domingo, 31 de julho de 2016

Tão grande como os maiores da Europa

Morreu Mário Moniz Pereira: um homem a quem o desporto português muito deve, e cuja existência se confunde com a história do Sporting. A sua morte deixa-nos todos mais pobres, mas o seu legado é incontornável. Foi, é, e será sempre uma das grandes figuras deste clube centenário.

Recomendo a leitura da página que a WikiSporting lhe dedica: LINK

Obrigado por tudo. Que descanse em paz.

A defesa

42 minutos de jogo. Canto marcado da direita do ataque do Wolfsburgo de forma larga, para a entrada da área, onde aparece Rodriguez, de primeira, a disparar uma bomba indefens-- não, não foi indefensável, porque entre os postes estava Rui Patrício. Que defesa espantosa.

A jogada do golo de Slimani

Um dos grandes momentos no jogo de ontem foi, para mim, a jogada que culminou no golo de Slimani. Cerca de um minuto de circulação de bola perante forte pressão alemã, que envolveu toda a equipa (com exceção de Bryan Ruiz) e culminou na abertura de Adrien para o desmarcado Bruno César, que faria o cruzamento para Slimani. Vale a pena rever.

Com a equipa completa fica mais fácil

Exibição muito agradável num jogo rasgadinho. Foi importante ver o Sporting realizar uma primeira parte muito sólida, pois serviu para nos recordar que a equipa que fez o excelente campeonato da época passada ainda está intacta. Foi o primeiro ensaio utilizando a melhor equipa, e o impacto no rendimento foi esclarecedor. E faltando ainda duas semanas para começarem os jogos a sério, ainda há tempo para afinar a equipa, seja através da recuperação do ritmo necessário nos jogadores que se juntaram mais tarde aos trabalhos, seja na continuação da adaptação dos reforços ao clube e ao sistema de Jesus.

Houve confirmações, tanto positivas, como negativas: William e Adrien exibiram-se a um excelente nível, Slimani marcou na sua estreia como titular, Patrício foi um gigante na baliza, evitando dois golos certos; no patamar oposto, Jefferson, Ewerton e Aquilani continuam a não justificar a sua continuidade no plantel. As surpresas, pela positiva, foram Marvin Zeegelaar e João Palhinha.



A não utilização de Barcos é um sinal de que o argentino já não conta para Jorge Jesus. Considerando a ausência de Slimani por castigo na 1ª jornada, frente ao Marítimo, seria de esperar que Barcos continuasse a ter minutos para ir ganhando ritmo e confiança, mas a verdade é que Jesus preferiu lançar em campo a dupla Podence / Alan Ruiz. Esperemos que seja possível encontrar rapidamente uma colocação para Barcos e, obviamente, A contratação de um jogador que tenha capacidade para marcar muitos golos.

Segunda vitória na pré-temporada, que seguramente ajudará a minimizar a desconfiança que as derrotas anteriores possam ter provocado em parte do universo sportinguista. Os próximos (e últimos) jogos de preparação disputar-se-ão a 4 e 5 de agosto (quinta e sexta-feira), contra Bétis e Nice, respetivamente.


P.S.: foi uma pena que aquela maravilhosa jogada entre Alan Ruiz, Matheus, Iuri e Podence, não tenha sido concretizada por Aquilani. Que hino ao futebol! Sobre aqueles que, para mim, foram os outros dois grandes momentos do jogo, serão dedicados posts específicos ao longo do dia.

sábado, 30 de julho de 2016

A saída de Augusto Inácio

O Sporting anunciou, ontem, através de um comunicado, a saída de Augusto Inácio do clube. A decisão é explicada pela incompatibilidade do cargo de dirigente com a de comentador televisivo, em função das novas regras estabelecidas pela Liga que podem responsabilizar e penalizar os clubes que tiverem elementos que assumam ambos os papéis em simultâneo.

Este pretexto acaba por ser bastante conveniente na antecipação de algo que era inevitável: a saída de Inácio do Sporting, que ocorreria o mais tardar no final do atual mandato. O seu papel no clube estava há muito esvaziado, principalmente desde a entrada de Jorge Jesus. A criação do cargo de responsável pelas Relações Internacionais foi a forma encontrada para explicar o seu afastamento sem que perdesse a face. Os meses que se seguiram comprovaram o que era previsível: Inácio entrou de imediato no comentário televisivo e as suas intervenções públicas limitaram-se quase exclusivamente à participação no programa Playoff - não consta que Carnaxide seja uma metrópole situada num país estrangeiro.

Inácio cumpriu um papel importante na campanha eleitoral, por ser a cara mais familiar da lista de Bruno de Carvalho, começou por ser um elemento razoavelmente ativo após as eleições, mas gradualmente foi perdendo o limitado protagonismo que tinha. Bruno de Carvalho soube ser grato e procurou sempre proteger a imagem de Inácio aos olhos dos sportinguistas e do público em geral.

Por seu lado, Inácio manteve sempre uma postura discreta e solidária, nunca deixando transparecer publicamente algum tipo de desagrado pelas sucessivas perdas de relevância dentro da estrutura. Poder-se-á dizer que isso é o mínimo exigível a dirigentes relegados para um papel menos relevante do que à partida lhes estaria reservado, mas convém relembrar que nem isso existia nas direções anteriores. Não é preciso um grande esforço de memória para recuperar situações de dirigentes que colocaram o seu ego à frente dos interesses do Sporting, não perdendo tempo a disparar críticas em todas as direções assim que se sentiam relegados para um plano secundário.

Por tudo isto, é da mais elementar justiça reconhecer o papel que Inácio desempenhou ao longo destes três anos. Deu a cara pelo clube no pior momento da sua história centenária e contribuiu para tirar o Sporting do abismo em que caía.

Obrigado, Inácio!

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Wikicelis, powered by SIC

Sabia que Guillermo Celis... foi o dono do meio-campo da seleção da Colômbia na Copa America?

Sim, foi indiscutivelmente o dono do meio-campo. O novo jogador do Benfica teve a seguinte contribuição:
  • 1º jogo da fase de grupos: entrou aos 73' na vitória contra os EUA
  • 2º jogo da fase de grupos: entrou aos 58' na vitória contra o Paraguai
  • 3º jogo da fase de grupos: titular na derrota contra a Costa Rica (a Colômbia já estava qualificada à partida deste jogo)
  • Quartos-de-final: não jogou na vitória por penáltis contra o Perú
  • Meia-final: não jogou na derrota contra o Chile
  • 3º / 4º lugar: titular na vitória aos EUA (o titular, Carlos Sanchez, estava castigado)

Guillermo Celis foi titular em 2 dos 6 jogos da Colômbia: no 3º jogo da fase de grupos, em que a Colômbia já tinha a qualificação garantida; e no jogo para apurar o 3º e 4º classificado. Indiscutivelmente, o dono do meio-campo da seleção, tanto que o selecionador o procurou poupar o mais possível ao longo do torneio para que pudesse estar fresco na final.


Sabia que Guillermo Celis... é um médio que chega com facilidade à área para finalizar?

Sim, conforme comprovam os 6 golos marcados em 129 jogos enquanto esteve no Junior Barranquilla.


Sabia que Guillermo Celis... tem 3 tatuagens?

Sim, Guilhermo Celis tatuou no seu corpo o nome do pai, o nome da mãe, e Jesus Cristo.


Sabia que Guillermo Celis... usa botas que, juntas, não pesam mais que 200 gramas?

É verdade. E são amarelas e da marca que patrocina o Benfica. "duzentos gramas", claro, e não "duzentas gramas". Assim se fala em bom português.


Sabia que Guillermo Celis... usa botas que não são tão pesadas como o MANTO SAGRADO que usará no corpo?

Esclarecimento: esta afirmação foi feita em sentido figurado, quer a questão do peso, quer o uso da expressão manto sagrado.



Se não sabia estes cinco importantíssimos factos sobre Guillermo Celis, é porque não tem estado atento aos noticiários da SIC e SIC Notícias. Os canais de Balsemão têm prestado, ao longo das últimas semanas, um serviço público que deve fazer Carlos Dias da Silva corar de inveja. Detalhadas reportagens do centro de estágio inglês onde o Benfica fez parte da sua preparação, reportagens diárias que nos informaram de factos tão relevantes como Pizzi dizer a Celis que não pode usar pulseiras nos treinos, ligações em direto para ouvir o enviado especial, e, claro, peças diárias de apresentação pormenorizada dos reforços benfiquistas. Foi precisamente na reportagem de apresentação de Celis (que dura três minutos) que pudemos ficar a conhecer estes rigorosos e incotornáveis dados sobre o jogador colombiano.

Para quem não viu, aqui está o best-of da peça (decidi poupar-vos das partes menos interessantes):


Propaganda para promover um jogador utilizando factos falsos, publicidade descarada a uma marca ligada ao clube e informação irrelevante que ficaria bem no Alta Imbecilidade da BTV, mas nunca em noticiários de televisões generalistas. O jornalista Nuno Pereira e o editor de desporto da SIC (alguém me sabe dizer quem é?) têm bons motivos para estarem orgulhosos deste impagável exercício de nacional-benfiquismo, pensado para ser apresentado em horário prime time.

P.S.: não há aqui nenhum objetivo de menorizar o jogador; apenas comentar aquilo que foi dito por Nuno Pereira. Não faço nenhum juízo de valor do atleta, nem faço ideia se tem ou não qualidade para conseguir impor-se no Benfica. Descobriremos a resposta a isso ao longo da época.

(obrigado, JAP!)

quinta-feira, 28 de julho de 2016

A contratação do ano


Pure class from Sporting Clube de Portugal ✌
Publicado por The Sun Football em Quarta-feira, 27 de Julho de 2016


Aproveito para partilhar uma experiência pessoal relacionada com este tema. Há cerca de 15 anos registei-me como dador de medula óssea no Centro de Histocompatibilidade do Sul, que fica no complexo do Hospital Pulido Valente. O processo foi rápido: para além de ter de dar os dados pessoais necessários, tiraram-me uma pequena amostra de sangue que, posteriormente, serviu para me registar numa base de dados de doação global de medula óssea. Foi apenas isto. "Perdi", neste processo (incluindo o tempo de ida e volta para casa), cerca de duas horas de uma manhã de férias. 

Entretanto mudei de casa e de número de telemóvel. Coloquei os meus novos dados pessoais num formulário disponível no site do CHSUL, mas aquilo era um mero formulário, sem qualquer tipo de validação ou autenticação - qualquer indivíduo poderia colocar dados pessoais, verdadeiros ou falsos, sobre qualquer pessoa. Fiquei convencido de que a minha ficha não seria atualizada. Telefonei para o CHSUL, que me confirmou que o processo era mesmo aquele.

Há cerca de um ano, recebi um telefonema: o meu nome foi assinalado como sendo potencialmente compatível com alguém com necessidade de transplante de medula. Quiseram confirmar se estavam mesmo a falar comigo, porque o número de telefone que tinham registado na minha ficha estava desligado - ou seja, a atualização de dados que fizera anos antes não serviu mesmo para nada. Segundo o que me disseram, encontraram o meu número de telefone através de outra base de dados do Estado. 

Perguntaram-me se ainda estava disponível para doar medula. Respondi afirmativamente, como é óbvio. Explicaram-me então o processo de uma forma resumida. Precisavam de fazer uma nova colheita de sangue para verificarem se estava apto a ser dador e para confirmarem se seria um dador compatível ou não. Disseram-me que poderia escolher o local e a hora da colheita, dentro da rede de hospitais preparados para o efeito, em função da minha disponibilidade. Era apenas uma questão de me identificar à entrada como dador de medula óssea, para ser então encaminhado para o local da recolha. Era-me impossível ir no próprio dia, pelo que acabei por ao final da tarde do dia seguinte. Explicaram-me o resto do processo (espero não estar a escrever qualquer incorreção) enquanto retiravam a amostra de sangue. Caso fosse compatível, poderia escolher entre dois métodos de extração de medula: uma que se assemelha à doação de sangue, que demora apenas um par de horas, e outra, mais prolongada, que envolve anestesia (porque há quem não goste da ideia de ter uma agulha espetada no braço). E, como é evidente, nunca viria a saber quem seria o recetor da medula, tal como o recetor da medula nunca viria a saber quem a doou. Tudo isto não demorou mais de uma hora.

Tirando o facto de ser Pai, nunca me senti tão importante na minha vida. A possibilidade de fazer uma diferença tão grande na vida de alguém - só através da minha existência e disponibilidade - causou-me um sentimento avassalador simultâneo de responsabilidade e privilégio, mesmo não fazendo ideia de quem estava do outro lado.

Acabei por receber uma carta, um mês depois, dizendo que tinham encontrado um dador mais compatível.

Mas é tão simples quanto isto: em não mais que 5 ou 6 horas, qualquer um de nós poderá contribuir para salvar a vida de outra pessoa. Qualquer um de nós poderá ser a melhor contratação para uma família como a do pequenito Francisco, de todos os outros Franciscos que batalham com a mesma doença, e de todos os Franciscos que, infelizmente, um dia, terão que enfrentar esta doença aflitiva.

Centros de histocompatibilidade: LINK

Contactos:

Centro de Histocompatibilidade do Norte
Rua Dr. Roberto Frias - Pav. "Maria Fernanda"
4200-465 PORTO
Telefone: 225573470
Fax: 225501101
E-mail: administ@chn.pt

Centro de Histocompatibilidade do Centro
Praceta Prof. Mota Pinto, Edif. S. Jerónimo, 4.º piso
Apartado 9041
3001-301 COIMBRA
Telefone: 239480700
Fax: 239480790
E-mail: geral@histocentro.min-saude.pt
URL: http://www.histocentro.min-saude.pt

Centro de Histocompatibilidade do Sul
Alameda das Linhas de Torres, n.º 117
1769-001 LISBOA
Telefone: 217504100
Fax: 217504101
E-mail: lusotransplante@chsul.ptURL: http://www.chsul.pt/


Já viram o filme da vossa vida?

Maravilhosa esta iniciativa do Sporting, que surge no âmbito da campanha de venda das Gameboxes. Colocando o nº de sócio e os últimos 5 dígitos do cartão de sócio, cada pessoa pode ver um vídeo personalizado, recheado com estatísticas sobre a sua vida de sportinguista. Muito, muito bom!

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Sobre o regresso de João Mário

O caso João Mário só teve direito a ser caso porque, há umas semanas, o seu pai disse publicamente coisas que não deveria ter dito. A partir do momento em que alguém tão próximo de um jogador diz o que não deve, é normal que a comunicação social dê relevo a qualquer pormenor que possa indiciar a existência de problemas - e sendo o assunto relacionado ao Sporting, então já sabemos que se junta a fome à vontade de comer.

É normal que o jogador, tendo propostas de clubes históricos de algumas das maiores ligas europeias, queira sair. É normal, também, que o empresário e outros representantes do jogador tentem capitalizar a atenção que a sua estrondosa época fez por captar. O que não faz sentido é que venham para a praça pública fazer quaisquer exigências ou ameaças veladas que depois não terão capacidade de concretizar.

João Mário renovou contrato há cerca de um ano e está ligado ao Sporting até 2020. Ou seja, não havendo qualquer alteração da sua situação contratual, terá que se apresentar ao trabalho nas épocas de 2016/17, 2017/18, 2018/19 e 2019/20. Isto significa que se os seus representantes quiserem fazer um braço de ferro com o clube, então deverão estar preparados para fazer força durante muito, muito, muito tempo.

Como é evidente, o clube terá sempre que decidir em função dos seus melhores interesses. Se considera que poderá obter melhores ofertas do que aquelas que foram apresentadas, então fez bem em recusar. O princípio deve ser este: havendo condições financeiras para tal, o Sporting deve ambicionar manter os melhores jogadores nos seus quadros, e não vendê-los à primeira oportunidade (nos últimos meses temos visto adeptos de outros clubes festejarem vendas avultadas como se de troféus se tratassem), mantendo um equilíbrio entre os interesses desportivos do clube e as ambições que os jogadores têm para as suas carreiras.

Não se concretizando a transferência, é óbvio que o clube não tem qualquer interesse em contar com um jogador que se sinta injustiçado, pelo que a sequência normal será avançar-se para o aumento salarial para níveis adequados à sua importância no grupo de trabalho - neste caso, ao nível de Rui Patrício, Adrien, William e Slimani. Mais uma vez, não se está aqui a inventar a roda: é prática comum dos clubes aumentar salários a jogadores de forma a mantê-los satisfeitos durante mais algum tempo.

Se houve alguma falha do Sporting neste processo até ao momento, foi no facto de não ter comunicado antecipadamente a ausência do jogador na apresentação aos sócios - mesmo que fosse apenas um par de horas antes, seria o suficiente para reduzir significativamente as especulações sobre o tema.

João Mário regressou hoje a Alcochete e já treinou. O seu agente diz que, daqui para a frente, é uma questão de se discutir a venda ou novo contrato, mas está enganado. É uma questão de se discutir uma venda que interesse ao jogador e ao Sporting, ou de continuar a treinar e jogar como até agora tem feito. Não se concretizando a venda, não tenho dúvidas que o compromisso de João Mário com o clube não sofrerá qualquer beliscadela, porque o clube não deixará de querer fazer justiça, dentro dos seus meios, a tudo o que o jogador tem conseguido alcançar.

True colors


Maya, ontem, na CM TV, enquanto comentava o caso João Mário. Sim, estou tão surpreendido como qualquer um de vocês: a Maya comenta futebol.

Juro pela alma das minhas crianças que não existiu qualquer manipulação de imagem neste frame.

Progressos exibicionais

Apesar da derrota nos penáltis, foi um ensaio positivo que revelou uma equipa defensivamente mais coesa, e com certos jogadores a começarem a mostrar ao treinador que poderão ser opções a ter em conta para quando a época começar a sério.

Jorge Jesus pareceu mais satisfeito com a resposta dada pela equipa, que acabou o jogo em cima do adversário e dispôs de várias oportunidades para marcar. Aliás, é impossível não perceber a diferença imediata que a presença de Slimani em campo estabelece de imediato. Os campeões europeus juntar-se-ão hoje ao grupo e Jesus poderá trabalhar finalmente com a totalidade da espinha dorsal do plantel.


No sábado joga-se o Torneio Cinco Violinos frente ao Wolfsburg.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Indefinições

A vinte dias do início da época, o plantel do Sporting continua com uma série de questões a carecerem de definição. Não é uma situação particularmente grave, se nos lembrarmos que o onze base do final da época passada se mantém - pelo menos para já - praticamente intacto. Este conjunto de jogadores chegou e sobrou para a generalidade das exigências do campeonato passado, e é natural que esta época o cenário não se altere. Mas existe uma diferença importante: o Sporting vai participar também na Liga dos Campeões, o que significa um acréscimo de desgaste e, consequentemente, um aumento de probabilidade de ocorrência de problemas físicos - e isto faz com que aquilo que era suficiente há um ano possa ser curto para a nova época.

O reforço do plantel parece estar, neste momento, dependente da dispensa de jogadores que têm um peso importante no orçamento. Se o clube se conseguir ver livre da carga salarial de Aquilani, Teo e Barcos, passa a haver espaço para trazer dois jogadores que possam entrar de caras no onze ou, no mínimo, disputar a titularidade com alguns dos jogadores mais influentes do Sporting. Estenda-se o raciocínio a jogadores que não fazem parte das 1ªs (ou mesmo 2ªs) linhas de Jesus, como Labyad, Naldo, Ewerton e Jefferson, e maior folga existirá.

A contratação de mais um ponta-de-lança é fundamental. Assumindo que Slimani não sairá, o Sporting tem apenas um homem-golo para atacar uma longa e desgastante época - que, para piorar, estará indisponível durante todo o mês de janeiro, por causa da CAN. É fundamental, por isso, arranjar pelo menos mais um jogador que garanta pelo menos 20 golos mediante uma utilização regular. O meio-campo também está deficitário de um jogador de elevada intensidade que possa disputar o lugar com Adrien - Ruiz não é nem nunca será esse homem. Podence e Alan Ruiz prometem, mas ainda se está por perceber se algum deles é o 2º avançado que Jesus idealiza para o seu sistema. Há ainda a questão do guarda-redes suplente e, pelo que se vai dizendo nos jornais, o clube também está à procura de outro defesa central.

O campeonato arranca daqui a 3 semanas, mas a Liga dos Campeões começa apenas a 14/15 de setembro, ou seja, daqui a cerca de 50 dias. Como tal, não se pode dizer que exista uma enorme urgência na resolução destes problemas. Obviamente, quanto mais cedo se resolverem, melhor, mas nesta fase ainda não se justifica que o clube se precipite ou faça cedências excessivas por causa da pressa de os fechar.

Neste momento, pelo que me parece, o Porto vive uma situação semelhante à do Sporting: suponho que ainda exista a necessidade de vender um ou outro jogador, o que, neste momento, poderá estar a condicionar o reforço do plantel. Têm, no entanto, o playoff da Liga dos Campeões na segunda quinzena de agosto, pelo que a pressão já deverá ser superior nos escritórios do Dragão. O Benfica parece ser o clube, dos três grandes, que vive uma situação mais estabilizada, assumindo que já vendeu quem necessitava de vender.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Sublimemente subliminar

Mais um daqueles casos em que a realidade ultrapassa qualquer tentativa de ficção: LINK

Nota: a imagem não foi retocada com photoshop, já a vi com os meus próprios olhos.

Negócios de Mendilhões

Negócio fechado por Talisca. 25 milhões por um jogador que, como é do conhecimento geral, não tem lugar no plantel do Benfica. Vamos, por um momento, fazer de conta que os clubes interessados não sabem desse pequeno-grande pormenor, e, como tal, não sabem que o poderiam levar por um terço do valor. O mais interessante é que se sabe que o negócio está fechado, sabe-se também o valor do suposto negócio, mas... não se sabe qual o clube que o vai comprar. Dizem que tanto pode ser o Liverpool - que depois o emprestará ao Wolverhampton -, como diretamente o Wolverhampton, ou eventualmente outro clube inglês que terá ficado encantado com a estrondosa época que o brasileiro fez.

Proposta de 30 milhões recusada por Carrillo. Um jogador que poderia ter sido transferido há um ano por um terço ou metade do valor, e que entretanto esteve sem jogar durante 9 meses. De repente, acotovelam-se os interessados e multiplicam-se os valores.

Salvio a ser negociado por 30 milhões. Apesar das dúvidas existentes sobre a real condição física do argentino - alvo de várias cirúrgias delicadas - que, na época passada, não conseguiu atingir o nível de anos anteriores, a sua cotação nunca esteve tão elevada.

Proposta de 35+5 milhões recusada por Jimenez, um jogador que, tendo sido importante na carreira do Benfica no campeonato e na Liga dos Campeões, foi quase sempre a 3ª opção para a sua posição.

Lindelof a ser negociado por 30 milhões, supostamente com o Chelsea. O sueco foi, efetivamente, uma das grandes revelações da época passada, mas o Euro 2016 não lhe correu particularmente bem. De qualquer forma é um jogador com um potencial inegável.

Negócios com a chancela de Jorge Mendes, segundo o jornal A Bola.

Curioso, no entanto, que Vieira, first of his namea.k.a. Midas, o negociador implacável, vá amochando quando os negócios acontecem fora da esfera de Jorge Mendes. Aí já tem de se conformar com os empréstimos dos Djuricics, Victor Andrades, Friesenbichlers e Mukhtars, porque não há quem pague por eles sequer uma parcela daquilo que custaram inicialmente. Na prática, os mesmos problemas que o Porto vai tendo com os Herreras ou Fabianos. Ou que o Sporting tem com os Monteros ou Slavchevs. Fora da esfera de Mendes, Vieira tem as mesmas dificuldades que todos os outros, e não consegue contornar as leis da racionalidade que normalmente imperam em qualquer negócio que envolva profissionais: é impossível que os clubes interessados não saibam o rendimento que os jogadores tiveram por cá, o que imediatamente desvaloriza o produto e reduz o poder negocial de quem os quer vender.

Na esfera de Mendes, as leis da racionalidade distorcem-se da mesma forma que o espaço-tempo se deforma nas imediações de um buraco negro: fechou a venda de Mangala para o Manchester City - após uma época medíocre do francês no Porto - por um valor acima da cláusula de rescisão; transferiu Cancelo e Cavaleiro por 15 milhões, apesar de nunca se terem conseguido impor no Benfica; levou Pizzi e Jimenez para o Benfica por 36 milhões; e parece que agora vai colocar uma legião de dispensáveis (Talisca, Cavaleiro, Hélder Costa, Ola John, Sílvio) no Wolverhampton, clube comprado pela Fosun, sabe-se lá por quantos milhões mais - como se os chineses não tivessem o mesmo amor ao dinheiro que qualquer outra empresa ou pessoa. 

Olhando para o que já aconteceu no passado, não ficarei surpreendido se qualquer uma destas transferências se concretizar.

Claro que, perante a ausência de racionalidade, uma pessoa poderá sempre questionar-se se jogadores e dinheiro serão realmente os únicos ativos a serem transacionados nestes negócios, ou seja, se não haverá alguma outra commodity a ser colocada na mesa para compensar a disparidade aparente nestas transferências.

Até compreendermos completamente os contornos destes negócios, talvez fosse mais sensato falarmos em Negócios de Mendilhões e não em Negócios de Milhões.

Momento solene, agora em francês

Foi assim que aconteceu O Mundo Sabe Que no Canal+.


(obrigado, @Captomente!)

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Porque o futebol não é tudo!

Iniciativa solidária desenvolvida no âmbito do Projecto Vida da Fundação Salesianos, que consiste no leilão de artigos assinados por jogadores do Sporting, explicada pelo blogue És a Nossa Fé: LINK

A retratação que se impõe

Estava curioso para perceber o que diria Rui Pedro Braz sobre os 22M de Jimenez, depois do que tinha dito há um ano...

Pois bem, justiça seja feita, não há nada a apontar. Podia ter-se refugiado em supostas propostas de 35+5 milhões que hoje aparecem em capas de jornal, mas não o fez. As pipocas que tinha ao meu lado ficaram no balde.

Problemas na frente de ataque

Concretizou-se o pior cenário possível para a lesão de Spalvis: rotura de ligamentos, que deixará o lituâno afastado dos relvados durante 6 meses. Uma infelicidade tremenda que fragiliza ainda mais o setor ofensivo do Sporting.

Teo foi dispensado para os Jogos Olímpicos, sinal de que o Sporting não conta com ele para esta época. Barcos continua sem convencer e, pelo que se diz, tem autorização para arranjar outro clube. O mesmo se poderá dizer de Carlos Mané. Assim, Jorge Jesus tem neste momento uma lista de opções bastante reduzida. Para a posição de ponta-de-lança só há Slimani. Para a posição de segundo avançado há Alan Ruiz, Podence e, em caso de necessidade, Bryan Ruiz. Muito curto.

Ronaldo Tavares e Leonardo Ruiz (jogador recém-contratado, que nas últimas duas épocas alinhou no juniores e equipa B do Porto), serão uma espécie de último recurso - o colombiano, bastante promissor e já com uma época sénior nas pernas, parece estar, à primeira vista, num patamar acima em relação ao nosso ex-junior.

Perante este cenário, acredito que o Sporting esteja à procura de (no mínimo) um jogador para a posição. Acredito que a ideia passe por um jogador que chegue para render de imediato - para desenvolver e valorizar já temos os suficientes. Esperemos que haja novidades em breve, pois faltam apenas 3 semanas para a época começar.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Quero ver como o Braz vai explicar isto mais logo...

Se já foi assim há um ano...


... vai ser lindo ouvi-lo explicar isto mais logo:


"Significa também que o Benfica pode comprar os restantes 50% por um valor substancialmente inferior a estes 9 milhões". Eheheheh...

Ponto de situação dos empréstimos dos grandes

Tenho uma certa curiosidade para perceber a quantidade de jogadores emprestados que os grandes colocarão nas outras equipas da I Liga. Para além da utilidade que esse tipo de cedências tem para o desenvolvimento de jogadores jovens - com potencial para virem a fazer parte do plantel dos seus clubes num futuro mais ou menos próximo -, já todos perceberam também que também obtêm uma vantagem competitiva imediata. Se um clube empresta um jogador, sabe que a equipa que o receber ficará mais forte para defrontar os rivais, ao mesmo tempo que será obrigada a jogar desfalcada contra si.

Aos empréstimos (limitados a três jogadores entre o mesmo clube de origem e clube de destino) acrescem ainda as vendas de jogadores por valores simbólicos (ou mesmo a custo zero), em que os grandes mantêm parte dos direitos económicos e/ou opção de recompra ou direito de preferência. A história mostra que, em alguns destes casos, há jogadores que sistematicamente contraem maleitas que acabam por os afastar das partidas contra o seu antigo clube.

Chega ao ponto de haver três jogadores que foram contratados para serem emprestados: Zé Manuel (Porto), Murillo e Elhouni (Benfica) nunca chegaram a fazer parte de qualquer plantel do Porto e Benfica (seja na equipa principal, seja na B, seja nas camadas jovens).

A mais de três semanas do início da Liga, o ponto de situação é o seguinte:


Para já, o Porto já colocou 14 jogadores noutros clubes, o Sporting 10, e o Benfica 8. Do lado dos clubes recetores, o V. Setúbal tem 7 jogadores emprestados pelos grandes, e o Nacional tem 5.

Este é ponto de situação atual (tenho dúvidas em relação a dois jogadores marcados com "(?)"). Seguramente que esta lista engordará bastante ao longo das próximas semanas.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Ainda sobre o tema anterior

Um pouco de sabedoria vinda do filme The Wolf of Wall Street, que não fica totalmente deslocado do carrossel de que tanto se fala. Neste caso, a parte em que Mark Hanna (McConaughey) explica a Jordan Belfort (DiCaprio) como funciona o negócio da corretagem bolsista. Aliás, é giro que eles próprios usam a metáfora da roda gigante (ferris wheel). Tal e qual. O corretor sai sempre a ganhar, é ao corretor que convém que a roda nunca pare de girar.


A propósito da dança de milhões que se vê nas capas de hoje...

... parece-me uma boa oportunidade para recuperar o post Exercício hipotético (LINK). Como é óbvio, qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.




Introducing José Marinho

Há muito que um dos meus guilty pleasures é visitar a página de Facebook de José Marinho, que atualmente é comentador dos jogos late night da Sport TV. Na sua página de Facebook, José Marinho não esconde o seu benfiquismo e revela frequentemente rumores relacionados com o seu clube, quase todos eles de deixar água na boca dos benfiquistas, mas, alas, muitos (se não a maior parte) acabam por se revelar tiros de pólvora seca. Ocasionalmente escreve sobre o Sporting, sobretudo sobre rumores, notícias ou comentários desagradáveis para os sportinguistas, também com um nível de acerto sofrível.

Como esquecer a bomba financeira que anunciou dois dias após ter sido anunciado o contrato de direitos televisivos do Benfica que, segundo o comentador, encostava a um canto o acordo entre o clube e a NOS?


Ou o banho negocial, que segundo Marinho, Sporting e Porto levaram na questão dos direitos televisivos e de patrocinador?


Como esquecer o post em que dizia, no defeso passado, que era uma questão de horas para Mitrovic e Zivkovic aterrarem no aeroporto de Lisboa? Bom, justiça seja feita, pelo menos no segundo caso apenas falhou no ano do voo.

Como esquecer o post em que garantia, poucos dias depois de Mourinho ter sido despedido do Chelsea, que Luís Filipe Vieira estava fortemente empenhado em trazer o special one para o Benfica?

Como esquecer o post em que revelava a iminente oferta de 35 milhões que o Benfica iria receber por Carrillo...

 

... ou a saída de Jonas, avançando logo com a possível entrada de Pjaca?


Ou ainda a forma como mudou de opinião sobre Marega, que no espaço de três semanas e picos passou de reforço que dificilmente estaria destinado a voos maiores (quando era noticiado o interesse do Sporting) para uma excelente contratação (quando assinou pelo Porto)?


E, claro, a ocasional provocação aos rivais:


E também a ocasional idiotice:



Perante as acusações de parcialidade que lhe são dirigidas, José Marinho defende-se dizendo que entregou a carteira de jornalista há uns anos. É um argumento válido. Considerando que nunca usou o seu lugar de comentador para espalhar estas notícias (pelo menos que eu me tenha apercebido, apesar de raramente o ouvir na Sport TV), tem todo o direito a escrever o que quiser, sobre o que quiser. Se é credível ou não, é uma avaliação que cada pessoa deverá fazer por si. Daí nunca ter feito, até agora, nenhum texto sobre estas idiotices que vai escrevendo.

Até agora. No final da semana passada, enquanto comentava um jogo particular entre o Inter e o CSKA Sofia, disse isto:


Azar dos azares, na altura em que José Marinho dizia estas palavras, João Mário estava de viagem para as Maldivas.

Será que a Sport TV aceita de bom grado que um indíviduo que não é jornalista se ponha a dar notícias "em primeira mão" em programas seus? É que isto acaba por vincular a própria estação de desporto à informação que é dada.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Introducing Luís Aguilar

Recentemente, o Mais Tabaco acrescentou um novo elemento ao seu plantel: Luís Aguilar, um jornalista de quem, confesso, não tinha nenhuma opinião formada. Já tinha ouvido falar no nome, e pouco mais. No entanto, considerando a linha editorial do programa, é natural que um sportinguista encare esta novidade com uma certa desconfiança. Independentemente disso, ouvi-o de espírito aberto, mas não tardou muito a mostrar ao que vem.

No fim-de-semana passado, teve oportunidade de comentar duas potenciais transferências: a de João Mário e a de Jardel. Foi assim:


De um lado, a catástrofe. Do outro, passarinhos a chilrear de felicidade. O costume, portanto.

Este tipo de análise não terá sido surpreendente para quem já seguia Luís Aguilar no Twitter ou no Facebook (que não era o meu caso). Uma pesquisa rápida permite encontrar inúmeras pérolas. Fica aqui uma amostra não exaustiva das opiniões do jornalista (existem mais, muitas mais), para terem ideia da imparcialidade que dele se poderá esperar. Vale a pena ver até ao fim.


Parte I: Aguilar, o benfiquista

Após a derrota na final da Taça contra o V. Guimarães

 Na véspera da final da Liga Europa contra o Chelsea, onde o próprio se caracteriza de doente pelo Benfica

 Após a qualificação para a final da Liga Europa

Em Lviv, aquando do Portugal - Alemanha para o Euro 2012 (resta saber como os alemães adivinharam que eram do Benfica)

Festejando o apuramento para a final da Liga Europa em 2014

Durante o Sporting - Benfica para a Taça de Portugal, na época passada


Parte II: Aguilar, o anti-sportinguista

A antecipar o Sporting - Benfica de 2012/13

Após o Sporting - Benfica de 2012/13

Reação ao fantástico golo de Nani no Sporting - Gil Vicente, em 2014/15

 Após o Sporting - Benfica de 2014/15, que o Benfica empatou nos descontos

A hipocrísia ao comentar a reestruturação financeira do Sporting (referindo a mentira do perdão de dívida)

Aliás, no fim-de-semana passado, Luís Aguilar não conseguiu disfarçar o seu sentimento pelo Sporting enquanto falava da derrota com o Zenit:


"... o Skenderbeu, de quem o Sporting que levou três". Para além de usar palavreado inadequado, a análise que fez é absolutamente enviesada. O Sporting apostará forte na Liga dos Campeões porque o prestígio é muito superior ao de uma Liga Europa, porque a montra e o prémio financeiro são compensadores, porque estaremos numa fase mais inicial da época, e porque terá sempre mais tempo de recuperação para a jornada seguinte do campeonato. E ainda não é certo que o Sporting ficará no pote 4.

Continuemos.


Parte III: Aguilar e o apreço por Bruno de Carvalho

Comparando Bruno de Carvalho a Pinto da Costa, dias antes das eleições no Sporting

Abordando o relacionamento entre Bruno de Carvalho e Jesualdo Ferreira


Abordando o relacionamento entre Bruno de Carvalho e Marco Silva

Sem comentários

Parte IV: Aguilar e o apreço pelo Porto

Durante o Porto - Benfica em 2014/15

Após a final europeia de hóquei, em que o Benfica se sagrou campeão europeu no Dragão Caixa contra o Porto


Parte IV: Aguilar e as festas antecipadas em 2013


Antes das meias-finais contra o Fenerbahce

Após o Marítimo - Benfica, em que os jogadores do Benfica festejaram a vitória no relvado


Após o empate com o Estoril antes da deslocação ao Dragão


Parte V: Quando chegas ao ponto de conseguires ver o teu entusiasmo benfiquista a ser refreado por Rui Pedro Braz




Luís Aguilar tem todo o direito de ser um benfiquista doente e até um anti-sportinguista primário, mas isso incompatibiliza-o com a função que agora assumiu no Mais Tabaco (para não falar da de jornalista desportivo, se cobrir o futebol nacional). Uma vez sentindo o que sente e depois de ter escrito aquilo que escreveu, não pode simplesmente colocar uma capa de isento como se o seu passado nada significasse. É impossível que as suas análises sejam imparciais  Que ninguém caia no engano de levar a sério o que este senhor diz sem fazer a devida filtragem, principalmente quando falar do Benfica e do Sporting.

(obrigado, GK1!)

Conclusões do estágio do Sporting na Suíça

Conclusões que NÃO podemos tirar do estágio na Suíça:

1. Sofremos 14 golos em 4 jogos. 8 desses golos foram sofridos com o quarteto defensivo habitual. O quarteto defensivo habitual cometeu erros que normalmente não comete, mais individuais do que de entendimento entre si. Ou seja, do ponto de vista individual, existem questões que podem e devem ser apontadas. No entanto, do ponto de vista coletivo, é completamente diferente jogar atrás de Petrovic / Ruiz a 8 do que de um meio-campo que esteja preparado para servir de primeiro tampão às iniciativas adversárias.

2. É cedo para fazermos juízos finais sobre os reforços e sobre a generalidade dos jogadores que transitaram da época passada. No caso dos reforços, estão a trabalhar há três semanas. No caso dos jogadores que transitaram da época passada, é muito mais relevante aquilo que vimos deles ao longo da época passada do que deste punhado de jogos.

3. É completamente prematuro estarmos a fazer projeções do que será a época em função destes jogos. Para além da ausência dos jogadores que estiveram na seleção, Slimani não foi uma única vez titular, e Bryan Ruiz nunca foi utilizado na sua posição habitual.


Conclusões que podemos tirar do estágio na Suíça:

1. O Sporting não está nem alguma vez estará preparado para disputar a Liga dos Campeões com uma equipa formada na totalidade por habituais suplentes.

2. O sistema de Jorge Jesus funciona bem se todos os jogadores o entenderem e se existir um grande nível de entrosamento entre eles. Se a maior parte dos jogadores ainda estiver em fase de assimilação do sistema e se não estiverem habituados a jogar juntos, o sistema não funciona. Se do outro lado estiver um adversário de Champions, o Sporting corre grandes riscos de perder. Se do outro lado estiver um adversário de Champions que tem a sua preparação mais adiantada em duas ou três semanas (enquanto o Sporting começa a época oficial apenas a 14 de agosto, o Zenit inicia já a 23 de julho, o Mónaco a 26 de julho e o PSV a 31 de julho), então corre grandes riscos de perder por muitos.

3. No caso dos guarda-redes, pela especificidade da posição, está visto que nem Azbe Jug nem Stojkovic estão aptos para serem suplentes de Rui Patrício. É importante contratar um guarda-redes com mais experiência, que não trema nos momentos em que for chamado à equipa.

4. Talvez se tenha exagerado no grau de dificuldade dos adversários escolhidos para este estágio, considerando a forma como Jorge Jesus encarou estas partidas. O treinador pareceu muito mais preocupado em testar soluções alternativas do que em afinar aquele que será o sistema preferencial. Por exemplo: Ruiz a 8, Bruno César a médio esquerdo, e a dupla de ataque Podence / Alan Ruiz não serão opções principais quando os jogos forem a doer.

5. Considerando o ponto 2 das conclusões que NÃO podemos tirar, já se pode concluir que existem alguns jogadores que, pelo que fizeram nestes jogos e na temporada passada, não têm lugar no plantel: refiro-me concretamente a Jefferson, Aquilani, Marvin e Barcos. Se eu mandasse, seriam os primeiros a serem dispensados. Teo e Mané também não devem fazer parte das contas de Jorge Jesus.

6. Levando em consideração os nomes referidos no ponto anterior, para mim é claro que as prioridades do Sporting no que resta do mercado são: guarda-redes suplente, um lateral esquerdo, um médio box-to-box e um 2º avançado. A estes teremos que somar substitutos diretos para as eventuais saídas de qualquer um dos campeões europeus ou Slimani.

7. Incrível o apoio no estádio mesmo com o resultado em 0-5, temos mesmo adeptos enormes.


Sentimento após o estágio na Suíça:

Não estou preocupado. Já calculava que iríamos começar a época num nível inferior ao que acabámos em 2015/16. Estranho seria que fosse de outra forma. É claro que é muito desagradável estar a ver jogos do Sporting (mesmo que a feijões) desejando que acabem depressa para o resultado não se avolumar ainda mais, mas estes jogos servem para isso mesmo: experimentar, errar, afinar. Mas é fundamental que se resolvam tão rapidamente quanto possível determinados problemas do plantel - nomeadamente as saídas dos dispendiosos Teo, Barcos e Aquilani (e ainda Labyad, já agora), que abrirão espaço no orçamento para jogadores que efetivamente possam fazer a diferença nas posições que estamos mais carenciados.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

O onze contra o PSV

Alan Ruiz e Podence na frente. Escolha curiosa, vamos ver se funciona. E Ewerton estreia-se.


Bom resumo

De 'Jorges Mendes' a Aurélios'


Há uns dias, Leonor Pinhão escreveu este texto, em que deixa subentendida uma suposta incoerência dos sportinguistas: os mesmos que costumam acusar a FPF de estar ao serviço de certos interesses de Jorge Mendes, acabaram, após a conquista do europeu, por reclamar uma significativa fatia do êxito para a formação de Alcochete.

Leonor Pinhão pode escrever o que entender, mas não tem razão. Não existe incoerência nenhuma, porque tanto a influência de Mendes nas convocatórias, como a importância dos jogadores formados no Sporting no sucesso do Euro 2016 são factuais, e de forma alguma são incompatíveis. Quando muito, valoriza ainda mais a forma como os jogadores com origem no Sporting conseguiram impor-se na seleção. 

Jorge Mendes é, indiscutivelmente, um empresário capaz de atrair muitos dos melhores talentos do futebol mundial para a sua carteira de clientes, mas isso não implica que todos os jogadores que representa sejam melhores do que aqueles que não representa. E, não colocando em causa a ética de todos os selecionadores e equipas técnicas que estão ou estiveram recentemente na FPF, não acredito que a influência do super-empresário não se faça sentir no seu trabalho de alguma forma, mais ou menos direta.

No Euro 2016, em concreto, todos perceberam que os jogadores atualmente ou recentemente ligados ao Sporting foram, genericamente, segundas opções. Apesar do excelente final de época, rapidamente se percebeu que Fernando Santos não pensava apostar em William, que ficou no banco no jogo inaugural. João Mário foi titular contra a Islândia, mas foi o primeiro a ser sacrificado após o empate com a Islândia - apesar de não ter estado pior que Moutinho ou André Gomes, que se mantiveram no onze durante toda a fase de grupos. Cédric Soares e Adrien só tiveram a sua oportunidade ao 4º jogo, apesar de nem Vieirinha, nem Moutinho, nem André Gomes terem convencido em algum momento nos três primeiros jogos. Cédric e Adrien apenas foram lançados - a frio - porque era fundamental que alguém anulasse Perisic e Modric, dois dos melhores jogadores do torneio na fase de grupos.

Nada disto é novidade. Como esquecer a opção de Carlos Queiroz em deixar João Moutinho de fora do Mundial 2010? Que, recorde-se, também preferiu convocar Daniel Fernandes (quem?, perguntarão muitos), deixando de fora Rui Patrício. Ou as aberrantes escolhas de Paulo Bento para o Mundial 2014, quando decidiu deixar de fora Cédric e Adrien (que tinham realizado épocas brilhantes com Leonardo Jardim) para levar André Almeida e Rúben Amorim. O mesmo Paulo Bento que só lançou William Carvalho no 2º jogo do mundial, quando André Almeida se lesionou e se viu obrigado a colocar Miguel Veloso como lateral esquerdo (já não tinha Fábio Coentrão). O mesmo Paulo Bento que deu a primeira internacionalização a Ivan Cavaleiro (três meses depois do seu 3ª e último jogo como titular do Benfica para o campeonato) e que levou Nélson Oliveira ao Euro 2012, sem que nada no seu rendimento justificasse essa oportunidade.

Ainda poderíamos mencionar outros casos mais recentes, já na época de Fernando Santos: Nélson Semedo foi titular num jogo decisivo na Sérvia, menos de dois meses depois de se estrear na I Liga, e Gonçalo Guedes foi titular num particular com a Rússia ao fim de três meses de utilização regular no Benfica. Gelson Martins e Rúben Semedo, por exemplo, não tiveram direito a benesse idêntica, apesar de não terem demonstrado rendimento inferior em campo.

Isoladamente, podemos sempre encontrar justificações para as decisões acima referidas. Mas em conjunto, é totalmente óbvia a existência de dois pesos e duas medidas nas escolhas dos convocados.

Este tipo de gestão de convocatórias só é possível graças à inexistência de uma comunicação social crítica, que questione verdadeiramente os resultados visíveis destes jogos de interesse. Pior, parte dessa comunicação social é parte do aparelho, funcionando como primeira linha de cobertura destas escolhas: promovendo jogadores, elogiando o rendimento de alguns muito para além do que é justificado, e rebaixando outros - estabelecendo o ambiente ideal para que tudo isto pareça normal. Não me consigo lembrar de melhor exemplo do que este, poucos dias antes de Paulo Bento anunciar os jogadores que iriam ao mundial do Brasil:



Portanto: sim, Leonor, a seleção continua a ser a seleção de Mendes. Os jogadores de Mendes tiveram e continuarão a ter um tratamento preferencial em relação a outros que estejam em igualdade de circunstâncias, assim como os jogadores sportinguistas terão que continuar a provar muito mais do que os outros até terem uma oportunidade. Felizmente, quando os jogos do Euro 2016 passaram a ser de mata-mata e deixou de haver margem para insistir em favoritismos injustificados, Fernando Santos teve bom senso e fez entrar os "Aurélios" até então preteridos. Ajudaram a fortalecer a equipa, e o resto da história já todos conhecem.

sábado, 16 de julho de 2016

O calendário para 2016/17


De um modo geral, parece-me um calendário favorável ao Sporting. Para além desse clássico que é a deslocação a Chaves no pico do mau tempo, não existem muitas deslocações a relvados que se costumam transformar em batatais nessas alturas do ano.

É bom começar e terminar a jogar em casa. Teoricamente, também a receção ao Porto vem em boa altura, por ser imediatamente após a 2ª mão dos playoffs da Liga dos Campeões. Se Rio Ave e Arouca se qualificarem para a fase de grupos da Liga Europa, também terão menos tempo de descanso para defrontarem o Sporting.

Importante o elevado nível de exigência da pré-época, pois teremos 3 jogos de dificuldade elevada logo nas primeiras 5 jornadas: para além do clássico, há também as deslocações a Paços de Ferreira e a Vila do Conde. Importante também que o plantel fique definido o mais rapidamente possível, apesar de se saber que isso dependerá sempre do interesse que outros clubes poderão ter nos nossos jogadores.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Jogo da mala

Nenê Bonilha, jogador que alinhou na temporada passada no Nacional da Madeira, em entrevista ao Record (LINK). Dispensa mais comentários.


A vez dos reforços

Como se esperava, Jorge Jesus fez alinhar ontem contra o Nyon uma equipa completamente diferente da que defrontou de início o Mónaco. Estreia de Alan Ruiz e Spalvis, apoiados por Iuri e Bruno César. No centro do meio-campo jogaram Palhinha e Aquilani, e o quarteto defensivo foi formado por João Pereira, Jefferson, Paulo Oliveira e Naldo. Stojkovic foi o guarda-redes.

Considerando o (fraco) nível de oposição e o facto de ter sido o primeiro jogo para muitos destes jogadores, continua a não fazer sentido tirar-se grandes conclusões do que se viu. Ofensivamente, registaram-se boas prestações de Alan Ruiz e Bruno César. Iuri esforçou-se mas nem tudo lhe saiu bem. Spalvis demonstrou qualidade nas movimentações, mas esteve infeliz na finalização (esperemos que a lesão não seja grave). Não gostei de Aquilani: defendeu pouco e mal, não conseguiu dar dinamismo ao meio-campo, e falhou um golo incrível na cara do guarda-redes adversário. Palhinha esteve melhor, apesar de não ter deslumbrado. João Pereira e Jefferson subiram muito pelos respetivos flancos (mais incisivo o lateral direito), mas o quarteto defensivo cometeu demasiados erros: o golo surge de um lance em que João Pereira e Paulo Oliveira vão à mesma bola e chegam atrasados, abrindo uma avenida para o contra-ataque que Naldo não conseguiu parar. O Nyon poderia inclusivamente ter marcado mais golos caso tivesse executantes de melhor qualidade.

P.S.: Esgaio, Mané e Teo Gutierrez foram autorizados pelo Sporting a participar nos Jogos Olímpicos. Se no caso dos portugueses já era esperado que o Sporting os cedesse, no caso de Teo é uma surpresa. Significará que está próxima a sua venda?

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Ronaldo, o nosso Eusébio?

A propósito do artigo escrito ontem no Expresso por Pedro Candeias...


... onde se escreve:
"Portanto, quando parti para este texto com a ideia de comparar dois jogadores diferentes e de tempos diferentes, sabia que o faria numa base que não estava errada mas pelo menos condicionada pelo ponto de vista de alguém que só viu um jogar e que construiu a imagem do outro a partir do que lhe foi dito, do que foi lendo, dos VHS dos anos 80 e 90, dos DVD dos anos 2000 e do YouTube. E se ainda não posso dizer que o Ronaldo é melhor do que o Eusébio porque estaria a ser pouco responsável e precipitado, diriam os antigos, posso então dizer que o Ronaldo é o meu Eusébio, o Eusébio da minha geração e da que se segue. Mas quase que aposto que daqui a uns anos estaremos todos a refletir sobre a cobardia e a irresponsabilidade de não termos assumido logo que o Ronaldo é o melhor futebolista português de sempre, um dos três ou quatro melhores da história deste desporto depois do Pelé e do Maradona e de outro qualquer à escolha, todos elevados à categoria de mitos porque ganharam o que havia para ganhar carregando o país e o clube deles às costas. O Ronaldo já fez tudo isso; o Eusébio quase que fez. Ponto."

Existem duas formas de abordar a temática de qual será o melhor jogador português de todos os tempos: ou se recusa a validade desse tipo de análises com o argumento de que não existe nenhuma base fiável para comparar a qualidade de jogadores separados por décadas; ou assumem-se alguns pressupostos que reduzam o campo de análise ao que pode ser comparável.

O futebol que se pratica hoje, enquanto indústria (e também jogo), pouco tem a ver com aquele que existia há meio século. Se, por um lado, os atletas de hoje beneficiam de condições de treino e jogo imensamente superiores - que vão desde as infraestruturas à qualidade dos equipamentos, passando pelo acompanhamento médico, tecnologia e outros conhecimentos entretanto adquiridos que contribuem decisivamente para o seu desenvolvimento físico, técnico e tático - por outro, a exigência física e mental que se exige a um jogador de topo é, atualmente, completamente diferente.

Para além disso, existe o enquadramento competitivo: hoje o futebol é uma indústria global, que permite que determinados clubes açambarquem o melhor talento disponível, em claro contraste com as restrições de movimentação de jogadores que existiam no tempo de Eusébio. Seria possível que Ronaldo fosse campeão europeu se continuasse a jogar no Sporting? Pouco provável, por causa do desequilíbrio de forças que existe hoje entre um clube português e os mais ricos da Europa: a única restrição que os tubarões europeus têm na formação das suas equipas é a concorrência de outros tubarões. Se Eusébio jogasse hoje, nunca teria ficado em Portugal mais do que dois ou três anos, e até é possível que vencesse mais troféus europeus do que aquele que conquistou na sua primeira época no Benfica. Ao nível das seleções, no entanto, já é possível estabelecer paralelismos mais fiáveis: Portugal nunca deixou de ser um país mais pobre e com uma base de recrutamento mais pequena do que as outras potências futebolísticas europeias.

Qualquer comparação terá que ser reduzida, portanto, ao palmarés de cada um dos jogadores, aos números que conseguiram, e ao quão dominantes foram no panorama mundial enquanto jogaram. 

No dia 9 de julho de 2016, Ronaldo já não ficava atrás de Eusébio em nenhum destes parâmetros. Pelo contrário, Ronaldo tinha para apresentar: 
  • 3 Bolas de Ouro (contra 1 de Eusébio, usando-se o prémio equivalente que existia na altura, que no entanto excluia Pelé por não jogar na Europa);
  • 3 Ligas dos Campeões contra 1 de Eusébio; 
  • 4 Botas de Ouro contra 2 de Eusébio (como o prémio foi instituído a partir de 1967/68, eventualmente poderia ter ganho uma 3ª); 
  • foi considerado por 8 vezes um dos dois melhores jogadores do mundo (três 1ºs e cinco 2ºs), enquanto Eusébio foi considerado como um dos dois melhores jogadores europeus (só nos anos 90 a votação foi alargada a jogadores de outros continentes) por duas vezes (um 1º e um 2º lugar);
  • ao nível das seleções, Ronaldo chegou a uma final e a duas meias-finais de grandes torneios de seleções no seu currículo, mas em apenas numa delas era o líder da equipa (em 2012, porque em 2004 e 2006 "colou-se" à melhor geração da história do futebol português, liderada por Figo); Eusébio foi a uma meia-final de um mundial. 

Ou seja, Ronaldo superou Eusébio nos mais significativos prémios individuais e triunfos coletivos, e é um jogador de top mundial há um período de tempo muito mais prolongado do que Eusébio o foi no seu tempo.

No passado domingo, ao vencer o Euro 2016, Ronaldo conseguiu o troféu que termina em definitivo com todas as discussões. Deixaram de existir quaisquer bases objetivas para se continuar a considerar Eusébio como o melhor jogador português de todos os tempos. Pode ser difícil para muita gente aceitar esta mudança de paradigma - que atravessou várias gerações inteiras -, mas considerar Cristiano Ronaldo como o melhor jogador português de sempre já não é, como diz o texto do Expresso, uma questão de coragem ou cobardia, nem de responsabilidade ou irresponsabilidade. É uma evidência, que tem de ser assumida sempre que se fizerem exercícios deste género, e que em nada belisca o tremendo jogador que Eusébio foi.

Mas a verdade é que já não se pode dizer ou escrever algo como "Ronaldo é o Eusébio da nossa geração". O paradigma mudou. Quanto muito, pode-se dizer ou escrever que Eusébio foi o Ronaldo das gerações mais antigas.