terça-feira, 31 de outubro de 2017

Chamada para a próxima fase da Youth League

O Sporting venceu há pouco a Juventus por 2-0, dando um passo importantíssimo para garantir a passagem para a próxima fase da UEFA Youth League. 

Os golos foram marcados no final de cada uma das partes: primeiro, por Rafael Leão, após bom trabalho de Elves Baldé na esquerda; nos descontos da 2ª parte, foi a vez de Rafael Leão assistir para Diogo Brás.

Uma vitória que premeia a melhor equipa em campo. Na realidade, o Sporting fez o suficiente para resolver a partida bastante mais cedo, criando um grande número de oportunidades para marcar - principalmente na segunda parte.

Aqui ficam os golos:


O Sporting é neste momento 2º classificado, com 7 pontos, a 2 do líder Barcelona. A Juventus está em 3º lugar com 3 pontos e o Olympiacos tem 1 ponto (Olympiacos e Barcelona têm um jogo a menos, estão a defrontar-se neste momento). Uma vitória do Sporting na próxima jornada (na receção aos gregos) garante a qualificação para a fase seguinte.


Confirma-se o pior cenário


Piccini, Mathieu, Coentrão e William de fora dos convocados.

Ristovski é presença certa no onze. A central, falava-se na hipótese de descer William para o centro da defesa, mas essa hipótese também fica afastada com a lesão do capitão. André Pinto vai a jogo, esperemos que dê sequência à boa exibição de Vila do Conde.

Para a posição de defesa esquerdo, há três hipóteses: a mais natural seria a entrada de Jonathan Silva, mas não é impossível que Bruno César e Acuña sejam chamados para fazer o lugar. Penso que faz mais sentido deixar Acuña no seu lugar habitual, o lateral irá precisar do seu apoio.

No meio-campo também há várias hipóteses, girando todas à volta do papel que Jesus dará a Battaglia: se o argentino jogar a 6, provavelmente terá à sua frente Bruno César e Bruno Fernandes; se o argentino jogar a 8, Palhinha ou Petrovic jogarão à frente da defesa.

Há ainda a questão da dupla de ataque: teremos Podence e Doumbia, para explorar as costas da defesa italiana?

A tarefa fica mais complicada, mas é uma boa oportunidade para algumas das segundas linhas mostrarem que podemos contar com eles.


The plot thickens

"Uma fonte ligada à investigação salientou à SÁBADO que está a ser pesquisada a hipótese de terem sido realizados pagamentos indiretos do clube/SAD, através da prestação de serviços jurídicos, a (ex-) árbitros e a outros responsáveis ligados à arbitragem. Esta é uma das suspeitas patentes no vasto acervo de emails, sobretudo quando se analisa uma troca de correspondência entre Paulo Gonçalves e Ferreira Nunes."

Este extrato do artigo de hoje da Sábado coloca o foco em algo que, calculo, seja um dos pontos centrais da investigação: a forma como dinheiro chega. Espero que se lembrem também de analisar as contas dos familiares de gente suspeita, e dos respetivos negócios.


Halloween Prank



Numa escala que vai de William até Dost, eu acho que seria um Palhinha... :)


segunda-feira, 30 de outubro de 2017

A rede de influência do Benfica

A SÁBADO teve acesso a 20GB de emails dos encarnados. Juíza que ordenou buscas este mês disse existirem “novos elementos probatórios” que “adensaram as suspeitas” de corrupção.
"Os factos sob investigação respeitam à suspeita da actuação de responsáveis do SLB-SAD, que, em conluio com personalidades do mundo do futebol e da arbitragem, procurarão exercer pressão e influência junto de responsáveis da arbitragem e outras estruturas de decisão do futebol nacional, tendo em vista influir na nomeação e classificação de árbitros nesse âmbito", refere o documento da juíza do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, que foi apresentado aos alvos durante as buscas de 19 de Outubro, que ocorreram após outro juiz de instrução, em Julho, as ter inviabilizado.

Retirado daqui: LINK.

Nada que surpreenda, considerando aquilo que o Porto foi divulgando ao longo dos últimos meses. Gente com responsabilidade (maior ou menor) no futebol português ofereceu-se para ajudar (e comprovadamente ajudou) o Benfica, sendo que algumas dessas pessoas receberam contrapartidas pelos serviços prestados. Há material mais que suficiente para a suspeita de prática de corrupção e tráfico de influências nos mails são claros. Aguardo com interesse o que será revelado amanhã pela revista Sábado.


Rei Patrício



O nível exibicional que Rui Patrício tem atingido esta época parece demonstrar que o seu desempenho na época passada foi, felizmente, uma questão temporária. Tem sido um elemento decisivo para os poucos golos sofridos pelo Sporting e já valeu vários pontos. No sábado, seguramente que valeu 3, e já contra o Porto tinha sido o principal responsável pela manutenção do nulo no resultado.

Deixo aqui um desafio para aqueles que têm mais facilidade em lembrar-se - que não é o meu caso - dos pormenores de jogos disputados no passado: ao longo destes cerca de 10 anos, quais foram as melhores exibições / momentos decisivos / defesas de Rui Patrício? Assim de repente, lembro-me do jogo contra o Chelsea, em Alvalade e da final do Campeonato da Europa. Também foi decisivo na final da Taça ao defender, lesionado, o penálti de André Pinto, e aquele em que marcou um golo numa pré-eliminatória da Champions contra o Twente. Venham daí essas memórias!

Foto: Catarina Morais / Kapta + (zerozero.pt)

sábado, 28 de outubro de 2017

A legalidade do golo de Dost

Direto ao assunto polémico do Rio Ave - Sporting: a legalidade do golo de Bas Dost que nos deu os três pontos. Ao ver a repetição, na transmissão, fiquei com ideia de que o holandês estava adiantado. Na altura, pensei que o golo seria anulado pelo VAR.

Mais tarde vi o frame, e a minha opinião mudou ligeiramente: da mesma forma que não é possível afirmar que Dost está em posição regular, também não é possível dizer que está adiantado. O ângulo da repetição não ajuda, porque não só não está no enfiamento da linha de fora-de-jogo, como tem o defesa encoberto por Dost. Pelo que se consegue ver na imagem, o tronco dos dois jogadores está em linha (ou praticamente em linha) e não se vê a perna do defesa que está mais próxima da baliza. Não havendo imagens totalmente claras, o VAR não podia reverter a decisão tomada em campo. Esteve bem o fiscal-de-linha ao deixar seguir, e esteve bem o VAR ao não mudar a decisão.

Após o final do jogo, Pedro Henriques fez, na Sport TV+, uma análise que vai precisamente neste sentido.


Já se percebeu que será este o tema que dominará as conversas na semana que se segue mas, felizmente para o Sporting, a decisão de Jorge Sousa e João Capela foi acertada, assim como foi acertada a decisão em anular o golo de Bruno Fernandes.


sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Alto risco

Uma visita ao Rio Ave é sempre uma deslocação de risco. Este ano não será diferente, visto que a equipa de Miguel Cardoso tem praticado um futebol bastante positivo, com intenção de ter bola e mandar no jogo, e com resultados encorajadores: a equipa ocupa o 6º lugar na tabela, apesar do calendário inicial complicado que já incluiu receções ao Benfica e Porto e uma deslocação à Madeira. Convém também lembrar o que aconteceu na época passada: o Sporting, depois de uma exibição muito positiva em Madrid, pagou caro o excesso de confiança com que entrou em campo contra o Rio Ave - a derrota por 3-1 foi tão categórica como justa. Mais logo, será necessário aparecer o melhor Sporting se quisermos trazer para Lisboa os três pontos.

O árbitro nomeado para este jogo é Jorge Sousa. Em condições normais, seria uma nomeação incontestável, mas neste caso em particular há dúvidas (legítimas) que se levantam devido à sua recente suspensão pelas palavras dirigidas a Stojkovic no Real Massamá - Sporting B. Obviamente que, sendo Jorge Sousa um dos melhores árbitros portugueses da atualidade - o que, face ao universo em questão, não é garantia de grande coisa -, mais cedo ou mais tarde teria que voltar a arbitrar jogos do Sporting. Espero que tenha percebido que o episódio que levou à sua suspensão é de sua exclusiva responsabilidade, e que, por isso, não apareça em Vila do Conde com sentimentos vingativos. Infelizmente, o Sporting costuma ser um alvo que os árbitros veem como fácil, pelo que não seria surpreendente que tal sucedesse.

Para compor o ramalhete, o VAR será João Capela. É justo recordar que o árbitro já fez um jogo do Sporting na época passada, em Alvalade, e teve um desempenho globalmente positivo. O problema é que uma arbitragem como aquela que fez há quatro anos é difícil de esquecer. De qualquer forma, espero que encare a nomeação de logo como mais uma oportunidade para prosseguir o seu processo de reabilitação junto dos adeptos sportinguistas. Não precisa de nos favorecer. Basta que tenha um desempenho isento e competente.

Em que país vivem estes cavalheiros?



Primeiro Fernando Gomes, agora Rui Vitória. É triste ver duas das principais figuras do futebol português a fazerem de conta que algo de muito grave não aconteceu já. Há apenas seis meses, um adepto morreu em confrontos com adeptos de outro clube. E se não morreram mais, não foi por falta de tentativa do assassino. A morte deu-se em vésperas de um dérbi, e as reações de algumas das partes envolvidas não poderiam ter sido mais infelizes: enquanto o Benfica tentava colocar o ónus nos adeptos sportinguistas - como se estarem num determinado local a determinada hora servisse de justificação para outra pessoa decidir tirar a vida a alguém -, a FPF fez aquilo que costuma fazer melhor, ou seja, fingir-se de morta. O jogo manteve-se marcado, e a claque responsável pela morte teve oportunidade de gozar ainda mais o prato durante o minuto de silêncio à vítima.

No último fim-de-semana, adeptos do mesmo clube - ainda não percebi se eram ou não organizados - causaram distúrbios nas imediações do estádio do Aves. Há dois meses, em Vila do Conde, adeptos do Rio Ave foram agredidos por adeptos benfiquistas. Na época passada, uma claque do Porto fez uma visita de cortesia ao centro de estágios dos árbitros - e consta que não terá sido para lhes cantarem as janeiras. Há dois anos, em Alvalade, as claques do Benfica atiraram petardos para uma bancada repleta de adeptos sportinguistas, e só por milagre não houve feridos. Há cerca de três anos, dois adeptos do Sporting foram esfaqueados em Guimarães. Há cerca de seis anos, adeptos do Sporting incendiaram uma bancada do Estádio da Luz. Há mais tempo ainda, Pedro Proença foi agredido por adeptos benfiquistas. Como tal, é favor não fazerem de conta que isto se trata de um fenómeno novo, e, já agora, é favor não fazerem de conta que tomaram medidas para evitar que essas situações se repetissem no futuro. E, claro, não esquecendo o assassinato de Rui Mendes no Jamor. Quantos estádios foram interditados por causa destes acontecimentos? Pois...

Não cabe à FPF garantir a segurança pública, mas devia, dentro dos seus limites de atuação, penalizar os clubes cujos adeptos protagonizam episódios de violência. Garantidamente, se os clubes começarem a jogar à porta fechada por causa de atos violentos dos seus adeptos, farão um esforço efetivo para controlá-los bastante melhor. A FPF devia também fazer pressão para que o IPDJ faça cumprir a lei no que diz respeito às claques ilegais - que, não surpreendentemente, são as que mais problemas causam. Fernando Gomes só terá moral para dar sermões sobre violência quando começar efetivamente a fazer algo para punir os responsáveis pelo que tem acontecido.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

As responsabilidades da FPF

A FPF pode e deve ser alvo de críticas por causa de vários dossiers importantes que está a gerir de forma desastrada - ou a não gerir de todo -, mas há um mérito que não deve ser esquecido: foi a federação que decidiu, de forma atempada e sem esperar para ver como paravam as modas, que o VAR seria para implementar já nesta época em Portugal. Decidiu e cumpriu, e, felizmente, já foram vários os jogos cuja verdade desportiva foi salvaguardada devido ao recurso a esta ferramenta. Há coisas que não têm corrido tão bem, mas isso é um problema que tem mais a ver com os recursos humanos envolvidos do que com a ferramenta em si.

E é por isso que me faz bastante confusão que Fernando Gomes não tome medidas para garantir a maior transparência possível no âmbito do VAR. Não digo com isso que seja obrigatório divulgar todas as comunicações entre árbitro de campo e responsável pelo VAR em situações polémicas - apesar de também não haver algum mal nisso -, mas aquilo que aconteceu na Vila das Aves deveria ter sido assumido de imediato pela Federação. Infelizmente, o que aconteceu (e ainda está a acontecer) foi precisamente o contrário: houve uma tentativa de encobrimento por parte de funcionários da FPF, conforme se pode perceber através do vídeo seguinte:


Fernando Gomes tem feito vários apelos para uma maior consciencialização por parte dos clubes, mas isso soa a pura hipocrisia olhando para o que acontece dentro de portas da federação: a cortina de fumo lançada pelo diretor de comunicação da FPF na sequência do erro que aconteceu em Vila das Aves; a prepotência e incoerência de Meirim e do Conselho de Disciplina; e o corporativismo da arbitragem que vai permitindo que as maçãs podres continuem misturadas com as restantes. Nada disto contribui para a transparência e pacificação no futebol português, e era bom que o presidente da federação não se esquecesse das responsabilidades próprias do organismo que gere no estado atual do futebol.

Aberração

Retirado do relatório de jogo do Sporting - Chaves, elaborado pelo árbitro Rui Costa. Como é possível que, depois de ter visto e revisto as imagens, ache que Gelson o terá tentado enganar? Penalizou o Sporting ao sonegar uma excelente oportunidade para marcar, e penalizou o jogador com um cartão amarelo que lhe poderá valer, mais à frente, uma suspensão de um jogo prematura.

E, já agora, como é possível ainda não haver, no Conselho de Disciplina, um mecanismo para retirar o cartão ao jogador? O penálti já não há forma de se corrigir, mas repor a justiça ao nível da disciplina seria o mínimo exigível.

(via @SrBalakov)

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

A greve

A APAF anunciou na segunda-feira passada que os árbitros farão greve aos jogos da Taça da Liga que se disputarão em novembro e dezembro. Segundo a associação liderada por Luciano Gonçalves, na base da decisão tomada está a "asfixia constante em torno do papel do árbitro", em particular "nos últimos tempos", o que, segundo o órgão representativo da classe, impede que existam condições para continuar a arbitrar.

Ao que parece, a APAF tem andado distraída: o ambiente de asfixia da arbitragem já existe há pelo menos três anos, desde os tempos em que a atuação de Vítor Pereira, Ferreira Nunes e companhia ficou demasiado óbvia para qualquer pessoa que acompanhe o fenómeno com um mínimo de atenção. Como se aplicou essa asfixia? Criando um sistema de nomeações, avaliações, promoções e despromoções que opera em função dos interesses de um único clube. 

A asfixia que os árbitros dizem sentir não é mais do que uma consequência da asfixia aplicada que eles próprios aplicam aos rivais do clube do sistema. Infelizmente, poucos árbitros tiveram coragem (ou interesse) em denunciar a asfixia de que foram alvo nos anos do anterior CA, e foi isso que levou ao atual estado das coisas. Aqui, podemos fazer a divisão dos árbitros em dois grupos: o primeiro é formado pelos padres que já tinham sido ordenados na altura em que Adão Mendes fazia recomendações a Pedro Guerra, e pelos novos padres que entretanto foram sendo promovidos segundo o método de Ferreira Nunes; o segundo grupo é composto pelos árbitros que, não partilhando o ideal do clube do sistema, já perceberam o que têm de fazer para não lhes darem cabo das notas e poderem permanecer na 1ª categoria, onde os cheques que recebem no final do mês são bem mais atrativos. Enquanto os primeiros são a força motriz do sistema, os segundos são coniventes e não percebem que as suas tomadas de posição corporativistas apenas servem para manter o status quo.

Perante isto, a greve anunciada aos jogos da Taça da Liga não é mais do que um expediente de vitimização sem qualquer lógica, e que é simples de desmontar:

a) O timing: porquê agora? O ambiente está mais asfixiante agora do que estava há um mês, ou há seis meses - quando tomámos conhecimento dos emails e dos padres -, ou mesmo há dois anos - quando se ficou a saber que o Benfica oferecia vouchers de refeição a meio mundo? Claro que não. O Sporting e o Porto, enquanto vozes mais sonoras de oposição ao atual sistema, não têm endurecido o tom do seu discurso nos "últimos tempos" (para usar a mesma expressão da APAF), pelo que o momento escolhido não faz sentido.

b) O âmbito: porquê apenas aos jogos da Taça da Liga? Só não há condições para arbitrar, então não faz sentido limitar a greve a uma única competição. Por que não fazem greve aos jogos da Liga?

Propositadamente ou não, a verdade é que anúncio da greve acabou por ser bastante conveniente para desviar a atenção daquilo que sucedeu no último fim-de-semana: num jogo em que o Benfica não se podia dar ao luxo de perder mais pontos, calhou ter sido feita a primeira nomeação da época de um padre (Nuno Almeida, neste caso) para um jogo do Benfica, calhou haver um erro grave a favorecer o Benfica, numa altura em que calhou o VAR estar inoperacional - como muito bem escreveu José Manuel Ribeiro na sua coluna de opinião do jornal O Jogo:


Existe uma outra questão paralela que merece atenção: até que ponto a polémica do fim-de-semana será utilizada para fragilizar a Liga de Clubes? Talvez valha a pena estarmos atentos às respostas da FPF aos pedidos de esclarecimento da Liga sobre a quebra do VAR na Vila das Aves...

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Clusterfuck à portuguesa

É estranho que as comunicações do VAR no Aves - Benfica do último domingo tenham falhado. Estamos em 2017, num país com uma excelente infraestrutura de comunicações. Milhares e milhares de negócios em todo o país organizam os seus processos confiando que o serviço das comunicações se mantém constantemente operacional. Claro que, muito ocasionalmente, podem existir falhas no serviço, mas é para isso que existem redundâncias. Há uma falha de um lado, comunica-se por outro. Normalmente só há problemas verdadeiramente sérios se se tratar de uma falha geral, mas aí o universo de pessoas e negócios afetados é bastante grande e impossível de passar despercebido.

Não consta que tenha sido esse o caso de domingo passado. A Sport TV fez a transmissão sem sobressaltos, os jornalistas fizeram a cobertura do jogo sem problemas, os espectadores presentes no estádio não ficaram sem rede no telemóvel. A conclusão que posso retirar, à falta de melhores informações, é que a falha atingiu apenas a comunicação do VAR com o árbitro de campo.

Mas isso não foi conhecido de imediato. O jogo prosseguiu sem que, aparentemente, alguma das equipas fosse informada do sucedido. Azar dos azares, poucos minutos após o Aves ter marcado um golo, aconteceu um caso polémico que o recurso ao VAR resolveria sem problemas - assumindo que o responsável do VAR seria uma pessoa competente e bem intencionada. Mas não havendo VAR, prevaleceu o erro, que acabou com as dúvidas de quem seria vencedor.

A primeira versão que começou a correr foi a de que o VAR, em caso de penálti, não tinha que avaliar a jogada desde o início. Falso. Seria interessante perceber de onde partiu esta teoria, porque chegou a um enorme número de pessoas. Quando a corrente de opinião começou a mudar esta ideia, surgiu o esclarecimento da conta de Twitter da FPF dedicada ao projeto de videoárbitro - dando a informação de que, afinal, deixou de haver VAR a partir do minuto 66. 

Entretanto soube-se que nem árbitro nem delegados ao jogo referiram nos seus relatórios que deixou de haver VAR. Amnésia coletiva? Ninguém achou que seria relevante reportar esse facto? 

Mais de 24 horas passadas após o final do jogo, ainda não sabemos ao certo o que aconteceu. Começou também a circular a informação de que esta não terá sido a primeira vez que as comunicações do VAR falharam, o que levanta duas questões:

1. Se houve situações idênticas em jornadas anteriores, por que razão isso não foi divulgado publicamente pela FPF? Já agora, em que jogos isso sucedeu?

2. Se houve situações idênticas em jornadas anteriores, como é possível a FPF não ter arranjado uma solução de recurso para ser utilizada em caso de nova falha? Que raio, bastava um telemóvel entre o VAR e o 4º árbitro, que serviria de ponto com o árbitro principal.

Isto é o futebol português: inundado de gente amadora, que é incapaz de esclarecer aquilo que acontece nos bastidores de um jogo. Pelo contrário, em vez dos tais esclarecimentos oficiais, ficamos à mercê de informações cruzadas de origem duvidosa, que apenas contribui para aumentar a confusão de todos os interessados. Nada de surpreendente: a transparência não costuma ser uma prioridade por cá.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Diamantino cartilhando

A conta de Twitter gerida pelo diretor de comunicação do Benfica reagiu rapidamente ao primeiro golo do Sporting, apontando para uma suposta falta de William Carvalho sobre um defesa do Chaves no lance do 1º golo de Bas Dost.

Tratou-se, evidentemente, de uma manobra para desviar a atenção do escândalo que foi o penálti que deu o 3º golo ao Benfica - não o penálti em si, mas a falta ostensiva de Jonas que acontece no início da jogada. Um remake de outra situação ocorrida com o Benfica no Bessa, em que o golo que inaugurou o marcador começa com uma falta clara de Luisão. 

Mas estou a divagar. Voltando ao golo do Sporting, basta olhar com alguma atenção para a repetição para perceber que quem faz primeiro falta é Anderson Conceição, havendo depois um agarrão mútuo. A ser marcada alguma infração, teria de ser penálti a favor do Sporting.


De qualquer forma, a cortina de fumo estava criada. Um pouco mais tarde, no Mais Tabaco, Diamantino Miranda não deixou os seus créditos de cartilheiro por mãos alheias, e fez questão de lançar a discussão sobre esse lance com a brilhante introdução "não me queria meter mais nisso, até porque não é assim um assunto que eu goste de estar a falar, mas...":

(obrigado, Tiago!)

Nice try, Diamantino, nice try...
in Record (via @SrBalakov)

A outra grande virtude do VAR

Que o VAR é uma ferramenta essencial para tornar o futebol um jogo mais justo, pouca gente terá dúvidas. Já foram várias as situações em que a verdade desportista foi reposta através do recurso às imagens por parte dos árbitros.

A outra grande virtude do VAR é particularmente importante para o futebol português: expõe por completo a incompetência e/ou desonestidade dos árbitros que temos. Ontem, em Alvalade, aconteceu isto:


Gelson foi travado de forma clara. Pode dizer-se que já esperava o contacto, pode dizer-se que quando o sentiu desistiu de jogar a bola e deixou-se cair, mas o contacto existe, é indiscutível, e é motivo suficiente para desequilibrar o jogador. Penálti mais que evidente que Rui Costa, numa primeira análise, interpretou como sendo simulação do extremo do Sporting.

Mas o pior ainda estava para vir. Bruno Esteves, em funções de VAR, recomenda a Rui Costa que reveja o lance. Assim o fez, mas manteve a decisão. Volta a ser aconselhado a rever uma segunda vez. E apesar de todas as evidências, apesar das imagens claras, apesar dos conselhos do VAR, não mudou de ideias.

Recordo que falamos do mesmo árbitro que também decidiu não expulsar Eliseu pela agressão cometida no Benfica - Belenenses.

Isto é estar a gozar com toda a gente que esteve a ver o jogo. Na melhor das hipóteses, estamos perante um caso de total incompetência. Na pior, é desonestidade. Num caso ou noutro, espero que o CA faça o mínimo exigível: como se diz por outras bandas, tem que lhe dar cabo da nota.

As saudades que eu tinha disto...





domingo, 22 de outubro de 2017

Um #DiaDeSporting especial



sábado, 21 de outubro de 2017

O IPDJ quer guerra


(via @captomente)

Esta malta perdeu a vergonha por completo, e isto só pode ser visto como uma reles provocação ao Sporting. Enquanto organismo que tutela os espetáculos desportivos, o IPDJ é cúmplice na descarada e ininterrupta infração das leis por parte do Benfica no apoio às suas claques ilegais. Toda a gente sabe o que se passa, mas o IPDJ continua sem aplicar as penas exemplares que já se impunham.

É do conhecimento geral que o Benfica paga transporte às suas claques para se deslocarem nos jogos fora, pagando o aluguer de carrinhas e o combustível. É do conhecimento geral que o Benfica cede instalações às suas claques. É do conhecimento geral que o Benfica cede bilhetes e lugares de época a preços mais baixos aos elementos das suas claques. É do conhecimento geral que o Benfica branqueia os crimes que elementos das suas claques cometem. É do conhecimento geral que o Benfica afrouxa as condições de segurança de forma a não incomodar as suas claques. Perante tudo isto, o IPDJ continua a fazer o que sempre fez, ou seja, assobiar para o lado. Depois disto, já só falta interditar os estádios dos outros clubes por permitirem que as claques ilegais do Benfica lá entrem.

Se é verdade aquilo que o Record escreve, está mais que visto que ao IPDJ não basta fazer de morto. Estar a multar o Sporting por algo que o IPDJ não mexe uma palha para impedir - apesar dos continuados apelos por parte de responsáveis leoninos a uma intervenção do organismo na resolução deste problema -, só pode ser visto como uma declaração de guerra ao clube.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Conceição, Casillas, Sá, Vitória e Svilar

Os jogos de Porto e Benfica para a Liga dos Campeões lançaram a discussão sobre as apostas que os respetivos treinadores fizeram para a baliza: Sérgio Conceição, sem que nada o fizesse prever, colocou Casillas no banco e lançou José Sá na Alemanha; Rui Vitória, não tão surpreendentemente, deu a Svilar a estreia na Luz contra o Manchester United, tornando o belga o mais jovem guarda-redes a alinhar na história da Liga dos Campeões.

No entanto, apesar do que se possa ter dito num dos casos, ambas as apostas correram mal. Os dois guarda-redes tiveram culpas num golo dos seus adversários, golos esses que acabaram por ser determinantes no desfecho dos dois encontros.

Duas decisões polémicas, por motivos diferentes.


Conceição, Casillas e Sá

No caso de José Sá, a surpresa foi total porque Casillas tem estado a fazer boas exibições. Depois de uma primeira época irregular em que custou vários pontos à sua equipa, o veterano guarda-redes espanhol subiu de rendimento na época passada e estava a manter a bitola elevada na atual. Com exceção de um dos golos sofridos contra o Besiktas, não havia nada a apontar às suas exibições. A opção de Sérgio Conceição em tirá-lo do onze num jogo da Liga dos Campeões ainda mais estranha fica se olharmos para o perfil do jogador que o substituiu. Na minha opinião, José Sá não é um guarda-redes com potencial para vir a ser titular absoluto numa equipa com as ambições do Porto: aos 24 anos, tem apenas 17 partidas disputadas na I Liga. Muito pouco, mesmo considerando que os parâmetros de evolução de um guarda-redes são diferentes dos que se aplicam aos jogadores de campo.

Nenhum treinador, no seu perfeito juízo, tomaria uma decisão destas por questões meramente técnicas. É legítimo que se as pessoas se questionem se terá havido algum problema disciplinar na origem da saída de Casillas do onze. Não havendo, as alternativas que sobrariam não seriam propriamente abonatórias para Conceição: ou excesso de confiança, a querer sacar novo coelho da cartola (um pouco à imagem do que fez com Sérgio Oliveira) num jogo de grande visibilidade; ou um capricho, aproveitando o momento de popularidade adquirida (muito justamente) entre os adeptos portistas para retirar um jogador que, por algum motivo, não aprecia.

O Jogo refere na sua edição de hoje que, na base desta decisão, está a insatisfação da equipa técnica pela falta de empenho nos treinos e pelo uso indevido do telemóvel. Pelo que me diz alguém bem informado, o que O Jogo escreveu é um eufemismo para o que realmente se está a passar: Casillas tem, ao que parece, uma atitude permanente de prima donna - das quais a falta de empenho nos treinos e nos estágios é um dos exemplos -, e já usou o telemóvel para fazer lives do autocarro da equipa numa altura em que as convocatórias ainda não eram do conhecimento público. Algo mais ou menos na linha da postura que tinha quando ainda jogava no Real Madrid:


Para tomar uma decisão desta importância, pode-se concluir que Conceição vê em Casillas uma ameaça para a coesão do grupo e para a continuidade da boa época que a equipa tem feito. A pergunta que se pode colocar perante isto é: será uma decisão justa ou é excesso de zelo por parte do treinador, considerando a importância que Casillas tem tido? E até que ponto o afastamento do guarda-redes espanhol poderá vir a revelar-se contraproducente dentro de campo?


Vitória e Svilar

Em relação a Svilar, a opção é menos difícil de compreender se considerarmos que Varela parece ter caído em desgraça (a forma como Rui Vitória o descartou após o erro do Bessa é muito discutível, ao passá-lo diretamente de titular para não convocado) e que Júlio César parece estar cada vez mais afastado do nível que o celebrizou. 

Rui Vitória diz que foi uma opção ponderada, mas não sei até que ponto isso é verdade, porque conhece-se a sua apetência para lançar jovens na sequência de maus resultados: em anos anteriores acertou no jackpot com Renato e fracassou com Clésio, enquanto esta época já lançou Rúben Dias após a derrota com o CSKA. Esta semana foi a vez de Svilar e Diogo Gonçalves. Sinceramente, dá mais ideia de os estar a usar como uma espécie de escudos humanos, que aumentam a tolerância ao inêxito junto dos adeptos, do que algo realmente pensado e que proteja os interesses da equipa e dos próprios jogadores.

Se o Benfica vê em Svilar potencial para vir a ser um guarda-redes de top mundial, é normal que, perante a falta atual de concorrência, se sinta tentado a antecipar a sua utilização. Agora, uma coisa é ir lançando o jogador em partidas em que tenha alguma margem para errar (nada a dizer na sua utilização contra o Olhanense, como nada haveria a dizer em jogos da Liga em casa contra as equipas teoricamente mais fracas), outra é atirá-lo às feras de forma tão repentina. Às vezes corre bem, outras vezes corre mal. Na quarta-feira correu mal.

As palavras que Mourinho dirigiu ao jovem guarda-redes foram simpáticas, mas parvo é coisa que o treinador do Manchester United não é:


O Benfica parece estar a querer utilizar em Svilar fórmulas bem sucedidas no passada: acreditam que têm em Svilar um novo Oblak/Ederson, e estão a aplicar-lhe o marketing usado com Renato. O problema é que cada caso é um caso: Oblak e Ederson já tinham 3 ou 4 anos de sénior, a jogar noutras equipas, antes de assumirem a titularidade no Benfica; e Renato Sanches ocupava uma zona do terreno em que os erros não se pagam tão caro.

Ainda assim, tomando como verdadeiro o potencial que Svilar parece ter, ao menos será um investimento que, mais cedo ou mais tarde, dará frutos - já sobre o Porto e Sá não se poderá dizer o mesmo.

Acredito, por isso, que o Benfica aposte de forma consistente no belga, pelo menos até janeiro - altura em que entra Vlachodimos. Resta saber se Svilar conseguirá corresponder às expectativas criadas no tempo de jogo que entretanto lhe será dado. Mesmo que não corra tão bem quanto os responsáveis pelo clube desejam, não haverá um tratamento idêntico a Varela, porque Varela nunca foi visto como o futuro da baliza benfiquista, e apenas ficou no plantel porque a contratação de Hradecky falhou. A margem de progressão e os ganhos que o Benfica poderá vir a ter com o jogador não estão em causa, mas é, sem dúvida, uma jogada de risco num ano em que o 3º classificado não entra na Liga dos Campeões.

O Sporting é candidato a vencer a Champions e esqueceram-se de me avisar?

Os comentários de Ribeiro Cristóvão, tanto em conteúdo como na forma, já são um clássico do jornalismo desportivo português. A facilidade com que se deslumbra com os feitos (ou não-feitos) de determinados clubes só é comparável à facilidade com que destila mesquinhez quando o tema é o Sporting.

O lançamento que fez da eliminatória entre o Sporting e o Manchester City figurará num local central do sobrepovoado panteão dos comentários de trampa que diariamente se vão fazendo por cá, mas Ribeiro Cristóvão tem-nos brindado com outras pérolas que é difícil esquecer: para atacar a implementação do VAR, disse que o futebol é um jogo de erros; disse ter dificuldade em ver uma agressão mais que óbvia de Samaris a um jogador do Moreirense; e transformou a cartilha benfiquista num exemplo de boa organização de comunicação, só para referir algumas das mais recentes.

Ontem, Ribeiro Cristóvão fez um balanço, no site da RR, dos jogos europeus de Sporting e Benfica. Como se sabe, ambos os clubes perderam. Como se sabe, um jogou em casa contra um adversário poderoso, enquanto o outro jogou fora contra um adversário igualmente ou ainda ou mais poderoso, sendo que o que jogou fora só sofreu o golo da derrota a escassos minutos do fim. No entanto, olhando para o que escreveu Ribeiro Cristóvão, parece que se passou uma coisa completamente diferente:


De um lado, a "qualidade muito acima da média" da equipa de Mourinho não permitia alimentar esperanças ao Benfica. Afinal, o Manchester United tem o objetivo de vencer a champions, ao contrário da equipa portuguesa. E, segundo Ribeiro Critóvão, a arriscada aposta de Rui Vitória em alguns jovens até nem correu mal (!), pois deixaram boas indicações. Gostava de saber que asneiras tem de fazer um jogador jovem para se poder dizer que a aposta correu mal. Pelos vistos não basta ser responsável pelo único golo do jogo.

Do outro, o Sporting, que fez um bom jogo "frente a uma Juventus contra a qual poderia ter feito melhor". Então, o Sporting, a jogar fora contra o vice-campeão europeu, é que podia ter feito melhor? E, claro, as decisões de Jorge Jesus que não são fáceis de entender e que deram mau resultado. Deste lado não houve boas indicações de ninguém nem mérito do treinador na estratégia adotada que anulou uma equipa recheada de estrelas... Se ao menos Jesus tivesse atirado às feras um par de jovens inexperientes...

Pelos vistos, para Ribeiro Cristóvão, a Juventus não tem a ambição de vencer a Liga dos Campeões, ou então é o Sporting que é candidato a ser campeão europeu...

(Obrigado, Sérgio!)

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Os sorteios do dia

Foram realizados há pouco os sorteios para a ronda de elite da UEFA Futsal Cup e para a 4ª eliminatória da Taça de Portugal.

Na competição de futsal, o Sporting terá novamente, como principal adversário nesta ronda, uma equipa russa: o Dina. O Braga terá uma tarefa quase impossível, já que calhou num grupo que terá duas equipas que estiveram na final four do ano passado.


Na Taça de Portugal, o sorteio foi simpático. O Sporting recebe o Famalicão, naquele que será o terceiro jogo entre as duas equipas nas últimas quatro edições da competição. O Porto recebe o Portimonense e o Benfica recebe o V. Setúbal.


Groundhog Day

Mais um jogo contra um tubarão europeu, mais uma exibição personalizada... e mais uma derrota tangencial. Como qualquer filme com demasiadas reposições, até podemos achar algum interesse no enredo, mas às tantas começamos a ficar fartos de ver a mesma história vezes sem conta. Real Madrid por duas vezes, Dortmund por duas vezes, Barcelona, e agora Juventus: seis jogos contra tubarões, sexta derrota por um golo de diferença.





De olhos nos olhos contra o vice-campeão europeu - qualquer análise que se faça ao jogo não pode ignorar o facto de a Juventus ser o atual vice-campeão europeu e o plantel riquíssimo de que dispõe. A meio da segunda parte, descontente com o decurso do jogo, Allegri mete em campo Douglas Costa e Matuidi, o que é um bom indicador da diferença de recursos existente entre as duas equipas. Não se pode apontar nada à estratégia montada por Jesus, que teve a virtude de anular muitos dos pontos fortes de um adversário de top mundial. Infelizmente, voltou a faltar um bocadinho assim, à Danoninho, mas seria injusto ignorar tudo o que foi bem feito.

Bruno Fernandes - a estratégia montada por Jesus tem o problema de exigir muito dos jogadores de características ofensivas: Acuña, Gelson e Bruno Fernandes têm um papel importantíssimo no apoio defensivo, os laterais pouco sobem, o que significava que, no momento de construção, os portadores da bola tivessem sempre poucas opções para desenvolver lances ofensivos. Para piorar, ainda não foi desta que Acuña, Gelson e Dost subiram de rendimento em relação ao que tem sido norma nos últimos jogos. No meio de todos estes constrangimentos, Bruno Fernandes foi o único que foi conseguindo inventar alguma coisa com a bola nos pés. Bom jogo.

Concentração da linha defensiva - Piccini, Coates, Mathieu e Coentrão tiveram muito trabalho e, tirando um outro lapso, foram resolvendo bem todos os problemas colocados pela Juventus. De referir também que Patrício defendeu tudo o que tinha defesa, e que Battaglia fez um grande trabalho a secar Dybala.



Groundhog Day - esta mania recorrente de perder jogos contra os todo-poderosos do futebol europeu faz lembrar a maldição de Bill Murray no filme mencionado no início deste parágrafo. Cada vez que acordava, Murray era obrigado a reviver o mesmo dia - e foi assim que me senti no momento em que o Sporting sofreu no 2º golo. Sim, compreendo a dificuldade que adversários deste nível representam, compreendo que há mérito na forma como temos discutido os jogos... mas começa a cansar sair sempre derrotado. Analisando cada partida isoladamente, não podemos apontar grandes críticas à equipa, mas, olhando para o conjunto, é cada vez mais complicado ver um lado positivo em exibições que redundam constantemente em derrotas tangenciais.

Um problema nada lateral - durante o jogo, foram vários os cruzamentos da Juventus atirados para o segundo poste. Piccini e Coentrão, com maior ou menor dificuldade, foram resolvendo. Cedendo canto, ganhando a posição e deixando a bola seguir na direção da bandeirola de canto ou da linha de fundo, ou aliviando para fora da área. Saiu Coentrão, entrou Jonathan... e sofremos o segundo golo com um cruzamento para o segundo poste. O segundo golo sofrido na Grécia também foi sofrido com um cruzamento para o segundo poste, com o mesmo Jonathan. Mandzukic é mais alto? É. Mas bastaria a Jonathan antecipar o que iria acontecer e preparar-se para saltar na direção da bola em vez de ficar a aguardar com as pernas rígidas e os pés pregados ao chão - ou seja, aquilo que Piccini e Coentrão já mostraram saber fazer quando confrontados com situações de jogo idênticas. O rapaz faz o melhor que sabe, mas está mais que visto que aquilo que sabe não é suficiente para este nível.

Pormenores que custam pontos - seria injusto, no entanto, não referir a falta desnecessária de Battaglia que originou o livre que Pjanic converteria no primeiro golo italiano. O argentino fez um bom jogo, mas a equipa pagou caro por esta má abordagem.

As substituições - compreendo o que Jesus quis fazer, mas, infelizmente, a substituição de Gelson por Palhinha não surtiu o efeito que o treinador pretendia. A altura do jogo em que Jesus decide mudar a equipa coincide com a fase da partida em que se estava a conseguir manter a bola no meio-campo italiano como nunca tinha acontecido até então. Gelson estava a jogar mal, sem conseguir criar desequilíbrios, mas pelo menos estava a conseguir segurar a bola e fazê-la circular sob pressão - coisa que se perdeu após a sua saída. A Juventus voltou a empurrar o Sporting para junto da sua baliza, e o resto é história. Quanto à troca de Coentrão por Jonathan, conhecemos as limitações físicas do primeiro e as limitações técnico-táticas do segundo. Vamos ter de viver com isto até ao final da época, resta saber quantos pontos nos custará até lá.



Já passámos a fase das vitórias morais por dar luta a equipas deste nível, e está mais que na altura de dar o passo seguinte. De qualquer forma, é apenas a Champions. Muito mais importante é saber mudar o chip para o nosso campeonato, onde não há qualquer margem ou tolerância para perder pontos.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

O jovem Leão a dar o exemplo

Grande vitória do Sporting na Youth League, com uma vitória por 4-1 no terreno da Juventus. A primeira parte foi avassaladora, com a equipa a conseguir marcar 4 golos sem resposta, com destaque para Rafael Leão, que marcou os dois primeiros golos, sofreu o penálti que deu o terceiro, e ainda fez uma assistência para o quarto. O terceiro e o quarto foram marcados por Miguel Luís e Jovane Cabral, respetivamente.

Na segunda parte a equipa entrou a gerir o resultado, mas ficou com a vida mais complicada após uma expulsão absurda de Jovane (se alguém deveria ter sido expulso era o jogador da Juventus, que o agrediu claramente). A Juventus aproveitou a vantagem numérica para encostar o Sporting à área, marcou um golo, mas a partir daí a equipa soube reagir da melhor forma e conseguiu reequilibrar a partida e manter o resultado em 4-1.

O jovem leão (e também o jovem Leão) a dar o exemplo aos mais velhos.

Aqui ficam os golos do Sporting. Vale a pena ver, porque todas as jogadas (incluindo a que dá origem ao penálti) são um regalo para os olhos.


O Sporting subiu à 2ª posição, com 4 pontos. O Barcelona lidera com 9 pontos. A Juventus é 3ª, com 3 pontos, e o Olympiacos está em último com 1 ponto.

O tubarão que se segue

O Sporting joga esta tarde mais uma partida muito complicada no seu grupo da Liga dos Campeões. A novidade, em relação ao que a partidas muito complicadas diz respeito, é que, desta vez, o nosso adversário não se encontra num momento de forma exuberante. A Juventus, habituada a liderar a Serie A do princípio ao fim, caiu para um invulgar terceiro lugar após dois jogos sem ganhar.

Acresce a isso que a situação na Liga dos Campeões também não é propriamente folgada. Dificilmente chegarão ao 1º lugar após terem perdido 3-0 em Barcelona, e fizeram pouco mais que os mínimos frente ao Olympiakos. Mas isso, para o Sporting, não são boas notícias, porque isso significa que, para a Juventus, este par de jogos com o Sporting é uma espécie de final a duas mãos que pode assegurar ou condenar o objetivo de passagem à segunda fase da competição. Como tal, podemos esperar que a equipa de Turim vá encarar a partida de logo totalmente focada na obtenção da vitória - como se não bastasse o incrível talento e pragmatismo que têm.

Perante isto, o Sporting terá que aparecer com os níveis de competitividade e concentração demonstrados contra o Barcelona e durante 80 minutos em Atenas. Ao que parece, o departamento médico liderado pelo Dr. Frederico Varandas conseguiu recuperar Fábio Coentrão e Doumbia, duas peças fundamentais para um jogo com estas características. Battaglia será novamente peça-chave: depois de ter feito um bom trabalho com Messi, terá desta vez de ser a sombra de Dybala, outro compatriota seu que tem tido um arranque de época fenomenal.

No entanto, se quisermos aspirar à conquista dos três pontos existem três jogadores que terão de subir de rendimento em relação às últimas partidas: é fundamental que Acuña, Gelson e Bruno Fernandes saibam escolher os momentos para se soltarem das suas tarefas defensivas e criarem situações de desconforto para o adversário. Veremos se a pausa das seleções e Taça lhes fez bem: nas últimas duas semanas e meia, Acuña fez apenas 90 minutos pela seleção, Gelson cerca de 60 minutos e Bruno Fernandes não foi sequer utilizado.

De qualquer forma, trazer um ponto de Turim já seria um resultado extremamente positivo, não só por deixar-nos em boa posição para atacar o 2º lugar do grupo, mas também porque o crescimento europeu do Sporting necessita de resultados positivos contra tubarões europeus.

Rui Patrício; Piccini, Coates, Mathieu e Coentrão; Battaglia, William e Bruno Fernandes; Acuña, Gelson e Doumbia.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Uma escolha difícil para Rui Vitória

Assunto de capa da edição de hoje do Correio da Manhã:


Ou seja, segundo o jornal dirigido pelo mestre Octávio Ribeiro, Rui Vitória está indeciso entre utilizar um jogador que não está inscrito na Champions (Krovinovic) e um jogador que está inscrito na Champions (Jimenez). Isto, meus amigos, é jornalismo de alta qualidade.


Evolução dos custos com pessoal

Apesar de ainda estarmos à espera da publicação do R&C do Benfica referentes a 2016/17 - que ainda só comunicou à CMVM um resumo de 4 páginas - para fazer uma análise detalhada às contas dos três grandes, já é possível fazer uma comparação daquilo que cada um dos clubes gastou em salários da sua equipa de futebol.

Conforme se esperava, o Sporting foi o clube que mais aumentou os gastos com salários, mas, apesar disso, continua a ser (a alguma distância dos restantes) o grande que menos gasta.

A maior surpresa dos dados divulgados acaba por ser outra: apesar de o crescimento de custos do Sporting ter sido grande - de 49M para 64M, ou seja, aumentando cerca de 15M em relação a 2015/16 - e proporcionalmente mediático, a verdade é que o Benfica também aumentou os seus custos praticamente na mesma medida. Em 2015/16, o Benfica apresentou custos 61,5M, subindo, em 2016/17, para cerca de 74,7M. Ou seja, o Benfica aumentou os salários em 13M, quase tanto como o Sporting, mas isso não foi alvo de qualquer tipo de análises ou debates nos jornais e televisões.


O aumento foi de tal forma considerável que o Benfica acabou por ser o clube que mais gastou em salários, destronando o Porto dessa condição, que ocupou nas duas épocas anteriores. O aumento da despesa deve explicar-se pela entrada de jogadores caros como Carrillo, Zivkovic, Cervi e Rafa, apesar de terem saído jogadores como Gaitan (que estava no teto salarial), Carcela, Talisca e Taarabt (este apenas em janeiro). Se calhar os jogadores do Benfica, afinal, não jogam apenas pelo amor à camisola ou por sandes de torresmos.

Há, no entanto, que relembrar que o Benfica teve custos com prémios pelas conquistas da Liga e Taça de Portugal que o Porto não teve de suportar. Não fosse isso, e o Porto teria voltado a ser o clube mais gastador.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O afastamento do Correio da Manhã das instalações do Sporting

Bruno de Carvalho anunciou ontem, na sua página de Facebook, que os profissionais do Correio da Manhã e da CMTV serão impedidos de permanecer nas instalações do clube, por alegados motivos de segurança. 

O efeito prático desta decisão acaba por ser, como todos percebem, uma proibição de acesso aos funcionários desses órgãos de comunicação social. Os termos utilizados por Bruno de Carvalho no seu anúncio são uma forma de tentar transformar a proibição de acesso a um órgão de comunicação social específico - que não é permitido por lei - numa questão de segurança. Não sei se será eficaz, mas sei que esta medida peca por tardia.

Os direitos de que usufruimos enquanto cidadãos de um país livre acabam por proteger também aqueles que se optam por se movimentar nos limites dessas mesmas liberdades, aproveitando-se disso para violar os direitos de terceiros, seja mentindo, difamando ou intrometendo-se em assuntos da vida privada de figuras públicas (e às vezes nem figuras públicas são). Infelizmente, essa gente não merece a proteção que a lei lhes confere. Falamos da mesma malta que achou boa ideia fazer um direto de um velório de uma criança e usar um drone para filmar o seu funeral, que a família pretendia que fosse privado. A partir daqui, percebe-se a falta de decência da gente que dirige aquele jornal e aquele canal de televisão. O Correio da Manhã tem tanto de jornalismo como a necrofilia tem de culinária. Os seus responsáveis são um bando de oportunistas sem quaisquer escrúpulos, habituados a alimentar-se da miséria alheia. O único critério que os guia é o sensacionalismo enquanto caminho fácil de atingir maiores audiências, pelo que esta decisão do Sporting não pode ser considerada nenhum ataque à liberdade de imprensa. 

Para além da falta de critério jornalístico, de rigor e de qualidade, há ainda a questão da isenção: o Correio da Manhã não é isento, não faz qualquer esforço para ser isento, não quer ser isento. No que diz respeito ao futebol - não vou pronunciar sobre o que fazem noutras áreas da sociedade - toma partido claro por um dos clubes concorrentes do Sporting. No meu ponto de vista, só o facto de tentarem impingir Carlos Janela aos seus espectadores como comentador isento - apesar de todos saberem que é uma das cabeças da propaganda benfiquista - seria, para mim, motivo suficiente para serem escorraçados das instalações do clube. Acrescente-se todas as outras sacanices que vão fazendo quase todo o santo dia, e é fácil perceber por que motivo apoio a 100% esta decisão de Bruno de Carvalho.

P.S.: A única questão que, enquanto sócio, posso colocar ao meu presidente é a seguinte: por que razão foi esta a gota de água e não várias das coisas, tão más ou piores, feitas no passado? Voltamos a uma conversa já tida há alguns dias: ao ter decidido misturar a sua vida pessoal com a sua vida profissional, o presidente está a arranjar lenha para se queimar. Talvez não agora, talvez não num futuro próximo... mas é seguramente um tema que os seus inimigos irão guardar para ser utilizado no momento em que lhe puder causar maior dano.

sábado, 14 de outubro de 2017

A confissão clubística do Senhor Juiz

Foi rejeitado, pelo Tribunal da Comarca do Porto, a providência cautelar colocada pelo Benfica para impedir que o Porto continuasse a divulgar os emails que têm incendiado o futebol português nos últimos meses.

O Benfica reagiu prontamente à sentença, dizendo que irá recorrer para a 2ª instância. Um dos motivos da revolta encarnada é a "confissão clubística" do juiz que tomou a decisão - que, no início do processo, assumiu ser adepto portista.


É uma argumentação pertinente. Que garantias tem o Benfica de que o juiz consegue efetivamente alhear-se da sua condição de portista no momento de tomar a decisão? Em teoria, qualquer juiz deve estar preparado para pôr de lado todas as preferências e preconceitos pessoais, mas na prática sabemos que, muitas vezes, não é isso que acontece. Como tal, não deveria esta decisão ficar a cargo de um juiz que não ligue a futebol?

É claro que esta argumentação pode abrir outras questões: seguindo a mesma linha de raciocínio que o Benfica traçou ontem, então sportinguistas e portistas têm toda a legitimidade para não aceitar que os padres Manuel Mota, Nuno Almeida, Vasco Santos, Bruno Esteves (que estavam na lista que Adão Mendes passou a Pedro Guerra) e João Pinheiro (que manda e-mails confidenciais para o menino bonito Nuno Cabral) - para não falar de outros novos talentos da arbitragem que estão claramente ligados à mesma máquina - arbitrem jogos seus e do próprio Benfica, pois não dão garantias de isenção, que é uma característica fundamental que qualquer árbitro deve ter.

No caso destes árbitros - e ao contrário do juiz portista que tomou a decisão sobre a providência cautelar -, nem sequer estamos no domínio das suposições: basta olhar para o histórico de decisões polémicas que tiveram em jogos dos grandes - no caso de Vasco Santos, até como VAR já conseguiu ter uma decisão escandalosa a favorecer o Benfica, ao não dar indicações para expulsar Eliseu. A tendência em favorecer o clube da sua preferência é evidente aos olhos de todos. De que está o Conselho de Arbitragem à espera para os afastar em definitivo destes jogos?

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

A panelinha

A noite de ontem teve várias particularidades que só um jogo de Taça em que um grande visita uma equipa de um escalão não profissional pode proporcionar. Foi engraçado, por exemplo, ver a reportagem que a Sport TV realizou na fan zone, onde se fazia a festa após o jogo, e também foi interessantíssima a flash interview e conferência de imprensa do treinador do Oleiros, Natan Costa.

Uma das coisas mais curiosas que disse foi isto:






Não levo a mal que Natan Costa tenha dito o que disse, porque faz todo o sentido que as pessoas de Oleiros desejassem a realização do jogo no seu estádio e que usassem os meios ao seu dispor. Mas tenho que dizer que a expressão utilizada pelo treinador não podia ser mais feliz: a panelinha entre a comunicação social e as pessoas de Oleiros

A panelinha existiu e foi descarada ("Oleiros a ferro e fogo"), mas, curiosamente, não pareceu existir panelinha entre a comunicação social e as pessoas de Évora, nem panelinha entre a comunicação social e as pessoas de Olhão. Por que será?


Noite de Taça a sério

São cada vez menos as ocasiões em que podemos dizer isto: em Oleiros houve Taça a sério. Um estádio que se transformou para receber o Sporting, com bancadas repletas para ver uma equipa teoricamente mais fraca em modo de superação contra uma equipa teoricamente mais forte que honrou o adversário, levando a sério o desafio. Festejaram os dois lados, ganhou a melhor equipa, e foi uma bela noite de propaganda do futebol, que seguramente ficará na memória coletiva da vila de Oeiros.

Do ponto de vista do Sporting, genericamente foi tempo bem empregado. Foram dados minutos a muitos jogadores menos utilizados. Alguns aproveitaram bem o tempo disponível, outros nem tanto, apesar de nunca ser possível tirar grandes conclusões de um jogo desta natureza: por um lado, foi a jogo um onze pouco utilizado, o que é um pouco ingrato; por outro, o nível da oposição não oferece as dificuldades que normalmente uma equipa como o Sporting encontra. Ainda assim, há que destacar as três assistências de Podence e os dois golos de Palhinha, e as estreias a marcar de Mattheus Oliveira e, claro, de Rafael Leão, que aos 18 anos fez o seu primeiro jogo oficial pela equipa principal - tornando-se o quarto jogador mais jovem a marcar pelo Sporting no século XXI.


Iuri e Podence renderam mais quando trocaram de posição, Dala pareceu demasiado ansioso para marcar - precisa de mais oportunidades para poder mostrar aquilo que sabe -, e ainda deu para estrear Jovane e Demiral.

Ah, e ninguém se lesionou.

A festa em Oleiros continuou após o jogo, pela noite dentro. Bela noite de Taça. 

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Convocatória para Oleiros


Uma lista de jogadores muito diferente do que é habitual, que acrescenta interesse à partida de logo. Considerando os atletas disponíveis, gostaria que fosse a jogo o seguinte onze:



A Taça em Oleiros

Todo o processo de arrumação de jogos dos grandes na eliminatória da Taça de Portugal que hoje principia e a forma como foi sendo relatado na comunicação social tem sido um magnífico exemplo de como a comunicação social aborda temas iguais de maneiras diferentes, em função do clube que o protagoniza.

Conforme manda o regulamento - que obriga a que as equipas da I Liga joguem fora na terceira eliminatória - o sorteio ditou que Sporting, Porto e Benfica se deslocassem a terrenos de equipas do Campeonato de Portugal ou dos distritais. É compreensível que, tratando-se de equipas que terão recintos abaixo da qualidade desejável, que os grandes tentem arranjar forma de mudar para um campo neutro com melhores condições - com o bónus de, ao afastarem o visitado da sua base, acabarem por jogar perante uma maior percentagem de adeptos seus. Claro que isso desvirtua o propósito de levar a Taça a povoações que normalmente não têm contacto direto com equipas deste nível, mas as coisas são como são.

Acredito, por isso, que o Sporting tenha tentado fazer pressão (não necessariamente no mau sentido) para mudar o local do encontro de Oleiros para Coimbra. Agora, não acredito que alguma vez tenha havido, por parte dos responsáveis do clube, a intenção de levar os juniores para este jogo. Seria contraproducente em todos os sentidos possíveis: para além de o Sporting estar a correr riscos desnecessários numa competição que pretende conquistar, há também a questão de existirem vários elementos do plantel principal que estão a precisar de competição.


Parece-me, portanto, que foi apenas mais uma pazada de carvão oriunda de uma das férteis minas - no que ao Sporting diz respeito - que há por aí.


Apesar disso, claro que isto foi o suficiente para que se começasse a adivinhar uma superprodução na nossa imprensa à volta do assunto: o pobre clube do interior que sonhava com um jogo assim no seu estádio, a prestimosa autarquia que fez investimentos de monta para concretizar esse sonho, e o clube grande malvado que faz chantagem para ter a vida mais facilitada.

Felizmente, Bruno de Carvalho fez uma oportuna publicação no Facebook que matou, à nascença, a novela "Oleiros a ferro e fogo" que se começava a desenvolver. Já se adivinhavam os capítulos seguintes: magotes de jornalistas a deslocarem-se à simpática vila de Oleiros para auscultar o sentimento da população local perante a desfeita de que estariam a ser alvos, para além das habituais horas e horas de debate nos espaços do costume.

O engraçado é que, após todas as contas feitas... o Sporting é o único clube que vai jogar no terreno do adversário. O Lusitano de Évora receberá o Porto... em Lisboa e o Olhanense, que ainda na época passada estava nos campeonatos profissionais, irá receber o Benfica no Estádio do Algarve (uma pena que ninguém se tenha lembrado no estádio do Estoril, para a ironia ser suprema). Em relação ao estádio do Olhanense, segundo o que vi (admito que existam outras questões de que não me apercebi), o problema foi a qualidade do relvado. Quanto ao Lusitano, vi uma reportagem da RTP sobre o estádio do clube de Évora onde foi referido que, na origem do chumbo, esteve a ausência de condições de segurança para jogos de alto risco, como a inexistência de vedação a toda a volta do campo, cadeiras em toda a bancada principal, e falta de saídas de emergência. Fico curioso para ver se os critérios foram iguais para todos.

Mas isso são contas de outro rosário. O importante é que estão reunidas todas as condições para uma grande festa de futebol - que é, na realidade, aquilo que a Taça de Portugal devia ser sempre. Infelizmente, os interesses económicos acabam quase sempre por prevalecer, retirando uma boa parte do encanto desta competição. E vale ainda a pena referir que as iniciativas que o Sporting tem anunciado para este jogo prometem valorizar ainda mais uma tarde e uma noite que prometem ser memoráveis para aquela zona do país.