segunda-feira, 30 de abril de 2018

As novidades do artigo de Bruno de Carvalho no DN: que implicações para o Sporting?

O Diário de Notícias publicou hoje um artigo de Bruno de Carvalho que aborda a atual situação financeira do Sporting. O texto é comprido e envolve alguns conceitos que nem todos perceberão à primeira, mas vale a pena o esforço pela importância do tema. Pode ser lido aqui: LINK.

Vou tentar isolar os pontos mais relevantes do que foi referido pelo presidente e dar a minha opinião sobre as suas implicações para a vida da SAD e do clube.

Em primeiro lugar, há que dizer que este é um bom exemplo do que é boa comunicação. Considerando a complexidade dos temas e a extensão das explicações dadas, o meio escolhido é o mais apropriado - não só pelo alcance, mas também porque é a forma mais fácil de passar a mensagem de forma clara e de evitar mal-entendidos.

Passemos agora aos principais pontos do artigo.


A recompra das VMOCs e a manutenção da maioria da SAD

A grande novidade tem a ver com alteração das condições de recompra das VMOCs. A situação anterior era a seguinte:
  • Existem 135 milhões de VMOCs emitidas em dois momentos diferentes no tempo (55 milhões de VMOCs A e 80 milhões de VMOCs B);
  • Estava prevista a entrada de um novo investidor com a entrada de 18 milhões no capital social da SAD;
  • Estava prevista a emissão de mais 55 milhões de VMOCs (C) que, na prática, iriam servir para o Sporting recomprar 55 milhões de VMOCs A, convertendo-as em ações do clube - o que iria diluir a participação de outros investidores na SAD; ou seja, o capital social iria aumentar em 55 milhões, com o Sporting a ficar com mais 55 milhões de ações; o total de VMOCs ficaria igual, ou seja, no valor de 135 milhões (80 milhões de VMOCs B e 55 milhões de VMOCs C);
  • Dos 135 milhões das VMOCs B e C, o Sporting tinha opção de recompra de 44 milhões;
  • Com a recompra dos 55 milhões das VMOCs A e destes 44 milhões, com a respetiva conversão em ações, o Sporting ficaria com a maioria do capital da SAD.

Em novembro de 2016, a SAD divulgou um quadro a explicar estes números:


O que estava previsto para 2026, com a conversão de todas as VMOCs em ações, era o cenário da coluna à direita deste quadro.

Havia uma outra particularidade: a recompra dos 44 milhões de VMOCs não seria feito pelo valor nominal (1€ por unidade), mas sim pelo valor de mercado das ações acrescido de 20% (tendo como teto máximo 1€ por unidade). Como o valor atual das ações é de 0,70€, se o Sporting optasse por comprar hoje as VMOCs, teria de pagar 0,70€ + 20%, ou seja, 0,84€ por unidade, o que daria um custo total de 37 milhões de euros. Mas, obviamente, seria um valor sempre sujeito a diminuir ou aumentar em função do que o mercado fosse ditando, até ao limite máximo de 44 milhões de euros. O Sporting nunca pagaria mais do que isso.

Agora, a novidade.

Bruno de Carvalho refere duas alterações importantíssimas no âmbito de um novo acordo de reestruturação com a banca (que detêm as VMOCs): a primeira é que o valor a pagar por cada unidade de VMOC passa a ser apenas de 0,30€. A segunda é que deixa de haver o limite de recompra de 44 milhões de VMOCs. Ou seja, o Sporting poderá recomprar os 135 milhões de VMOCs por 40,5 milhões de euros.

Ficou também acordado que fica dispensada a emissão das VMOCs C (que serviriam para recuperar as VMOCs A) e a entrada do novo investidor.

Não havendo a recompra das VMOCs A por contrapartida da emissão das VMOCs C (que aumentaria o peso da participação do Sporting na SAD), a recompra de 44 milhões de VMOCs deixará de ser suficiente para garantir a maioria. Estive a fazer contas por alto e, como poderão ver pelo quadro abaixo que fiz, o Sporting terá de recomprar 58,3 milhões de VMOC para garantir a maioria do capital da SAD - o que ao preço unitário de 0,3€ por VMOC totaliza os 17,5 milhões de euros que Bruno de Carvalho refere no seu texto.


Como é óbvio, são excelentes notícias para o clube, que fica com a possibilidade de ficar com 88% das ações da SAD com um investimento de apenas 40,5 milhões de euros. Qual é a importância disto para o futuro do clube? Bem, para além das questões simbólicas e práticas que a posse da esmagadora maioria da SAD implica, abre também a possibilidade para haver uma margem muito superior para a entrada de novos investidores: o Sporting poderá passar a ter espaço para um investidor com 150 milhões de euros para injetar na SAD sem que a manutenção da maioria de capital fique em risco.


As contrapartidas e os empréstimos obrigacionistas

Bruno de Carvalho refere que os bancos não exigiram nem taxas de juro mais elevadas nem que o Sporting entregasse garantias adicionais pela melhoria das condições da recompra das VMOCs. Quais foram então as contrapartidas dadas pelo Sporting, considerando que não existem almoços grátis? Pelo que me parece, será uma aceleração do reembolso dos empréstimos bancários através da emissão de empréstimos obrigacionistas de valor superior. Um pouco aquilo que o Benfica fez recentemente - pagando aos bancos com dinheiro obtido via factoring -, mas, no caso do Sporting, num ritmo bem mais suave.

Esta conclusão é corroborada por um dos parágrafos do texto de Bruno de Carvalho:
1. A emissão de 15 milhões está alinhada com o acordo com os actuais bancos (NB/BCP) de permitir aumentos de dívida desde que no global a mesma não aumente; a 31 de dezembro de 2017 a dívida bancária reduziu-se 16 milhões já em antecipação a esta possibilidade;

O Sporting aumentará os empréstimos obrigacionistas comprometendo-se a não aumentar a dívida global. Ou seja, pagará aos bancos com a emissão de novas obrigações.

É um cenário que não me incomoda muito (tenho vindo sempre a dizer que o que interessa é a dívida total, sendo secundário se falamos de empréstimos bancários, empréstimos obrigacionistas ou factoring - apesar de o problema da bola de neve ser mais difícil de gerir no caso dos empréstimos obrigacionistas), mas convém ter-se a noção de que as taxas de juro médias vão aumentar - o texto refere que será proposta uma taxa de juro de 6% para as novas obrigações. Também fico com a ideia de que já está definido que os próprios bancos subscreverão uma grande fatia das emissões que serão emitidas. Ou seja, os bancos beneficiarão de taxas de juro superiores às que estão definidas nos empréstimos bancários atuais.

Ainda assim, entre o problema do aumento das taxas de juro e a excelente notícia da melhoria das condições de recompra das VMOCs, não há dúvidas de que este novo acordo com a banca é, globalmente, muito positivo para o Sporting.

domingo, 29 de abril de 2018

8OM8A

Depois de uma derrota inesperada do Benfica frente ao Tondela, o Sporting viu cair-lhe no colo a oportunidade de melhorar as suas hipóteses na luta pelo segundo lugar: uma vitória frente ao Portimonense significaria que passaria a ser suficiente um empate a 0 no dérbi para nos deixar em posição privilegiada para obter a qualificação para a pré-eliminatória da Liga dos Campeões, para além de nos permitir continuar a sonhar pelo menos mais um dia com as remotas hipóteses que ainda nos sobram de vencer o campeonato.

Esperava-se, por isso, uma equipa com vontade de comer a relva para conquistar os três pontos. A entrada em jogo foi boa, o golo surgiu com naturalidade após uma belíssima combinação entre Dost e Bruno Fernandes, o jogo parecia relativamente controlado... mas eis que numa transição rápida o Portimonense empata. Filme muitas vezes visto esta época, infelizmente.

Regresso à estaca zero com o problema de haver apenas mais 45 minutos pela frente, ao qual o Sporting não soube reagir como se desejava. A segunda parte ficou muito aquém das exigências, e só não nos estamos agora a lamentar de (mais) uma oportunidade desperdiçada porque tivemos o privilégio de assistir a isto:


Mais uma 8OM8A do 8 aos 88 minutos e uns pozinhos. Já gastei todos os adjetivos com Bruno Fernandes. Só num país com uma imprensa como a que temos é que pode não ser considerado o melhor jogador do campeonato. A pechincha da década. Joga, faz jogar e nunca tira folga. Um craque que começa a acumular argumentos para ser colocado na galeria dos melhores jogadores que já vi envergar a camisola do Sporting.


Valeu mais três pontos que mantêm o Sporting na crise profunda em que mergulhou há umas semanas, perspetivando-se mais uma semana de intensos debates sobre os problemas que existem em Alvalade. Afinal, apenas continuamos na luta por objetivos importantes no campeonato, estamos na final da taça e ganhámos a Taça da Liga... 

P.S.: Uma palavra de solidariedade para com Ribeiro Cristóvão. Imagino que os acontecimentos da tarde/noite desportiva de ontem não tenham sido nada fáceis de engolir. 



sábado, 28 de abril de 2018

O suspeito de corrupção e o cãozinho que tenta agradar ao dono

Não sei o que é mais pateticamente revelador nesta rábula: o Benfica a fazer-se representar por alguém que é suspeito de prática de corrupção, ou aparecer o Salvador saltar em defesa desse suspeito de corrupção, qual cãozinho a tentar agradar ao dono. Triste, também, ser apenas o representante do Sporting a insurgir-se contra a presença de Paulo Gonçalves - quando devia ser a própria Liga a impor padrões mínimos de dignidade nas suas reuniões.

Sendo Paulo Gonçalves o cabecilha de uma rede corrupta que violava informações em segredo de justiça em proveito próprio ou na perspetiva de prejudicar outros clubes - nomeadamente o Sporting -, é evidente que o Sporting não poderia permanecer calado perante a presença desse indivíduo numa reunião da Liga. Esteve muito bem Bruno Mascarenhas.




sexta-feira, 27 de abril de 2018

Perigo amarelo

Creio que não estarei muito longe da verdade ao dizer que Bas Dost, Gelson Martins e Bruno Fernandes - não necessariamente por esta ordem - são os três jogadores do Sporting que mais atenções têm atraído ao longo desta época. No entanto, tenho a certeza absoluta que nenhum destes três jogadores estará no centro das preocupações de determinadas pessoas durante a próxima partida que o Sporting disputará em Portimão.

As figuras do jogo de sábado serão outras: Rui Patrício, Coates e Battaglia. Não pelo que poderão dar à equipa neste sábado, mas pelo que poderão não dar à equipa na jornada seguinte. Os três atletas estão em risco de suspensão para o dérbi com o Benfica e ficarão de fora desse jogo caso vejam um cartão amarelo frente ao Portimonense. O risco é grande caso o árbitro escolhido pelo CA for para dentro de campo com ideias de alterar o tempero da ultra-decisiva partida da penúltima jornada. Coates e Battaglia são alvos particularmente fáceis por causa das funções desempenhadas em campo - qualquer lance dividido com um adversário que se deixe cair poderá servir de pretexto para o juiz sacar do cartão.

É um filme já muitas vezes visto. No passado, em circunstâncias semelhantes, não me lembro de haver um único árbitro a ser tolerante com jogadores do Sporting perante uma falta que pudesse ser interpretada como sanção para cartão. Por exemplo, quando William viu um amarelo por uma falta feita junto à linha lateral nos descontos do Sporting - Académica em 2013/14 que o deixou de fora da visita à Luz na jornada seguinte - um amarelo aceitável por cortar um "ataque prometedor", mas que já vimos ser perdoado muitas vezes a determinados outros clubes em situações similares. Ou ainda um outro caso - este sim, escandaloso - quando, em 2015/16, Adrien foi impedido de participar na última (e decisiva) jornada em Braga por ter visto um amarelo neste lance:


Aconteceu aos 14', naquela fase em que os árbitros até costumam avisar os jogadores para terem cuidado. Desta vez não houve abébias para ninguém. Foi perfeitamente óbvio para todos os que viram o jogo que o árbitro - Tiago Martins, neste caso - tinha ido para dentro de campo com uma missão. E mal surgiu uma oportunidade, não a desperdiçou.

Da mesma forma que os nossos jogadores costumam ser alvos a abater em circunstâncias destas, é perfeitamente visível a tolerância que os jogadores do Benfica têm tido quando cometem faltas para amarelo. Aposto com quem quiser como Grimaldo, Rúben Dias, Fejsa e Jardel, igualmente em risco, poderão ir tranquilamente a jogo - não só porque o Tondela será uma presa tenrinha (ficarei muito surpreendido se não estiverem a perder por 2 ao fim de 15/20 minutos) que não causará dificuldades que obriguem os jogadores a trabalhar no limite - o pé-na-chapa de Pepa costuma ficar reservado para Sporting e Porto -, mas também porque poderão contar com a habitual tolerância por parte dos homens do apito caso algum acontecimento de jogo fuja do script pré-definido. 

Sejamos compreensivos: não andaram a trabalhar cinco anos para dominar a arbitragem e a enchê-la de mimos e cortesias para depois não poderem usufruir destas pequeninas retribuições quando os momentos decisivos chegam. Retribuições tão pequeninas, que ninguém precisa de ficar de consciência pesada... é só de um cartão amarelo que estamos a falar. Nenhum campeonato se decide por causa de um amarelo...

Quem é que ainda não tem convites? Já tens convite? Não? Então toma lá um! E tu? Tens convite?

Ele é convites para o chefe de repartição das finanças...

(via @EPlurCorruptum)

... ele é convites para a funcionária das finanças que trata dos reembolsos do IRC...

(via @EPlurCorruptum)

... e ele é convites para o senhor das inspeções automóveis que tratou do autocarro mais antigo do Benfica (I shit you not!).

(via @buzz8051)

Tenho quase a certeza de que Rui Pedro Braz aprova entusiasticamente o conteúdo destes emails.

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Benfica to the rescue

Um dos emails ontem divulgados pelo blogue Mercado de Benfica permite perceber o serviço benemérito que o Luís Filipe Vieira faz em prol do futebol português e dos clubes que com ele competem.

Numa altura em que o V. Setúbal passava por dificuldades financeiras particularmente graves - escrevo particularmente porque, infelizmente, é um problema recorrente no clube -, responsáveis do clube sadino contactaram dirigentes benfiquistas no sentido de negociar a transferência de cinco jogadores que ajudassem à resolução dos salários em atraso.

(via @paravertudo)

Tenha sido ou não na sequência deste pedido, o que é facto é que o Benfica viria a contratar dois jogadores ao V. Setúbal na janela de transferências seguinte: primeiro contratando José Fonte, que já tinha rescindido por salários em atraso, e depois ultrapassando o Porto na contratação de Moretto. 

Dois negócios que, curiosamente, acabaram por ser fechados em termos simpáticos para o próprio Vitória, segundo palavras dos intervenientes: a oferta que o Benfica fez por Moretto foi superior ao que o V. Setúbal pedia, e o Benfica ofereceu 50% de uma futura transferência de José Fonte, apesar de não ter qualquer obrigação nesse sentido já que o central era um jogador livre quando foi contratado por Vieira.


O próprio José Fonte revelou, numa entrevista dada muitos anos depois deste episódio, que foi o Benfica a pagar-lhe alguns meses de salários que tinha a receber do V. Setúbal.


Nada disto é ilícito, obviamente, e à primeira vista até foi uma bonita atitude de solidariedade de um clube para com outro... mas conhecendo as peças em questão, não passa pela cabeça de ninguém que não terá havido contrapartidas. Se o mero convite para a bola é o que é, qual terá sido o retorno que o Benfica terá tido com estas valiosas cortesias?

terça-feira, 24 de abril de 2018

Como conquistar o poder em 5 anos

Os emails de Domingos Soares Oliveira divulgados na semana passada pelo blogue Mercado de Benfica não acrescentam propriamente nada de novo em relação ao que já se sabia e se suspeitava sobre as estratégias e formas de atuação do Benfica fora das quatro linhas, mas não deixam de ser bombásticos. Ver toda essa podridão encapsulada em meia dúzia de slides como se de uma banal linha estratégica se tratasse leva qualquer um a pensar que o Benfica foi transformado pelos seus atuais dirigentes numa organização criminosa tentacular que opera sob a capa de um clube desportivo.

Os termos utilizados são bastante claros e não deixam margem para dúvidas sobre aquilo que está aqui em causa.

(via revista Sábado)

Como se sabe, nada disto é novo, e para cada um destes pontos poderia arranjar variadíssimos exemplos de iniciativas levadas a cabo pelo Benfica para os concretizar. Sem grande esforço de memória, aqui vai uma tentativa:

  • "Federação e respectivos conselhos de arbitragem" - colocação de elementos das claques, adeptos e simpatizantes nos cursos de formação de arbitragem; a ação de Ferreira Nunes para assegurar que chegavam à categoria principal os árbitros que interessavam; a presença assídua de Ferreira Nunes no camarote presidencial da Luz; o envio de uma fatura de fees de uma sociedade de advogados por parte de Ferreira Nunes para o Benfica; os pedidos e conselhos de Adão Mendes; os padres; as centenas de convites do ”rei das borlas” no “interesse exclusivo do SLB”; a rede de meninos queridos; a resistência à implementação do VAR; as ameaças de Vítor Pereira em vésperas de jogos com o Benfica denunciadas por Marco Ferreira, que resultariam na sua despromoção.
  • "Poder político" - os convites e viagens oferecidos a membros do Governo (primeiro-ministro, ministros, secretários de estado e assessores), deputados, presidentes da câmara e vereadores; a apatia do IPDJ e do Secretário de Estado do Desporto perante as claques ilegais do clube; os benefícios alegadamente obtidos em todo o processo de construção e amplicação do centro de estágios.
  • "Meios de comunicação / Media" - colocação de uma legião de benfiquistas fanáticos nos programas de comentário supostamente isento sobre futebol; criação e promoção dos Guerras e dos Venturas; a evidente promiscuidade de um relacionamento muito próximo com elementos das direções dos jornais desportivos; a avença de Afonso de Melo, do jornal i; o plano de avenças de Carlos Janela para ter vários jornalistas a dar informações e a divulgar propaganda do Benfica; as cartilhas; o blogue Verdade Desportiva.
  • "Judicial" - convites para a Comissão de Honra de Vieira para vários juízes e quadros da PJ e PSP; convites para o camarote presidencial de dezenas de juízes com a ajuda do juiz Pedro Mourão; recurso a toupeiras para obter informação em segredo de justiça em que o clube ou os rivais eram partes interessadas.


Há que dar a mão à palmatória e reconhecer que pensam em tudo. Em tudo. 


Ofertas personalizadas a juízes, deputados, políticos, autarcas? Isto é a assumpção de tentativas de corrupção em massa.

Empréstimos e jogadores, apoios nas infra-estruturas a outros clubes para obter maior capacidade de influência na AF Lisboa? Basta recordar o estranho negócio Dálcio com o Belenenses ou as recentes promessas de Vieira para apoiar o Atlético.

Colocar treinadores da formação na FPF? Não espanta que depois surjam situações como a da última convocatória dos sub-17, em que, dos 25 jogadores convocados pelo selecionador Rui Bento, 14 são do Benfica. Num escalão em que o Sporting é campeão em título e em que o Porto é atual líder, há titulares destas equipas que ficam de fora por terem sido suplantados por suplentes do Benfica. Alguém acha isto normal?

Emprestar jogadores impondo treinadores? Não espanta que depois apareçam os Pepas da vida que prometem "pé-na-chapa" contra uns e são uns autênticos cordeirinhos a marchar para o matadouro contra o Benfica? O que é facto é que se vão sucedendo episódios estranhos, como o magnífico autogolo de Ponck - jogador emprestado pelo Benfica ao Aves - no domingo passado, que garantiu a manutenção do Tondela em véspera da visita à Luz, ou as ausências de João Amaral e Victor Andrade dos jogos com o Benfica.

Os objetivos que estão por detrás de todas estas cortesias são cristalinos e os resultados têm sido perfeitamente visíveis.

Mas, de tudo o que se soube nesta última semana, há uma coisa que me choca acima de tudo isto. Uma coisa que, sendo de uma dimensão insignificante e que nada tem a ver com questões desportivas, demonstra de forma clara a podridão moral de quem manda no Benfica. Refiro-me a isto:

(via @zerapaz)

Perante um assalto (de valor material insignificante, mas, ainda assim, um assalto) a um parceiro comercial do Benfica, havendo provas em vídeo que identificavam o autor do crime (porque não deixa de ser um crime) como sendo um membro de uma das claques, como reagiram os responsáveis do clube? Encobrindo o roubo.

É chocante, mas, mais uma vez, não devíamos ficar surpreendidos: falamos do mesmo clube que paga as custas judiciais de elementos da claque em julgamentos por tráfico de droga usando um escritório de advogados como intermediário para fazer sumir o rasto do dinheiro - como podem recordar aqui: LINK.

Isto foi o que se ficou a saber apenas de um arquivo relativamente reduzido de Domingos Soares Oliveira - o Mercado de Benfica apenas disponibilizou a pasta de Deleted Items dos emails enviados entre 2010 e 2012, ou seja, numa altura em que o Benfica ainda não controlava os bastidores do futebol português. O que é facto é que o plano quinquenal de tomada de poder no futebol português resultou em pleno e hoje o panorama é bem diferente, pelo que nem imagino o que terá o arquivo de emails de gente como Domingos Soares Oliveira ou Paulo Gonçalves entre 2015 e 2017. Talvez não seja necessário esperar muito: é que o Mercado de Benfica anunciou entretanto que disponibilizará mais 14 gigas de emails de Domingos Soares Oliveira já amanhã...

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Não faz isso, Bruno...

Mais dois pormenores deliciosos de Bruno Fernandes, durante o jogo de ontem.







The Day After (@3295c_)

Novo texto do 3295c.



No dia em que se ficou a conhecer um email - mais um para a conta dos 20Gb que andam a ser escrutinados -, desta vez envolvendo Domingos Soares Oliveira num eventual plano para controlar a arbitragem, os políticos, a justiça e até a comunicação social num documento “pessoal e comprometedor” (cito a reportagem da SIC Notícias), “publicado num conhecido blogue anti-Benfica, cuja autoria se desconhece, mas que entretanto está já a ser investigado pela Polícia Judiciária” (continuei a citar a mesma reportagem).

Não preciso de falar sobre o conteúdo do email, pois todos já o leram nas notícias. O que interessa, neste caso, é o chamado “the day after”.

Tal como em todos os outros mails anteriores que foram já tornados públicos, nunca houve, até aos dia de hoje uma negação peremptória dos factos gravíssimos que têm vindo a público sobre comportamentos, escolhas, decisões, pedidos, tudo actos de gestão do outro lado da estrada. Pelo contrário. Ouvimos, sim, o porta-voz dos advogados do clube da Luz, João Correia, na próprio canal de televisão do Clube dizer: “É absolutamente essencial que o Ministério Público e a Polícia Judiciária venham aqui a esta casa e verifiquem se aquilo que é divulgado pelo Porto Canal corresponde ou não à realidade” [16 de Outubro de 2017].

Pior. No site do próprio clube, está escrito o seguinte: “Porta-voz da equipa de advogados do clube explicou na SIC e na SIC Notícias os motivos pelos quais este está a notificar todos aqueles que se “apoderaram do seu sistema informático”, “descarregando, acedendo e divulgando emails”, um crime claro e onde o Benfica - como “agredido” - “reage” em legítima defesa”.

Admitem que é tudo deles. João Correia diz na mesma entrevista que, juridicamente, não interessa se os mails são verdadeiros ou não, se estão truncados, se são verdadeiros ou não. Juridicamente, pode não ser relevante, mas criminalmente é o cerne da questão. Aliás, não sei se serei o único a ficar confuso com esta incongruência: não interessa se os mails são verdadeiros, mas passem-nos cá que são nossos e não têm que mexer nas nossas coisas.

Não será necessário fazer o filme de tudo o que se passou entretanto, lembrar apenas que já foram feitas buscas a várias residências de dirigentes, do próprio presidente - apanhado na Operação Lex, do casal de juízes Rui Rangel e Fátima Galante -, do próprio clube, de um alto responsável hierárquico, que ficou detido uma noite, sendo libertado na manhã seguinte. Saldou-se a prisão preventiva do funcionário de um tribunal que passava informações sobre processos do interesse do Benfica, próprios ou de adversários.

Gostaria de acreditar - porque na verdade não sei se é assim que está a situação das investigações judiciais -, que não se focou, apenas, os esforços na busca dos delatores, hackers, blogueiros, heróis, criminosos, o que queiram chamar aos que têm divulgado os emails da controvérsia. Acredito que também prossegue, a bom ritmo, uma exaustiva investigação para saber o que significa tudo aquilo que tem vindo a público e que já todos percebemos que tem de ser levado a sério porque os verdadeiros autores reclamam o conteúdo como seu.


Já não é apenas um clube, o futebol, o desporto (pela dimensão do assunto) que estão em causa. É, igualmente, a justiça. Que não está, realmente, a passar a melhor fase da sua existência em democracia. O hiper-mega-processo resultante da Operação Marquês está a provocar brechas demasiado grandes para não terminar em desgraça. Também. Parece, o Ministério Público, não conseguir arranjar provas que não suscitem dúvidas razoáveis para a culpabilidade do arguido e, misteriosamente, surgem as gravações dos interrogatórios escarrapachados num canal de informação, travestidos de reportagem jornalística, num claro julgamento público em HD.

O caso do clube ali ao lado é diferente. Assenta como uma luva no princípio utilizado pela Wikileaks, de subversão para revelar o lado podre de quem tem poder e torce-o em proveito próprio, aniquilando os adversários. O contrário de jogo limpo.

O bom do caos é que a partir dele vem, evolutivamente, a ordem. Digo evolutivamente porque o futebol português tem neste momento importante, uma oportunidade de se colocar em ordem. Evoluir.

Entretanto, não se admirem de Portugal não levar um só árbitro ao Mundial, quando foi uma das seis ligas em todo o Mundo a ser pioneira no uso do VAR. A Inglaterra também não leva nenhum árbitro, mas a Premier League não foi uma das seis a estrear o vídeo-árbitro, ou seja, nem a experiência nos valeu.

Para terminar como se começou, uma pergunta que fica: que relação poderá haver entre os elogios - onde se inclui os de Luís Filipe Vieira - à “estrutura” do Benfica e dos seus reconhecidos evangelizadores da mensagem de sucesso do caminho trilhado até aqui, no futebol, com a mensagem agora divulgada de Domingos Soares Oliveira, com cinco anos de diferença, os mesmos do famoso plano que terminaria em 2018, com o tão desejado penta?

“A estratégia terá sido apresentada através de slides, na VIII Reunião de Quadros do Benfica, em junho de 2012, e passava por "aumentar a influência/controlo" sobre a "Federação e respetivos conselhos de arbitragem, poder político, meios de comunicação/media e [poder] judicial”. Para atingir aquele fim, importava "definir e implementar uma estratégia coerente a cinco anos, partindo de um diagnóstico sobre as envolventes internas e externas (federativo, político, comunicação e judicial)", apontava o slide.” [in Jornal de Notícias].

Isto está realmente a ficar cada vez pior. Extraordinário fim de época que aí vem! O melhor de tudo vai ser o Jamor. E o seu Day After.

Duas goleadas e uma desilusão

Num dia de Sporting tão preenchido e com tanto para falar, vou adotar uma abordagem um pouco diferente da habitual.


Foto: Pedro Rocha / Global Imagens
Goleada de 3-2 no voleibol - num jogo absolutamente extenuante - fisicamente para quem esteve na quadra, emocionalmente para quem esteve nas bancadas - que ultrapassou as duas horas e meia de duração, o Sporting alcançou uma vantagem de 2-1 na final ao golear o Benfica por 3-2 (hey, se o Rui Vitória diz que goleou o Estoril por 2-1, então os outros também têm esse direito, mesmo em desportos onde não existam golos). Um jogo que mais pareceu uma montanha russa, tantas foram as alterações de momentum: primeiro set dominado pelo Sporting, que parecia ter também o segundo set controlado mas acabando por deixar o Benfica recuperar e igual a partida; terceiro set dominado pelo Sporting, respondendo o Benfica com um quarto set avassalador, tirando proveito da falta de acerto do Sporting no serviço e no bloco. Decisão na negra, com o Benfica a entrar mais forte, chegando a estar a vencer por 6-9 (confesso que pensava que tinham o jogo na mão). No entanto, respondeu o Sporting com uma ponta final demolidora, recuperando e vencendo por 15-13 perante um pavilhão completamente ao rubro. Aqui fica a recuperação do Sporting no set decisivo. Vale a pena ver.


Goleada de 1-0 no futebol - nova vitória no jogo que encerrou um ciclo infernal de 7 jogos em 24 dias, que incluiu dois desgastantes confrontos com o Atlético Madrid e uma eliminatória com direito a prolongamento e penáltis com o Porto. Foi, provavelmente, a vitória mais tranquila por um golo que me lembro ver: o Boavista nunca conseguiu incomodar o Sporting, que levou ao limite a ideia de gerir o resultado em função das evidentes limitações físicas da maior parte dos seus jogadores. Diga-se de passagem que Jesus pouco fez para atenuar esse desgaste, fazendo uma única alteração em relação ao jogo com o Porto (Ristovski por Piccini) - foi estranha, por exemplo, a ausência de Wendel do onze e até do banco. Ainda assim, há que dizer que o Sporting, com mais acerto na finalização, poderia efetivamente ter goleado: Vagner negou um golo a Dost e dois a Gelson, com Bruno Fernandes a desperdiçar uma outra situação de vantagem numérica, enquanto o Boavista nem uma oportunidade de perigo conseguiu criar. Jesus foi refrescando a equipa em função dos constrangimentos físicos: Mathieu ficou no balneário ao intervalo e Acuña rebentou a meio da segunda parte. Destaque pela positiva para Petrovic que, mais uma vez, se revelou muito confortável no papel de central.



Desilusão no futsal - afinal, o ditado que se aplicou não foi "às três é de vez", mas sim "não há duas sem três". O Inter Movistar mostrou estar um patamar acima e superiorizou-se ao Sporting por 5-2. Infelizmente, a diferença de competitividade do campeonato espanhol para o português faz com que o Inter tenha outro andamento. Ainda assim, exibição meritória de uma equipa do Sporting que, apesar deste desaire, continua a ser um motivo de orgulho para todos os adeptos que fazem questão de acompanhar a modalidade.

domingo, 22 de abril de 2018

Passo em frente, passo de gigante e um dia que desejamos que seja histórico

Passo em frente

Após ter sido derrotada no Pavilhão da Luz por uns concludentes 3-0 no jogo 1 da final de voleibol, a equipa do Sporting reagiu ontem da melhor maneira aplicando uma vitória também de 3-0 sobre o Benfica. Uma excelente exibição que não deu hipóteses de resposta aos atuais campeões nacionais a partir de meio do 1º set.

O jogo 3 é às 15h de hoje no Pavilhão João Rocha, numa partida que merece um pavilhão a abarrotar pelas costuras.



Passo de gigante

A equipa de andebol foi ao Dragão Caixa vencer o Porto por 30-27, em mais uma exibição categórica. Mesmo com as ausências de Carlos Ruesga e Ivan Nikcevic, a equipa comandada por Hugo Canela teve o controlo do jogo durante a maior parte do tempo e não abanou quando, a meio da segunda parte, o Porto conseguiu aproximar-se em alguns golos no marcador.

Ao contrário de anos anteriores, esta equipa parece psicologicamente inabalável. Em vantagem sabe controlar de forma perfeita o ritmo de jogo e mantém-se concentrada e coesa quando os adversários conseguem ganhar alguma embalagem.

Com a segunda vitória da época (e da história) da equipa de andebol do Sporting no Dragão Caixa, foi dado um passo de gigante rumo à conquista do bicampeonato. Seguem-se agora mais dois jogos de dificuldade máxima: vamos ao Flávio Sá Leite defrontar o ABC e recebemos o Benfica no João Rocha. Vencendo esses dois jogos, o Sporting garante matematicamente o título (só não se sagra campeão de imediato porque precisa de comparecer nos restantes jogos, já que as derrotas no andebol valem 1 ponto).



Um dia recheado de Sporting que poderá ser histórico

O Sporting receberá o Boavista às 20h30 num Estádio José Alvalade esgotado, mas essa partida está longe de ser o prato forte de um domingo recheado de emoções. Às 19h, o Sporting defrontará o Inter Movistar na final da UEFA Futsal Cup. O jogo pode ser acompanhado na Sporting TV, mas também nos ecrãs gigantes do Pavilhão João Rocha - um aliciante adicional para quem for apoiar a nossa equipa de voleibol no jogo 3 da final, às 15h.

Tragam de lá o caneco, rapazes!

sábado, 21 de abril de 2018

Que à terceira seja de vez!

O Sporting assegurou na tarde de ontem o apuramento para a final da UEFA Futsal Cup, ao vencer o Gyor por 6-1. Uma vitória confortável construída muito rapidamente graças a uma entrada demolidora no jogo, com destaque para a exibição de Alex Merlim. O mago marcou um golo e assistiu Cardinal noutros dois, tendo os restantes golos sido apontados por Cavinato, Diogo e Dieguinho.

O Sporting participará na sua terceira final nesta competição, e defrontará no domingo o Inter Movistar, ou seja, teremos uma reedição da final da época passada - mas que esperamos, obviamente, que tenha um desfecho bem diferente.

Fica aqui o resumo do jogo de ontem.



sexta-feira, 20 de abril de 2018

Todos os caminhos vão dar a Saragoça


A meia-final da UEFA Futsal Cup é já daqui a pouco, às 17h, com transmissão na Sporting TV. Força, rapazes! Vamos a mais uma final!


Minutos, minutos e mais minutos

O jogo do próximo domingo contra o Boavista encerra um período prolongadíssimo em que o Sporting teve que suportar um ritmo infernal de duas partidas por semana. A presença em fases bastante adiantadas (no caso das taças internas foi mesmo até ao fim) nas quatro frentes acaba, como é natural, por trazer dificuldades adicionais que o grupo de trabalho tem de ultrapassar, quer do ponto de vista da exigência da resposta física que os jogadores têm de dar, quer ao nível da qualidade média dos adversários que há para defrontar.

Só em 2018, o Sporting já realizou 26 partidas (duas das quais foram a prolongamento) para quatro competições diferentes, contra 21 do Porto e 15 do Benfica. São diferenças abissais com óbvias implicações físicas, mas também ao nível do foco no campeonato e da disponibilidade para treinar. 

Claro que estar envolvido em muitas competições é o cenário que qualquer treinador, jogador, dirigente e adepto deseja, mas não se pode deixar de olhar para os danos colaterais que esta intensidade competitiva causa numa equipa. No caso do Sporting, tem sido perfeitamente visível a infernal onda de lesões que tem vindo a dizimar o plantel. Ontem foi Piccini, que se junta a André Pinto, Podence, Bruno César, Rafael Leão e William Carvalho na enfermaria do departamento médico do Sporting, por onde também tiveram passagens prolongadas outros jogadores como Dost, Gelson, Coentrão, Doumbia ou Mathieu.

A exigência física a que os jogadores sportinguistas têm sido submetidos - nomeadamente em comparação com os rivais - acaba por ser bem traduzida no gráfico seguinte, que contém os jogadores mais utilizados do três grandes nesta época:


Excluindo Rui Patrício que, sendo guarda-redes, não entra nas contas na questão do desgaste, podemos ver que Coates, o jogador mais utilizado do Sporting, tem mais 37% de tempo utilizado que André Almeida, o jogador mais utilizado do Benfica.

No entanto, o que mais me impressiona neste gráfico é o tempo de jogo acumulado por Bruno Fernandes - que, jogando numa posição de enorme desgaste, tem conseguido manter um nível exibicional elevadíssimo - e também de Gelson, que consegue ser simultaneamente o maior desequilibrador individual do Sporting e um trabalhador incansável no apoio ao seu lateral.

Após o jogo com o Boavista, o Sporting cumprirá os quatro jogos que restarão (Portimonense, Benfica, Marítimo e Aves) ao ritmo de uma partida por semana. Acabará a época com 60 partidas oficiais realizadas, sendo que grande parte do plantel ainda somou mais uma série de jogos pelas respetivas seleções (de todos os jogadores do Sporting no gráfico acima, apenas Mathieu, Battaglia e Piccini não foram chamados para compromissos internacionais dos seus países).

A excelente prestação que o Sporting teve em todas as competições (com exceção do campeonato, onde, mesmo assim, ainda há uma minúscula esperança de reentrar na corrida), apesar dos constrangimentos que essa carreira implicou, acaba por servir de comprovativo do aumento de qualidade do plantel em relação à época passada. Não é um plantel perfeito - a lacuna do 2º avançado, por exemplo, tem sido complicada de suprir -, mas não me lembro de ver, de há muito tempo para cá, um plantel com tantas alternativas de qualidade para a maior parte das posições.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Imagens de uma noite memorável

Nada está ganho, mas a noite de ontem merece ser saboreada pelo importantíssimo passo que foi dado rumo a um objetivo que todos desejamos alcançar. Aqui fica um pequeno vídeo com algumas das imagens dos festejos que se seguiram ao apuramento para a final da Taça de Portugal.

Música dos Supporting.





No Jamor!

O Sporting garantiu a presença na final da Taça de Portugal numa partida particularmente complicada de descrever. Não foi um apuramento alcançado com brilhantismo, já que a exibição foi medíocre durante grande parte do jogo, mas, por outro lado, também não foi um apuramento injusto, considerando o que se passou a partir do momento que o Sporting passou a dominar as operações em campo. 

O Porto trouxe para Alvalade uma lição bem estudada e conseguiu, durante muito tempo, reduzir o jogo do Sporting a "joguinho". Felizmente, o Sporting soube (e bem) aproveitar os erros do adversário para, num esforço final, igualar a eliminatória e levá-la para um terreno onde se tem sentido muito confortável ao longo da época: o desempate por penáltis.




No Jamor! - depois da eliminação da Liga Europa e de se ter colocado numa situação em que a vitória no campeonato é pouco mais do que uma miragem, a vitória na Taça de Portugal é aquilo que separa uma época fracassada de uma época que poderá ser considerada positiva. Obviamente que nada está ganho e que o Aves é um adversário que deve ser respeitado - caso contrário sujeitamo-nos a uma surpresa muito desagradável -, mas não se pode relativizar a importância do apuramento que foi ontem conseguido contra um Porto moralizado pela posição privilegiada que ocupa para se sagrar campeão nacional e que partia para esta segunda mão da eliminatória em vantagem, e à distância de apenas um golo marcado para assegurar a presença na final. Mas no momento da decisão, os jogadores tiveram huevos, souberam aproveitar os erros dos adversários e fizeram aquilo que precisava de ser feito. Não foi um jogo bonito, mas ninguém se lembrará da qualidade da exibição quando, a 20 de maio, se der o pontapé de saída da final da Taça no Jamor.

O período em que o jogo virou - avaliando a estratégia que os dois treinadores montaram para a partida, não há quaisquer dúvidas de que Sérgio Conceição levou a melhor sobre Jorge Jesus: ao abdicar de um avançado para reforçar o miolo, conseguiu controlar quase por completo as tentativas de construção do Sporting, que só através de uma ou outra iniciativa individual de Gelson conseguiu abanar a organização portista. É verdade que isso levou também a que o Porto acabasse por criar pouquíssimas ocasiões de perigo, mas era algo com que podiam viver bem, pois o 0-0 era um resultado que lhes servia. Até que veio o período em que o jogo virou, a cerca de quinze minutos dos noventa, devido às substituições operadas pelos dois treinadores: não tanto pelo que Jesus fez - foi obrigado a meter Ristovski por causa da lesão de Piccini, que correu bem, pois a ala direita ganhou muito mais dinamismo, e lançou um Montero que pouco acrescentou no tempo regulamentar -, mas sobretudo pelas (más) alterações de Sérgio Conceição. Ao trocar Soares por Aboubakar perdeu por completo o ataque - o camaronês entrou muito mal e foi presa facílima para os centrais do Sporting - e ao tirar Octávio e Óliver perdeu o meio-campo. Pior, o facto de ter queimado as três substituições com o resultado em 0-0 acabou por lhe retirar margem de manobra para reagir a um eventual golo sofrido. O Sporting ficou por cima, fisicamente e psicologicamente, mesmo numa situação em que, teoricamente, tinha menos margem para errar do que o Porto. É claro que Sérgio Conceição (que para mim, ganhando o campeonato, será indiscutivelmente o treinador do ano) não podia prever o erro de Marcano, mas não devia ter queimado a terceira substituição e abdicar da hipótese de lançar Marega para explorar o contra-ataque. Com o desgaste acumulado, a velocidade do maliano seria uma arma muito difícil de conter. Ao Porto continuava a bastar conseguir um golo no prolongamento para resolver a eliminatória, mas as substituições retiraram por completo a capacidade de o procurar. 

Esforço e dedicação no prolongamento - por incrível que pareça, sabendo-se do desgaste acumulado pela disputa sucessiva de jogos de 3 em 3 ou de 4 em 4 dias, o Sporting conseguiu impor-se fisicamente ao Porto no prolongamento. Creio que a rede montada por Conceição e a pressão que os seus jogadores impuseram sobre o Sporting acabaram por ter consequências físicas que se começaram a notar a partir dos 70, 75 minutos de jogo - um pouco à semelhança do que já tinha acontecido no Sporting - Porto para o campeonato. De qualquer forma, isso não retira mérito aos nossos jogadores, pois não ficou gota de suor por transpirar nem reserva de energia por gastar. O esforço e a dedicação foram máximos e levaram-nos aos penáltis, onde a comprovada competência da equipa fez o resto.

3 em 3 - quando uma equipa vence três eliminatórias (duas na Taça da Liga e uma na Taça de Portugal) nos penáltis, não se pode falar em sorte. Rui Patrício desta vez não defendeu nenhuma bola, mas ao nível da marcação os jogadores chamados a bater estiveram irrepreensíveis. Lotaria, não. Isto é competência.



Jamor, aí vamos nós!

quarta-feira, 18 de abril de 2018

M*rdas que só mesmo connosco, nº 17: Not so fast, dutch boy

O jogo do passado domingo entre Belenenses e Sporting foi particularmente rico em casos polémicos e situações invulgares. Por exemplo, apesar de o VAR ter sido pouco utilizado até agora para esclarecer confusões em molhadas de jogadores na área, só neste jogo houve direito a dois penáltis assinalados neste tipo de situações. Mas o momento da noite - no que a acontecimentos bizarros diz respeito - foi outro. Não sigo de perto todos os campeonatos que já adotaram o VAR, mas arrisco a dizer que foi uma situação inédita no futebol mundial.

Aos 72 minutos, na sequência de uma marcação de um canto, Bas Dost é atingido numa disputa de bola com Yebda e cai ao relvado enquanto o jogo prosseguia. A bola é bombeada para fora das quatro linhas e André Moreira, guarda-redes adversário, chama a atenção para a necessidade de o holandês ser assistido. A equipa médica assiste Dost e leva-o para fora do relvado para a partida poder prosseguir.

Acontece que o jogo não seria imediatamente reatado. O árbitro é alertado pelo VAR para uma possibilidade de existência de falta na área, analisa as imagens, vê que a carga de Yebda foi com o cotovelo e assinala penálti a favor do Sporting. Mostra também cartão amarelo ao jogador do Belenenses pela falta dura, que era o seu segundo na partida e, consequentemente, dá-lhe ordem de expulsão.

Dost reentra no relvado, pega na bola para marcar penálti... mas Bruno Paixão mostra-lhe amarelo por não ter tido autorização para regressar para dentro das quatro linhas e ordena que saia de campo até o jogo ser reatado. Acontece que Dost é o marcador dos penáltis... e não podendo entrar antes de o jogo ser reatado, então não podia bater o penálti que o árbitro acabara de assinalar.


A decisão de Bruno Paixão é defensável segundo o que estipulam as regras, de acordo com o que disse o ex-árbitro Pedro Henriques. Um jogador que sai para ser assistido com a partida parada só pode reentrar depois do recomeço do jogo, mas, neste caso, há um outro pormenor que complica a situação: segundo as regras que entraram em vigor na temporada passada, um jogador que sofre uma falta que vale amarelo ou vermelho ao adversário que a cometeu, não precisa de sair após ser assistido. Ou seja, Dost não precisava de sair de campo receber assistência médica.

Acredito que não existam indicações específicas para como os árbitros deverão proceder em situações destas, mas parece-me claro que, segundo o espírito que está por detrás da implementação do VAR e da regra que permite a um jogador assistido manter-se em campo caso tenha sofrido uma falta merecedora de cartão, Dost deveria ter podido manter-se no relvado. Creio que terá havido aqui excesso de zelo por parte do árbitro.

Dost foi penalizado por sofrer uma pancada dura à margem das leis, foi duplamente penalizado quando foi obrigado a ficar de fora no reatamento do jogo, foi triplamente penalizado por ter visto cartão amarelo por regressar sem uma autorização do árbitro de que não deveria necessitar, foi quadruplamente penalizado por não poder assumir a sua função de principal marcador de penáltis da equipa, e foi quintuplamente penalizado por não ter tido a oportunidade de se aproximar de Jonas na lista de melhores marcadores. 

Mais uma daquelas coisas que só nos acontece a nós. Neste caso, foi apenas um episódio curioso que não chegou a ganhar dimensões trágicas... porque, felizmente para o Sporting, Bruno Fernandes é também um marcador de penáltis bastante jeitoso. Imaginem se tem falhado...


Para ler ou reler as restantes M*rdas que só mesmo connosco, carregar aqui: LINK.

terça-feira, 17 de abril de 2018

"Queremos bons e fortes rivais"

No passado sábado, em visita a Alcácer do Sal, o estadista que lidera os nossos vizinhos da segunda circular fez mais um discurso banhado de descaramento e hipocrisia. No seu estilo habitual, Vieira referiu que quer rivais "bons e fortes", que valorizem as vitórias do Benfica:


A oportunidade destas palavras é uma pequena maravilha, considerando que estamos a falar do presidente que inventou os acordos de cavalheiros que afastam jogadores dos adversários das partidas com o seu clube, como todos nos lembramos das exclusões sucessivas de Miguel Rosa e Deyverson. Uma violação descarada dos regulamentos que continua a ser prática corrente nos jogos do Benfica, olhando para aquilo que tem acontecido nas últimas partidas do campeonato.

Comecemos pelo que se passou na 28ª jornada:


Hurtado

O Benfica recebeu o V. Guimarães em jogo a contar para a 28ª jornada. Os visitantes não utilizaram um dos seus habituais titulares: Paulo Hurtado. O motivo da ausência do peruano foi a suspensão de um jogo que lhe foi aplicada por ter visto o 5º amarelo na partida anterior, ao tirar a camisola ao festejar um golo.


Sendo uma exclusão completamente desnecessária, não deixa de ser uma situação que vai acontecendo nos relvados portugueses com alguma frequência. Podemos lembrar-nos, por exemplo, de uma atitude idêntica de Gelson Martins, que ficou de fora do jogo com o Porto quando retirou a camisola após marcar o golo da vitória contra o Moreirense. 

O que não é tão normal é que Hurtado tenha conseguido, desta forma, ver-se excluído de um jogo com o Benfica... pela segunda vez nesta época. É que já na primeira volta também ficou de fora contra o Benfica porque iria ter um jogo da seleção... seis dias depois.


O V. Guimarães recebeu o Benfica no dia 5 de novembro. Hurtado tinha um jogo no Perú contra a Nova Zelândia no dia 11. Sendo uma partida importante para o apuramento para o mundial, não era propriamente um intervalo de tempo proibitivo que o impedisse de estar presente nas duas partidas. Já vi jogadores a ficarem de fora por chegarem aos clubes em cima da hora após compromissos internacionais disputados dois ou três dias antes. Jogadores a ficarem de fora de um compromisso importante dos seus clubes porque daí a seis dias vão ter um compromisso internacional... já não me parece uma coisa normal.


Amaral

Considerado por muitos o mais importante jogador do V. Setúbal, João Amaral também ficou de fora da receção ao Benfica, referente à 29ª jornada. Neste caso não houve qualquer explicação oficial por parte dos vitorianos, mas as notícias que foram veiculadas revelam um esquema bastante rebuscado.


Sendo uma notícia CM, vale o que vale, mas é factual que João Amaral foi utilizado na 28ª jornada e na 30ª jornada. Na realidade, o jogo com o Benfica foi a primeira e única partida da época em que o jogador não foi utilizado.

A ser verdade que o jogador tem um vínculo com o Benfica, este ainda não pode estar em vigor. O jogador não é emprestado pelo clube encarnado, e, como tal, o Benfica não podia forçar a sua ausência.

O que é facto é que, mais uma vez, o Benfica defrontou uma equipa estranhamente desfalcada.


Victor Andrade

O jogador Victor Andrade já foi atleta do Benfica, que continuam em posse de uma parte dos seus direitos económicos. Estranhamente ou talvez não, Victor Andrade estará de fora na 31ª jornada na receção do Estoril ao Benfica por ter sido expulso quando estava no banco de suplentes. O brasileiro foi titular em Portimão, tendo sido substituído aos 59 minutos. Um quarto de hora depois, foi expulso por protestos.



Não é novidade: na 1ª volta, Victor Andrade foi ininterruptamente titular no Estoril entre a 10ª e 17ª jornada... com exceção da 14ª jornada, quando o Estoril se deslocou à Luz. Nesse jogo, o brasileiro nem sequer foi convocado. Mais uma coincidência daquelas.

Certamente que terão existido outros exemplos idênticos ao longo da época, pois acordos de cavalheiros há muitos. Já nem entro pela legião de jogadores que a estrutura de Vieira contrata para emprestar, sabendo que poderão defrontar os seus rivais diretos mas não o próprio Benfica, nem sequer nos Tondelas da vida que jogam de pé na chapa contra Sporting e Porto mas se comportam que nem carneiros mansos quando jogam contra o Benfica.

É assim a Liga Portuguesa. Não bastam as influências na arbitragem e na disciplina, promiscuidade a rodos com clubes amigos, há também estes expedientes para enfraquecer os adversários. Isto é que é jogar forte em todos os tabuleiros.

E diz Vieira que gosta de adversários fortes. Deixa-me rir...

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Dor em direto




Paixão por Bruno

Sabendo da derrota do Benfica no clássico, o Sporting foi a jogo (que começou atrasado 13 minutos por demora dos jogadores do Belenenses em subir ao túnel de acesso - gostava de saber o que se terá passado) com o conhecimento de que dependia apenas de si para conseguir chegar ao 2º lugar. Esse importante pressuposto para o que resta da época impunha, obviamente, que a equipa saísse do Restelo com os três pontos no bolso.

Nesse sentido, o jogo não podia ter começado de pior forma: Bruno Paixão decide penalizar o Sporting com (mais) um penálti que não se assinalaria contra nenhum outro candidato ao título. A perder desde cedo, o Sporting reage categoricamente com um vendaval de futebol proveniente dos pés de Bruno Fernandes e vira o resultado, e levando dois golos de vantagem para o intervalo. Tentou adormecer o jogo na segunda parte, mas nem o Belenenses nem Bruno Paixão foram na cantiga: grande jogada pela esquerda na origem do 2-3 e novo penálti que ninguém assinalaria a Benfica ou Porto para o 3-3.

Valeu-nos a jurisprudência criada por Bruno Paixão na decisão do primeiro penálti para assinalar um penálti a favor do Sporting, que resolveria o jogo. Houve muito Bruno (Paixão), mas, felizmente, acabou por haver muito mais Brunão.




Brunão - mais uma exibição portentosa. O passe para o golo de Dost é de uma categoria assombrosa: tenso e com uma precisão milimétrica para facilitar a receção orientada do holandês. Assistência para Gelson. Participação na jogada do terceiro golo. E não tremeu na marcação do penálti. Para além de outras iniciativas de ataque deliciosas. Só não esteve perfeito num par de ocasiões de remate de que dispôs na área do Belenenses. Está com números estratoféricos que só surpreenderão quem não o vê jogar. Não deve haver sportinguista que não sinta uma arrebatadora paixão pelo Brunão.

A reação ao primeiro golo - depois de mais um penálti que só se marca contra o Sporting, a equipa não podia ter tido melhor reação. Não tardou a conseguir o empate e dispôs de variadíssimas oportunidades até alcançar a vantagem com que foi para o intervalo. Uma resposta que deve ser valorizada se considerarmos as dificuldades que o Belenenses causou recentemente a Benfica e Porto.

Bryan a 8 - não tendo estado ligado de forma tão direta aos golos, é justo que se refira o excelente jogo que fez. Enquanto 8, tem sido capaz de dar a ligação entre setores de que a equipa precisa e de dar os equilíbrios defensivos necessários, pelo menos enquanto não rebenta fisicamente. Está em muito boa forma.

A defesa de Patrício a segurar a vitória - Florent tentou cruzar, mas a bola seguiu caprichosamente para o canto superior oposto da baliza do Sporting. Entraria, não fosse a extraordinária defesa de Rui Patrício a desviar o esférico para a barra. Valeu dois pontos.



A arbitragem - felizmente, o Sporting ganhou, pelo que não me poderão acusar de estar a culpar a arbitragem para esconder um insucesso da equipa. Já vi este filme demasiadas vezes para achar que isto são apenas coincidências. Patrício bate com a mão em Yazalde no lance do primeiro penálti. É um facto, mas quantas vezes é que um guarda-redes, ao embater num adversário sem tocar na bola na pequena área num lance dividido, deram direito a penálti? Nomeadamente contra Benfica ou Porto? Ao contrário teria marcado? Nem pensar. Há duas semanas, em Braga, Matheus arriscou-se a partir a perna a Dost num lance idêntico e o árbitro mandou seguir. Vejo o penálti de Acuña sobre Licá e apenas me lembro do penálti que Artur Soares Dias não assinalou sobre Doumbia no Dragão. Disse que a UEFA o matava se assinalasse uma lance daqueles, que foi bem mais evidente do que este. É assim o futebol português, os protocolos vão sendo "construídos" em função do tipo de lances que vão acontecendo a determinados clubes. Outro exemplo ainda: o amarelo mostrado a André Pinto logo aos dez minutos: quantas vezes é que os árbitros toleram faltas para amarelo quando são cometidas no início? Nos jogos do Sporting é a regra... quando a primeira falta para amarelo é cometida por um adversário do Sporting. Em relação ao penálti sobre Dost, obviamente que Paixão não teve alternativa senão assinalá-lo, depois do que tinha decidido no penálti de Patrício - a cotovelada de Yebda foi bem mais ostensiva. Outra situação: Bruno Paixão não podia ter impedido Dost de ficar em campo após ter sido assistido nesse mesmo lance... porque foi assistido por causa de uma lesão provocada por um adversário que viu um amarelo por essa falta. Ou seja, Dost viu um amarelo injustificado por ter permanecido em campo após a assistência (quando na realidade não precisava de ter saído) e não pôde bater o penálti graças a esta absurda decisão de Bruno Paixão, que o manteve fora de campo. Felizmente, Bruno Fernandes marcou com sucesso o penálti, caso contrário estaria armado mais um caso gravíssimo.

Fonte: O Jogo

Há ainda a mão (indiscutível) de Ristovski no lance do terceiro golo. Quando o golo de Doumbia mal anulado contra o Feirense, o CA divulgou um pormenor importante em relação ao momento em que o VAR pode recuar na jogada:


Ora, já depois da mão de Ristovski, Bruno Fernandes pára a progressão para pensar o que vai fazer, e Dost lateraliza para Ristovski. São dois momentos em que a jogada não prossegue rapidamente na direção da baliza adversária. Não sei até que ponto é que isso constitui ou não o início de uma nova fase de ataque. Admito que não, e que o VAR deveria ter recuado até ao controlo de bola de Ristovski, mas fica a dúvida. O que tenho certeza é que não justificava tamanha revolta por parte do narrador do jogo (ver mais abaixo).

Incapacidade de gerir vantagens - a reação ao golo do Belenenses foi fabulosa. A vantagem de 3-1 ao intervalo era confortável, mas a verdade é que, mais uma vez, o Sporting deixou o adversário reentrar no jogo e chegar ao empate. Já tinha acontecido, por exemplo, em Vila da Feira: em poucos minutos o Feirense recuperou de 0-2 para 2-2. Abdicámos de atacar e convidámos o adversário a acampar no nosso meio-campo. Percebo a ideia de abrandar o ritmo, considerando o desgaste do jogo com o Atlético e o desafio da próxima quarta-feira com o Porto, mas não se pode cair no exagero - já devíamos estar mais que avisados para este tipo de situações.

A inenarrável narração da Sport TV - não me lembro de ver comentários tão facciosos num canal supostamente isento. Estive a investigar e constou-me que Rui Pedro Rocha tinha acabado de comer uns burritos estragados minutos antes de começar a emissão do Belenenses - Sporting, o que talvez explique tamanha azia. Tentou desesperadamente chamar a atenção para a falta de Patrício naquele que seria o primeiro penálti da noite; tentou lançar a dúvida sobre a falta de Yebda naquele que seria o único penálti a favor do Sporting; sugeriu que Patrício poderia ver o vermelho no primeiro penálti ("vamos ver que cartão vai mostrar a Patrício", disse ansiosamente), mas mais tarde sugeriria que Yebda poderia não ter visto amarelo no terceiro penálti ("ser penálti não é obrigatoriamente amarelo", disse desanimado); e sobretudo, pelas inúmeras vezes que chamou a atenção para uma mão de Ristovski no terceiro golo do Sporting. Enquanto não perdia uma oportunidade para relembrar esse lance, conseguiu não reparar que a decisão de manter Dost fora de campo no penálti batido por Bruno Fernandes é ilegal. Eu ainda sou do tempo em que os comentadores da Sport TV evitavam falar de arbitragem para não desvalorizar o produto. Burritos estragados à tarde, e pastéis de Belém estragados à noite. Não foi fácil o dia de Rui Pedro Rocha.



Jogo de loucos que nos permitiu aproveitar os pontos perdidos pelo Benfica. Neste momento, apenas dependemos de nós para chegar ao 2º lugar. Não sendo "o" objetivo, não deixa de ser um objetivo importante para o Sporting por causa do acesso à Champions.