onze de enorme qualidade <irony mode on> onde, por exemplo, o defesa esquerdo titular da seleção portuguesa no mundial é apenas a 3ª opção para essa posição <irony mode off>.

Não nos podemos esquecer que quem tem Gaitan e Salvio pode ganhar um jogo a qualquer momento, e será um indiscutivelmente um teste duríssimo para a nossa defesa, onde Esgaio ainda se está a integrar, Jefferson não é propriamente um mestre a defender, e Maurício e Sarr ainda estão em processo de conhecimento mútuo. Será fundamental tratar muito bem a bola quando estivermos a atacar, não permitindo que o Benfica tire partido da sua maior força: o aproveitamento de lances de contra-ataque, aproveitando momentos de maior desequilíbrio dos nossos setores mais recuados. 

Mas também há motivos para estarmos confiantes, pois o nosso adversário também tem os seus problemas. Em primeiro lugar porque o onze, sendo muito forte, não está ao mesmo nível do da época passada: em vez de ter as dúvidas geradas pela abundância que o plantel tinha então, Jesus tem agora dilemas de outra natureza - Talisca ou Jara em vez de Rodrigo? -, e aquela defesa tem uns rins que poderão ser aproveitados pela mobilidade e repentismo dos nossos jogadores mais adiantados. Depois, porque podemos ter a certeza de que Jesus não poderá colocar a meio do jogo gente do calibre de Cardozo, Markovic e Rúben Amorim (os suplentes que entraram em jogo na 3ª jornada da época passada). Quando as forças começarem a faltar, não vai haver uma fonte quase inesgotável de talento para lançar lá para dentro - aliás, muito pelo contrário.

Entrando em campo com Montero, Carrillo e Nani, e tendo Capel, Slimani e Mané de reserva para serem lançados frescos na segunda em função das necessidades do jogo, há condições também para deixarmos o adversário a temer pelo que poderá suceder à sua baliza ao longo dos 90 minutos. A batalha no meio-campo será dura, mas este ano poderemos contar com a dupla William / Adrien para fazer aquilo que fomos incapazes na visita à Luz na época passada - manter o adversário mais longe da nossa área. 


Sim, é verdade que a derrota por 2-0 do ano passado poderia ter sido muito mais pesada. É verdade que jogámos muito pouco, deixando os nossos rivais e os tais profetas com uma sensação de diferença de nível entre as duas equipas que estava longe de corresponder à realidade. Pois bem, será muito bom que continuem a pensar que essa "diferença" se mantém ou que não foi significativamente encurtada. Que continuem a pensar que Enzo é muito superior a William, que um Carrillo inspirado não consegue ter momentos de magia de um Salvio, que Maxi e Eliseu metem os nossos laterais a um canto (que pena Cédric não estar em condições de jogar) ou que um Lima com 0 golos é muito superior a um Montero que vive uma seca que está difícil de acabar, mas que continua com muito futebol nos pés.

É hora de matar um borrego que se prolonga há demasiados anos, muitas vezes alimentado pela nossa própria incapacidade, mas noutras ocasiões mantido artificialmente pelos Capelas e Gomes que nos calharam em sorte. 

Muita concentração, cabeça fria, inteligência, nunca facilitar, não ter problemas em mandar a bola para o mato em situações de maior aperto e, se não for pedir muito, um pouco mais de eficácia concretizadora do que a que temos tido esta época. De resto, é acreditar que é possível e ter confiança no trabalho que está a ser desenvolvido, porque temos valor mais que suficiente para lutarmos pela vitória! SPOOOORTING!

sábado, 30 de agosto de 2014

Jesus deve ter ficado todo inchado...

                                                                                                                                               
... afinal, não é todos os dias que se ouvem palavras destas do treinador adversário, como as que Marco Silva disse na conferência de imprensa de antevisão do Benfica - Sporting.



Jesus já disse várias vezes que se considera o melhor do mundo, mas nunca deve ter ouvido isso de outro treinador que não fosse Raúl José ou Diamantino Miranda. Continuemos a ler o que diz a notícia:


Ah... ups...

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A convocatória para a operação Albânia

                                                                                                                                             
in abola.pt

De uma forma geral parece-me uma convocatória equilibrada. Uma renovação não tem que ser necessariamente um corte absoluto com o passado, pelo que apesar de existirem alguns habitués que na minha opinião não têm muito mais para oferecer à seleção, aceita-se a sua presença para dar alguma dose de experiência a um grupo que integra muita gente com pouco ou nenhum traquejo internacional.

Veremos se Paulo Bento, na hora de definir o onze, irá finalmente dar lugar aos melhores ou se continuará a insistir nos seus jogadores de estimação.

Mais do que os jogadores chamados, o ponto que me parece mais significativo na convocatória é a falta de coragem para assumir o verdadeiro motivo da ausência de Ronaldo. Não é certamente pelas questões físicas que Paulo Bento referiu, visto que Ronaldo jogou 90 minutos no último fim-de-semana. E ficarei surpreendido se não jogar este domingo contra a Real Sociedad.


O que me parece é que Ronaldo entrou em modo Figo no final da carreira - que se excluiu da fase de qualificação do Mundial 2006 mas foi chamado para a fase final. Não digo que Ronaldo não vá participar em nenhum jogo nesta qualificação, mas há-de arranjar lesões convenientes nos confrontos com as equipas mais fracas no grupo e nos jogos particulares - recuperando no entanto sempre a tempo de jogar no fim-de-semana seguinte para a liga espanhola.

Pessoalmente não vejo grande mal nisso, compreendo a importância de o poupar num calendário muito sobrecarregado, e dá oportunidade a outros jogadores de se chegarem à frente e de reduzir a ronaldodependência. O que não consigo compreender é por que motivo a Federação não o assume com frontalidade. 

Enfim, a questão é que a falta de frontalidade já parece ser um modo de vida para a malta que está à frente dos destinos da Seleção. Depois de todas as polémicas à volta do mundial e as recentes conclusões sobre as responsabilidades do fracasso - em que o único punido é o médico - se demostrassem frontalidade em algum assunto sensível é que seria uma grande surpresa.

Porto: all in?

                                                                                                                                             
Ao longo da última semana tem sido debatido quem, de entre Porto e Benfica, tem feito um maior esforço financeiro no reforço do plantel nesta época. O indicador mais utilizado tem a ver com o valor despendido nas contratações, para já com ligeiro ascendente encarnado (€30M contra €29M do clube nortenho).

No entanto, o dinheiro gasto em contratações é uma abordagem muito relativa, atendendo ao facto de a estratégia portista estar-se a basear em grande parte em jogadores emprestados e aquisições subsidiadas por fundos de investimento.

Está aqui, na minha opinião, o grande risco que o Porto está a correr. Não no facto de ter gasto €29M em contratações (valor que não entra para custos de uma só vez, visto que é amortizado ao longo da duração dos contratos dos jogadores - tipicamente 4 ou 5 anos), mas no facto de estar a inverter uma política que tantos proveitos lhes rendeu ao longo da última década.

O Porto conseguiu encaixes absolutamente fenomenais à custa da estratégia comprar barato --> desenvolver jogador --> vender caro. Progressivamente começou a comprar mais caro, e nas últimas 2 ou 3 temporadas foram muitos os jogadores que chegaram por montantes bastante superiores ao tradicional, nomeadamente Danilo e Alex Sandro, mas também Jackson, Reyes e Herrera, e mais recentemente Bruno Martins Indi, notando-se também uma crescente participação de fundos nas aquisições.

Melhor ou pior, as mais-valias gigantescas que o Porto tem conseguido com esta estratégia tem ajudado a maquilhar um grande défice estrutural nas suas contas. 

Em 2011/12, o Porto apresentou um prejuízo de €33,5M, mesmo tendo conseguido realizar mais de €28M em mais-valias de jogadores:


Se excluíssemos estas mais-valias, falaríamos de um prejuízo que superaria os €62M.

Em 2012/13, o Porto apresentou lucros de €20M, muito por causa dos quase €70M de mais-valias alcançadas em vendas:


Não fossem essas vendas, e os prejuízos andariam à volta dos €50M.

Em relação a 2013/14, ainda não foram divulgados os números finais da época. Os últimos dados são referentes ao 3º trimestre, em que foram apresentados prejuízos de €9,5M e mais-valias de €10,5M.


Normalmente, os resultados do último trimestre têm tendência para agravar significativamente o panorama em relação aos primeiros três trimestres, pelo que é de esperar que o prejuízo apresentado seja bastante superior aos €9,5M de finais de março.

Vemos, portanto, que o Porto está muito dependente dos encaixes que vai fazendo com jogadores que valoriza e de cujos passes é o principal proprietário.

Do plantel portista atual, ainda há 3 jogadores cujo percentagem do Porto é elevada e que poderão render um encaixe considerável no curto prazo: Danilo (100%), Alex Sandro (100%) e Jackson (95%). Martins Indi e Maicon também são detidos em 100%, sendo que no caso do primeiro é possível que seja valorizado a médio prazo. Desconheço se Rúben Neves é 100% do Porto, apesar de ser ainda muito cedo para perceber se irá ou não pegar de estaca.

Depois disto, o panorama começa a não ser tão brilhante: Herrera (80%), Quintero (50%), Reyes (47,5%), Aboubakar (30%), Brahimi (20%), Casemiro (emprestado), Óliver (emprestado) e Tello (emprestado). No caso de Óliver não há opção de compra, e nos outros dois os clubes que os emprestaram têm a possibilidade de os reaver em condições muito favoráveis.

Some-se a tudo isto o previsível aumento da massa salarial do Porto, que já era alta. Com o aumento dado a Jackson, e a chegada de jogadores vindos de algumas das principais equipas europeias, é previsível que o défice operacional seja superior em 2014/15 - para todos os efeitos, continuamos num país em crise e em que o esforço financeiro feito pelo Porto no reforço do plantel está em total contra-ciclo com o resto da economia.

A ideia que passa é que, não havendo uma mudança significativa de vida, o clube acabará em breve por ficar com uma carteira de jogadores cuja propriedade será detida maioritariamente por terceiros, o que será um problema para realizar as tais mais-valias que mantém os resultados à tona de água.

A não ser, claro, que se continuem a fazer milagres financeiros como o de Mangala, em que um fundo abdica voluntariamente de uma enorme parcela do quinhão a que teria direito graças ao charme hipnotizador de Pinto da Costa. Se for assim, até podem mandar vir os craques todos de que precisam ficando apenas com 20% do passe, que continuam a ter um modelo de negócio perfeitamente viável.

Balanço das arbitragens: 2ª jornada

Paços Ferreira 0-1 Porto (Manuel Mota)

=: jogo sem casos

Nota: anda a circular pelas redes sociais ligadas ao Benfica um vídeo com uma suposta agressão de Martins Indi a um jogador do Paços em plena área do Porto, a poucos minutos do fim. Verifiquei o lance através das gravações automáticas, olhando para toda a imagem (e não apenas para o plano apertado que foi divulgado) parece-me um lance absolutamente normal - em que quer o jogador do Paços quer Indi mudam de direção poucas décimas de segundo antes de chocarem. O próprio telemóvel que filma desloca-se no momento em que o jogador do Paços muda de direção, dando uma sensação errada do movimento desse jogador. O avançado do Paços estava de de olhos na bola e não esperava o impacto, pelo que acaba por ser abalroado pelo holandês, que já esperava o contacto e é mais forte fisicamente. Mas não me parece falta, e muito menos agressão.


Sporting 1-0 Arouca (Nuno Almeida)

47': Carlos Mané cai na área após contacto de Galo; o árbitro não assinala penálti - decisão errada, o defesa do Arouca empurra o jogador do Sporting com as mãos

63': Balliu joga a bola com a mão após cruzamento de Carrillo, o árbitro assinala penálti - decisão certa, é um caso claro de mão na bola

63': Na sequência do penálti, o árbitro não mostra amarelo a Balliu - decisão errada, o jogador do Arouca devia ter visto o 2º amarelo e consequente expulsão

=: apesar dos erros, a arbitragem acabou por não ter influência no resultado


Boavista 0-1 Benfica (Marco Ferreira)

35': Jara cai na área em disputa de bola com João Dias, o árbitro entende que é simulação e exibe-lhe o amarelo - decisão certa, o jogador do Benfica já vai em queda antes de se dar o contacto com o adversário

83': Árbitro anula lance em que Brito remata para golo, por fora-de-jogo de Lucas - decisão certa, o fora-de-jogo de Lucas é milimétrico (mesmo admitindo que a linha da emissão da Sport TV pode não estar bem colocada), mas parece existir, e o jogador do Boavista tenta disputar a bola imediatamente a seguir

88': Golo anulado ao Boavista por fora-de-jogo de Pouga - decisão certa, o jogador do Boavista está adiantado no momento do passe

=: arbitragem sem influência no resultado



Estatísticas da jornada





Estatísticas acumuladas



Classificação



Jogos com influência da arbitragem no resultado

Ainda não houve nenhum.


Erros de arbitragem com o resultado em aberto



Links para jornadas anteriores

1ª J: Porto - Marítimo; Académica - Sporting; Benfica - Paços Ferreira: LINK

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Bom sorteio

                                                                                                                                           
Não foi nada mau, atendendo ao que podia ter sido. O 3º lugar está perfeitamente ao alcance, e talvez seja possível sonhar com o 2º. O Schalke nunca será pera doce (tem Howedes e Draxler, dois campeões do mundo), tem muita experiência de champions e é presença regular nos lugares cimeiros da Bundesliga nos últimos anos, e mantém o núcleo duro do plantel do ano passado - mas podia ter sido bem pior. O Maribor é uma equipa que está perfeitamente ao nosso alcance.


Muito equilibrado, o grupo do Benfica: tanto podem ficar em 1º como nem sequer se qualificarem para a Liga Europa. Bernardo Silva afinal sempre vai poder jogar na Luz este ano, e Garay, Witsel e Javi Garcia também estão de regresso, bem como vários jogadores ex-Porto: Hulk, Falcao, Moutinho e Ricardo Carvalho. Três dos quatro treinadores são portugueses.

Quanto ao Porto, a única coisa chata são as deslocações ao leste da Europa e ao inferno de San Mamés. De resto, devem conseguir o 1º lugar sem grande esforço.


O sorteio

                                                                                                                                               

As minhas expetativas para a participação do Sporting na Liga dos Campeões não são muito elevadas. O facto de termos poucos jogadores com experiência nesta competição e estarmos colocados no pote 3 - o que à partida garante dois tubarões no nosso grupo - faz com que o nosso objetivo dificilmente possa ser maior do que a obtenção do 3º lugar para seguir para a Liga Europa.

Como tal, preferiria um grupo com duas equipas mais rijas para ganhar traquejo internacional, mas evitando os alpha predators que são Real, Barcelona, Bayern, PSG e Manchester City. E já agora que não nos calhem no pote 4 o Roma ou o Mónaco. Correríamos por fora e creio que até poderemos fazer uma boa figura.

Se me deixassem escolher, colocaria o Sporting num grupo com o Arsenal, Borussia Dortmund e Ludogorets.

O Sporting é um clube com muita sorte...

                                                                                                                                                     
... porque está livre de apanhar no sorteio da Champions a melhor equipa europeia dos últimos 5 anos.


Na minha opinião pessoal, este raciocínio de Rui Gomes da Silva peca apenas por uma coisa: a prestação do Benfica não supera a do FC Arcos de Valdevez, que nos últimos 5 anos não perdeu um único ponto que fosse nas competições europeias. Mais!, não sofreu um único golo.

Que venham o Real, o Barça e o Bayern. Até dispensamos apanhar equipas dos potes 2 e 4, dêem-nos logo 3 equipas do pote 1. O pior que nos poderia calhar já está fora do caminho.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Consequências à portuguesa

                                                                                                                                                  
Tal como se esperava, o relatório que a FPF anunciou na sequência da má participação da seleção no mundial resultou apenas num conjunto de medidas ocas e contraditórias, que mostram que não passou de uma ação puramente cosmética para fazer passar a ideia de que há uma real preocupação em evitar que os erros cometidos se repitam no futuro. Na realidade, o que parece óbvio é que os responsáveis federativos não tem qualquer vontade de apurar o que realmente falhou, pois a falta de competência, infelizmente, foi transversal a toda a estrutura - ninguém parece isento de culpas no que de mau se passou (seja por ação direta ou inação) em todo o processo de preparação e participação no campeonato do mundo.

Relembremos o que está em causa:

  • Incapacidade de proceder à renovação gradual dos jogadores selecionados durante a fase de qualificação para o mundial - as caras novas que tiveram oportunidade de ter minutos entraram sobretudo devido a indisponibilidade dos jogadores que fazem parte do núcleo duro de Paulo Bento;
  • Uma convocatória para a fase final em que a lealdade foi o principal critério seguido, não olhando ao estado físico dos jogadores e à forma recente e rendimento demonstrado nos clubes (ex.: Adrien, Quaresma), e com um evidente desequilíbrio em determinadas posições (ex.: apenas 2 laterais de raíz), privilegiando ad nauseum a polivalência sobre quem poderia efetivamente fazer melhor o lugar;
  • Um calendário de preparação que privilegiou o aspeto financeiro, levando a seleção a estagiar nos EUA, num ambiente que nada tinha a ver com aquele que iria encontrar no Brasil, onde chegou apenas 5 dias antes da estreia contra a Alemanha;
  • A escolha de Campinas, um local não só muito distante dos locais dos dois primeiros jogos e com um clima bastante diferente;
  • Os equívocos técnico-táticos que ficaram completamente a nu a partir do momento em que as lesões começaram a aparecer e pela incapacidade de admitir o fraco rendimento de muitos dos habituais indiscutíveis.


Fernando Gomes começou ontem por dizer que as cidades escolhidas para fazer a preparação e a escolha do centro de estágio em Campinas "não foram determinantes no resultado final". Com uma singela frase conseguiu sacudir a água do capote que lhe cabia diretamente. 

Depois, diz que a formação não tem conseguido fornecer jogadores à seleção A, mas aumenta as competências de Paulo Bento (que não quis tirar proveito dos poucos bons valores que despontaram) e de Rui Jorge e Ilídio Vale (os responsáveis principais pelas camadas jovens da FPF). Não vejo que sentido faz premiar quem tinha obrigação de liderar o processo de renovação da seleção e falhou redondamente.

Como havia que entregar a cabeça de alguém à multidão, a escolha acabou por recair no elo mais fraco: Henrique Jones. De qualquer forma, afirmaram de imediato que lhe arranjarão outras funções dentro da seleção, comprando-lhe o silêncio que certamente não duraria muito se o médico saísse da estrutura federativa.

Paulo Bento fez uma excelente campanha no Europeu de 2012, formando o tal núcleo duro em quem confia cegamente, e cujo talento e rotinas foram fundamentais para o sucesso alcançado. Foi uma abordagem que resultou e o mérito, como é evidente, não pode ser retirado ao selecionador. No entanto, Paulo Bento não quis (ou não soube) abrir o grupo aos novos valores que foram aparecendo e acabou por ficar refém da sua própria teimosia quando as lesões começaram a aparecer. Um homem com estas características e com esta falta de visão (que já eram conhecidas do tempo em que treinou o Sporting) não é nitidamente a pessoa certa para proceder à renovação de um grupo de trabalho - e o próprio já afirmou publicamente que continuará a convocar os jogadores do costume se estiverem em condições.

A renovação de Paulo Bento, que aconteceu antes de se saber se iria cumprir os objetivos mínimos na participação no mundial, foi uma precipitação por todos os sinais que já tinham sido dados ao longo da qualificação. Se os dirigentes máximos da FPF achavam necessário dar uma prova de confiança ao selecionador, que fizessem umas declarações apoio em público e umas palmadinhas nas costas em privado - mas nunca se deviam ter posto nas mãos do selecionador durante mais dois anos, no matter what.

Fernando Gomes, Humberto Coelho e Paulo Bento são os principais responsáveis por tudo o que se passou. Saem todos incólumes ou então, no caso do selecionador, ainda saiu com os poderes reforçados. Nada que surpreenda numa situação em que eram juízes em causa própria.


Reunião de emergência na Cofina

                                                                                                                                                       

Foto publicada há minutos no Twitter de Carrillo. Os criativos do CM foram chamados de emergência ao gabinete de Octávio Ribeiro para alinharem a capa da edição de amanhã.

Tributo a Candeias



(obrigado, Brandão e Bruno!)

A incontrolável tentação da desculpabilização

                                                                                                                                                        
Ponto prévio: se os regulamentos da Liga dizem que um treinador expulso por protestos deve ser punido apenas com uma advertência e uma multa, então não há motivos para manter Jesus fora do derby. Aliás, é-me perfeitamente indiferente se Jesus estará no banco a berrar para dentro do campo ou na bancada, de uma posição privilegiada para ver o jogo, a comunicar por telemóvel para Raúl José fazer os ajustes que têm que ser feitos. O trabalho mais importante é feito durante a semana, a organização da equipa e os processos são trabalhados nos treinos, e para o tempo em que o jogo decorre sobram pormenores que tanto podem ser corrigidos diretamente ou interposta pessoa.

É bem mais relevante para mim saber, por exemplo, se William vai jogar e, olhando para o adversário, sem dúvida que seria melhor que Enzo fosse vendido a tempo de não participar no derby.

De qualquer forma, e apesar de tudo isto, há quem tenha sentido a necessidade de, no dia em que seria conhecida a decisão do Conselho de Disciplina, relativizar o que Jorge Jesus fez ao intervalo do jogo com o Boavista.




Jesus é-nos apresentado como o incontrolável génio telúrico com uma personalidade imprevisível, impossível de dominar no seu palco preferencial - como quem remete a explicação para uma questão de excentricidade. Excentricidade o tanas! É um treinador, que por muito competente que seja (e é indiscutível que é excelente no que faz), já demonstrou no passado que se está a borrifar para os outros intervenientes no espetáculo - sejam árbitros (alô Ricardo Santos?), treinadores adversários (alô Manuel Machado, Tim Sherwood?), jogadores adversários (alô Luís Alberto?) e até forças de segurança (alô PSP de Guimarães?). Não fosse ele o homem que uma vez disse que o fair play é uma treta.

É portanto um absurdo querer-se desculpabilizar Jorge Jesus comparando o que fez com outro incidente da pior espécie ocorrido noutro país. Se Manha quisesse ser completo na sua abordagem, poderia também comparar Jesus às centenas ou milhares de treinadores que andam por esse mundo fora com um comportamento bem mais adequado ao cargo que ocupam, muitos dos quais são portugueses, alguns dos quais treinam na I Liga, e que nunca fizeram nada que se aproximasse aos tristes episódios que Jesus protagonizou ao longo dos últimos anos.

Se a mensagem a passar era que Jesus não devia ser suspenso, que se baseie exclusivamente naquilo que está definido nos regulamentos. Não vale a pena tentar passar um certificado moral a uma decisão que só se justifica por termos um futebol em que os regulamentos e os organismos responsáveis pouco fazem para proteger a integridade das competições.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Da noite para o dia

                                                                                                                                                          
É bom vermos o nosso clube ser (muito) bem defendido novamente neste programa. Não há comparação possível entre a capacidade de raciocínio e argumentação de Rui Oliveira e Costa e Rogério Alves. Sabe bem podermos finalmente ver alguém a desmontar logo no momento as absurdas narrativas de Rui Gomes da Silva. 

via canal Youtube Fernanndo00


Para ficar mesmo bom só falta arranjarem quem saiba fazer contas de somar.



Uma pergunta para os nossos vizinhos da 2ª circular

                                                                                                                                                   
Já foram verificar se os agrafos do tejadilho do vosso estádio ainda estão bem presos? Diz que o vento no domingo vai estar moderado e era desagradável que o pré-fabricado se começasse a desfazer todo outra vez. #semanadederby

Um Repto à Cofina


Mais um belo exemplo de Cofinice praticado por um qualquer Cofineiro da vida:

via @captomente

O criatividade e sentido de humor da criatura que se lembrou disto não estava claramente nos seus melhores dias: também podia ter referido o cinzento da t-shirt de William se deve ao seu estado de espírito por não ser transferido e que os óculos escuros são para esconder uma bolachada que levou no olho numa discussão que teve com Bruno de Carvalho.

De qualquer foma, já que estamos numa onda de reptos, aqui ficam uns meus:

  • Um repto ao Octávio Ribeiro para se auto-admitir numa instituição de doentes mentais onde a lobotomia ainda seja uma prática corrente;
  • Um repto aos donos da Cofina para arranjarem outra área de atividade onde não se abatam árvores - a desflorestação já é algo difícil de explicar às criancinhas, e fica impossível de justificar quando se desperdiçam toneladas de papel numa lixarada destas.

Atitude à capitão

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Os bons exemplos de Luís Pedro Sousa

                                                                                                                                                    

Olho para este texto e espanto-me com a forma simplista como os nossos jornalistas fazem este tipo de extrapolações. Sim, Marco Silva deixou-se levar pelos acontecimentos na questão do penálti de Nani, mas não estou a ver com que bases é que Luís Pedro Sousa afirma liminarmente que uma situação destas "nunca existiria num banco liderado por Jorge Jesus ou Julen Lopetegui".

Comecemos pelo espanhol: certamente que Luís Pedro Sousa deve ter acompanhado com grande atenção a carreira de Lopetegui no Rayo Vallecano em 2003 e no Real Madrid B em 2008/09. Quem afirma uma coisa destas só pode ser um especialista na forma de agir (e reagir) do atual técnico do Porto em assuntos do foro disciplinar. Luís Pedro Sousa já deve ter testemunhado situações potencialmente semelhantes na longa carreira que Lopetegui tem na gestão de balneários cheios de jogadores feitos e com egos a condizer.

Será que devemos todos ficar imensamente impressionados por Lopetegui ter deixado Quaresma fora dos convocados porque o "minino" entrou amuado a um minuto do fim contra o Lille? Ao deixar Quaresma de fora, sobraram-lhe apenas Quintero, Adrian, Oliver, Tello, Brahimi e Evandro para levar para Paços de Ferreira - não se pode dizer que o treinador tenha corrido um risco desportivo IMENSO para impôr a sua veia disciplinadora. Será que se fosse com Jackson faria o mesmo?

Quanto a Jesus, suponho que Luís Pedro Sousa tenha feito um retiro espiritual na primavera / verão de 2013 e não se terá apercebido de alguns acontecimentos ocorridos nessa altura. No final da Taça de Portugal, Jesus viu um jogador seu espetar-lhe um dedo na cara a acusá-lo pela derrota, perante câmaras televisivas que transmitiam as imagens para todo o país, e o treinador comeu e calou. Não me lembro de ter tido qualquer tipo de reação imediata para se impôr perante um ato de indisciplina bem mais grave. E Jesus voltaria a comer e calar quando a direção lhe impôs esse mesmo jogador no plantel da época seguinte. O treinador soube ultrapassar isso, tirou (e bem) proveito de Cardozo (infelizmente para o Sporting) e a época acabou por ser o sucesso que todos sabemos - mas não me venham dizer que do ponto vista disciplinar Jesus teve um pulso de ferro e um comportamento irrepreensível.

Mais: Luís Pedro Sousa diz que Marco Silva, ao contrário de Lopetegui e Jesus, não tem voz ativa na política de contratações e na planificação da época. Ele lá terá fontes que eu não tenho, pelo que não o vou contradizer, mas usar o planeamento de Jesus como termo de comparação é ridículo: não há clube que falhe mais em contratações que o Benfica de Jesus. Depois de ter gasto mais de €30M em reforços nesta época, olhamos para o Benfica e vemos que o plantel está longe de estar fechado a menos de uma semana do fim do período de transferências. Se Luís Pedro Sousa queria usar termos de comparação, ao menos que use bons exemplos - mas pelos vistos a tentação de usar o Benfica como modelo a seguir sempre que possível é demasiado grande.

Na vida existem situações totalmente inesperadas, cuja especificidade exige um pouco mais de ponderação antes de se retirarem conclusões definitivas - ainda para mais utilizando exemplos comparativos totalmente despropositados. 

Nada que espante vindo do Record, que na capa de hoje anuncia uma entrevista com Rúben Semedo (à semelhança do que já tinham feito com Dier, mas para quando uma entrevista com João Cancelo, Bernardo Silva ou Ivan Cavaleiro?) e pela segunda vez colocam na capa a notícia de que Dier marcou um golo (não usando o mesmo critério quando Cardozo marcou a meio da semana passada pelo seu novo clube).

Isto promete...


Depois do retumbante sucesso que foi a participação da nossa seleção no mundial e com a aproximação do primeiro jogo para o apuramento do Euro 2016, começam-se a conhecer a conta-gotas alguns dos pré-convocados de Paulo Bento para o compromisso com a Albânia.

in maisfutebol.pt

Uma das chamadas que se impunha, e que felizmente se concretizou, foi a de Rui Fonte, avançado de 24 anos do Benfica B - que está com o pé quente e já marcou 3 golos na prestigiante Segunda Liga portuguesa, 2 dos quais de penálti. Benfica B, que se está a revelar um importante viveiro de talentos prontamente aproveitados por Paulo Bento - de recordar que há menos de seis meses o selecionador deu a titularidade a Ivan Cavaleiro num particular contra os Camarões.

Bebé, que deu nas vistas na época passada pelo Paços de Ferreira mas que não fez parte sequer dos pré-convocados para o mundial, passou a fazer parte desta lista após uns impressionantes 0 minutos na I Liga nacional e 14 minutos na Supertaça (entrou em jogo aos 106' numa enorme prova de confiança do seu treinador).

Paulo Bento mostra portanto que continua fiel ao seu inquestionavelmente lúcido critério, o que nos deixará totalmente confiantes no processo de renovação da seleção - não poderia estar em melhores mãos.

Entretanto continuamos todos à espera de conhecer os resultados do famoso relatório que a FPF anunciou para determinar aquilo que poderia ter corrido melhor no mundial - coisa de pouca importância, visto que foi óbvio para toda a gente que todas as decisões foram tecnicamente competentes e transparentes. Ainda chegaremos à conclusão que a fonte do que correu mal terão sido coisas como o nível do ph da piscina do hotel da seleção, ou falta de açucar nas bebidas energéticas que os jogadores tomavam nos treinos.

Ainda o penálti de Nani


Costuma dizer-se que o sono é bom conselheiro, e a verdade é que a indignação que senti no sábado ao ver Nani a teimar em bater o penálti se foi desvanecendo à medida que fui considerando as circunstâncias em que tudo isto aconteceu.

Não me interpretem mal: continuo a achar que o que Nani fez foi tremendamente errado, com a agravante de ter ficado a um cabelo de comprometer a conquista dos três pontos. No entanto, a quase certeza com que fiquei na altura de que tudo aquilo tinha sido provocado por um impulso de vedetismo foi-se atenuando com o passar das horas. Admito agora que Nani possa ter sido traído pela sua vontade de regressar em grande e querer retribuir com um golo o clima de festa com que foi recebido.

De qualquer forma, teremos bom remédio para descobrir se foi uma questão de vedetismo ou ansiedade. Basta esperarmos umas semanas para ver como se integrará Nani no grupo. Se foi vedetismo poderemos contar com mais atitudes destas num futuro próximo. 

Apesar de a minha opinião ter mudado, continua a parecer-me que o destino foi muito nosso amigo: não sabemos como seriam as reações das diversas partes se não tivéssemos ganho o jogo. O conforto dos três pontos no bornal certamente que ajudou à elevada dose de discernimento daqueles que falaram publicamente após o final do jogo:

  • Adrien, aquele que se poderia sentir mais injustiçado, relativizando a questão imediatamente na flash interview (concordo com aqueles que disseram e escreveram que temos em Adrien um verdadeiro capitão sem braçadeira)
  • Marco Silva, reconhecendo a existência da hierarquia e relativizando o sucedido
  • Mané, o herói do jogo, ao afirmar que Nani é um dos seus ídolos

Todos desejamos que o assunto seja esclarecido e arrumado internamente com a maior das tranquilidades, e estas declarações foram um excelente primeiro passo nesse sentido.

É claro que podemos também atribuir algumas responsabilidades a Marco Silva. Sim, podia ter mandado uns berros lá para dentro, ou enviado um recado por alguém. Mas a meu ver foi uma situação extremamente ingrata para um treinador que provavelmente se sentiu com alguma falta de estatuto perante o estado de euforia em que o jogador foi recebido. Do ponto de vista de liderança de grupo não é uma atitude que lhe fique bem, mas não nos podemos esquecer que falamos de um treinador que chegou há pouco tempo ao clube e que nunca teve que lidar com uma situação tão invulgar - invulgar até na história recente do Sporting.

Existe um outro fator atenuante para Marco Silva. Se do ponto de vista disciplinar a atitude de Nani era um problema evidente, do ponto de vista desportivo nem por isso. Nani é um excelente marcador de penáltis (e de bolas paradas em geral), que já esteve na situação de maior pressão que se possa imaginar - ser o marcador do 5º penálti de uma final da Liga dos Campeões, em que se falhasse a sua equipa perderia o troféu. Nani converteu o penálti e o Manchester United acabaria por ganhar a competição.


A Silver Lining de tudo isto é que todos poderão refletir no que se passou sem a pressão de um mau resultado. Principalmente Nani, que teve oportunidade de ver que o grupo que veio integrar também pode ganhar jogos sem ele, mas que no final não deixaram de ter palavras encorajadoras que demonstram que acreditam no valor acrescentado que o 77 poderá trazer para a equipa - e a utilidade do seu inegável talento será diretamente proporcional ao sucesso da sua integração nas restantes competências que já existiam no grupo antes do seu regresso ao Sporting.

domingo, 24 de agosto de 2014

Mané espanta-espíritos

                                                                                                                                            
Quando vi Nani pegar na bola, que repousava abandonada na área do Arouca após o árbitro ter assinalado um penálti a favor do Sporting, temi o pior. Já tinha visto este filme antes. Imagens de Bojinov passaram-me à frente dos olhos e comecei a ver todo o enredo que iria ser feito se Nani falhasse a conversão do castigo máximo. Foi com enorme desconsolo que vi Adrien afastar-se e juro-vos que naquele momento já sabia que não ia festejar o golo, mesmo que a bola tivesse entrado. Vá, eventualmente faria um cerrar de punho a la Gobern em pleno direto televisivo, mas não mais do que isso. Porque naquele momento só conseguia pensar nas consequências que tudo aquilo poderia causar.

Nani falhou, a equipa ressentiu-se, e a boa dinâmica que se via em campo desde o princípio da segunda parte desapareceu. Valeu-nos que o destino, por uma vez na vida, compadeceu-se de nós e colocou esse herói improvável, de seu nome Carlos Mané, no sítio certo para colocar justiça no resultado e, ainda mais importante, dar-nos três pontos importantíssimos que permitirão trabalhar de forma bem mais tranquila a visita à Luz e gerir o caso do penálti de Nani de forma serena - e não debaixo da pressão que se acumularia devido a 4 pontos perdidos em duas jornadas.

Mas é preciso dizer que os três pontos são o único desfecho adequado, já que o Sporting foi a única equipa que procurou o golo, dispondo de ocasiões suficientes para conseguir uma vitória tranquila, não estivessem os níveis de eficácia da concretização a rastejar na lama.

A equipa até entrou forte no jogo, mas ao fim de 20 minutos acabou por cair num futebol lento e previsível, claramente insuficiente perante uma equipa que arriscou zero e jogou sempre com onze jogadores atrás da linha da bola. Na segunda parte a qualidade de jogo subiu, muito graças ao abanão que representou a entrada de Mané ao intervalo, acentuando ainda mais o domínio da partida.

Uma última palavra para Nani: escreverei mais tarde sobre a sua atitude no pénalti, mais a frio. Em relação ao jogo, demonstrou esforço, alguns bons pormenores, e demasiada vontade para ter uma boa estreia que lhe poderá ter prejudicado o discernimento em algumas situações. Falta claramente entrosamento com os colegas, o que é perfeitamente normal atendendo ao par de treinos em que participou. Teria sido um jogo positivo se tivesse deixado Adrien bater o penálti.



Positivo

A entrada de Mané: não falo apenas pelo golo que marcou. O puto foi um fator de desequilíbrio desde os primeiros momentos da segunda parte, e deixa-nos todos a pensar se neste tipo de jogos não será de ter mais presença no centro do ataque desde o 1º minuto. Mostrou-se mais hoje do que em todos os jogos de pré-época juntos, com uma exibição que o coloca na primeira linha para substituir um André Martins pouco inspirado, pelo menos em jogos com estas características.

Os cruzamentos teleguiados de Jefferson: o brasileiro fez um excelente jogo e saíram do seu pé esquerdo grande parte dos lances de perigo de que o Sporting dispôs. No minuto 93 foi mais uma vez Jefferson a colocar a bola na área - Carrillo amortizou, Tanaka rematou ao poste, e Mané fez explodir as bancadas.

Adrien, sempre Adrien: debaixo daquele tórax devem estar um par de pulmões que aspiram tanto ar quanto uma gaita de foles das Highlands. Grande intensidade durante todo o jogo e fundamental para manter o equilíbrio da equipa num meio-campo a dois. Esteve bem na flash interview ao desvalorizar o episódio do penálti - aquilo é assunto para ser tratado a um outro nível.

Boas indicações de Sarr: não teve muito trabalho, mas quando precisou de intervir impressionou pela pujança física e poder de impulsão. Em situações de maior aperto não inventou, e surpreendeu pela sua capacidade de passe de média / longa distância, quer a lançar Jefferson pela faixa, quer a variar jogo para o lado oposto do campo. Terá a sua primeira prova de fogo para a semana, mas para já os indicadores são positivos.


Negativo

O marcador de penáltis é Adrien: não é questão para ser debatida por ninguém num momento daqueles, em que toda a tranquilidade e cabeça fria são necessárias. Mesmo que Nani acabasse por entregar a bola para que Adrien batesse o penálti, aquele diálogo já teria sido suficiente para colocar uma pressão adicional totalmente desnecessária no nosso nº 23.

O jogo mastigado da primeira parte: Rosell e Martins nunca conseguiram empurrar o jogo para perto da área do Arouca, Esgaio pareceu acusar o peso da titularidade e demonstrou falta de entrosamento com os companheiros mais próximos. Tudo isto, aliado a alguma falta de garra durante uma boa fatia da primeira parte, tornou-nos uma presa fácil para uma equipa que só veio jogar para o empate. 

As hesitações nos pontapés de baliza: às vezes mais vale bater a bola para a frente rapidamente, do que estar no passa-não-passa. Enerva o público, enerva a equipa e dá confiança ao adversário.


A importância do golo de Mané não pode ser relativizado. Poupou-nos de ter que passar uma semana de tensão tremenda e que tornaria o jogo da Luz numa questão de vida ou de morte. Podemos estar a falar apenas de uma diferença de dois pontinhos apenas, mas a verdade é que as circunstâncias do jogo fazem com que a relevância da vitória ultrapasse em muito os 3 pontos conquistados.

sábado, 23 de agosto de 2014

Hoje não se trava no sinal amarelo

                                                                                                                                              
Após uma semana que nos proporcionou emoções inesperadas perante o regresso de um dos grandes jogadores da casa ao nosso convívio, acaba por ser impossível ficar indiferente à possibilidade da estreia de Nani no jogo que marca o regresso dos jogos oficiais a Alvalade. 

Como é evidente, o que se espera acima de tudo é a vitória, mas as expetativas foram elevadas para um novo patamar graças ao nosso camisola 77. Mas com ou sem Nani, um resultado que não a vitória simplesmente não pode ser tolerado, com todo o respeito que me merece o Arouca. Depois da falsa partida da jornada passada, todos esperamos que a equipa tenha aprendido a lição de Coimbra e não abrande até ter a vitória assegurada. Há que manter a intensidade que vimos nos primeiros 30 minutos contra a Académica pelo menos até estarmos totalmente seguros que os três pontos já não escaparão.

Como é evidente, a grande questão que se coloca tem a ver com a utilização de Nani: entrará logo de início ou apenas na 2ª parte? Que Nani será utilizado, parece ser uma certeza, pois tem que jogar para ganhar embalagem para o derby. Suponho que a quantidade de minutos em campo dependerá sobretudo da condição física com que chegou. Como o jogador fez a pré-temporada completa com o Manchester United e foi inclusivamente utilizado durante 45 minutos na derrota contra o Swansea (onde pareceu estar em bom nível), parece-me que Nani estará em boas condições físicas - pelo que duvido que Marco Silva não aposte nele já no onze inicial.

De resto, fica a curiosidade sobre quem substituirá os ausentes Cédric e William (duas baixas importantes), estando Esgaio e Rosell na linha da frente para assumirem a titularidade. No caso do catalão as dúvidas serão poucas ou nenhumas, devido à boa pré-temporada que fez. Em relação a Esgaio, parece-me ser um jogo à sua medida - em que a sua capacidade ofensiva, intensidade e capacidade de cruzamento poderão ser uma ferramenta importante para derrubar a previsível muralha amarela marcará presença em Alvalade.

No caso da titularidade de Nani, parece óbvio que o extremo a ser sacrificado será Héldon - não só porque não esteve feliz em Coimbra, mas porque este Carrillo é titular de caras. Fica a dúvida sobre a posição de Nani e Carrillo em campo - já que ambos gostam mais de jogar pela direita.


É portanto com muita expetativa que aguardo a estreia do Sporting em Alvalade. Seria bom que os sportinguistas comparecessem em peso para apoiar calorosamente a equipa e, claro, dar a Nani a receção que merece por ter aceite regressar a casa, mesmo tendo a possibilidade de prosseguir a carreira noutros palcos internacionalmente mais mediáticos. Menos de 40.000 almas será uma desilusão. Vamos a eles, rapazes!

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Balneário do Sporting dividido

                                                                                                                                           
É pior do que se pensava... para além de a chegada de Nani ter posto o balneário do Sporting em polvorosa, parece que já se formam fações entre os "antigos" e os "recém-chegados". É o princípio do fim...


A hora do presidente

                                                                                                                                     
Goste-se ou não do estilo de Bruno de Carvalho, há uma coisa que todos têm que reconhecer: o presidente do Sporting tem sabido manter uma linha de comunicação constante com os sócios e adeptos, esclarecendo os assuntos que nos preocupam em tempo útil. 

Ao longo do primeiro ano e meio de mandato, fê-lo mais à base de comunicados (muitos), declarações à imprensa à margem de eventos em que participava e, mais esporadicamente, através de entrevistas televisivas. Com o aparecimento da Sporting TV, parece que existe (e bem) o propósito de utilizar o canal como um canal efetivamente privilegiado de comunicação entre a direção e os sportinguistas. 

No espaço de uma semana tivemos dois exemplos sintomáticos: primeiro, quando Bruno de Carvalho esteve presente no programa Sporting Directo para esclarecer os casos Rojo e Slimani, e ontem ao ser anunciado um programa mensal em que o presidente responde a um conjunto de questões dos adeptos que a Sporting TV recolhe através de diversas plataformas (perguntas diretas via mail, fóruns, redes sociais).

O tal programa mensal, "A Hora do Presidente", que ontem foi mais "A hora e meia do Presidente", vai certamente dar pano para mangas para quem não aprecia Bruno de Carvalho e o seu estilo. É de esperar que venham as habituais críticas sobre a sobre-exposição mediática do presidente, tudo em nome do seu ego e da irresistível vontade em ter os holofotes apontados para si, agora com um espaço que faz lembrar as famosas sessões semanais em que Hugo Chavez se dirigia ao seu povo. No fundo, um meio de propaganda e de culto de personalidade.

Não é a minha opinião, muito pelo contrário. É verdade que não foram 90 minutos de puro esclarecimento de dúvidas dos sportinguistas - houve muito tempo dedicado ao envio de recados para fora, recados internos, e apelos para a participação ativa dos sportinguistas na vida do clube. Apesar disso, é indiscutível que Bruno de Carvalho abordou de forma direta as questões mais complicadas do momento (como o papel da formação vs. reforços, contratações fracassadas, ou o contra-ataque da Doyen) e esclareceu a posição do clube em relação a certos temas (como a polémica à volta das eleições na Liga).

Fiquei 100% convencido com todas as explicações dadas? Não. Em alguns casos existiram algumas omissões e foram reveladas certas coisas que me deixaram um pouco na dúvida sobre a sua veracidade, mas percebi o motivo de a opção ter sido essa - há esclarecimentos que se forem dados com total transparência podem desmoralizar jogadores ainda ligados ao clube ou prejudicar os interesses do Sporting contra outras entidades com quem estamos em conflito. 

No fundo, foi um espaço de esclarecimento aos sócios - e aí cumpriu muito bem os seus objetivos -, mas também com um certo cariz político que não passa despercebido a quem acompanha diariamente os assuntos do clube. 

O mais importante a reter, na minha opinião, é que existe a preocupação da direção em saber quais são as principais dúvidas e preocupações dos sportinguistas, o que não é nada desprezável. Comparemos com os nossos rivais: 
  • o Porto procedeu a uma revolução no plantel, inverteu a política desportiva que os norteou durante a última década, e nem uma explicação foi dada aos seus sócios até hoje; 
  • os benfiquistas assistiram a acontecimentos como o desmantelamento do plantel, rumores de pré-falência em virtude dos problemas do BES, e tiveram que esperar mais de um mês para ouvirem uma palavra do seu presidente (e nem me vou pronunciar sobre o que foi dito por Vieira).


Numa altura em que a falta de transparência está a tomar conta do futebol, em que cada vez mais são tomadas decisões e negócios que não têm explicações racionais aparentes, envolvendo figuras obscuras e omni-presentes cujas motivações são desconhecidas, e em que a generalidade do dirigismo vive num estado de negação permanente perante problemas que são óbvios para toda a gente, é de saudar sem quaisquer reservas a preocupação que o nosso presidente demonstra para manter-nos informados.

Sugestão cultural para Diamantino Miranda

                                                                                                                                                   

Balanço das arbitragens: 1ª jornada

                                                                                                                                                            
À semelhança do que fiz o ano passado, vou mais uma vez fazer um balanço dos lances críticos de arbitragem após cada jornada, de forma a ajudar a perceber um pouco o deve e o haver de cada um dos grandes neste departamento.

Em primeiro lugar, quero relembrar o que considero como lances críticos:
  • penáltis assinalados ou por assinalar
  • cartões vermelhos diretos mostrados ou por mostrar;
  • 2º amarelo que leva à expulsão de um jogador
  • golos marcados em fora-de-jogo
  • golos anulados (adenda: inclui golos não considerados por fora-de-jogo, desde que os intervenientes diretos de ambas as equipas não desistam da jogada)

Não considero lances críticos:
  • Faltas mal assinaladas que deram origem a um golo
  • Cantos mal assinalados que deram origem a um golo
  • Foras-de-jogo mal assinalados em que um jogador não rematou de imediato à baliza
  • Cartões amarelos mal mostrados ou por mostrar que não originaram uma expulsão imediata

Vou basear a análise sobretudo em lances selecionados em programas como o Dia Seguinte ou Prolongamento, mas poderei incluir outras situações de jogo que se justifiquem.

Farei este post no final da semana seguinte à jornada, de forma a realizar a análise o mais a frio possível. De qualquer forma, deixo a seguinte declaração de interesses: apesar de fazer um esforço para analisar todos os lances da forma mais racional que me é possível (independentemente dos clubes em causa), não deixo de ser um adepto fervoroso do Sporting e admito que as minhas lentes verdes me possam toldar o juízo que faço em algumas situações.

De qualquer forma, tento ser o mais coerente possível e em casos duvidosos costumo rever lances semelhantes que aconteceram no passado para ver o que escrevi - o que acaba por servir um pouco como instrumento de auto-regulação.

Sei que muita gente acha inútil este tipo de exercícios, o que é uma opinião que respeito. No entanto, não vejo qualquer mal em fazer um registo continuado da qualidade das arbitragens que temos por cá usando sobretudo parâmetros racionais e objetivos. Sei que o trabalho de um árbitro em Portugal é extremamente ingrato, mas isso não quer dizer que os erros que existem (que são em número demasiado elevado) não sejam resultado de incompetência e, por vezes, mesmo propositados (seja conscientemente seja como mecanismo de auto-defesa). E também todos sabemos que as arbitragens podem decidir campeonatos - apesar de muitos não gostarem de o admitir.




Porto 2-0 Marítimo (Carlos Xistra)

=: jogo sem casos


Académica 1-1 Sporting (Artur Soares Dias)

34': Rui Pedro tenta picar a bola sobre Jefferson, embatendo-lhe no braço; o árbitro não assinala penálti - decisão errada, o lance é um pouco à queima, mas a posição do braço de Jefferson não é natural e impede que o lance prossiga

51': Héldon cai na área após contacto com Iago, o árbitro não assinala penálti - decisão errada, o jogador da Académica empurra à margem da lei o avançado sportinguista, sem qualquer intenção de disputar a bola

67': William Carvalho vê o segundo amarelo após fazer falta sobre Rui Pedro - decisão certa, o médio fez falta sem qualquer hipótese de disputar a bola naquilo que era o princípio de um contra-ataque que poderia levar perigo

=: os dois erros graves cometidos dividem-se em prejuízo das duas equipas, numa altura em que o resultado era de 0-1; na prática acabam por se anular, pelo que se pode considerar que o árbitro não influência no resultado


Benfica 2-0 Paços Ferreira (Cosme Machado)

9': Hurtado cai na área após contacto com Eliseu, o árbitro assinala penálti - decisão certa, o jogador do Benfica empurra o adversário pelas costas

66': Gaitan remata na área, a bola tabela num defesa do Paços e vai embater no antebraço de um seu colega, o árbitro mandou seguir - decisão certa, o defesa do Paços tinha o braço numa posição natural e não tinha qualquer hipótese de prever ou evitar que a bola lhe batesse no antebraço

=: arbitragem sem influência no resultado



Estatísticas da jornada



Aqui fica uma pequena explicação das várias colunas do quadro, que sofreu algumas alterações em relação à época passada:
  • Erros em lances críticos
    • A favor --> a favor de Benfica, Porto ou Sporting
    • Contra --> a favor do adversário de Benfica, Porto ou Sporting
      • Total --> o total de erros críticos
      • C/ res. aberto --> o número de erros críticos com o resultado ainda em aberto (em que o grande está a perder, empatado ou a ganhar por um golo de diferença (ou dois, no caso de o erro permitir ao adversário reduzir para um golo de diferença)
  • Faltas cometidas
    • Equipa --> faltas cometidas por Benfica, Porto ou Sporting
    • Advers. --> faltas sofridas por Benfica, Porto ou Sporting
  • Cartões
    • Equipa --> cartões mostrados a Benfica, Porto ou Sporting
    • Adversário --> cartões mostrados aos adversários de Benfica, Porto ou Sporting
      • Amarelos (não inclui os 2ºs amarelos)
      • 2ºs amarelos
      • Vermelhos diretos
      • F.C. p/ Cart. --> número de faltas cometidas por cada cartão mostrado
  • Cartões até aos 55' --> semelhante ao ponto anterior, mas apenas com os cartões exibidos até aos 55' (altura até à qual a amostragem de um cartão pode condicionar de forma relevante o comportamento de jogadores amarelados)


Estatísticas acumuladas

Serão mostradas a partir da 2ª jornada. Para já não se aplica.


Classificação


Quando existem jogos em que o árbitro tem influência no resultado, nem sempre é possível afirmar com certeza absoluta que o resultado seria uma vitória ou empate do clube prejudicado. Por exemplo, se um grande desbloqueia um jogo com um golo de penálti inexistente aos 50', é legítimo que se diga que o adversário podia empatar o jogo, mas ainda havia muito tempo para o grande chegar à vantagem. Numa situação destas, a classificação com o pior cenário para o grande consideraria um empate, e a classificação com o melhor cenário consideraria a vitória.

Há uma regra que costumo usar: se um determinado erro que desbloqueia um jogo acontece depois dos 75', assumo que o resultado que estava na altura seria aquele que chegaria ao fim caso não tivesse havido o erro.


Jogos com influência da arbitragem no resultado

Ainda não houve nenhum.


Erros de arbitragem com o resultado em aberto



Como é evidente, estou aberto a sugestões sobre estatísticas a incluir que possam ser relevantes (desde que haja uma forma fácil de serem obtidas), e estou disponível para ouvir e discutir opiniões diferentes da minha sobre lances concretos. Não sou dono da verdade pelo que não terei problemas em admitir que estou errado se me convencerem disso. Desde que sejam a favor do Sporting, claro. :)