sábado, 31 de janeiro de 2015

Passatempo João Cancelo

Depois de em setembro o presidente do Valência ter referido que João Cancelo já pertencia ao fundo de Peter Lim, e de Jorge Jesus ontem na conferência de imprensa ter dado o defesa direito como vendido, deve ser uma questão de tempo para a transferência ser anunciada pelo emblema benfiquista. Inspirado nisso, lembrei-me de fazer um passatempo em que os participantes terão que responder à seguinte pergunta:

Qual será o valor anunciado pelo Benfica pela venda de João Cancelo ao Valência?

Para vos ajudar na avaliação, penso que será útil saber que em 20 jogos do campeonato espanhol, Cancelo jogou 227 minutos (2 partidas como titular, 2 como suplente utilizado), que se juntam a 62 minutos de competição na liga portuguesa ao serviço do Benfica na época passada.

O meu palpite é que a "venda" será de €10,3M.

Quem se aproximar mais do valor anunciado pelo clube receberá uma embalagem deste produto:


Boa sorte aos participantes!

Forma curiosa de demonstrar satisfação

Vejam lá melhor os ângulos de filmagem que escolhem... :)

Bom fim-de-semana!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Prata v. Daniel, The Rumble in the Jungle

vídeo de @captomente, no blogue Com quem joga o Sporting

Para quem se questiona como é que Bruno Prata consegue arranjar tantos tachos na comunicação social (RTP, TSF, Record), talvez consiga encontrar algumas respostas num texto do provedor do leitor do jornal Público, escrito em 2008: LINK.

Balanço das arbitragens: 18ª jornada

Sporting 1-0 Académica (Rui Costa)

2': Carrillo faz um remate que bate no braço de Fernando Alexandre, o árbitro não assinalou penálti - decisão certa, o jogador da Académica faz uma rotação com o braço mas não tem intenção de jogar a bola nem aumenta a mancha do corpo

19': Rafael Lopes cai na área do Sporting por uma possível ação faltosa de Tobias Figueiredo, o árbitro não assinalou penálti - decisão certa, o defesa do Sporting tem o braço esquerdo sobre o ombro de Rafael Lopes, mas é nítido que não o agarra, puxa ou impede de disputar o lance

=: arbitragem sem influência no resultado


Marítimo 1-0 Porto (João Capela)


=: jogo sem casos críticos de arbitragem


Paços Ferreira 1-0 Benfica (Bruno Paixão)

14': Cícero cai na área pressionado por Luisão, o árbitro não assinalou penálti - decisão certa, Luisão bate de facto com o joelho na perna de Cícero, mas não parece suficientemente forte para justificar a queda do avançado

18': Jonas cruza a bola, que bate na mão de Ricardo; o árbitro assinala penálti - decisão errada, não só o cruzamento é feito à queima, como o jogador do Paços de Ferreira tem o braço numa posição natural e não faz qualquer movimento de mão que pudesse implicar intencionalidade

60': Cícero cai na área após contacto de Jardel, o árbitro não assinalou penálti - decisão certa, Jardel coloca os braços no peito de Cícero mas não o empurra

88': Hurtado cai na área após disputa de bola com Eliseu, o árbitro assinala penálti - decisão certa, Eliseu corta a bola num primeiro movimento mas não a afasta do adversário, e logo a seguir, dentro da área, acaba por atingir Hurtado na canela


=: apesar do erro, arbitragem sem influência no resultado



Estatísticas da jornada





Estatísticas acumuladas



Classificação



Jogos com influência da arbitragem no resultado



Erros de arbitragem com o resultado em aberto



Erros de arbitragem com o resultado em aberto agrupados por árbitro, desde 2013/14





Links para jornadas anteriores


17ª J: Penafiel - Porto; Marítimo - Benfica; Sporting - Rio Ave: LINK
16ª J: Benfica - Guimarães; Porto - Belenenses; Braga - Sporting: LINK
15ª J: Sporting - Estoril; Gil Vicente - Porto; Penafiel - Benfica: LINK
14ª J: Porto - Setúbal; Benfica - Gil Vicente; Nacional - Sporting: LINK
13ª J: Sporting - Moreirense; Porto - Benfica: LINK
12ª J: Boavista - Sporting; Benfica - Belenenses; Académica - Porto: LINK
11ª J: Sporting - Setúbal; Académica - Benfica; Porto - Rio Ave: LINK
10ª J: Nacional - Benfica; Sporting - P. Ferreira; Estoril - Porto: LINK
9ª J: Benfica - Rio Ave; Guimarães - Sporting; Porto - Nacional: LINK
8ª J: Arouca - Porto; Sporting - Marítimo; Braga - Benfica: LINK
7ª J: Penafiel - Sporting; Porto - Braga; Benfica - Arouca: LINK
6ª J: Sporting - Porto; Estoril - Benfica: LINK
5ª J: Benfica - Moreirense; Gil Vicente - Sporting; Porto - Boavista: LINK
4ª J: Setúbal - Benfica; Sporting - Belenenses; Guimarães - Porto: LINK
3ª J: Porto - Moreirense; Benfica - Sporting: LINK
2ª J: Paços Ferreira - Porto; Sporting - Arouca; Boavista - Benfica: LINK
1ª J: Porto - Marítimo; Académica - Sporting; Benfica - Paços Ferreira: LINK

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Um imenso fosso de um ponto

Os resultados da última jornada foram extremamente positivos, mas tem sido particularmente interessante ouvir a forma como os comentadores da nossa praça reagem à súbita aproximação do Sporting aos dois primeiros classificados.

Até ao final da semana passada as opiniões eram unânimes em relação ao facto de a disputa pelo título ser uma luta limitada a dois emblemas. Os dez pontos de atraso do Sporting eram considerados irrecuperáveis, ao passo que os seis pontos de atraso do Porto - que face à derrota por 0-2 no Dragão com o Benfica os transformam virtualmente em sete pontos - representavam uma distância suficientemente próxima para não se poder excluir os azuis e brancos de um eventual assalto ao 1º lugar.

Com a vitória do Sporting e a derrota de Benfica e Porto, é visível a dificuldade que alguns comentadores demonstram ao tentarem encaixar as mesmas peças do puzzle num cenário que mudou e que julgavam ser impossível.

A doutrina divide-se agora em duas linhas de raciocínio distintas.

A primeira é a dos que se recusam a analisar em função da bola que entra ou não entra na baliza depois de bater no poste, e que dizem que não podem mudar a sua análise só por causa do que aconteceu num jogo. Para estes a luta continua a ser a dois, ponto final, parágrafo.

A segunda é a dos que agora consideram a eventualidade de o Sporting vir a intrometer-se nas contas do 1º lugar se vencer o Benfica em Alvalade. Ou seja, neste momento o Sporting ainda não é candidato, mas se conseguir reduzir à 20ª jornada a distância para 4 pontos então já passa a ser. No entanto, para estas mesmas pessoas o Porto continua a ter um estatuto diferente, estando com os dois pés na luta pelo título.

Eu aceito e concordo que digam que as hipóteses do Sporting em chegar ao 1º lugar são mínimas. A distância para o Benfica é efetivamente grande, e estamos dependentes de escorregadelas de terceiros para nos podermos aproximar. A filosofia de encarar um jogo de cada vez é a que neste momento faz mais sentido, e se continuarmos a ganhar e entretanto os outros escorregarem logo se vê se vale a pena estabelecer objetivos mais alargados.

Agora, é de uma enorme hipocrisia que estas mesmas pessoas criem um estatuto completamente diferente para o Porto, como se as possibilidades de disputa pelo 1º lugar fosse algo de incondicional atribuído por decreto. Então as hipóteses do Porto não dependerão também do que farão na Luz? Por que motivo os 6(+1) pontos de atraso do Porto para o Benfica são assim tão diferentes dos 7 pontos de atraso do Sporting?

O Porto ainda não demonstrou uma consistência e qualidade de jogo assim tão superior em relação ao Sporting, e a melhor prova disso é que ao fim de 18 jogos e 54 pontos em disputado o avanço que conseguiram acumular é de... 1 ponto. É verdade que têm mais soluções individuais que o Sporting para determinadas posições, mas essa diferença de qualidade não se traduziu ainda num coletivo indiscutivelmente melhor - e desengane-se quem acredita que Lopetegui ainda poderá fazer evoluir significativamente esta equipa para além do que conseguiu ao fim de 7 meses de trabalho.

Sim, apesar da derrota em Paços o Benfica continua a ser o único grande favorito. Não pelo que tem demonstrado dentro de campo, mas acima de tudo pela "competência" demonstrada fora dele. E como essa vantagem extra-competitiva não se vai desvanecer de repente, os outros estão condenados a depender de improváveis deslizes do líder.

Bipolarização também é isto. Uma legião de comentadores que insiste em atribuir competências a Benfica e Porto com a mesma facilidade que as negam ao Sporting, por muito que os factos insistam em não suportar as suas teorias.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Dentro das expetativas

Mesmo tratando-se de uma equipa composta por jogadores que não são da primeira linha do clube, é evidente que o resultado de hoje fica bastante aquém do exigível. Depois de marcarmos cedo através de uma oferta de um adversário e de ficarmos em vantagem numérica ainda durante a primeira parte, é difícil de compreender como foi possível deixarmos o Setúbal empatar e não conseguirmos concretizar sequer uma das muitas oportunidades que tivemos para marcar. O nosso destino na competição depende agora de terceiros, algo que fica dentro das expetativas que a maior parte de nós tinha quando foram conhecidos os grupos da Taça da Liga.

Do jogo de hoje não há muitas notas positivas a retirar: gostei mais uma vez de Wallyson e pareceu-me que Rabia fez um jogo bastante seguro. No lado das desilusões esteve Tanaka, que não conseguiu sequer fazer um remate de perigo nas muitas oportunidades de que dispôs. A sua desinspiração esteve longe de ser um caso isolado na equipa, mas foi mais uma vez evidente que, à semelhança de Montero, não é jogador para ser colocado sozinho na frente.

Como também se esperava, estes quatro jogos foram bastante úteis para percebermos melhor com quem podemos ou não contar para as provas realmente importantes. Sarr não garante os mínimos de segurança necessários para poder fazer parte do plantel principal, enquanto que Tanaka, Rosell e André Martins desperdiçaram as oportunidades que tiveram para se mostrarem como alternativas reais para o onze titular. Slavchev, Geraldes e Rabia deram alguns sinais de vida, enquanto que Podence e Esgaio tiveram alguns momentos positivos - mas precisam de passar para outro patamar competitivo para poderem fazer parte do plantel principal em definitivo.

Em contrapartida, creio que ganhámos três jogadores para o futuro imediato. Tobias conquistou em definitivo um lugar no plantel principal, enquanto que Gauld e Wallyson mostraram que podem seguir o mesmo caminho já. Aliás, não compreenderei se Marco Silva não lhes der oportunidades a curto prazo no banco de suplentes e minutos em função das ocorrências da partida. Parece-me que neste momento merecem estar na rotação do plantel à frente de Rosell ou André Martins, por exemplo. Gerir um grupo de trabalho em função do mérito parece-me um princípio bastante saudável.


Não falta aí nada?

Oh senhores, que rigor jornalístico...


(via @andrerdopt)

Já que chegámos até aqui...

... porque não assegurar a qualificação ganhando o jogo de logo? Acabaria indiscutivelmente por ser um desfecho interessante atendendo às circunstâncias que rodearam a nossa participação na edição deste ano da Taça da Liga.

Mais uma boa oportunidade para ver alguns jogadores menos utilizados ou da B. Desilusão pela lesão que impede que Gauld seja opção para hoje, pelo que fica a curiosidade de ver novamente Wallyson, Podence, Sacko ou Dramé. Creio que não faz muito sentido utilizar-se Esgaio numa altura em que o jogador já deve estar mais preocupado em impôr-se na Académica.

Parece-me útil que se dêem minutos a Jonathan e André Martins (principalmente ao argentino, que deverá ser titular em Arouca). Se Slavchev jogasse em vez de Wallyson ou André Martins também não seria mal pensado (pelo menos deixou alguns sinais positivos contra o Boavista). Importante ver o que rende Rabia, que perante um cenário de empréstimo de Sarr passará a ser o 3º central da equipa principal enquanto Ewerton não está em condições de jogar.


Também não desgostaria de ver alguns minutos de Francisco Geraldes, Gelson Martins e até de Diego Rubio.

As Aventuras de Maxi: A Santa Aliança (parte 5)

Parte 1: LINK (os andrades planeiam a nova época)
Parte 2: LINK (a aldeia de carnide no torneio emirates)
Parte 3: LINK (a missão adrien - parte 1)
Parte 4: LINK (a missão adrien - parte 2)

Parte 5: o assalto ao BES

(carregar nas imagens para ampliar)

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Reabilitação de Mota?


Mais cedo ou mais tarde lá teria que acontecer. Manuel Mota foi nomeado para o jogo de amanhã para a Taça da Liga, voltando a arbitrar o Sporting mais de um ano depois da inqualificável arbitragem no empate caseiro que tivemos com o Nacional na época de 2013/14.

Sabendo que não é viável manter na jarra todos os árbitros que erraram contra nós - a lista é imensa e até existem alguns nomes que me assustam muito mais que Manuel Mota, como Vasco Santos, João Capela, Bruno Paixão, Bruno Esteves, Duarte Gomes ou Luís Ferreira - parece-me uma medida semi-corajosa e até sensata tentar relançar o árbitro em Alvalade num jogo que acaba por ter pouca importância. Convenhamos: seria bem mais arriscado e polémico se por acaso o nomeassem para o Arouca - Sporting do próximo fim-de-semana.

É justo que se diga que Manuel Mota tem tido prestações razoáveis (não isentas de erros, mas pelo menos sem a tendência para errar sempre para o mesmo lado como outros árbitros) nos jogos de Benfica e Porto. Curiosamente, o único jogo polémico que teve entretanto foi no Benfica - Rio Ave, em que o fiscal-de-linha anulou um golo aos visitantes sem que estivesse em condições de ajuizar devidamente o lance.

Claro que não estou a dizer que devemos esquecer aquilo que aconteceu no Sporting - Nacional e receber o árbitro bracarense com pétalas de rosas e musica de harpas e violinos. Para além de ter visto uma falta inexistente de Slimani no lance que potencialmente nos poderia dar a vitória e a liderança isolada no campeonato, Manuel Mota mudou pontualmente nessa partida o seu estilo disciplinar rígido (é dos árbitros que mais cartões costuma exibir) para uma arbitragem altamente permissiva para com o excesso de dureza usado pelos jogadores do Nacional.

É por isso uma nomeação que me traz sentimentos mistos. Vamos ver como corre amanhã.

Promoções enganadoras



Promoção: o preço do bilhete do Benfica - Setúbal será o equivalente aos minutos de descontos do Benfica - Boavista.

Isto com o Bruno Paixão a apitar é coisa para ficar mais cara do que um bilhete normal...


Se a Deco descobre...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

6 shades of Paixão

Um segundo para marcar um penálti a favor do Benfica, apesar dos vários jogadores pelo meio a impedir uma linha de visão clara. Zero dúvidas.


Penálti, aliás, extremamente duvidoso: braço ao longo do corpo e é evidente que o jogador não tinha hipótese de evitar que a bola lhe batesse na mão. Zero de intencionalidade.


Seis segundos para marcar um penálti claro contra o Benfica, sem que tivesse qualquer jogador a estorvar-lhe a visão do lance.

José Eduardo, mediador de conflitos

Foi com muito interesse que li os acontecimentos relatados por José Eduardo na sua página de sábado no jornal A Bola, onde explicou a sua ação decisiva no entendimento entre Bruno de Carvalho e os primos José Maria Ricciardi e Ricardo Espírito Santo naquele março quente de 2013. Entre afagos de afeto e encorajamento ao jovem presidente e palavras ríspidas que amoleceram os espíritos dos tubarões da banca, José Eduardo conseguiu uma convergência de posições entre o clube e a banca, salvando o clube de novas eleições e do mais-que-iminente desastre.

Fiquei por isso desiludido por saber que a série dedicada por José Eduardo à história recente do Sporting terminou. Sei também que o universo sportinguista suspira de desilusão, mas sei de fonte segura que José Eduardo já tem preparada uma nova série de artigos ainda mais incrível - desta vez não se limitando apenas à história recente do Sporting.

Aqui fica em exclusivo parte de um dos textos de José Eduardo que A Bola publicará em breve.



Depois de vários anos de um conflito feroz e que tinha ultrapassado todos os limites da razoabilidade, já se começava finalmente a ver a luz ao fundo do túnel. No entanto, não conseguia estar tranquilo com o rumo dos acontecimentos, pois antecipava que a improvável aliança que se tinha formado em função dos interesses comuns que os ligavam poderia ruir a qualquer momento assim que outras questões se levantassem. E se isso acontecesse, nem Deus nos poderia valer.

Tomei por isso a iniciativa de contactar os três líderes para ver se os conseguia juntar. Era fundamental que conversassem presencialmente para poderem chegar a acordo em alguns assuntos críticos que os separavam. Falei primeiro com o velhote careca, homem conhecido pela sua inteligência e carisma e discursos inspiradores, que me disse que aceitava uma reunião desde que fosse num sítio mais quente - a saúde não estava famosa e precisava de passar uns dias num local retemperador. Falei depois com o tipo do bigode farfalhudo. Não foi fácil dialogar com ele - atrás daquela fachada serena está um homem que tem um feitio tramado quando se chateia. Propus-lhe a reunião numa cidade junto ao Mediterrâneo mas rejeitou de imediato o local que lhe propus. Queria reunir-se mais perto de casa.

Seguiu-se então uma sequência de telefonemas em que a tensão era quase insustentável. Em várias ocasiões senti o chão a desfazer-se debaixo dos meus pés e parecia-me que estava perante uma causa perdida. Mas não desisti, e os meus conhecimentos geográficos e da hotelaria internacional foram fundamentais para encontrar um local que fosse do agrado de todos: Yalta, uma cidade balnear na Crimeia, junto ao Mar Negro, agradou ao Zé Estaline e ia ao encontro das necessidades do Winston. Em relação ao Xico Roosevelt qualquer sítio lhe servia, não era esquisito. O problema é que chegou atrasado (vinha de mais longe), o Zé já estava todo melindrado e ameaçava abandonar a conferência e acabei por salvar a situação ao me oferecer para servir de representante dos americanos. Ainda posei para umas fotos mas felizmente o Xico acabou por aparecer ainda a tempo.


A reunião acabaria por ser um sucesso. Concordámos por dividir Berlim em quatro zonas, definimos que a Polónia ficaria na esfera política soviética a troco da declaração de guerra da URSS aos japoneses e participação na guerra do Pacífico poucos meses depois de a frente ocidental ficar resolvida. O resto pertence à história.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Chegou para as encomendas

Durante uma grande parte do jogo de hoje parecemos querer repetir os erros que tantos pontos já nos custaram este ano. Mais um começo de jogo amorfo, dominado por uma lentidão de processos exasperante que caía que nem ginjas ao arrojado 9-1-0 que Paulo Sérgio trouxe a Alvalade. Se Marco Silva estava insatisfeito pelo evoluir da situação, pelo menos não o demonstrou. As substituições foram tardias mas acabaram por agitar o jogo e aumentar a nossa presença na área adversária, que acabaria por ser decisiva no único golo da partida.



Positivo

William está a voltar a ser Sir - chegou perfeitamente para as encomendas no capítulo defensivo perante um opositor que raramente incomodou, mas foi no plano ofensivo em que se destacou dos companheiros de equipa. Foi o único a imprimir a velocidade de execução necessária para desmontar o autocarro adversário, fosse através de desequilíbrios no miolo, fosse através de passes longos laterais para colegas mais desmarcados. E fez aquele grande passe para o cabeceamento de Tanaka que antecedeu o cabeceamento de sucesso de João Mário. Já são alguns jogos consecutivos em bom plano, o que leva a crer que Sir William está mesmo de volta.

As substituições - mexeram com o jogo e acabaram por ser decisivas no desfecho final. Com a entrada de Tanaka e Mané a equipa passou a ter mais presença na área (coisa que Montero teima em evitar como o diabo da cruz) e um pouco mais de capacidade de desequilibrar pelo meio. E para não variar, Tanaka acabou por estar na jogada que nos valeria a vitória. Amuleto japonês de alta eficiência.

Cinco vitórias consecutivas - jogámos mal mas conseguimos os três pontos. De vez em quando também sabe bem. E chegou para nos aproximarmos do segundo lugar.

Muita miudagem em Alvalade - e não me refiro aos que estavam dentro de campo com a nossa camisola, falo mesmo das muitas crianças de 5, 6, 7 ou 8 anos que acompanharam os pais ao estádio. Os números oficiais dizem que eram 37500 pessoas, mas houve muito meio-palmo de gente que passou por debaixo dos torniquetes, ajudando a compor ainda melhor as bancadas. Exibição à parte, foi uma bela tarde de futebol em Alvalade.


Negativo

Substituições tardias - já todos no estádio tinham percebido 15 minutos antes que era necessário mexer no esquema tático da equipa. O Sporting até entrou na segunda parte com mais genica, mas era óbvio que precisávamos de mais alguém lá na frente - uma equação que nem era nada complicada visto que também estava à vista de todos que não precisávamos de tantos jogadores lá atrás. A Académica simplesmente não justificava tanto respeito da nossa parte. Marco Silva não devia ter esperado tanto tempo.

Mais uma vez faltou inteligência para gerir os últimos minutos - Nani parecia querer dar o mote à equipa para congelar o jogo, mas foi em vão: cometemos asneiras atrás de asneiras que nos poderiam ter custado bem caro se houvesse mais talento do outro lado. Alguns exemplos: um cruzamento de Cédric para uma área deserta, perdas de bolas infantis no centro do terreno, ou uma falta de Miguel Lopes no enfiamento da área junto à linha lateral quando tínhamos uma situação de 2 contra 1. Já tinha acontecido contra o Rio Ave, e hoje foi mais do mesmo.



Para já era difícil pedir mais para esta jornada: aproximámos-nos 3 pontos do Porto (agora a apenas 1) e afastámo-nos de Guimarães (que está a 4 pontos) e Braga (a 8). Para um clube em crise as últimas semanas não têm sido nada de deitar fora.

Créditos esgotados

Tivemos alguns resultados frustrantes ao longo da primeira metade do campeonato, mas o empate com a Académica logo a abrir a nossa participação na competição foi provavelmente o que mais me custou assistir.

Foi uma partida de sentido único enquanto jogámos em igualdade numérica, e construímos ocasiões suficientes para termos o jogo mais que resolvido ao intervalo. E, no entanto, a expulsão de William (por dois faltas que, comparadas com as de Talisca contra o Marítimo, foram meras carícias nos adversários - mas que valeram dois amarelos ao médio sportinguista) e um erro de Carrillo (que foi o marcador do nosso golo e estava a ser o melhor em campo) nos últimos minutos acabaram por permitir que a Académica, que hoje sabemos ser uma das equipas mais frágeis da liga, chegasse ao empate e nos roubasse dois pontos.

Ora, dois pontos desperdiçados numa época contra uma equipa deste calibre já é demais para uma equipa que quer lutar pelos lugares de topo, pelo que é bom que os créditos dados aos estudantes já se tenham esgotado.

Não havendo Slimani, parece-me que é um daqueles jogos em que deveremos entrar a jogar em 4-4-2. No entanto, continuo a não encontrar grandes virtudes numa dupla formada por Montero e Tanaka, pelo que apostaria em Nani no meio em apoio a Montero, e Carrillo e Mané nas alas. Um João Mário bem encostado a Montero também serviria, mas não sei até que ponto não cairia na tentação de pisar terrenos mais recuados.

Tobias terá nova oportunidade para se mostrar, e bem precisamos que a dupla com Paulo Oliveira se afine o mais rapidamente possível. O jogo com o Benfica já só está a quinze dias de distância.

Em relação aos restantes jogadores, serão os do costume.


Num jogo que se realizará às 16h de um domingo, estou perfeitamente convencido que conseguiremos ter a melhor assistência da época. Com as bancadas bem compostas, espero também uma resposta imediata da equipa desde os primeiros minutos. Os estudantes são os outros, mas espero que tenhamos aprendido a lição de Coimbra: estes jogos são para se dominar e matar cedo, sem piedade, e se deixarmos o resultado manter-se em aberto basta um deslize para dar vida nova ao adversário, por mais frágil que seja.

P.S.: para quem ainda não comprou bilhetes e está a pensar ir ao jogo, a VTickets está a fazer uma promoção em que oferecem um bilhete para o Sporting - Benfica (bancada superior) na compra de 2 bilhetes para o jogo de hoje.

Bonito

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Peço compreensão para Rui Pedro Braz

Contra mim falo. Já fiz vários posts no passado a criticar declarações polémicas de Rui Pedro Braz, mas só agora me apercebi que o comentador tem afinal um triste motivo para as cometer.

E esse motivo esteve sempre bem à frente dos nossos olhos, mas nós simplesmente não quisemos ver.

Rui Pedro Braz é conhecido por aquelas tiradas do tipo "Rúben Amorim merece mais ir ao mundial do que Adrien Silva porque é o suplente de Enzo", capazes de rasgar um sorriso nos lábios do mais sisudo dos adeptos de futebol, mas quem o costuma ouvir sabe que algumas vezes até diz coisas com sentido. Ou seja, é possível vermos Rui Pedro Braz argumentar com alguma lógica, mas infelizmente todos sabemos que mais cedo ou mais tarde o fluxo de palavras acaba por descambar nas teorias mais ridículas que se possam imaginar - como ser permitido pelas leis de jogo que um jogador agarre um adversário pela camisola ou qualquer parte do corpo sem estar a cometer falta.

A explicação acaba por ser tremendamente simples: Rui Pedro Braz sofre de um distúrbio neuropsiquiátrico bastante comum que os especialistas designam por Tourette Lampiónica.

Trata-se de uma variante pouco conhecida da Síndrome de Tourette, uma condição que se manifesta sobretudo pela pronunciação involuntária de palavrões ou outras expressões socialmente impróprias.


Felizmente a variante de Tourette de que Rui Pedro Braz padece é socialmente mais aceitável que a Tourette tradicional, mas no entanto não deixa de ser capaz de produzir a qualquer altura momentos igualmente embaraçosos.

Como este, na passada quarta-feira, quando discutia com José Manuel Freitas qual o melhor médio ofensivo do campeonato. José Manuel Freitas defendia ser Nani, Rui Pedro Braz defendia ser Gaitan. E durante o debate de ideias, depois de alguns minutos a argumentar de forma razoável e respeitável, lá sofreu mais um ataque de Tourette Lampiónica. O melhor é verem com os vossos olhos (aviso-vos já que não vai ser bonito).


Balanço das arbitragens: 17ª jornada

Penafiel 1-3 Porto (Artur Soares Dias)

31': No primeiro golo do Porto, há dúvidas na posição de Casemiro no momento do passe de Jackson; o árbitro deixou o lance seguinte - decisão errada, o jogador brasileiro parece estar adiantado

33': Bura cai na área do Porto ao disputar uma bola com Alex Sandro, o árbitro não assinalou penálti - decisão certa, o defesa do Porto parece dar um toque na bola

34': No segundo golo do Porto, há dúvidas na posição de Jackson no momento do cruzamento de Oliver; o árbitro deixou o lance seguir - decisão certa, o colombiano parece estar em linha com a bola

62': No terceiro golo do Porto, há dúvidas na posição de Casemiro antes do passe para Oliver; o árbitro deixou o lance seguir - decisão errada, o lance é extremamente confuso mas parece haver um toque involuntário de Herrera para Casemiro, que por estar fora do campo no momento desse toque estava mesmo em posição irregular

=: arbitragem com influência no resultado (X2)


Marítimo 0-4 Benfica (Carlos Xistra)

43': Talisca, já com um cartão amarelo, pisa Alex Soares de forma bastante dura; o árbitro não mostra cartão - decisão errada, justificava a amostragem do segundo amarelo a Talisca

79:
A bola bate no braço de Ramsteijn na área do Marítimo, o árbitro não assinalou penálti - decisão errada, apesar de não ser propositado, o jogador aborda o lance de braço completamente aberto e poderia ter evitado o toque, pelo que devia ter sido penálti a favor do Benfica

88: Talisca faz uma falta sobre Ramsteijn, o árbitro mostrou-lhe o segundo amarelo - decisão certa, mas um cartão vermelho direto não escandalizaria, já que a falta é muito dura (tesoura por trás) e não há qualquer intenção em jogar a bola


=: aos 43', com o resultado em 0-1, é admissível pensar que o Marítimo teria boas hipóteses de conseguir o empate caso o Benfica ficasse a jogar com menos um jogador a partir desse momento (X2)


Sporting 4-2 Rio Ave (Nuno Almeida)

27': Prince agarra na camisola de Montero dentro da área, que acaba por desistir de disputar o lance; o árbitro assinalou penálti - decisão certa, o agarrão é ostensivo e prolongado e dificultou a disputa de bola por parte de Montero

27': Diego Lopes empurra o árbitro no aglomerado que se juntou após o penálti ter sido assinalado, o árbitro mostrou-lhe amarelo - decisão errada, o jogador do Rio Ave tinha que ser expulso

59': No segundo golo do Sporting, Nélson Monte cai quando Montero lhe passa por trás, o árbitro deixou seguir o lance - decisão errada, apesar de as imagens não demonstrarem a existência de toque, todo o lance dá a ideia que Montero terá tocado no jogador do Rio Ave


=: apesar dos erros, arbitragem sem influência no resultado; se o árbitro expulsasse o jogador do Rio Ave, seria altamente improvável que os visitantes conseguissem recuperar da desvantagem de 1-0 com um jogador a menos



Estatísticas da jornada




Estatísticas acumuladas



Classificação



Jogos com influência da arbitragem no resultado



Erros de arbitragem com o resultado em aberto



Erros de arbitragem com o resultado em aberto agrupados por árbitro, desde 2013/14





Links para jornadas anteriores


16ª J: Benfica - Guimarães; Porto - Belenenses; Braga - Sporting: LINK
15ª J: Sporting - Estoril; Gil Vicente - Porto; Penafiel - Benfica: LINK
14ª J: Porto - Setúbal; Benfica - Gil Vicente; Nacional - Sporting: LINK
13ª J: Sporting - Moreirense; Porto - Benfica: LINK
12ª J: Boavista - Sporting; Benfica - Belenenses; Académica - Porto: LINK
11ª J: Sporting - Setúbal; Académica - Benfica; Porto - Rio Ave: LINK
10ª J: Nacional - Benfica; Sporting - P. Ferreira; Estoril - Porto: LINK
9ª J: Benfica - Rio Ave; Guimarães - Sporting; Porto - Nacional: LINK
8ª J: Arouca - Porto; Sporting - Marítimo; Braga - Benfica: LINK
7ª J: Penafiel - Sporting; Porto - Braga; Benfica - Arouca: LINK
6ª J: Sporting - Porto; Estoril - Benfica: LINK
5ª J: Benfica - Moreirense; Gil Vicente - Sporting; Porto - Boavista: LINK
4ª J: Setúbal - Benfica; Sporting - Belenenses; Guimarães - Porto: LINK
3ª J: Porto - Moreirense; Benfica - Sporting: LINK
2ª J: Paços Ferreira - Porto; Sporting - Arouca; Boavista - Benfica: LINK
1ª J: Porto - Marítimo; Académica - Sporting; Benfica - Paços Ferreira: LINK

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Parece anedota

Apreciação aos lances polémicos no Record a jogos do Sporting separados por 3 dias:

via @TheRocker_

Note-se que:

1. Na minha opinião os dois lances são falta

2. Estas opiniões foram dadas por jornalistas diferentes

3. Sem qualquer ironia, o Record é para mim neste momento o único jornal que revela equidistância dos três clubes, e o único que tem revelado coragem para tocar em assuntos que são tabu para A Bola e O Jogo. 

O Record fez capa sobre a ausência de Deyverson e Miguel Rosa do jogo com o Benfica, fez referência aos ecos que vêm da Roménia sobre um caso de corrupção que envolve o nome do Benfica, e foi o único jornal que não deu o despedimento de Marco Silva como iminente durante dias a fio. 

Depois de todas as críticas que fiz ao Record de Manha, Tadeia e Varela, parece-me justo reconhecer que há um esforço da atual direção em recuperar a credibilidade do jornal. Sim, é verdade que se continua a escrever muita trampa - mas isso são inevitabilidades de ter que preencher 40 páginas diárias com alguma coisa. E, claro, não impede que um ou outro jornalista pouco perspicaz ou com más intenções vá escrevendo aberrações como a análise da falta sobre Rabia.

Para mim o Record é hoje o único jornal desportivo que se pode considerar isento.

Notas soltas sobre a contratação de Ewerton

1. Não sei o que vale Ewerton, mas à partida parece ser uma boa aposta para o Sporting. 1m88, experiência de um ano no campeonato português (onde deixou boa imagem) e esquerdino, mas tem apenas 25 anos e ainda muitas épocas pela frente. Desconheço as suas características como jogador (velocidade, agressividade, marcação, etc.), mas o perfil encaixa como uma luva às nossas necessidades.

2. Mais uma vez a comunicação social ficou a apanhar bonés. Depois de várias capas sobre o interesse em Ricardo Costa, o Sporting consegue contratar um jogador de forma completamente sigilosa, em que a notícia só é dada depois de o facto estar consumado.

3. A operação ficou finalizada menos de 24 horas depois da venda de Maurício. Nota-se uma grande preocupação com o cumprimento do orçamento, só se avançando para o recrutamento depois de resolvida uma saída do plantel. O empréstimo de Ewerton custa 300.000 euros, a cláusula de rescisão do jogador já está estabelecida (€1,5M) e fica abaixo daquilo que o Sporting receberá por Maurício. O salário (presumivelmente alto) de Ewerton será suportado pelo Anzhi até ao final da época.

4. Para aqueles que costumam criticar o trabalho da direção na contratação de jogadores, é bom que se tenha consciência das restrições com que se trabalha no Sporting. Rigor nas contas é um imperativo que dificulta enormemente a ação no mercado. Num orçamento tão apertado como o nosso todas as ações têm que ser profundamente ponderadas e executadas sem desvios, já que a margem de erro financeira é tremendamente reduzida. Quem conseguir contratar apenas craques feitos nestas condições merece uma estátua.

Milagres de alquimia

Olhando isoladamente para a venda de Bernardo Silva ao Mónaco por €15,75M, não é possível deixar de considerar que se trata de um negócio magnífico para o Benfica, falando apenas do ponto de vista financeiro. 

Magnífico, mas também previsível. Em agosto, Vieira já tinha mencionado os €15M como um valor de referência, tal como já se falava desde fevereiro de 2014 na cedência do pack Silva / Cancelo / Cavaleiro, ou seja, meses antes de os empréstimos serem uma realidade.

E segue uma outra venda pré-anunciada desde o verão passado: Enzo Perez, jogador de quase 29 anos, foi transferido por €25M - o mesmo valor que uns meses antes o Real Madrid pagou ao Bayern por Toni Kroos, jogador de 24 anos com um mundial e uma champions no currículo.

Todas estas operações parecem obedecer a um roteiro pré-programado, o que é uma originalidade num mundo tão volátil e tão dependente de resultados como é o do futebol. E perante esta segurança no rumo que está a ser seguido, suponho que seja apenas uma questão de tempo para vermos o Valência anunciar a contratação de Cancelo - aliás, o próprio presidente do Valência disse publicamente em agosto que Cancelo pertence à Meriton (fundo de Peter Lim) e não ao Benfica. Quanto a Cavaleiro e ao Coruña trata-se de outra conversa, pelo menos enquanto um novo magnata não pegar no clube galego - mas também se diz que Lim já assegurou o direito de preferência sobre o jogador. De qualquer forma já todos perceberam que Cavaleiro nunca mais colocará um pé na Luz - e isso não tem nada a ver com a vontade de Jorge Jesus em tê-lo ou não de volta.

Voltando à venda de Bernardo Silva, a transferência nem deveria ser uma necessidade para o Benfica, pois o clube já tinha faturado €118M ao longo dos últimos 12 meses. Com esta transferência as vendas atingem a incrível marca de €134M. 

E vale a pena lembrar que este triângulo amoroso (Vieira / Mendes / Lim) começou com a venda de Rodrigo por €30M e de André Gomes por €15M, jogadores que em janeiro do ano passado estavam longe de serem considerados fundamentais para o Benfica. No caso do português, nem 5 minutos tinha jogado para o campeonato no momento em que foi vendido.

Para além do Benfica, há dois pontos em comum em tudo isto:
  • O primeiro são as verbas astronómicas envolvidas, sem qualquer correspondência com os padrões normais de funcionamento do mercado. O Benfica realizou um milagre da alquimia ao encontrar a fórmula para o poder de Midas, em que vários jogadores obtêm uma valorização claramente inflacionada relativamente ao que demonstraram dentro das quatro linhas. O potencial tem um valor monetário mas não substitui as provas dadas em competição.
  • O segundo é que os compradores são clubes que não são obrigados a prestar contas publicamente, cuja política desportiva é definida por Jorge Mendes, e que são detidos por bilionários recém-chegados ao mundo do futebol.

Parece-me complicado acreditar piamente na veracidade de negócios pré-determinados de jogadores hiper-valorizados que desafiam qualquer racionalidade desportiva, e cujo efeito principal é colocar muito dinheiro a circular (pelo menos ao nível contabilístico) - dinheiro esse que tem invariavelmente as mesmas fontes.

Depois admirem-se se o recetor desses valores tiver que estar sempre a inventar novas obras e comprar carradas de jogadores de qualidade duvidosa (sempre com as generosas comissões em anexo) de forma a gerar custos que compensem as super-receitas que estão registadas nas contas. É que milhões da treta podem servir para subir no ranking dos clubes que mais faturam mas ainda não servem para abater o passivo bancário - que é a rubrica mais escrutinada de todas as que os clubes têm que apresentar nas suas contas.

Aliás, há certos setores de atividade económica em que se uma empresa vendesse sistematicamente os seus bens ou serviços por um preço estupidamente acima do valor aparente de mercado e continuasse a ser incapaz de abater as suas dividas, aposto que já teria recebido a visita de uma brigada especial nos seus escritórios para verificar o que se estaria a passar.

Nada de novo

Não tive oportunidade de ver o jogo todo. Assisti apenas aos primeiros 25 minutos e gostei bastante do que vi, com óbvio destaque para os lances dos golos. No primeiro, Podence encontra Tanaka a desmarcar-se e o japonês, em boa posição para marcar, prefere entregar a Gauld que tinha a baliza completamente aberta. No segundo, deliciei-me com o levantar de bola de Wallyson para um remate cruzado de primeira do escocês com o pé direito - um grande golo que parecia deixar a vitória praticamente assegurada. 

Do resto, vi apenas os lances dos golos do Belenenses. No primeiro, Rabia sofre uma falta clara de Camará (imaginem a falta de Montero no 2º golo do Rio Ave, mas 10x mais evidente) que aproveita a queda do egípcio para seguir isolado para a baliza e marcar. O segundo é um golaço do miúdo Dálcio que passa por Jonathan e Wallyson e remata cruzado sem hipóteses para Marcelo. O terceiro foi através de um penálti que, sinceramente, não consigo perceber se é ou não bem assinalado. O que tenho a certeza é que a abordagem de Sarr ao lance foi completamente defeituosa. Não se percebe que se atire em carrinho para intercetar um cruzamento rasteiro e acabe por cortar a bola com o peito. Depois a bola ressalta e fica a dúvida se há braço na bola ou não.


Não me parece que este jogo nos tenha revelado alguma coisa que não soubéssemos já: Tanaka é um jogador de equipa e Gauld vai ter um papel a desempenhar na equipa principal ainda esta época. Aliás, tenho dúvidas se o escocês fará muito mais jogos na equipa B. Por outro lado, Sarr teve mais um daqueles lances improváveis que demonstram que ainda tem muito que crescer (em dimensão futebolística, entenda-se) até poder ser uma opção credível para a equipa principal.

Do pouco que vi, voltei a ficar desiludido com Rosell. Tentou construir jogo progredindo com a bola no pé, mas definitivamente não é o seu forte. O problema é que no passe também não esteve nada bem. Está longe da forma que demonstrou na pré-temporada, mas há que lembrar que o catalão vinha com a rodagem da MLS (que estava em curso) enquanto todos os outros voltavam de férias. De qualquer forma parece-me cedo para estarmos a tecer sentenças definitivas sobre a sua qualidade: Rosell ainda não teve oportunidade de jogar de forma regular e para a posição em que joga as rotinas com os colegas são fundamentais.

De resto, perder um jogo destes não é drama nenhum. Sigamos em frente.

P.S.: vi os últimos 20 minutos do Braga - Porto, e fiquei impressionado com as incríveis defesas que Hélton fez. Depois de o ter visto sair de maca em Alvalade, com 35 anos, pensei que a sua carreira tivesse terminado. Foi bom vê-lo recuperado. Espero apenas que não desate a defender todos os jogos assim. :)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O Belenenses - Sporting já começou ontem



Estiveram em grande o Diogo e o Chris (os membros da equipa que gere as contas do Sporting nas redes sociais - há um terceiro elemento que se encarrega do design cujo nome desconheço) - não só neste duelo de tweets com a também excelente conta do Belenenses, mas também na bem-humorada resposta às bocas de Jorge Jesus sobre não levarmos a Taça da Liga a sério.


Ou, conforme um outro comentário que li no Twitter, cometeram a proeza de pôr o primeiro :) numa capa de jornal.  :)


Reações à saída de Bernardo Silva


A hora dos putos, parte 3

Duas partidas e duas vitórias depois, será interessante ver até onde poderá chegar este grupo de jogadores num grupo deste nível de dificuldade. Na minha opinião é de manter a mesma estrutura que venceu Guimarães e Boavista: não só as exibições da generalidade dos jogadores justifica a sua continuidade no onze, como também permite que se vão construindo rotinas que permitirão elevar o nível exibicional para um patamar superior ao atual.


Apesar de Tobias ter sido titular na passada (e provavelmente voltará a ser titular contra a Académica, acreditando nas notícias que vêm de Itália que garantem que Maurício fará hoje testes físicos para a Lazio), voltaria a colocá-lo na equipa titular para poder defender Deyverson - há que aproveitar a possibilidade de adquirir experiência num jogo em que os erros não terão um custo elevado.

Para além disso colocaria Jonathan na esquerda, por três motivos: o argentino precisa de jogar, Miguel Lopes não está em forma, e Geraldes justifica o prémio de se poder mostrar na sua posição de raiz. Seria também interessante que se desse minutos a Wallyson, Gelson, Sacko ou Dramé para poderem mostrarem serviço.

Boa sorte, Xerife!


Expetativas para a segunda metade da época

Liga

Na minha opinião, o atraso de dez pontos que o Sporting tem em relação ao Benfica significa que já não podemos realisticamente ambicionar vencer o título. Assumindo a improvável hipótese de que as arbitragens de tendência avermelhada desapareceriam, até me pareceria possível que o Benfica perdesse dez pontos nas dezassete partidas que restam, mas também acho altamente improvável que o Sporting conseguisse nesse cenário um registo suficientemente vitorioso para conseguir recuperar uma distância tão ampla. E para piorar ainda temos o Porto pelo meio.

O jogo em Alvalade contra o Benfica poderá retirar quaisquer dúvidas em relação às nossas ambições em chegar ao primeiro lugar: se não ganharmos, acabou-se; e se o Benfica ganhar, dificilmente deixará fugir o primeiro lugar, atendendo a que já não têm outras competições com que se preocupar.

Por outro lado, penso que o segundo lugar está ao nosso alcance. Quatro pontos é uma distância curta e o Porto pode quebrar psicologicamente se não conseguir encurtar rapidamente a distância para o Benfica. Falamos de uma equipa que foi construída para ganhar tudo JÁ, pelo que a pressão começará em breve a aumentar significativamente se as perspetivas não melhorarem.

Perante isto, penso que devemos retomar a filosofia de pensar num jogo de cada vez. Do ponto de vista do futebol praticado não ficamos a dever nada a Benfica e Porto, pelo contrário. Nos três confrontos diretos desta época nenhum nos derrotou, empatámos na Luz e eliminámos o Porto no Dragão. O problema esteve no 6 pontos que perdemos de forma infantil contra Académica, Belenenses e Moreirense, e os 3 por falta de comparência em Guimarães. Tivéssemos vencido estes quatro jogos (ou até empatando em Guimarães) e a época estaria a ser estrondosa, conjugando espetáculo e resultados como nenhum outro emblema nacional.

É esse o nosso desafio daqui para a frente: encarar cada jogo como uma final, sabendo que o facto de termos equipa para disputar o jogo com os maiores rivais e para vencer qualquer outro adversário não nos dispensa de colocar todo o empenhamento possível em cada momento do jogo, e tendo sempre consciência de que os pontos em disputa numa partida com o lanterna vermelha são os mesmos do que quando jogamos um dérbi ou clássico.


Taça de Portugal

Aqui, como é evidente, a vitória será o único desfecho aceitável. Será uma tremenda desilusão se tal não acontecer. O facto de defrontarmos o Nacional numa eliminatória a duas mãos - e jogando a partida decisiva em casa - protege-nos em grande medida de um eventual acidente, pelo que em condições normais temos tudo para chegarmos à final. E chegando à final é deixar a pele em campo.

Se fosse obrigado a colocar as fichas todas numa das quatro competições em que o Sporting está envolvido, escolheria a Taça de Portugal. É urgente recuperarmos o hábito de ganhar, e é aqui que estamos mais perto de o conseguir.


Taça da Liga

Perante o grupo que nos calhou em sorte e as restrições de utilização de jogadores anunciadas pela direção, via como pouco provável o nosso apuramento para as meias-finais. No entanto, os resultados dos dois primeiros jogos foram muito positivos e estamos em excelente posição de conseguir lá chegar. Um bom resultado no jogo de logo no Restelo poderá praticamente fechar o assunto.

De qualquer forma, o essencial para mim é que o lote de jogadores escolhido para participar nestes jogos continue a tirar o melhor proveito dessas partidas. Se não chegar para ir às meias-finais, paciência. 

O engraçado nesta edição da Taça da Liga é o paradoxo criado pela decisão do Sporting em utilizar jogadores da equipa B e os menos rodados da equipa principal: a ideia era desvalorizar a competição, mas na realidade estou a assistir aos jogos com bastante mais interesse do que nas épocas anteriores por ter a oportunidade de ver os nossos miúdos a competir com adversários mais a sério.

Em relação a objetivos, se formos às meias-finais espero que se continue a apostar nos mesmos jogadores, mesmo que o adversário seja o Benfica. Seria uma injustiça para os miúdos se colocássemos a equipa principal, e a própria direção perderia credibilidade por estar a dar o dito por não dito. É certo que corremos o risco de sofrer um resultado pesado se o Benfica aparecer com as trutas todas, mas neste caso é importante manter a coerência.


Liga Europa

Aqui é que tem que ser mesmo jogo a jogo, eliminatória a eliminatória. Para já a sorte não quis nada connosco: éramos cabeças de série e calhou-nos a pior equipa possível das outras 31 que estavam no sorteio. Se formos eliminados não será nenhum drama, se passarmos tudo será possível. Mas sempre pensando num jogo de cada vez. Não faz qualquer sentido exigirmos chegar à final quando há tantas equipas com muito mais dinheiro e experiência ainda em competição.