quinta-feira, 30 de abril de 2015

Marco longe: reação à notícia de A Bola

Jesus perto, Marco longe, Nani nos rivais e Hassan roubado ao Sporting

São tantas e tão boas as notícias publicadas na capa de A Bola de ontem que fico espantado por Pedro Passos Coelho não ter decretado o dia 29 de abril como feriado para todos os benfiquistas. Ao mesmo tempo, em Alvalade, não se compreende como não se içaram as bandeiras em meia-haste em sinal de luto pelas desanimadoras novidades que nos foram apresentadas.

Na terra dos arco-iris e dos unicórnios mágicos, Jorge Jesus está perto de renovar, Júlio César poderá estender o seu contrato até 2018, e o Benfica está prestes a roubar Hassan ao Sporting.

Em contrapartida, o clube vizinho está metido num dos círculos que Dante idealizou para descrever o inferno, pois Marco Silva está longe de continuar, Nani parece já estar com um pé no Benfica ou Porto, e o clube vê mais um jogador a ser desviado pelo eterno rival.

É coisa para pôr qualquer benfiquista a dançar nu no meio de uma estrada movimentada por falta de capacidade de o cérebro gerir tanta alegria concentrada, e de colocar os sportinguistas mais frágeis a contemplar de forma bem séria o suicídio, para terminar de vez com o tamanho sofrimento que é obrigado a suportar.

Como se costuma dizer que não se deve julgar um livro pela capa, achei por bem dar uma olhadela ao conteúdo. Vamos então ver quais os detalhes que o jornal A Bola revelou na edição de ontem para sustentar as manchetes do dia.


Jesus perto


Olhando para isto, ficamos a saber que não houve qualquer reunião entre treinador e SAD. A única coisa que mudou foi o facto de os adeptos já não estarem tão divididos em relação à continuidade de Jesus - e, como sabemos, a opinião dos adeptos é de uma importância capital para Vieira, que foi o único a aguentar o treinador no final de 2013 quando todo o universo benfiquista pedia a cabeça de Jesus. Vamos ver mais:


Aparentemente, nem Jorge Mendes conseguirá convencer Jorge Jesus a ir para o estrangeiro. Bom contrato num bom clube, só mesmo no Benfica.

Ou seja, a renovação cada vez mais próxima tem a ver com o facto de:
1) os adeptos do Benfica agora quererem mais a sua continuidade;
2) não haver quem pegue num técnico bicampeão, a quem nem o empresário mais poderoso do mundo lhe valerá para arranjar um bom contrato num clube europeu com ambições à medida do técnico.  

Sobre o facto de Vieira não ter recuado na intenção de reduzir o vencimento do treinador e de continuar a querer uma aposta forte na formação - coisas que não agradarão certamente a Jesus, a quem cabe a decisão final - nem uma palavra. Mas isso são certamente detalhes de pouca importância. 


Marco longe


Analisando de uma forma rápida este texto carregado de novidades (not!), ficamos a saber que o jornal A Bola dá uma enorme importância ao formalismo. Aparentemente, Marco Silva está mais longe de continuar porque ainda só existiram abordagens informais (whatever that is), coisa que há quem estranhe. Aparentemente, só quando houver reuniões com uma estenógrafa que registe todas as ocorrências e uma ata assinada por todos os presentes é que a possibilidade de continuidade do técnico poderá ser considerada menos longínqua.

Mais a sério: não há sportinguista minimamente atento que não perceba que a decisão da continuidade de Marco Silva está fortemente dependente da conquista da Taça de Portugal. Ou seja, dos resultados. O próprio presidente deixou a entender isso mesmo nas últimas entrevistas. O que não se consegue perceber é o motivo pelo qual A Bola usa a palavra longe. Está tão longe como estava há um mês atrás, mas seguramente mais perto do que em dezembro - não só o nível de tensão no relacionamento entre treinador e presidente é nitidamente menor, como também estamos mais próximos de conquistar a Taça.

Daí a idiotice da capa de A Bola ao procurar comparar o incomparável. De um lado temos um treinador que já atingiu o principal objetivo da época mas que, por outro lado, é livre de decidir se continua ou sai. Do outro temos um treinador que está a 90 minutos de assinar (ou não) uma época positiva, e que ainda tem mais 3 anos de contrato. E na realidade, naquilo que efetivamente conta - avaliação dos resultados e a vontade de Jesus e Vieira, Marco Silva e Bruno de Carvalho - nada mudou para poder justificar uma notícia tão destacada.


Águias adiantam-se a leões por Hassan


Lendo o artigo, somos relembrados que o Sporting esteve interessado em Hassan em janeiro. A confiar nas informações do jornal, não terão existido novos contactos do Sporting - senão teriam sido referidos nesta mesma peça. Nessa caso, por que motivo o Sporting se deixou atrasar na corrida por Hassan se não há sinais de interesse da sua parte?

Aliás, após a triste figura que o presidente do Rio Ave fez em janeiro, ao rejeitar publicamente uma proposta do Sporting em detrimento de uma oferta superior do estrangeiro que mais tarde acabou por não se confirmar, duvido que Bruno de Carvalho - que faz questão de tratar das transferências de forma sigilosa - volte a fazer qualquer tipo de oferta pelo jogador (se é que chegou a fazer mesmo uma oferta em janeiro)...



Nani: "Em Portugal só no Sporting? Nunca se sabe..."


É extraordinário como no meio de declarações em que Nani demonstra repetidamente a satisfação de ter regressado ao Sporting, em que se afirma adepto do Sporting, em que diz que tem o Sporting no coração, a quem sente que tem que retribuir da melhor maneira, em que afirma sentir-se preparado para ir para um campeonato mais competitivo, os senhores de A Bola acham que o importante é uma resposta evasiva em relação ao futuro em que disse "todos sabemos que no futebol nunca se sabe o que pode acontecer".

Há capas que não deixam quaisquer dúvidas em relação às intenções de quem as faz, e esta é claramente uma delas. Levantar o moral de umas tropas e desestabilizar outras. Jornalixo de primeira categoria, portanto.

Novo musical da Broadway


Muito bom! Isto coloca a fasquia das piadas sobre futebol num patamar nunca antes visto. Não conheço o autor do vídeo, mas se o Lopetegui descobre isto o Pedro ficará definitivamente acabado: é coisa para valer 23 punhetazos. :)

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Sangue verde e branco

Que história fantástica! Nota-se mesmo que são da família.

Primos afastados, por Captomente, no blogue Com quem é que joga o Sporting.


Títulos europeus em modalidades coletivas

Recomendo a visualização desta pequena peça da Sporting TV sobre os títulos europeus conquistados em modalidades coletivas, nomeadamente a certos paineleiros que andam por aí a tentar rebaixar a importância do Sporting enquanto a potência desportiva que inegavelmente é.

A receção no aeroporto

Por motivos de força maior não pude acompanhar em direto a chegada da equipa de hóquei ao aeroporto de Lisboa, e acabei por ver as imagens apenas ontem através de um resumo dos melhores momentos feito pelo Grande Jornal da Sporting TV. Para quem não viu, aqui fica o vídeo. Vale a pena ver.




O 18º jogador

Uma estatística interessante: ao ser nomeado para o Gil Vicente - Benfica da próxima jornada, João Capela reforçará a sua posição como o 18º elemento mais utilizado em jogos do Benfica na Liga NOS 2014/15, somando mais 90 minutos aos atuais 270.


Apesar de não ser um titular indiscutível, Capela é um elemento cuja polivalência foi muito útil nas partidas em que foi chamado a participar, quer na defesa (anulando um lance de golo do Setúbal que daria o 1-1), e desmarcando de forma magistral Maxi Pereira na jogada que deu o único golo da vitória do Benfica sobre o Gil Vicente por 1-0.

Se Capela continuar neste nível de forma é melhor que Lisandro Lopez se cuide, senão ainda se arrisca a perder o 17º posto em alguma das jornadas que restam.

Desde que se estreou em jogos do Benfica em 2008, João Capela alinhou em 12 partidas, nos quais o atual (e previsivelmente próximo) campeão nacional conseguiu 11 vitórias e 1 empate, marcando 28 golos e sofrendo 0.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Os bons espíritos encontram-se na esquina da vida e estão condenados a entenderem-se

Nunca me imaginei a citar o reputado jornalista João Querido Manha - que em novembro de 2013 utilizou estas mesmas palavras para vincar a inevitabilidade de um entendimento entre Benfica e Sporting contra os interesses instalados de Porto e Olivedesportos -, mas foi aquilo que me ocorreu quando li esta notícia. As voltas que a vida dá...

via @Meco22

O Benfica tem uma nova modalidade


Parece-me uma decisão natural, já que se trata de uma modalidade em que facilmente o Benfica conseguirá estabelecer uma hegemonia a nível nacional: é que não existe em Portugal ninguém a armar barraca tão bem como Jorge Jesus. Verdade seja dita que a defesa do Sporting também tem revelado um certo talento, como temos podido comprovar pela forma absurda e repetida como deixamos os adversários voltar a jogo depois de fazermos o mais difícil...

E alguém avise o Record que finalmente o Benfica contratou o Luís Neto!

(via @mindo e @VeDrIx)

Já que falamos em equipas B...


Sporting B 4-3 Oriental

A não perder o 3º golo do Sporting, numa grande jogada coletiva: Geraldes - Gelson - Geraldes - Matheus - Gelson. Os restantes golos foram marcados por Francisco Geraldes, Wallyson e Podence.




As alternativas a somar

Aquilo que vimos hoje em Moreira de Cónegos vincou bem a diferença que a eficácia na finalização consegue fazer na história de uma partida. Apesar de o Sporting ter realizado uma primeira parte de fraca qualidade exibicional, o facto de ter convertido as três oportunidades de que dispôs orientou uma vitória que se esperaria à partida mais complicada. De qualquer forma lá tivemos o momento de desconcentração da praxe que impediu que os jogadores fossem para o intervalo com o jogo morto e enterrado, "compensando" um golo mal anulado ao Moreirense momentos antes. A segunda parte trouxe um Sporting mais dinâmico e que chegou com mais facilidade à baliza do pai de Diego Marafona (adoro o nome que o GR do Moreirense deu ao filho) num jogo que andou demasiado partido para meu gosto. A entrada de João Mário acabou com os lançamentos feitos da linha do meio-campo para as costas da nossa defesa - e que causaram vários arrepios -, devolvendo-nos o controlo do jogo. Mas o que fica para a história é o facto de a partida ter ficado decisivamente marcada por um conjunto de jogadores habitualmente suplentes, que souberam aproveitar da melhor maneira a oportunidade que lhes foi dada por Marco Silva.



Positivo

Noite de Montero - o colombiano esteve nos quatro golos do Sporting, marcando dois e assistindo (parece-me que inadvertidamente) Mané e Tanaka nos outros dois. Mas mesmo que as assistências tenham mesmo sido resultado de um remate mal direcionado e de um mau domínio de bola, há que dizer que aconteceram porque Montero esteve presente na área - coisa que raramente acontece quando jogamos em 4-3-3.

As alternativas a somar - golos de Mané, Montero e Tanaka, uma boa exibição de André Martins, e até Capel picou o ponto nos poucos minutos em que esteve em campo ao fazer um cruzamento certeiro para o 4º golo.

O regresso de Ewerton - muito bem no jogo aéreo e concentrado nas dobras, dá de facto uma outra serenidade à nossa defesa.

A pujança de William - tirando uns passes mal medidos e a paragem cerebral que teve ao bombear na vertical uma bola que se deslocou uma distância total que se equipara mais ou menos ao lançamento do primeiro drone português, limpou uma série de investidas do Moreirense e ainda protagonizou um punhado de jogadas de grande nível, onde pôde exibir toda a sua força e visão de jogo. 


Negativo

Shut down after finishing task - a equipa do Sporting parece uma daquelas aplicações informáticas que tem uma opção que desliga automaticamente o computador após uma tarefa longa ficar concluída. O problema é que no caso do Sporting a máquina se desliga numa altura em que a tarefa não está mesmo finalizada, apenas bem encaminhada. Penafiel: 2 golos nos primeiros minutos, shut down, segue-se uma expulsão e o 2-1, e o 2-2 apareceu um pouco mais tarde; Boavista: golo aos 15 segundos, shut down, golo sofrido uns minutos depois, expulsão no final da primeira parte. Moreirense: 3-0, shut down, um golo mal anulado ao adversário e 3-1 uns minutos depois. O que nos tem valido é que ainda temos conseguido ir a tempo de reiniciar o computador para terminar o trabalho em tempo útil. Mas há que fazer alguma coisa para evitar este tipo de situações. Jogo morto é para ficar morto até ao fim.

Alguns habituais titulares a subtrair - nomeadamente Nani e Jefferson. Foram poucas as ações que lhes saíram bem, o que tem sido um padrão nas últimas semanas. Se calhar também já descansavam, Marco...



Ainda não confirmei os números, mas parece-me que a questão exibicional do Sporting está a ser um paradoxo: apesar de a qualidade do futebol estar claramente em queda (comparando a primeira volta com a segunda), a percentagem de pontos alcançados está a subir. Coincidência, ausência de jogos europeus, ou consequência de algo mais?

segunda-feira, 27 de abril de 2015

O dia em que o futebol me parece algo de secundário

Escrevo este texto pouco depois de terminar o post sobre a vitória da Taça CERS, e confesso-vos que a partida de Moreira de Cónegos me parece completamente irrisório. O fim-de-semana desportivo do clube já me deixou imensamente satisfeito, e não seria uma eventual derrota em Moreira de Cónegos a tirar-me o sorriso dos lábios. De qualquer forma, o jogo de logo é para ganhar. 

Slimani está de fora dos convocados, havendo em contrapartida a novidade da chamada de Rúbio. Marco Silva disse que Adrien trabalhou condicionado, pelo que talvez não seja má ideia poupá-lo e lançar André Martins. Em alternativa, jogar com apenas dois homens no centro do meio-campo (William e André ou João), colocando uma dupla no centro do ataque que garanta uma maior presença em zona de finalização (Tanaka e Montero / Mané, se bem que também não desgostaria que dessem uma oportunidade a Rúbio).

Cédric esteve num nível aceitável contra o Boavista, mas não o suficiente para retirar a titularidade a Miguel Lopes. Sarr voltou aos convocados em substituição do suspenso Tobias, pelo que seria agradável que para variar terminássemos com os dois centrais em campo - o francês demonstrou uma imensa falta de ritmo quando jogou na semana passada pela equipa B e só poderá ser uma solução de último recurso (acho que preferia voltar a ver William como central).


Uma última palavra para o horário do jogo: gostava que alguém me explicasse os méritos da marcação da partida para as 20h de uma 2ª feira. Compreende-se quando há competições europeias a condicionar a calendarização, mas como sabemos não é esse o caso. Até deu jeito para os sportinguistas se poderem concentrar no hóquei e no futsal entre 6ª e domingo, mas duvido que fosse essa a preocupação dos senhores da SportTV. Até porque havia horários no sábado que serviriam perfeitamente.

Para mim significa uma coisa: 20h às 22h é o período para dar de jantar às crianças e pô-las na cama. Não vou poder ver o jogo em direto. Bela trampa de serviço que a SportTV presta aos seus assinantes. Isto é anti-futebol.

15 Minutos com o Mister


Heróis da Catalunha


Há certos momentos na vida que nos marcam que nunca esquecemos. Lembro-me perfeitamente de há 31 anos ter passado uma noite na casa dos meus tios, sentado a um canto da sala com o meu pai a ouvir o relato daquilo que viria a ser a conquista da primeira Taça CERS da história do Sporting. Sim, leram bem, relato. O hóquei em patins era a 2ª modalidade mais popular em Portugal e as transmissões televisivas eram algo de extraordinariamente raro, pelo que a rádio estava sempre presente nas grandes ocasiões. Não víamos o jogo, mas isso não interessava: o sofrimento e a exultação nunca precisaram dos olhos para tomar conta de nós em momentos destes.

Os detalhes dessa noite foram desaparecendo da memória com o passar do tempo, mas o sentimento de alegria que vivi - e que viria a repetir-se um ano depois com a conquista da Taça das Taças - ficou guardado para sempre. Felizmente que acontecimentos deste calibre eram quase rotineiros naquela primeira metade da década de 80. Foi um verdadeiro privilégio para mim e para os outros miúdos sportinguistas da minha geração que cresceram a poder admirar figuras como Livramento, Ramalhete, Agostinho, Chagas, Lopes, Mamede, Lisboa ou Manuel Fernandes. 

31 anos depois, as responsabilidades familiares são outras pelo que não pude dar-me ao luxo de ficar sentado a um canto da sala durante duas horas a ver a final da Taça CERS. Os relatos de hóquei já são coisa do passado, mas hoje fui acompanhando como pude através do tablet ou do telemóvel em várias divisões da casa. Fosse pelo canto do olho nos momentos mais atarefados, fosse totalmente focado nos momentos livres, sofri e vibrei com os heróis da Catalunha que ganharam hoje o direito de figurar na gloriosa história deste grande e centenário clube.

Tive o privilégio de ver uma equipa de verdadeiros leões, escudada por uma exibição de antologia de Ângelo Girão, que conseguiu, contra todas as adversidades - incluindo uma arbitragem inacreditável que conseguiu não marcar diversas faltas que seriam a 10ª do Reus durante o final do tempo regulamentar e todo o prolongamento -, devolver-nos a glória europeia que, há dois anos, parecia uma autêntica impossibilidade. Deram um exemplo de esforço, dedicação e devoção para o qual todos os atletas do clube devem olhar - nomeadamente os do futebol.

Esta equipa merece uma receção digna do feito que alcançaram, no aeroporto às 13h. Quem não puder lá estar pode agradecer-lhes de uma forma igualmente importante: contribuir para a Missão Pavilhão. Estes rapazes (sem esquecer os do futsal, andebol, e de todas as outras modalidades) justificam todo o nosso apoio.

Para quem não viu, aqui ficam os vídeos com a marcação dos penáltis, a entrega do troféu e as entrevistas no final.


Penáltis

Entrega do troféu

Entrevistas

domingo, 26 de abril de 2015

Prolongamento do Sporting - Igualada

Aqui fica um vídeo com todo o prolongamento do jogo de ontem, para quem não teve oportunidade de ver. A passagem à final da Taça CERS é uma enorme proeza de um projeto que ainda está a dar os primeiros passos. Independentemente do resultado de logo, estão todos - jogadores, equipa técnica e dirigentes - de parabéns!


Os meus dois tostões sobre o Benfica - Porto

Estar afastado da luta pelo título na altura das grandes decisões causa um sentimento de grande frustração, mas por outro lado permite olhar para a atualidade com um distanciamento superior e, como tal, com uma maior dose de racionalidade. É-me indiferente que seja o Benfica ou o Porto a ganhar o campeonato - é igualmente mau ver uns ou outros a erguerem o troféu -, pelo que aqui fica a uma opinião desinteressada de quem sabe que no final do dia ficará sempre profundamente aziado por ver a alegria do vencedor e marginalmente consolado por testemunhar a miséria dos derrotados.

Em primeiro lugar, parece-me evidente que será um jogo de tensão máxima em que ambos os lados estarão imensamente pressionados para saírem na liderança do campeonato no final dos 90 minutos (não menosprezar o tempo de descontos). No entanto, creio que o Porto entrará em campo mais pressionado do que o Benfica. 

Sim, é verdade que o Benfica dispôs na 18ª jornada uma oportunidade de ouro para sentenciar o campeonato (ao desperdiçar a possibilidade de ficar com 9 pontos de avanço sobre o 2º classificado) e que tem estado na liderança desde o princípio da competição, e como tal uma eventual não revalidação do título será tremendamente difícil de digerir. Mas do outro lado está um clube que decidiu - contra tudo aquilo que seria expectável numa conjuntura económica desfavorável - apresentar o maior investimento da história do futebol português, e que se arrisca a sair da Luz condenado a um segundo ano consecutivo de jejum. Coisa que, como sabemos, ninguém está habituado para aquelas bandas. 

Olhando para o percurso de ambas as equipas, parece-me que o Porto é aquela que consegue atingir um patamar exibicional mais elevado, mas o Benfica é uma equipa mais sólida e muito pragmática. O facto de poder jogar na expetativa e no erro do adversário favorece à partida a equipa de Jesus - que não tem sido capaz de se impôr perante equipas acima da mediania defrontando-os olhos nos olhos. Será também muito relevante para o desfecho do jogo o estado físico e psicológico com que chegarão os portistas após a goleada de Munique. E até que ponto a menor identificação do plantel do Porto com a importância das competições internas poderá comprometer os "110"% de esforço e empenho que normalmente fazem toda a diferença em ocasiões desta importância? 

Como é óbvio, será uma partida de resultado imprevisível cujo decurso dependerá de inúmeras variáveis - não há estratégia ou previsão que resistam a um golo sofrido nos minutos iniciais ou a uma expulsão prematura. Mas mais importante que o próprio resultado, é saber quem sairá em primeiro na classificação. Se tivesse que colocar as fichas numa equipa, apostaria com algum nível de segurança no Benfica. Considerando que para chegar ao 1º lugar o Porto terá que vencer por 2 golos e que o Benfica é uma equipa marca sempre quando joga em casa, é razoável esperar que os visitantes apenas alcançarão a liderança se marcarem 3 ou mais golos na baliza de Júlio César - marca que definitivamente não será nada fácil de concretizar.

sábado, 25 de abril de 2015

BREAKING NEWS

Estou desolado. A notícia que a RTP avançou ontem à tarde arrasou-me por completo:


William no Arsenal por 30 milhões. Ora aqui está uma grande desilusão. É bem vendido, sabemos que o clube precisa do dinheiro, mas tinha esperança que conseguiríamos manter William mais um ano. Infelizmente parece que o peso das libras esterlinas foi demasiado forte para a manutenção no plantel de um dos nossos melhores jogadores.

O que me irrita ainda mais é que me parece pouco sensato estarmos a fechar um negócio quando ainda há uma final da Taça para disputar. Pode afetar o foco do jogador e quem sabe do grupo de trabalho. Enfim, vamos ver o resto da notícia para sabermos mais detalhes daquela que é a maior venda da história do clube.


Alto! A notícia é da imprensa inglesa? Não há comunicado da SAD para a CMVM a anunciar o negócio? "A confirmar-se", diz o jornalista?

Bem, vamos lá a ver o que diz a imprensa inglesa... parece que o Metro escreveu mesmo qualquer coisa sobre o assunto às 10h38 de ontem.


Hmmm... o Metro aponta para o Daily Express. Vamos lá ver o que dizem esses...

Cá está: notícia publicada às 10h07 de ontem.


Ai... afinal foi o Telegraph? Então vamos lá ao site do Telegraph...

Sim, confere. Notícia publicada às 06h59 de ontem:


Gossip? <mexericos> Que partiram do... jornal O Jogo?! Ah, estão a referir-se a isto?



Ou seja, a notícia que a RTP deu com tanta veemência afinal surgiu a partir de uma peça publicada mais de 48 horas antes, e que facilmente se percebe que não é mais do que o típico encher de páginas com especulações face à inexistência de algo de concreto para oferecer aos leitores.

No espaço de dois dias, um conjunto de órgãos de comunicação social conseguiu transformar um "Médio é visto como potencial sucessor de Gerrard no Liverpool, sendo acompanhado por Arsenal e Manchester United" numa venda finalizada. E os 30 milhões surgem porque aparentemente no último defeso os dirigentes leoninos pediram informalmente um valor dessa ordem.

Lembro-me de brincar em miúdo com uma série de colegas a um jogo em que o primeiro sussurrava algo ao ouvido de outro, que depois passava a mensagem tal como a tinha escutado ao colega do outro lado, e assim sucessivamente. Quando se chegava ao fim da cadeia, comparávamos o que tinha dito o primeiro com aquilo que o último tinha percebido. Invariavelmente era algo completamente diferente. Isto que vimos aqui parece ser uma brincadeira semelhante, mas em vez de crianças os participantes são jornalistas profissionais. A diferença é que os jornalistas têm a vida facilitada pois, ao contrário das crianças no tal jogo, podem tentar descobrir de imediato se a versão que lhes chegou ao ouvido está correta, não tendo que aguardar pelo último miúdo da fila para saber o que afinal tinha sido dito em primeiro lugar. Como ficou demonstrado neste post, não é uma tarefa assim tão hercúlea.

Haja paciência para este jornalismo...

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Orgulho nesta equipa


Custa muito perder o acesso à final a poucos segundos do fim, principalmente depois de termos assistido a uma recuperação no marcador que revelou mais uma vez a força e caráter de uma equipa de campeões. Não é por este desaire que deixam de ser um exemplo a ser seguido por todas as outras modalidades, futebol incluído. Obrigado, rapazes!

Apocalipses seletivos

Uma das facetas do jornalismo desportivo português que mais me irrita é a hipocrisia com que alguns jornalistas encaram as movimentações de bastidores levadas a cabo por certos dirigentes do nosso futebol. Não vou referir nomes de dirigentes ou de clubes - não é neles que quero centrar esta crítica em particular -, mas durante décadas todos nos apercebemos dos proveitos que um certo emblema retirou de toda uma estrutura que montou e que abrangia todas as áreas de poder do futebol português. Estrutura essa que, todos nos apercebemos agora, está em vias de desmantelamento e substituída por uma outra mais adaptada aos tempos modernos.

Desde que comecei a acompanhar o futebol nacional, as suspeições sempre foram mais que muitas: as panelinhas feitas para colocar dirigentes nos lugares de maior influência (com o Conselho de Arbitragem à cabeça), o clima de intimidação instalado, a impunidade com que certos atores se movimentavam, arbitragens escandalosas que ainda não tinham um mundo artilhado de tecnologia para as avaliar devidamente, jogadores que tomavam a amarelinha para aumentar o rendimento físico, outros que eram apanhados no controlo com substâncias proibidas mas que arranjavam um colega menos influente na equipa para arcar com as culpas e a inevitável suspensão, entre tantos e tantos outros exemplos.

Hoje em dia o mundo do futebol está mais sofisticado e cauteloso, mas nem por isso as suspeições abrandaram. Basta ver as reações que se seguiram à recuperação de Jackson para a 1ª mão com o Bayern.

Todas estas suspeições esbarravam (e continuam a esbarrar) numa comunicação social com pouca capacidade ou interesse para investigar o lado podre do futebol. De um lado tínhamos (e ainda temos) jornalistas que, por acreditarem que alimentar o escândalo é matar o desporto, por incapacidade de provar irregularidades, ou por temerem represálias, evitavam (e continuam a evitar) remexer em assuntos demasiado delicados. Do outro estavam (e ainda estão) jornalistas que, por estarem totalmente alinhados com a fação acusada, só pegavam (e pegam) nos temas polémicos com o único objetivo de os desvalorizar. Quantas vezes leram e ouviram jornalistas a declarar convictamente que ganha quase sempre a melhor equipa dentro do relvado e que o resto é conversa de mau perdedor?

O verdadeiro teste à coerência destes jornalistas acontece quando a agulha vira e os clubes que habitualmente estão no centro dos interesses instalados do futebol nacional se vêem repentinamente no outro lado da barricada - nomeadamente quando têm que defrontar os tubarões europeus nas competições da UEFA.

Lembro-me por exemplo, na sequência do Schalke - Sporting, ouvir Carlos Daniel dizer com todas as letras que o Sporting foi roubado, fazendo também uma ligação à arbitragem que prejudicou o Benfica em Leverkusen. Será que o comentador em questão faria semelhante juízo de valor num caso em que o Sporting fosse prejudicado nas competições nacionais? Ocasiões para isso não lhe faltaram e sinceramente não me lembro de alguma vez o ter feito quando o Sporting foi o clube prejudicado.

Outro bom exemplo, mais recente, é o artigo de opinião escrito por José Manuel Ribeiro, diretor de O Jogo, que fez o lançamento da 2ª mão da eliminatória que opôs o Porto ao Bayern:


O Porto encontrou mesmo o apocalipse, mas não pelos motivos que José Manuel Ribeiro "previa". Só por azar, os lesionados ficaram todos de fora e o árbitro não teve qualquer influência no resultado. Mas para a história fica que o jornalista, numa única frase, conseguiu lançar suspeições sobre a ética dos alemães (e de Guardiola em particular) e sobre a boa-fé da equipa de arbitragem. Não coloco em causa que não tivesse motivos para o fazer (a questão das infiltrações foi introduzida pelo treinador espanhol), mas não me recordo que o jornalista em causa tenha tomado uma posição tão clara sobre polémicas idênticas que tenham sido alvo de discussão no futebol português. E sabemos bem que não lhe faltaram oportunidades para isso.

Balanço das arbitragens: 29ª jornada

Belenenses 0-2 Benfica (Rui Costa)

32': Sturgeon cai na área após disputa de bola com Luisão, o árbitro entendeu não haver falta - decisão errada, Luisão não acerta na bola e bate com o pé na sola de Sturgeon, pelo que devia ter sido assinalado penálti a favor do Belenenses

32': Imediatamente a seguir, João Meira cai após disputa de bola com Eliseu, o árbitro voltou a entender não existir falta - decisão errada, João Meira tem a posse de bola, Eliseu falha a abordagem à bola e derruba o jogador do Belenenses; ficou um penálti por assinalar

60': No 2º golo de Jonas, Lima está adiantado no momento do cruzamento; o árbitro validou o golo - decisão certa, Lima não intervém na jogada e Jonas está em posição regular

=: os momentos dos dois penáltis, estando separados por poucos segundos, acabam por valer como um único lance que poderia dar golo ao Belenenses, que na altura poderia dar o empate (X2)


Porto 1-0 Académica (Duarte Gomes)

=: jogo sem lances críticos de arbitragem


Sporting 2-1 Boavista (Luís Ferreira)


7': Há dúvidas no lance do golo do Boavista por causa da posição de Leozinho quando recebe o passe que antecede o cruzamento - decisão errada, o jogador do Boavista está ligeiramente adiantado em poucos centímetros por causa da colocação do seu pé; é impossível de apanhar sem repetições, pelo que se compreende a decisão do fiscal-de-linha, mas o que é facto é que existe fora-de-jogo

Nota: apesar de ser virtualmente impossível ao olho humano detetar este adiantamento em tempo real, considero a qualidade da decisão propriamente dita face aos factos do lance. Sigo portanto o mesmo critério que usei no golo anulado no Boavista - Benfica da 2ª jornada ou no Benfica - Rio Ave da 9ª jornada.

45'+2: Tobias derruba Leozinho quando este poderia seguir isolado para a baliza e é expulso - decisão certa

89': Philipe vê o segundo cartão amarelo ao travar Slimani em falta - decisão certa, o jogador do Boavista trava o argelino num ataque prometedor sem intenção de jogar a bola

=: apesar do erro, a arbitragem não teve influência no resultado



Estatísticas da jornada



Estatísticas acumuladas



Classificação



Jogos com influência da arbitragem no resultado



Erros de arbitragem com o resultado em aberto




Erros de arbitragem com o resultado em aberto agrupados por árbitro, desde 2013/14





Links para jornadas anteriores

28ª J: Benfica - Académica; Rio Ave - Porto; Setúbal - Sporting: LINK
27ª J: Benfica - Nacional; P. Ferreira - Sporting; Porto - Estoril: LINK
26ª J: Rio Ave - Benfica; Nacional - Porto; Sporting - Guimarães: LINK
25ª J: Benfica - Rio Ave; Marítimo - Sporting; Porto - Arouca: LINK
24ª J: Braga - Porto; Arouca - Benfica; Sporting - Penafiel: LINK
23ª J: Benfica - Estoril; Porto - Sporting: LINK
22ª J: Moreirense - Benfica; Sporting - Gil Vicente; Boavista - Porto: LINK
21ª J: Porto - Guimarães; Belenenses - Sporting; Benfica - Setúbal: LINK
20ª J: Moreirense - Porto; Sporting - Benfica: LINK
19ª J: Benfica - Boavista; Arouca - Sporting; Porto - P. Ferreira: LINK
18ª J: Sporting - Académica; Marítimo - Porto; P. Ferreira - Benfica: LINK
17ª J: Penafiel - Porto; Marítimo - Benfica; Sporting - Rio Ave: LINK
16ª J: Benfica - Guimarães; Porto - Belenenses; Braga - Sporting: LINK
15ª J: Sporting - Estoril; Gil Vicente - Porto; Penafiel - Benfica: LINK
14ª J: Porto - Setúbal; Benfica - Gil Vicente; Nacional - Sporting: LINK
13ª J: Sporting - Moreirense; Porto - Benfica: LINK
12ª J: Boavista - Sporting; Benfica - Belenenses; Académica - Porto: LINK
11ª J: Sporting - Setúbal; Académica - Benfica; Porto - Rio Ave: LINK
10ª J: Nacional - Benfica; Sporting - P. Ferreira; Estoril - Porto: LINK
9ª J: Benfica - Rio Ave; Guimarães - Sporting; Porto - Nacional: LINK
8ª J: Arouca - Porto; Sporting - Marítimo; Braga - Benfica: LINK
7ª J: Penafiel - Sporting; Porto - Braga; Benfica - Arouca: LINK
6ª J: Sporting - Porto; Estoril - Benfica: LINK
5ª J: Benfica - Moreirense; Gil Vicente - Sporting; Porto - Boavista: LINK
4ª J: Setúbal - Benfica; Sporting - Belenenses; Guimarães - Porto: LINK
3ª J: Porto - Moreirense; Benfica - Sporting: LINK
2ª J: Paços Ferreira - Porto; Sporting - Arouca; Boavista - Benfica: LINK
1ª J: Porto - Marítimo; Académica - Sporting; Benfica - Paços Ferreira: LINK

A calmaria que precede a tempestade


Arrepio-me só de imaginar o ambiente que aquele espaço terá a partir das 21h30. Hoje é Dia de Sporting.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Guedes & Gobern: associação de defesa dos sportinguistas sem gamebox

No programa Trio d' Ataque do passado domingo, um dos temas discutidos pelos paineleiros de serviço foi a frase em que Jorge Jesus referiu não ter visto o Porto - Bayern por ter preferido assistir ao PSG - Barcelona. A certa altura a palavra é passada a Rui Oliveira e Costa que, no seu estilo inconfundível, tratou logo de cometer uma dupla gaffe que acabou por desviar a conversa para um outro tema:


Em primeiro lugar, é claro como a água que Miguel Guedes foi para o programa com o objetivo de introduzir o tema do critério de venda de bilhetes por parte do Sporting. À primeira oportunidade, desviou o assunto para aquilo que lhe convinha, sendo prontamente assistido pelo seu sidekick João Gobern. Juntos assumiram o papel de paladinos dos sócios sportinguistas não lisboetas sem gamebox. É comovente a forma desinteressada como defendem aquilo que julgam ser uma questão da mais elementar justiça. Vamos recuperar algumas das citações de Guedes & Gobern:


"É contrariar o espírito da Taça de Portugal!"

"Mas o sócio do Sporting de Vila Real, de Vila do Conde, de Bragança, de Santarém, que não pode ir a Alvalade todas as semanas (...) não pode ir à Taça de Portugal?!"

"Acho estranhíssimo... se isto é democrático..."

"Essas pessoas [que não costumam ir a Alvalade] não deveriam ser as pessoas que deveriam ter prioridade para ir à Taça de Portugal, que é a festa do povo?"

"O que eu acho anormal é que se privilegie numa festa do Sporting que é uma festa nacional, de um clube que não é o Sporting Clube de Lisboa, é o Sporting Clube de PORTUGAL, que se privilegiem sócios que moram em Lisboa."

"É evidente que o Sporting é um outro género, é uma outra política, é uma outra atitude [de falta de democracia na atribuição de bilhetes]."

"É um estilo."


Lapidar. É fácil de perceber o elevado grau de indignação de ambos. Não só pelo discurso, mas também pela linguagem corporal que se pode observar: o abanar de cabeça e encolher de ombros de impotência por não conseguirem fazer ver o óbvio aos que oprimem o povo em benefício de um pequeno conjunto de privilegiados, o franzir de sobrolho repentino ao ouvir barbaridades antidemocráticas, e os gestos de braços vigorosos e repetitivos de quem acredita fortemente naquilo que está a defender. Enquanto escrevo isto, escorrem-me as lágrimas pela face abaixo perante esta tocante demonstração cívica, que nada tem a ver com clubismos exacerbados.

Perante tão clara exposição, fico apenas com duas dúvidas em relação à posição defendida por Guedes & Gobern:

1. Eu tenho gamebox e não vou ter bilhete. Em que classe fico? Na dos privilegiados ou na do povo?

2. Que solução democrática encontrariam para distribuir 11 mil bilhetes pelos cerca de 60/70 mil sócios com as quotas em dia? O tudo ao molho e fé em Deus? A democracia aplica-se atribuindo bilhetes a quem tem disponibilidade para ficar numa fila durante dias?

Estas duas questões são apenas detalhes que em nada beliscam o essencial. E o essencial é que fica provado, sem margem para quaisquer dúvidas, que o Sporting é um clube antidemocrático em que os sócios com gamebox espezinham os direitos dos restantes. Resta-nos admitir as próprias falhas e procurar corrigi-las no futuro.

Podíamos começar por seguir o exemplo de democracia que Benfica e Porto deram ao mundo quando definiram as regras de vendas de bilhetes para as últimas finais em que estiveram presentes:


Venda de bilhetes para a final da Taça da Liga 2013/14



Venda de bilhetes para a final da Taça da Portugal 2013/14



Venda de bilhetes para a final da Liga Europa 2013/14
 


Venda de bilhetes para a final da Liga Europa 2010/11



Venda de bilhetes para a final da Taça de Portugal 2010/11


Esperem lá: no Benfica e Porto a prioridade também é dada aos sócios com lugar de época? Agora fiquei baralhado...

Olhando para isto, parece-me que o problema só pode estar no nome que o Sporting decidiu dar aos seus lugares de época. Exclusivo para detentores de Red Pass e Dragon Seat? TUDO NORMAL! Exclusivo para detentores de Gamebox? OS TIRANOS!

Se a desonestidade intelectual pagasse imposto, Miguel Guedes e João Gobern estariam condenados a viver debaixo da ponte. De preferência juntos, para o castigo ser ainda maior.

A venda de bilhetes para a final da Taça

O futebol não é uma ciência exata, mas a matemática é. E a matemática diz-nos que se existem 11.000 bilhetes para distribuir por todos os sportinguistas que desejam estar presentes no Jamor no dia 31 de maio, então - considerando que a resposta não pode ter casas decimais - estamos perante um problema irresolúvel: não é possível dar bilhetes a todos os interessados.

Se por artes mágicas fosse possível colocar no local do Estádio Nacional o antigo Maracanã (que tinha capacidade para 180.000 pessoas), era bem possível que os bilhetes esgotassem. Tratando-se de um jogo que pode dar ao Sporting o primeiro título em muitos anos, que se realizará num domingo à tarde num dia de primavera num cenário mítico do futebol português, não haveria qualquer sportinguista - dos 4 cantos do país, da Europa ou mesmo do planeta - que não não ponderasse seriamente a possibilidade de marcar presença na final. A FPF podia entregar os mesmos 11.000 bilhetes ao Braga que nós tratávamos de preencher o resto de verde e branco.

Não havendo essa possibilidade o clube é obrigado a tomar opções que, inevitavelmente, não podem agradar a todos. Foi escolhido como critério o número de gameboxes compradas no novo estádio, o que me parece bastante aceitável: premeia de uma forma genérica a fidelidade e a presença no estádio ao longo dos anos. Como desvantagem exclui os sportinguistas que vivem fora de Lisboa e que, compreensivelmente, não adquirem uma gamebox que poucas vezes acabariam por conseguir aproveitar. E, para minha desgraça pessoal, é altamente improvável que eu consiga um bilhete por essa via, pois só tenho gamebox há dois anos.

Só existe um critério que seria totalmente justo: o sportinguismo. Mas como o sportinguismo não é algo que seja objetivamente mensurável - pois não é apenas uma questão de dinheiro ou tempo gasto com o clube -, fica evidentemente colocado de parte. Existiriam muitas outras alternativas, mas encontro facilmente problemas maiores do que os da solução encontrada pela direção:
  • Colocar os bilhetes à venda no site - favoreceria as pessoas habituadas a trabalhar com computadores e mais atentas ao momento em que seriam colocados à venda; os sportinguistas menos dados às novas tecnologias não teriam hipóteses de comprar. Em contrapartida daria hipóteses a sócios fora de Lisboa de comprarem bilhete.
  • Colocar os bilhetes à venda nas bilheteiras do estádio de forma indiscriminada - favoreceria quem vivesse perto de Lisboa e tivesse disponibilidade para passar uma noite ao relento e/ou faltar a um dia de trabalho - coisa a que muitos, por questões pessoais, familiares, profissionais ou de saúde, não se podem sujeitar.
  • Colocar parte dos bilhetes nos núcleos - existem cerca de 240 núcleos; se, por exemplo, fossem canalizados metade dos bilhetes para os núcleos, cada um receberia 23 bilhetes; não conheço nenhum dirigente de núcleo, mas conhecendo o país em que vivemos seria bem provável que a maior parte desses bilhetes fossem parar aos amigos e conhecidos, para não falar na possibilidade de serem usados em negociatas particulares. 
  • Colocar parte dos bilhetes nas claques - problemas semelhantes ao dos núcleos.
  • Prioridade por antiguidade de sócio - isso excluiria automaticamente a esmagadora maioria dos sócios mais novos / mais recentes.

Parece-me normal que as claques tenham direito a uma parcela dos bilhetes: aqueles que acompanham o Sporting de Norte a Sul do país e que cantam do primeiro ao último minuto merecem estar bem representados no Jamor. De resto, o critério das gameboxes parece-me ser menos falível do que qualquer outro - nomeadamente porque cada sócio só terá direito a um bilhete. Para reduzir a injustiça, podia-se reservar um número limitado de bilhetes para venda online exclusiva para sócios - sempre daria para alguns sportinguistas fora de Lisboa terem hipóteses de comprar (se bem que aí também eu tentaria a minha sorte... :) ).

Neste momento a minha esperança para estar no Jamor reside na FPF. Um terço dos bilhetes é da Federação, que depois de distribuir uma boa parcela por patrocinadores, associações e amigos, coloca os restantes à venda no seu site. É uma questão de se estar bem informado para saber o dia em que ficarão disponíveis e ter paciência para clickar no refresh do browser de poucos em poucos minutos. Porque, não tenham dúvidas, vão desaparecer num abrir e fechar de olhos.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

#SomosTodosCunhadosDoProença

(em solidariedade com Rui Gomes da Silva, apanhado a mentir em direto sobre a companhia que teve num almoço em Alcochete)


Rescaldo dos 6-1

Este quando chegar ao parque de estacionamento já não encontra o carro



Parceria com o Calor da Noite à vista?


Sempre um clássico



Maratona televisiva


Wrestlemunchen


Lógica JJ


A estratégia de Lopetegui para segurar o resultado


Portográfico


Quem diz a verdade não merece castigo


"Somos Bayern até morrer"



Bastaram 4 dias para a frase ganhar todo um novo sentido